Por que o COI se recusa a homenagear as vítimasbetboomHiroshima na abertura da Rio 2016:betboom

Taskashi Morita - CHRISTIAN Ameln

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Legenda da foto, Aos 92 anos, Takashi Morita diz ter visto 'inferno'betboomHiroshima e pede que COI faça homenagem na abertura das Olimpíadas

O movimento, iniciado no Brasil há cercabetboomdois meses, ganhou o apoiobetboomoutras organizações e levou o prefeitobetboomHiroshima, Matsui Kazumi, a enviar o pedidobetboomuma carta endereçada ao presidente do COI, Thomas Bach, e ao prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB).

Mas a resposta do órgão, baseadabetboomdois argumentos, foi negativa.

O primeiro é que uma área da Vila dos Atletas será destinada a orações e homenagens a falecidos, e o segundo,betboomque a cerimôniabetboomencerramento dos Jogos incluirá um momentobetboomlembrança a todas as pessoas que já morreram.

Carta - Divulgacao

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Legenda da foto, Carta enviada pelo prefeitobetboomHiroshima ao COI e a Eduardo Paes

A BBC Brasil teve acesso às duas cartas. O documento assinado por Matsui Kazumi diz que o minutobetboomsilêncio também serviria para lembrar das mortes nos ataques extremistasbetboomBeirute, Bruxelas, Paris e Istambul.

"Nós acreditamos que vocês têmbetboomsuas mãos uma grande oportunidade para reavivar a memória dos Jogos Olímpicos como um evento voltado à paz", diz o documento.

Já o documento assinado por Christophe De Kepper, diretor-geral do COI, diz que "em nosso mundo frágil, os valores olímpicos da solidariedade e da paz são mais importantes do que nunca" e que "os Jogos Olímpicos sempre são um símbolobetboompaz e um importante lembrete à comunidade internacional sobre nossa humanidade compartilhada".

Analistas costumam sugerir que o COI não faça concessõesbetboomminutosbetboomsilêncio nas aberturas olímpicas para não se envolverbetboomquestões políticas - embora neste ano Barack Obama tenha sido o primeiro líder americano desde 1945 a visitar a cidade, os Estados Unidos nunca pediram desculpas formais ao Japão pela bomba atômica.

Carta - Divulgacao

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Legenda da foto, Carta enviada pelo COI ebetboomnomebetboomEduardo Paes ao prefeitobetboomHiroshima

A carta assinada pelo diretor-geral do COI diz ainda que "como o prefeito do RiobetboomJaneiro, Eduardo Paes, compartilha destes objetivos, eu fiz contato próximo com ele ao preparar esta carta, para garantir que ele estivesse ciente da resposta".

Procurado pela BBC Brasil, Paes não quis comentar o assunto.

O Comitê Rio 2016 reiterou que o "localbetboomorações e homenagem aos mortos" na Vila dos Atletas e o "momentobetboomreflexão" no encerramento dos Jogos serão uma formabetboom"todos ao redor do mundo lembrem seus entes queridos que já morreram".

A sede do COIbetboomLausanne, na Suíça, que disse não ter "nada mais a acrescentar" à carta enviada ao prefeitobetboomHiroshima.

Na última segunda, uma nova carta foi enviada a Bach. No documento, Takashi Morita e Chico Whitaker reiteram o pedidobetboomum minutobetboomsilêncio na abertura da Olimpíada.

Para eles, visitabetboomObama à Hiroshimabetboommaio indicaria que o minutobetboomsilêncio não representaria um impasse diplomático entre o COI e os Estados Unidos.

"Este gesto não poderá ser interpretado como hostil aos Estados Unidos, como foi ponderado no Comitê Olímpico Internacional. O próprio presidente Obama foi a Hiroshima para homenagear essa cidade mártir", diz o texto.

Articulação

A ideia do minutobetboomsilêncio surgiu durante uma conferência sobre desarmamento nuclear civil e militarbetboommarço, no Japão - Chico Whitaker, membro da Comissão BrasileirabetboomJustiça e Paz, da CNBB, e da Coalizão por um Brasil LivrebetboomUsinas Nucleares trouxe a ideia ao Brasil e conversou com Takashi Morita.

Pol Dhuyvetter, representante na América Latina e Caribe da organização "Mayors for Peace" ("Prefeitos pela Paz), que reúne 7.042 cidadesbetboomtodo o mundo, também abraçou a causa e a levou ao presidente da entidade, o prefeitobetboomHiroshima, que se entusiasmou com a ideia.

