'Não sou seu filho, souaplicativo da blazer baixarvítima': o reencontroaplicativo da blazer baixarjovem com pai que o infectou com HIV:aplicativo da blazer baixar

Brryan Jackson

Crédito, Bailey E Kinney

Legenda da foto, Brryan Jackson hoje dá palestras motivacionais e tem uma organizaçãoaplicativo da blazer baixarcaridade

O filho está ali para ler uma declaração que espera ser suficiente para garantir que o pai fique atrás das grades pelo maior tempo possível.

São palavras que poucos acreditavam que ele teria chanceaplicativo da blazer baixardizer quando,aplicativo da blazer baixar1992, foi diagnosticado com Aids e mandadoaplicativo da blazer baixarvolta para casa para morrer.

Com uma única folhaaplicativo da blazer baixarpapelaplicativo da blazer baixarmãos, Jackson se posiciona calmamente ao lado da mãe, a cinco cadeirasaplicativo da blazer baixardistância do pai. "Tentei olhar sempre para frente. Não queria fazer contato visual com ele", diz Jackson.

Mas ele podia enxergá-lo com a visão lateral, e viu seu rosto por um breve momento.

"Reconheci pela fotoaplicativo da blazer baixarquando foi preso, mas não temos nenhuma ligação. Não o reconheço como meu pai", afirma Jackson.

O conselhoaplicativo da blazer baixaravaliaçãoaplicativo da blazer baixarpedidosaplicativo da blazer baixarliberdade condicional chama o rapaz para que ele leiaaplicativo da blazer baixardeclaraçãoaplicativo da blazer baixarvoz alta. Jackson hesita.

Jackson, que foi infectado com HIV deliberadamente pelo pai

Crédito, Brryan Jackson

Legenda da foto, Jackson diz que religião fez com que perdoasse o pai, mas que não quer encontrá-lo

"Naquele momento, me perguntei se estava fazendo a coisa certa, mas minha mãe sempre me ensinou a ser corajoso. Lembrei que Deus estava comigo. Qualquer que fosse o resultado da audiência, Deus é maior do que eu, do que meu pai, do que aquela sala ou mesmo o Departamentoaplicativo da blazer baixarJustiça."

Ele respira fundo, olha fixamente para os membros do conselho e começa a contaraplicativo da blazer baixarhistória.

Trajetória

A trajetória começa quando seus pais se conheceramaplicativo da blazer baixarum centro militar no Missouri, onde recebiam treinamento como médicos. Eles foram morar juntos e, cinco meses depois,aplicativo da blazer baixarmeadosaplicativo da blazer baixar1991, a mãeaplicativo da blazer baixarJackson ficou grávida.

"Quando nasci, meu pai ficou muito animado, mas tudo mudou quando ele foi mandado para a Operação Tempestade do Deserto (primeira Guerra do Golfo,aplicativo da blazer baixar1990-1991). Ele voltou da Arábia Saudita com uma atitude completamente diferenteaplicativo da blazer baixarrelação a mim."

Stewart começou a dizer que Jackson não era seu filho. Exigiu um testeaplicativo da blazer baixarDNA para provar a paternidade e passou a abusar física e verbalmente da mãeaplicativo da blazer baixarJackson.

Quando ela finalmente o deixou, o casal brigou sobre a pensão alimentícia do menino, que Stewart se recusava a pagar. Ele fazia ameaças sinistras, segundo Jackson.

"Ele costumava dizer coisas como 'seu filho não viverá além dos cinco anosaplicativo da blazer baixaridade' e 'quando eu te deixar, não deixarei nenhum laço entre nós para trás'."

Enquanto isso, Stewart havia encontrado um novo emprego trabalhando com examesaplicativo da blazer baixarsangueaplicativo da blazer baixarum laboratório. Também tinha começado,aplicativo da blazer baixarsegredo, a coletar amostrasaplicativo da blazer baixarsangue infectado e levá-las para casa, segundo investigadores do caso.

Brryan Jackson com seu pai

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Após voltaraplicativo da blazer baixaruma missão militar na Arábia Saudita, Stewart (ao centro) passou a não reconhecer Jackson (à dir.) como seu filho

"Ele brincava com os colegas dizendo: 'Se eu quisesse infectar alguém com um destes vírus, a pessoa nunca saberia o que a atingiu'."

Quando Jackson tinha 11 mesesaplicativo da blazer baixaridade, seus pais já não mantinham contato. Isso mudou quando Jackson foi hospitalizado após um ataqueaplicativo da blazer baixarasma.

"Minha mãe ligou para meu pai para avisá-lo, pensando que ele iria querer saber que seu filho estava doente. Quando telefonou, colegas dele disseram a ela que meu pai não tinha filhos."

