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O Brasil vai enviar tropas para outra missãoptc cbetpaz após deixar o Haiti?:ptc cbet
Membrosptc cbetalto escalão das Forças Armadas e do Ministério da Defesa trabalham com a ideiaptc cbetfazer parteptc cbetalguma missão da ONU no oeste da África - possivelmente no Mali.
Já diplomatas do Ministério das Relações Exteriores entendem que a participaçãoptc cbetoutra missão só deve ocorrer se houver uma "justificativa grande" para o envolvimento brasileiro. Se uma das missões atuais da ONU tiver que ser escolhida, eles são mais favoráveis à Unifil, no Líbano - país com o qual o Brasil tem laços mais fortes, possui embaixada e já comanda a Força Tarefa Naval da ONU.
A pasta também defende que a operação tenha a característicaptc cbet"manutenção" da paz -ptc cbetcontrapartida das missões mais robustasptc cbet"imposição" da paz - para estarptc cbetacordo com a tradição e a lei brasileira.
Entre 1947 e 2015, o Brasil enviou maisptc cbet48 mil militares para 47 missões da ONU, segundo levantamento da pesquisadora Eduarda Hamann, do Instituto Igarapé. Os maiores contingentesptc cbettropas foram enviados para o Haiti, paísesptc cbetlíngua portuguesa, como Angola e Timor Leste, e para o Líbano.
Hoje, o Brasil tem cercaptc cbet1,3 mil militares engajadosptc cbetmissões da ONU. A maioria deles está no Haiti (cercaptc cbet850).
Haiti
Membros do governo e analistas concordam que, por motivos econômicos, o Brasil só seria capazptc cbetse engajarptc cbetuma nova missãoptc cbetpaz depois que as Nações Unidas encerrarem a Minustah (Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti).
O Conselhoptc cbetSegurança da ONU determinou que o mandato da missão no Haiti seja estendido até abrilptc cbet2017.
A esperança é que até lá seja possível realizar eleições democráticas e empossar um novo presidente.
Porém, isso não significa que o mandato não possa voltar a ser estendido. Isso já ocorreu várias vezes.
O último plano da ONU era tirar seus capacetes azuis do paísptc cbetoutubroptc cbet2016. Mas o ciclo eleitoral previsto para ser concluído no início do ano foi cancelado devido a denúnciasptc cbetfraude e ondasptc cbetviolência. Desde então o país tem um governo provisório.
Para agravar a situação, o furacão Matthew provocou nova catástrofe humanitária dias antes do final do mandato da Minustah e provocou novo adiamento da votação. O primeiro turno das eleições que deveria ter ocorrido no dia 9ptc cbetoutubro foi adiado para 20ptc cbetnovembro.
Há muitas justificativas para ficar mas, por outro lado, a missão vive o que os analistas chamamptc cbetuma situaçãoptc cbet"fadiga". Muitos países doadoresptc cbetrecursos e tropas entendem que a situaçãoptc cbetsegurança já está controlada e estão pouco satisfeitos com as sucessivas crises políticas e institucionais do Haiti.
Por causa disso, surgiram rumores não confirmados nos meios militares e diplomáticosptc cbetque a missão militar seria encerradaptc cbet2017 mesmo que o atual ciclo eleitoral não seja completado. A Minustah poderia ser substituída então por uma missão política.
África ou Oriente Médio?
Um integrante da cúpula do Ministério da Defesa afirmou à BBC Brasil que a pasta tem grande interesseptc cbetparticiparptc cbetuma missãoptc cbetpaz no oeste da África após a retirada do Haiti.
Essa área do planeta é consideradaptc cbetinteresse estratégico do Brasil,ptc cbetacordo com a Política Nacionalptc cbetDefesa.
Essa intenção é reforçada pelo fatoptc cbeto Brasil ser um dos alvosptc cbetum esforço diplomático crescente da França para angariar apoio e tropas para missõesptc cbetpazptc cbetsuas ex-colônias no continente africano.
Fontes dos meios diplomático e militar, que pediram para não serem identificadas, afirmam que haveria um interesse específico dos militares brasileiros pela Minusma, a missãoptc cbetpaz da ONU no Mali.
Essa missão envolve proteger a população realizar eleiçõesptc cbetum país que luta para reestabelecerptc cbetintegridade territorial após a expansãoptc cbetgrupos extremistas islâmicos - como a Ansar Dine e a al-Qaeda do Maghreb Islâmico.
Diplomatas do Itamaraty consideram a missãoptc cbet"altíssimo risco" e dizem que ela não se encaixa exatamente na política brasileiraptc cbetse envolver apenasptc cbetmissõesptc cbetmanutençãoptc cbetpaz.
Após lembrar das dificuldades para reunir verbas para uma nova missão, os diplomatas dizerem que mandar tropas terrestres para a Unifil, no Líbano, seria um projeto mais viável.
