O venenobasquete bet365rã que é usado como remédio na Amazônia:basquete bet365

Veneno contido nesta rã está se tornando famoso internacionalmente

Crédito, Medicina Kambo

Legenda da foto, Veneno contido nesta rã está se tornando famoso internacionalmente

Os alertas não impediram que Valdés e muitos outrosbasquete bet365fazerem o tratamento.

Ele tinha dúvidas, mas depoisbasquete bet365dois anosbasquete bet365pesquisas sobre o assunto, e sofrendobasquete bet365depressão após um divórcio, decidiu tentar.

"Apliquei (o remédio) e minha história mudou", disse o chileno à BBC. Ele repetiu a dose outras vinte vezes.

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Uso está se expandindo pela América do Sul

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'Açãobasquete bet365três frentes'

Valdés disse que a chavebasquete bet365sua transformação foi uma substância altamente tóxica secretada pela Phyllomedusa bicolor, também conhecida como rã-kambô, para se defenderbasquete bet365seus predadores.

O animalbasquete bet365cor verde brilhante vive principalmente na selva do Estado do Acre, no noroeste do Brasil, mas também pode ser encontradobasquete bet365outros países amazônicos, como Bolívia, Colômbia, Guiana, Peru e Venezuela.

Tradicionalmente, grupos indígenas brasileiros como os katukinas, kaxinawás e yawanawás, entre outros, usam o kambôbasquete bet365rituais para reforçar o sistema imunológico.

Para isso, caçam a rã, que é identificada a partir do seu coaxar característico. Depois, amarrando as quatro extremidades do animal, extraem o veneno coçando suas costas com uma espátula.

Recentemente, esses rituais vêm sendo realizados por habitantesbasquete bet365grandes cidades, pessoas que não têm qualquer ligação com as culturas indígenas.

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Indígenas caçam a rã e a "raspam" para retirar o veneno

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Na internet, curandeiros oferecem seus serviçosbasquete bet365Chile, Colômbia, Peru e até Espanha, cobrando até US$ 50 (R$ 175) por sessão.

O chileno Carlos Fuentes é um deles. Ele aprendeu a técnica com os índios katukinas, que habitam o Vale do Juruá. Fuentes disse que conviveu com a etnia durante quatro anos. Hoje, oferece sessões no Chile sob o nomebasquete bet365xamã Vuru.

"O kambô é um tipobasquete bet365medicamento, não um remédio", disse à BBC.

"Ele atuabasquete bet365três frentes – física, mental e espiritual. E no alinhamento do ser parabasquete bet365cura completa", disse.

Para que o kambô surta efeito, explicou, o paciente deve comparecer à sessãobasquete bet365jejum. Depois, ele toma três litrosbasquete bet365água enquanto o curandeiro faz uma sériebasquete bet365queimaduras superficiais,basquete bet365formatobasquete bet365pontos, embasquete bet365pele.

"Na batata da perna, no caso das mulheres. E nos braços e peito, no caso dos homens”, explicou Fuentes.

Sobre esses pequenos ferimentos, o curandeiro aplicará a substância extraída da rã. Misturada com água e colocada para secar sobre uma tábuabasquete bet365madeira, o veneno tem agora consistência pastosa e cor branca.

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Carlos Fuentes (à esq.) oferece tratamento com kambô no Chile

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'Fogo'

"Uns três ou quatro minutos depois, você sente um fogo correndo por seu corpo, uma chama que parte dos dedos dos pés e chega até abasquete bet365cabeça", contou Valdés. "Você sente o coração na garganta, fica congelado, transpira."

A dose – o númerobasquete bet365pontos – e a periodicidade da aplicação dependem da idade e constituição da pessoa, assim como do númerobasquete bet365vezes que ela utilizou a substância, explicam os curandeiros.

O númerobasquete bet365pontos, porbasquete bet365vez, depende do sexo, da idade e da constituição física do paciente.

"É como uma luta interna", disse Mauricio González, outro chileno que experimentou o kambô há três anos e, desde então, aplica a substância sempre que se sente "estressado e com energia baixa".

A reação dura 15 minutos.

"É uma reação física ao venenobasquete bet365um sapo. Você fica envenenado por um tempinho", disse Valdés.

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Númerobasquete bet365pontosbasquete bet365aplicação dependebasquete bet365sexo, idade e complexidade do caso

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Ao final dos 15 minutos, o "paciente" vomita e sente uma sensaçãobasquete bet365alívio. Cientistas dizem que essas reações são consequência do envenenamento. Já os adeptos da prática dizem que isso acontece porque a substância está eliminando toxinas e outros males do organismo.