Crime

No diaaplicativo da blazer baixarque Jackson receberia alta, Stewart fez uma visita inesperada a ele no hospital.

"Como não era um pai presente, todo mundo estranhou ele aparecer daquela maneira", diz Jackson. "Ele pediu que minha mãe buscasse uma bebida para ele no café para ficar sozinho comigo."

Stewart tirou do bolso uma ampola com sangue infectado com HIV e o injetou no filho. "Ele queria que eu morresse para não pagar a pensão."

Ao voltar,aplicativo da blazer baixarmãe encontrou Jackson aos berros no colo do pai. "Meus sinais vitais estavam todos alterados, porque o sangue que ele injetouaplicativo da blazer baixarmim não tinha só HIV. Eraaplicativo da blazer baixarum tipo incompatível com o meu."

Os médicos ficaram abismados. Sem saber do vírus mortal que corria nas veias do bebê, eles o estabilizaram e o mandaram para casa. Mas, nas semanas seguintes, a mãeaplicativo da blazer baixarJackson viu a saúdeaplicativo da blazer baixarseu filho se deteriorar e ficou desesperada por um diagnóstico.

"Ela me levou a vários médicos implorando para que descobrissem por que eu estava à beira da morte", diz Jackson. Por quatro anos, exames não deram pista.

Mesmo sendo uma criança, Jackson sabia queaplicativo da blazer baixarsituação preocupava. "Lembroaplicativo da blazer baixaracordar gritando 'mãe, por favor, não me deixe morrer'."

Uma noite, após ter sido examinado para todo tipo possívelaplicativo da blazer baixardoença, seu pediatra acordouaplicativo da blazer baixarum pesadelo e ligou para o hospital pedindo um testeaplicativo da blazer baixarHIV.

"Fui diagnosticado com Aids e três infecções oportunistas." Os médicos chegaram à conclusão que ele não sobreviveria e decidiram que o melhor seria levar a vida mais normal possível até o fim. "Eles me deram cinco mesesaplicativo da blazer baixarvida e me mandaram para casa."

No entanto, ele continuou a ser tratado com todo medicamento disponível.

Brryan Jackson comaplicativo da blazer baixarmãe

Crédito, Arquivo Pessoal

Legenda da foto, Jackson chegou a ser desenganado pelos médicos, eaplicativo da blazer baixarmãe (na foto) o levou para casa para morrer

Sobrevivendo

Ele diz ter vivido "um diaaplicativo da blazer baixarcada vez" por toda a infância. Permanecer vivo era como andar na corda bamba. "Um dia, eu estava bem e, na hora seguinte, estava sendo levado às pressas para o hospital por mais uma infecção."

Por causa da medicação, teve a audição do ouvido esquerdo afetada. Mas enquanto outras crianças que conhecia no hospital não resistiam, ele viuaplicativo da blazer baixarsaúde melhorar aos poucos, para surpresa dos médicos.

Em dado momento, foi liberado para voltar à escola e começou a ter aulasaplicativo da blazer baixarmeio período, sempre acompanhado por uma mochila repletaaplicativo da blazer baixarremédios.

Simpático e amigável, ele não tinha consciência do estigma socialaplicativo da blazer baixartornoaplicativo da blazer baixarsua doença. "Minha escola não me queria lá. Eles tinham medo. Nos anos 1990, as pessoas pensavam que você podia contrair Aidsaplicativo da blazer baixarum assentoaplicativo da blazer baixarprivada. Uma vez liaplicativo da blazer baixarum livro-texto que era possível se infectar por contato visual."

O medo, conta ele, não costumava partir das crianças, mas dos pais delas. Jackson não era convidado para festasaplicativo da blazer baixaraniversário - na verdade, nem sequeraplicativo da blazer baixarmeia-irmã era chamada. Mas, ao ficarem mais velhas, as crianças passaram a reproduzir o preconceito dos pais.

"Eles me chamavamaplicativo da blazer baixar'menino Aids, menino gay'. Foi quando comecei a me sentir isolado e solitário. Parecia não haver um lugar no mundo para mim."

Aos 10 anos, ele começou juntar as peças da história do crime cometido por seu pai, mas levou alguns anos para compreender a dimensão daquele ato.

"No início fiquei bravo e amargo. Cresci assistindo filmesaplicativo da blazer baixarque os pais celebravam os filhos. Não conseguia entender como meu pai tinha feito aquilo comigo", diz Jackson.

"Ele não apenas tentou me matar, ele mudou minha vida para sempre. Ele foi responsável por toda perseguição que sofri, por todos os anos no hospital. Ele é a razão pela qual preciso ter tanto cuidado com minha saúde e com tudo que faço."