Isso porque o Brasil tem mais laços culturais com o Líbano devido ao grande númeroptc cbetimigrantes daquele país que se estabeleceram no Brasil.
Além disso, desde 2011 o país comanda a Força-Tarefa Naval - uma esquadraptc cbetnavios da ONU que tenta impedir o contrabandoptc cbetarmas por mar para o Líbano. Uma dessas embarcações é brasileira e abriga uma tripulaçãoptc cbetcercaptc cbet250 militares.
Desde então já se cogitava o envioptc cbettropas terrestres para participarptc cbetoutros setores da Unifil.
Moedaptc cbettroca
Mas por que o Brasil iria querer enviar unidades militares para outra missãoptc cbetpaz?
"Participarptc cbetmissõesptc cbetpaz é uma moedaptc cbettroca na política externa do Brasil", disse o pesquisador Hector Saint-Pierre, da Unesp.
"Isso facilita a vida do Itamaraty. É a moeda que o diplomata usa numa negociação para que o Brasil participe do cenário internacional".
Outros benefícios são treinar tropas nacionaisptc cbetsituação realptc cbetconflito e prestar solidariedade a uma nação menos favorecida,ptc cbetacordo com o pesquisador.
Ele afirmou que o Brasil tem se destacado nessa área. A Minustah é considerada pela ONU uma missãoptc cbetsucesso, a Força-Tarefa Naval do Líbano é a primeira do gênero e um general brasileiro - Carlos Alberto do Santos Cruz - comandou na República Democrática do Congo (2013-2015) a primeira missãoptc cbetcaráter declaradamente ofensivoptc cbetcapacetes azuis da ONU.
Segundo Hamann, do Instituto Igarapé, o Brasil sempre participou das missõesptc cbetpaz da ONU e intensificouptc cbetatuação nos últimos 25 anos. Essa atuação ajuda a fortalecer o sistema multilateral da ONU -ptc cbetcontrapartida à atuação unilateralptc cbetpotências mundiais no cenário internacional.
"Nós alcançamos um papel elevado. (Não participarptc cbetmais missões) poderia afetar a reputação brasileira. Afetaria nosso soft power".
Oposição
Já Zé Mariaptc cbetAlmeida, presidente do PSTU (Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado) diz que a participaçãoptc cbetmissõesptc cbetpaz do formato atual é equivocada.
"Estamos sendo subservientesptc cbetrelação às potências mundiais. Os Estados Unidos não tinham condições políticas para enviar tropas (para o Haiti) e nós ficamos com a tarefa inglória. Estamos fazendo segurança para empresas americanas", disse.
O PSTU e um grupoptc cbetmovimentos sociais foram algumas das primeiras entidades a se opor à participação brasileira no Haiti.
"Temos obrigação moral e políticaptc cbetajudar o povo haitiano, mas deveríamos colocar os recursos das tropas para construir hospitais e casas no Haiti."
Ele afirmou que haverá campanha contra eventuais novas missõesptc cbetpaz.
Modeloptc cbetmissão
A visão do PSTU não é a adotada pela maioria dos analistas. Mas, mesmo os defensores das missõesptc cbetpaz dizem que o modeloptc cbetoperações adotado pela ONU poderia sofrer mudanças.
A principal crítica é que,ptc cbetteoria, as missões são multidimensionais e abrangem aspectos necessários ao desenvolvimento do país auxiliado - como a reestruturação do Judiciário, da segurança, do saneamento, etc.
Mas na prática nem todas as missões seriam flexíveis o bastante para atingir a complexidade que deu origem ao conflito, segundo Saint-Pierre.
Barreiras
Além da oposiçãoptc cbetsetores da sociedade há outros fatores que poderiam dificultar uma nova missão.
A ONU reembolsa os países pela participaçãoptc cbettropasptc cbetsuas operações (em média, US$ 1,3 mil por mês por combatente). Países como o Uruguai usam esse reembolso como uma fonteptc cbetrenda para manter suas próprias forças armadas.
Mas segundo um levantamentoptc cbetHamann, do Instituto Igarapé, o reembolso corresponde a 40% do dinheiro investido pelo Brasil. Segundo ela, o país investe muito na faseptc cbetpreparação do militar, que não é remunerada pela ONU.
Outro fator é que o Brasil está atrasado com os pagamentos regulares para a manutenção da ONU. Isso pode influenciar ao negociar um papel mais importante na organização.
Há ainda a crise econômica e a tentativaptc cbetcontençãoptc cbetrecursos que incluir até o fechamentoptc cbetembaixadas brasileiras.
Mas se o projeto avançar, quem "venceria" o debate sobre o país escolhido?
Os especialistas ouvidos pela BBC Brasil não têm uma resposta, mas dizem que o Ministério da Defesa deve pressionar muito por uma missão na África.
Mas, segundo Hamann, o históricoptc cbetparticipação do Brasilptc cbetmissões indica que o Itamaraty tradicionalmente tem um peso muito grande no processo decisório.
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