'Como um desconhecido me ajudou a encontrar meu pai, 40 anos depois':aposta ganha ganha

Farhiya e o pai

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Farhiya encontrou o pai após quatro décadasaposta ganha ganhaseparação com ajudaaposta ganha ganhadesconhecido

aposta ganha ganha "Parabéns! Encontramos seu pai!", lia-se no e-mail na caixaaposta ganha ganhaentradaaposta ganha ganhaFarhiya.

"Não consegui acreditar", diz ela. "Era um sonho que se tornava realidade. Eu sempre tive fé que este momento um dia chegaria."

Durante todaaposta ganha ganhavida, Farhiya costumava perguntar aaposta ganha ganhamãe como era seu pai. "Ela mandava eu me olhar no espelho e dizia: 'Você fala como ele, anda como ele, até discute como ele'".

Mas, fora alguns relatos e fotosaposta ganha ganhapreto e branco, ela não tinha muito mais informações sobre ele.

Paiaposta ganha ganhafotografia antiga

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Por anos, a única coisa que ela tinha do pai (na extrema direita) eram fotografias antigas

Farhiya,aposta ganha ganha39 anos, nasceuaposta ganha ganhaLeningrado - hoje São Petersburgo -aposta ganha ganha1976, filhaaposta ganha ganhamãe russa e pai somali.

Siid Ahmed Sharif foi um dos muitos jovens oficiais da Somália convidados para estudar na antiga União Soviética, que tentava aumentaraposta ganha ganhainfluência na África.

Ele e a mãeaposta ganha ganhaFarhiya planejavam se casar, mas a Somália entrouaposta ganha ganhaguerra comaposta ganha ganhavizinha Etiópia um ano após o nascimento dela - e o Kremlin decidiu ficar do lado da Etiópia.

Assim, a Somália expulsou os conselheiros soviéticos do país, e todos os estudantes somalis na URSS, incluindo o paiaposta ganha ganhaFarhiya, receberam ordens para voltar para casa.

"Eu e minha mãe estávamos visitando minha avó na Sibéria ocidental quando ouvimos no rádio sobre a guerra", diz ela. "Lembro-me dela falando, mais tarde, que imediatamente soube o que isso significava para nossa família, para meu pai."

Sharif teve 24 horas para arrumar suas coisas. Comaposta ganha ganhafamília longe, ele nem pode dizer adeus, mas deixou um bilhete com o endereçoaposta ganha ganhaseus paisaposta ganha ganhaMogadício.

"Eu sabia que ele não tinha nos abandonado", diz Farhiya. "Ele só foi embora por causa das circustâncias." Mas essas circustâncias também tornaram impossível para eles manterem contato. A família ficou separada por quase quatro décadas.

Menina eaposta ganha ganhamãe

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Ela foi criada pela mãe e diz queaposta ganha ganhainfância foi feliz

Apesar disso, a infânciaaposta ganha ganhaFarhiya foi feliz. "Eu estava cercada pelo amor incondicional da minha mãe. Os parentes dela me davam muito amor e carinho, eu me sentia muito especial", conta.

"Eu tinha orgulho da minha herança, tinha orgulhoaposta ganha ganhaser diferente. Meus colegasaposta ganha ganhaclasse, meus professores da escola e da universidade sempre me disseram que eu era especial."

Mas Farhiya sempre se perguntou onde estaria seu pai e como ele era. "O desejoaposta ganha ganhaencontrá-lo sempre esteve presente, mas decidi que precisava fazer alguma coisa para encontrá-lo quando fiz 12 anos", diz.

Nessa época, o clima político havia mudado - Mikhail Gorbachev havia implantadoaposta ganha ganhapolíticaaposta ganha ganhaglasnost (abertura) e Farhiya não viu motivos para não escrever para o pai. Mas as cartas que ela enviou ao endereço deixado por ele voltaram. Ela sequer sabe se a correspondênciaaposta ganha ganhafato chegou à Somália.

Farhiya (primeira fileira, segunda a partir da direita)

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Farhiya (primeira fileira, segunda a partir da direita) diz que sempre teve orgulhoaposta ganha ganhasuas origens e se sentia especial

Ela entrouaposta ganha ganhacontato com organizações da URSS que ajudavam crianças a encontrarem pais africanos e com a Cruz Vermelha, que tinha um serviço semelhante. Suas tentativas foram infrutíferas.