Superação

Aos 13 anos, estudando a Bíblia sozinho no quarto, ele encontrouaplicativo da blazer baixarfé, o que o permitiu perdoar o pai. "Perdão não é algo fácil, mas não quero me rebaixar ao nível dele."

Apesaraplicativo da blazer baixarter nascido como Bryan Stewart Jr., no ano passado, ele acrescentou um segundo "R" ao seu nome e adotou o sobrenome da mãe. "Isso ajudou a proteger minha identidade", diz Jackson.

"Também me deu a oportunidadeaplicativo da blazer baixardizer que não tenho qualquer ligação com Bryan Stewart. Sou vítimaaplicativo da blazer baixarseus crimes."

Brryan Jackson

Crédito, Brryan Jackson

Legenda da foto, Jackson percorre os EUA como palestrante motivacional

"Na audiência, ele continuava a me chamaraplicativo da blazer baixarfilho. Tentei levantar a mão para pedir que ele se referisse a mim comoaplicativo da blazer baixarvítima. Pensei: 'Eu já fui seu filhoaplicativo da blazer baixaralgum momento? Eu era seu filho quando você injetou HIVaplicativo da blazer baixarpropósitoaplicativo da blazer baixarmim?'."

Mesmo nos piores momentos no hospital, Jackson mantinha o bom humor e fazia as enfermeiras rirem com imitações do personagemaplicativo da blazer baixarcinema Forrest Gump.

"Sempre fiz piadas. Gostoaplicativo da blazer baixarbrincar com o que é vidaaplicativo da blazer baixaralguém HIV positivo ouaplicativo da blazer baixarquem não tem boa audição ou não tem pai. Se não tivesse começado a fazer palestras motivacionais, teria me tornado um comediante", diz Jackson.

"As pessoas ficam confusas. Elas pensam que meu humor é uma formaaplicativo da blazer baixarlidar com a situação, mas acredito que, se você tem a capacidadeaplicativo da blazer baixarriraplicativo da blazer baixaruma tragédia e das coisas ruins da vida, isso te empodera."

Em julho, Jackson recebeu uma carta do Departamentoaplicativo da blazer baixarCorreições do Missouri informando que a liberdade condicionalaplicativo da blazer baixarseu pai havia sido negada pelos próximos cinco anos, com base na audiência.

"Tudo que pude fazer no tribunal foi ler minha declaração e rezar para que a Justiça fosse feita. Mas ter um veredito é algo muito poderoso", afirma.

"Houve um tempoaplicativo da blazer baixarque acordavaaplicativo da blazer baixarpesadelos com medoaplicativo da blazer baixarque ele voltasse para terminar o trabalho. Posso tê-lo perdoado, mas, ainda assim, acho que ele tem que pagar pelo que fez."

Ainda que seu pai argumente que sofriaaplicativo da blazer baixartranstornoaplicativo da blazer baixarestresse pós-traumático apósaplicativo da blazer baixartemporada na Arábia Saudita, Jackson não está convencido disso - diz que o pai era da reserva da Marinha e nunca entrouaplicativo da blazer baixarcombate.

Futuro

Enquanto isso, ele continua a superar expectativas médicas.

"Sou mais saudável do que um cavalo. Minha contagemaplicativo da blazer baixarcélulas T (do sistema imunológico) está acima da média. Isso faz com que praticamente não tenha chancesaplicativo da blazer baixartransmitir o vírus. Tomava 23 comprimidos. Hoje só tomo um, e meu statusaplicativo da blazer baixarHIV é 'indetectável'", diz ele, com sorriso no rosto.

"Mas ainda tenho HIV. Uma vez diagnosticado, para sempre diagnosticado."

Hoje, Jackson se ocupa com a carreiraaplicativo da blazer baixarpalestrante e emaplicativo da blazer baixarorganizaçãoaplicativo da blazer baixarcaridade, a Hope Is Vital (Esperança É Vital,aplicativo da blazer baixaringlês), que busca conscientizar o público sobre o HIV. Mas sempre encontra tempo para sonhar com a paternidade.

Cita a técnica conhecida como "lavagemaplicativo da blazer baixaresperma", que separa os espermatozoides do fluido seminal e permite que pais soropositivos tenham filhos sem infectar as parceiras. A inseminação é artificial.

"Amaria ter filhos. Ser pai é algo que está traçado no meu destino. Quero apoiar e torcer por eles, mostrar que sempre estarei ao lado deles para protegê-los. E que coisas ruins podem fazer com que coisas incríveis se tornem realidade."