"A melhora é imediata", disse Fuentes, o xamã Vurú. Ele contou que atende pessoas com todo tipobasquete bet365problemas, desde viciados a pacientes com depressão e fibromialgia (síndrome que causa dores musculares e fadiga).

Outros profissionais que se dizem versados nas artes do kambô oferecem o tratamento contra inflamações, cansaço, tendinite, dorbasquete bet365cabeça, asma, rinite, alergiasbasquete bet365todo tipo, úlceras, diabetes, problemasbasquete bet365pressão, colesterol alto, estresse, crisesbasquete bet365ansiedade e redução da libido.

A internet está cheiabasquete bet365depoimentosbasquete bet365pessoas que dizem ter se curadobasquete bet365todos esses problemas após fazer o tratamento.

E Valdés, falando à BBC, disse que alémbasquete bet365curarbasquete bet365tristeza, o venenobasquete bet365rã controloubasquete bet365hipertensão.

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Veneno secabasquete bet365um pedaçobasquete bet365bambu antesbasquete bet365ser aplicado

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Sem comprovação científica

Cientistas advertem, no entanto, que nenhuma das propriedades "milagrosas" atribuídas à substância foi cientificamente provada.

Segundo o biomédico Leonardobasquete bet365Azevedo, do Instituto Oswaldo Cruz,basquete bet365São Paulo, o veneno contém substâncias opióides – como as deltorfinas e as dermorfinas – que aliviam a dor e produzem uma sensaçãobasquete bet365bem-estar.

Portanto, o que os usuários estão vivenciando é uma reação biológica momentânea às substâncias químicas presentes no veneno, disse Azevedo à BBC.

O especialistabasquete bet365venenos disse que outras moléculas presentes na substância – como as dermaseptinas, as dermatoxinas, as phylloseptinas e as plasticinas – têm demonstrado,basquete bet365laboratório, propriedades antimicrobianas, destruindo bactérias, protozoários, fungos e lombrigas.

Por isso, o veneno da kambô é citadobasquete bet365vários estudos que apontam seu potencial futuro no combate às superbactérias (bactérias resistentes a antibióticos).

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Para especialista, aplicação "não é segura"; indígenas também alertam para uso indevido

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Mas tratam-sebasquete bet365estudos feitosbasquete bet365laboratório, ressaltou Azevedo. "É preciso muita pesquisa para avaliar se (a substância) também é eficiente lá fora", disse.

"É sabido que a maioria das moléculas que apresentam resultados promissores in vitro falha quando é analisada ao vivo."

E Azevedo vai mais longe: "Na minha opinião, a aplicação do kambô não é uma prática segura".

"A Phyllomedusa bicolor jovem é parecida com a Phyllomedusa adulta, que tem secreções cutâneas tóxicas", explicou.

O especialista disse que xamãs menos experientes podem usar o veneno errado levando os usuários a sofrer efeitos secundários perigosos.

"Além disso, a má conservação pode favorecer o crescimentobasquete bet365micro-organismos resistentes no pedaçobasquete bet365bambu onde se coloca o veneno", acrescentou.

Outros especialistas, como Carlos Jared, diretor do Laboratóriobasquete bet365Biologia Celular do Instituto Butantan,basquete bet365São Paulo – afiliado ao Ministério da Saúde, são da mesma opinião.

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Fuentes, porbasquete bet365vez, diz que não há contraindicação

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Proibido

A venda do veneno no Brasil, assim como qualquer publicidade sobre o assunto, foram proibidos pela Agência Nacionalbasquete bet365Vigilância Sanitária (Anvisa).

"Esta substância nunca foi submetida a análises químicas, algo essencial para eu se comprovebasquete bet365eficácia e segurança", disse à BBC uma porta-voz da agência.

Há dez anos, os próprios índios amazônicos que usam a substância alertaram para os perigos do uso indevido e não autorizado, feito por xamãs inexperientes, do veneno.

"Estamos ouvindo falar muito que no sul do Brasil tem gente que usa (o veneno) sem nenhum respeito, tentando lucrar com a venda do leite da rã pela internet e aplicando-o sem nenhum preparo e sem a permissão dos povos indígenas, com risco, inclusive,basquete bet365morte", disse Joaquim Luz, um líder yamanawá do Acre,basquete bet365uma entrevista à Rádio Nacional da Amazôniabasquete bet3652006.

Até o momento, houve dois relatosbasquete bet365mortesbasquete bet365usuários do veneno. No entanto, não há provasbasquete bet365que as mortes tenham ocorridobasquete bet365decorrência do uso da substância.