"Para nós a resposta do COI foi um choque. Não custa nada fazer esse minutobetboomsilêncio. Não seria somente por Hiroshima e Nagasaki, mas por Bruxelas, Paris, e por todas as situaçõesbetboomviolência e insegurança, como aqui mesmo no Rio. O COI perdeu contato combetboommissão", diz Dhuyvetter.

Maracana - Getty

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Legenda da foto, Estádio do Maracanã será palco das cerimôniasbetboomabertura e encerramento da Rio 2016

Para Whitaker, o potencial temorbetboomimpasse diplomático não se sustenta.

"Se perguntassem ao Obama, que acaboubetboomir à Hiroshima, certamente ele diria para irem adiante com a ideia do minutobetboomsilêncio. Bilhõesbetboompessoas ao redor do mundo teriam essa lembrança pela paz e se eles não fizerem, a sociedade vai fazer, mas seria ótimo para a imagem dos Jogos Olímpicos esse tributo à paz mundial", diz.

Já Yasuko Saito,betboom68 anos, filha que ajuda Takashi Morita na Associação Hibakusha paulistana há 32 anos, diz que a homenagem seria importante para preservar a memória.

"Muitos filhosbetboomsobreviventes não sabem quase nada sobre seus pais e o Japão na época da bomba. Muitos optaram por sofrerbetboomsilêncio e não contaram quase nada. Meu pai e minha mãe são sobreviventes, os dois, e falavam sobre issobetboomcasa. Eu espero que o COI mudebetboomideia, estamos espalhando essa campanha mundo afora", diz.

O paulistano Rogério Nagai, descendentebetboomjaponeses, criou na plataforma Change.org um abaixo-assinado que já conta com quase 11 mil assinaturas, e a Nuclear Age Peace Foundation também lançou uma campanha. Segundo Saito, há muitas associaçõesbetboomsobreviventes nos EUA e na Ásia aderindo ao pedido.

Recusas

Outros pedidosbetboomum minutobetboomsilêncio já foram feitos ao COI no passado.

Entre eles está um solicitado há muitos anos - e nunca atendido - pelos familiares dos 11 atletas israelenses e do policial alemão mortosbetboomum ataque do grupo terrorista Setembro Negro durante a OlimpíadabetboomMunique,betboom1972.

Em março, uma reportagem do jornal FolhabetboomS.Paulo afirmou que durante os Jogos do Rio, mais especificamentebetboom14betboomagosto, haverá um tributo na prefeitura, organizado pelo Comitê OlímpicobetboomIsrael e o Consulado GeralbetboomIsrael no Brasil.

Maquete - BBC
Legenda da foto, Cerimôniabetboomabertura é alvo do pedidobetboomhomenagem

Questionada pela BBC Brasil, a Prefeitura do Rio disse que não tem relação com o evento, e que suas instalações apenas serão usadas pelas autoridades israelenses como o local da celebração.

No mês passado, Thomas Bach falou dos mortosbetboom1972 ao confirmar a criaçãobetboomum localbetboomorações e memória dentro da Vila dos Atletas.

"É claro que os 11 atletas e o policial alemão que morreram no pior momento da história olímpica serão lembrados. Outros também serão lembrados. (Mas) Não haverá gravaçõesbetboomnomes".

De Hiroshima a São Paulo

NascidobetboomHiroshima, Takashi Morita era soldado da basebetboomHamamatsu quando decidiu prestar um concurso para se tornar policial militarbetboomTóquio. Em julhobetboom1945, optou por servir embetboomcidade natal.

Um mês depois, ele escoltava um grupobetboomsoldados a um abrigo aéreobetboomconstrução quando viu o dia ensolarado dar lugar à escuridão seguida por uma forte explosão.

Takashi Morita - Christian Ameln

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Legenda da foto, Morita conta que vítimas pareciam "fantasmas" correndo com "os corpos pegando fogo"

A um quilômetro do epicentro da bomba, ele só não teve o rosto completamente queimado porque estavabetboomcostas para o local, vestido com uma farda grossa ebetboomchapéu.

Minutos depois, se voluntariou para entrar na cidade e descobrir o que tinha acontecido.

"Fui um dos primeiros a receber a confirmação do Exércitobetboomtratava-sebetboomuma bomba atômica. Primeiro achamos que tinha sido um depósitobetboompólvora que tinha explodido", conta.

Onze anos depois, já casado e com dois filhos, Morita decidiu se estabelecer no Brasil - a viagem do Japão ao portobetboomSantos durou 53 dias.