"Outras crianças russas conseguiram encontrar seus paisaposta ganha ganhaoutros países africanos, porque era mais fácil. Esses países tinham relações diplomáticas, embaixadas e pessoas trabalhando na Rússia que íam e voltavam da África. Mas, na Somália, o acesso era extremamente limitado", conta ela.

De temposaposta ganha ganhatempos ela paravaaposta ganha ganhaprocurar ativamente, mas nunca desistiu totalmente da ideia. "Era como tentar e fracassar, desistir por alguns anos e voltar a procurar só para fracassaraposta ganha ganhanovo", afirma.

Quando a Somália entrouaposta ganha ganhaguerra civil,aposta ganha ganha1991, houve um grande retrocesso. A guerra continuou por quase duas décadas, mas, quando chegou ao fim, as redes sociais estavam começando a se popularizar, o que deu novas esperanças a Farhiya.

Em uma rede social russa, Vkontakte, ela achou uma mulher que ajudava reunir pessoas e seus parentes que moravam no exterior, mas isso acabouaposta ganha ganhaoutra tentativa fracassada.

"Escrevi para ela, mas, quando disse que meu pai era da Somália, era falou que não poderia me ajudar", conta Farhiya. Então, ela começou a pesquisar fotos da Somália no Instagram.

Fotoaposta ganha ganhaMogadishu postada por Deeq no Instagram

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Fotoaposta ganha ganhaMogadishu postada por Deeq no Instagram; desconhecido ajudou Farhiya a encontrar pai

Muitas fotos que ela gostava eram postadas por um jovem chamado Deeq, que parecia ser bem relacionado. Ela mandou uma mensagem para ele pedindo ajuda.

Deeq tinha muitos contatos com somalis feitos durante anos viajando pelo norte africano, Europa e pelo Chifre da África. Ele também tinha conhecidos no governo da Somália devido a seu trabalho na embaixada do paísaposta ganha ganhaDubai.

No dia 16aposta ganha ganhamarço, ele postou a mensagemaposta ganha ganhaFarhiya emaposta ganha ganhapágina do Facebook. Explicava a história, dando o nome e a idade do pai à épocaaposta ganha ganhaque perderam contato. Os comentários começaram a chegar, e um da Noruega se destacou. "É a nossa irmã, Farhiya", dizia.

Havia sido escrito por uma das meio-irmãsaposta ganha ganhaFarhiya, que moravaaposta ganha ganhaOslo, e seu pai estava passando um tempo com ela. Algumas semanas depois, após várias ligações por Skype, Farhiya,aposta ganha ganhamãe e o maridoaposta ganha ganhaFarhiya viajaram para a Noruega para conhecer o pai dela.

"Ele é exatamente como eu esperava", diz ela. "A gente anda exatamente igual. Falamos com a mesma voz. Era inacreditável - estávamos juntos depoisaposta ganha ganhatodo esse tempo!"

Mensagem postada no Facebook dá nome do pai e conta históriaaposta ganha ganhaseparação

Crédito, Reproducao

Legenda da foto, Mensagem postada no Facebook dá o nome do pai e conta históriaaposta ganha ganhaseparação

Ela conheceu três das meias-irmãs e um meio-irmão, que veio da Suécia, onde o pai mora a maior parte do tempo. Um tio também voou para Oslo para o encontro. Farhiya descobriu que o pai também estava a procurava. "Quando nos falamos pelo Skype pela primeira vez, ele me contou sobre suas tentativasaposta ganha ganhanos achar", afirma.

Mas ela e a mãe se mudaram quando a mãe se casou, e Sharif não tinha o novo endereço delas. E, assim como a filha, ele encontrou obstáculos por conta da quebraaposta ganha ganharelações entre os dois países.

Atualmente, Farhiya eaposta ganha ganhamãe falam com frequência com Sharif pelo Skype e já planejam encontrá-lo novamente. Desta vez, ele deve visitar São Petersburgo.

Há muitas coisas sobre a vida do pai que Farhiya ainda precisa descobrir, e muitas outras que ela e a mãe querem contar sobre as últimas quatro décadas. Felizmente, Sharif ainda lembra do russo que aprendeu há muitos anos.

Farhiya está contente por ter descoberto mais familiares na Somália e na Escandinávia, mas, às vezes, ainda é difícil acreditar que a busca chegou ao fim. "Vai levar muito tempo para eu acreditar que agora tenho no telefone o contato mais importante da minha vida - 'pai'."