Brics obsoleto? Os avanços e as fraquezas do ‘supergrupo’aposta cassinopotências emergentes:aposta cassino

Os respectivos representantes do BRICs: Michel Temer (Brasil), Narenda Modi (Índia), Xi Jinping (China), Vladimir Putin (Rússia) e Jacob Zuma (África do Sul)

Crédito, European Photopress Agency

Legenda da foto, Os respectivos representantes do bloco dos Brics: Michel Temer (Brasil), Narenda Modi (Índia), Xi Jinping (China), Vladimir Putin (Rússia) e Jacob Zuma (África do Sul)

"A premissa original era realmente que seriam economias emergentes, que representavam novos polosaposta cassinocrescimento (no mundo). Porém, ao longo do tempo, o grupo foi adquirindo um peso político que torna a coalizão mais importante do que a soma das partes", analisa Adriana Abdenur, pesquisadora do Instituto Igarapé e especialistaaposta cassinoBrics.

Ela destaca,aposta cassinoespecial, o NBD, bancoaposta cassinodesenvolvimento criado há pouco maisaposta cassinoum ano pelo bloco e que começou a liberar empréstimosaposta cassino2016, inicialmente com focoaposta cassinogeraçãoaposta cassinoenergia limpa.

"A maior prova disso (força do bloco) é que consegue lançar novas instituições. Então mesmo que alguns dos Brics passem por momentosaposta cassinocrise econômica, há um impulso político que deve manter a coalizão eaposta cassinorelevância, sobretudo no campo do desenvolvimento", acrescentou.

A atuação do grupo é pautada pelas áreasaposta cassinoconvergência, que giram maisaposta cassinotorno da economia. Assuntosaposta cassinoque não há confluênciaaposta cassinoposicionamentos são,aposta cassinogeral, deixadosaposta cassinolado.

É o caso, por exemplo, da guerra na Síria - tema sobre o qual o grupo deve continuar a se manifestar apenasaposta cassinotermos genéricos, adiantou a embaixadora Maria Luiza Viotti, subsecretária-geral do Itamaraty para Ásia e Pacífico,aposta cassinoapresentação recente a jornalistas.

Neste fimaposta cassinosemana, os mandatários do grupo deverão assinar um acordoaposta cassinocooperação alfandegária para criar canaisaposta cassinocomunicação ágeis entre autoridades aduaneiras, com objetivoaposta cassinofacilitar trocas comerciais dentro do bloco.

Também está prevista a assinaturaaposta cassinoum memorando na áreaaposta cassinoagricultura, com foco no combate à fome nos cinco países.

"Quaisquer dos países, ainda mais no casoaposta cassinomúltiplos países, vão ter interessesaposta cassinocomum e divergências. Enquanto conseguem encontrar pontosaposta cassinoconvergência, eles operam", afirma o diretor-executivo para o Brasil no Banco Mundial, Otaviano Canuto, ao rebater a crítica comum sobre o grupo não ter identidade forte.

Reunião dos Brics na China

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Legenda da foto, Reunião dos Bricsaposta cassinoHangzhou (China)aposta cassinosetembro deste ano

Origem

O conceitoaposta cassinoBrics nasceu há 15 anos,aposta cassino2011, quando o então economista-chefe do banco Goldman Sachs, Jim O'Neill, apontou Brasil, Rússia, Índia e China como um conjuntoaposta cassinonações emergentesaposta cassinoacelerada expansão que cada vez mais ocupariam o espaço dos países desenvolvidos na economia global.

Com 40% da população do planeta, os cinco países somam atualmente um PIBaposta cassinoUS$ 16,92 trilhões, ou 23% da economia mundial.

Diante da forte instabilidade financeira global, os quatro membros originais passaram a se reunir anualmenteaposta cassinocúpulas a partiraposta cassino2009 para articular saídas para a crise, contrapondo-se ao tradicional grupo do G7,aposta cassinopotências desenvolvidas. Em 2011, a África do Sul entrou oficialmente para o bloco.

Atualmente, porém, Brasil e Rússia enfrentam uma recessão econômica, enquanto a China continua crescendo, masaposta cassinoritmo menor. No campo político, além da crise brasileira que levou à trocaaposta cassinoDilma Rousseff por Michel Temer no comando do país, o governo da África do Sul também enfrenta instabilidade por denúnciasaposta cassinocorrupção envolvendo o presidente Jacob Zuma.

O pesquisador do Wilson Center Carlos Eduardo Lins da Silva tem uma visão menos otimista do grupo dos Brics. Naaposta cassinoavaliação, o bloco careceaposta cassinoobjetivos comuns e acaba muito dependente da China, seu membro mais rico. Apesar disso, vê aspectos positivos para o Brasil.

"Em qualquer grupoaposta cassinoque um ator é preponderante, isso é ruim para os demais. Mas é sempre melhor estar num grupo, digamos, com poderaposta cassinofogo, do que estar sozinho, numa relação bilateral. Na relação com os Estados Unidos, por exemplo, o Brasil está sempre muito mais frágil do que numa situação multilateral", observa.

"A mesma coisa no caso da China. Se tivéssemos apenas uma relação bilateral com a China, a fragilidade do Brasil seria maior do queaposta cassinoum fórum como esse,aposta cassinoque a fragilidade se dilui", acredita.

Lins da Silva, no entanto, não vê no momento um interesse prioritário da China pelo grupo.

"Os Brics têm futuro na medidaaposta cassinoque a China resolver que o bloco tem futuro. E não vejo disposição da China neste momento para investir muito nos Brics. Há outras prioridades. Banco por banco, eles estão investindo muito mais no banco que criaram para a Ásia (do que no NDB)", afirma,aposta cassinoreferência ao AIIB (Asian Infrastructure Investment Bank).

Temer x Dilma

Além disso, o pesquisador do Wilson Center vê riscoaposta cassinoo grupo perder relevância durante o governo Temer.

"Primeiro porque o bloco é uma coisa Sul-Sul (relação entre paísesaposta cassinodesenvolvimento), que era uma das grandes prioridades dos governos do PT, e o governo Temer tem uma disposiçãoaposta cassinorecompor relações com Estados Unidos e Europa principalmente. E Dilma tinha um certo xodó pelo grupo que Temer não necessariamente tem", avalia.

Reunião dos Bricsaposta cassinoNova Déli,aposta cassino2012

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Legenda da foto, Dilma Rousseffaposta cassinoreunião dos Bricsaposta cassinoNova Déli,aposta cassinoagostoaposta cassino2012

Otaviano Canuto, do Banco Mundial, discorda.

"Eu acho essa avaliação simplista, porque, independentementeaposta cassinomudanças na política externa brasileira, isso não muda a confluênciaaposta cassinointeresses comuns com outros países Brics. É,aposta cassinocerta maneira, uma extensão da visão centradaaposta cassinoWashington, do tipo 'é nós ou eles'. Isso está equivocado", defende.

Segundo Canuto, é comum se depararaposta cassinoWashington, onde vive, com sentimentosaposta cassinodesconfiança com relação ao grupo.

"Devo confessar que vivendo aqui e lidando muito com think tanks (centrosaposta cassinopesquisa), vejo sempre uma percepção que tudo que aconteçaaposta cassinoque Washington não esteja no meio parece uma conspiração contra Washington. Mas isso deve ser um vícioaposta cassinolugar", contou.

Diante do ceticismo com o grupo, seu inspirador, Jim O'Neill, escreveu neste ano um artigo celebrando os 15 anos da criação do acrônimo e defendendoaposta cassinopertinência.

"Eu criei a sigla não apenas porque as letras se encaixam, mas também por causa do significado real da palavra: essas economias emergentes, argumenteiaposta cassinomeu artigoaposta cassino2001, devem ser os blocosaposta cassinoconstrução dos sistemas financeiro eaposta cassinogovernança global recentemente revisados", observou.

"É verdade que o bloco dos Brics ultimamente tem atravessado um tempo difícil. (…) Mas a sugestãoaposta cassinoque a importância dele foi exagerada é simplesmente ingênua. O tamanho das quatro economias originais do Brics, no seu conjunto, é mais ou menos consistente com as projeções que fiz anos atrás", argumentou.