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Como as cabeçadas se tornaram uma das maiores preocupações do futebol:blaze com br entrar
A análise do órgão mostrou que, na verdade, ele foi acometido pela encefalopatia traumática crônica.
Essa condição afeta pessoas que sofreram pancadas repetidas na cabeça ao longo da vida — como é o casoblaze com br entrarjogadoresblaze com br entrarfutebol e boxeadores.
Ao ladoblaze com br entraroutros ex-esportistas, a história do capitão do primeiro título mundial brasileiro jogou luz e revelou o impacto que os esportesblaze com br entrarcontato podem ter na saúde do cérebro pelo resto da vida.
Mas, afinal, o que é a encefalopatia traumática crônica? E quais são os meiosblaze com br entrarevitar esse problema?
A questão está na frequência
A médica Roberta Diehl Rodriguez, do Departamentoblaze com br entrarNeurologia da Faculdadeblaze com br entrarMedicina da Universidadeblaze com br entrarSão Paulo (USP), explica que essa doença passou a ser estudada mais a fundo recentemente, nos últimos 15 anos.
"E nós só conseguimos fazer o diagnóstico definitivo da encefalopatia traumática crônica depois que o indivíduo morre, por meio da análise do cérebro", diz.
Pelo que se sabe até o momento, o quadro pode se manifestarblaze com br entrardiferentes maneiras.
Alguns apresentam sintomas parecidos ao do Alzheimer, como perdablaze com br entrarmemória e dificuldades para completar o raciocínio.
Em outros, porém, os incômodos se aproximam maisblaze com br entrarquadros psiquiátricos, como o transtorno bipolar,blaze com br entrarque ocorrem alteraçõesblaze com br entrarhumor.
Há também casos descritosblaze com br entrarque o paciente desenvolveu vícios fortesblaze com br entrarapostas, álcool ou outras drogas.
"Os estudos mais recentes também nos mostram que, mais importante do que a quantidade ou a força das pancadas, um aspecto fundamental da doença é o intervalo entre os traumas", informa Rodriguez.
Ou seja: se o indivíduo tem um choqueblaze com br entrarcabeça e, poucos dias depois, passa por um acidente parecido, isso representaria um sinalblaze com br entraralerta maior.
Possivelmente, pancadas tão próximas não dão tempoblaze com br entraro cérebro se recuperar bem daquele primeiro impacto, o que piora ainda mais os efeitos que isso tem ao longo da vida.
É por isso, aliás, que atletasblaze com br entraralgumas modalidades são mais propensos a sofrer com a tal da encefalopatia traumática crônica: a própria natureza da profissão os predispõe a levar pancadas no crânio.
Os primeiros dessa lista são os lutadores, já que a meta desse esporte está justamenteblaze com br entraracertar a cabeça do adversário com socos e chutes — no passado, inclusive, a doença era conhecida como "demência pugilística", nome que caiublaze com br entrardesuso recentemente.
Grandes nomes do boxe, como Muhammad Ali e Éder Jofre, por exemplo, apresentaram problemas neurológicos no final da vida.
Jogadoresblaze com br entrarrúgbi e futebol americano também são mais propensos a desenvolver o problema, já que esses esportes são marcados por muitos choques e encontrões.
Por fim, os profissionais do futebol completam o grupo. Como cruzamentos e bolas aéreas são um recurso importante do esporte, as batidasblaze com br entrarcrânio são frequentes — e, como você vai entender mais adiante, têm se tornado mais comuns nas últimas décadas.
Cérebroblaze com br entrardesalinho
Mas o que acontece na cabeça logo após a pancada?
Para entender esse mecanismo, é preciso conhecer antes uma proteína chamada TAU.
"Ela ajuda a manter a estrutura dos neurônios e auxilia no transporteblaze com br entrarnutrientes entre uma célula e outra", resume Rodriguez.
Só que as pancadas repetidas parecem alterar um pouco desse balanço neuronal.
Quando ocorre o choqueblaze com br entrarcabeça, essa proteína se rompe e ocorre uma inflamação.
E aí entra o aspecto crônico das batidas. "Se outra pancada acontece logo depois, o cérebro não consegue se recuperar da primeira e aquela proteína começa a se depositar ali", diz a neurologista.
"Com o passar do tempo, esses agregados anormaisblaze com br entrarproteína TAU começam a prejudicar a passagemblaze com br entrarinformações e nutrientes nos neurônios", complementa.
E isso, ao longoblaze com br entrarvárias décadas, pode culminarblaze com br entrargrandes dificuldades para o funcionamento adequado do cérebro.
Vale mencionar que esses mesmos emaranhadosblaze com br entrarproteína TAU são observadosblaze com br entraroutras enfermidades neurológicas, como o próprio Alzheimer.
Na encefalopatia traumática crônica, porém, é possível identificar um fator que está por trás do acúmulo dessa substância: as pancadas repetidas na cabeça.
Rodriguez conta que a USP possui um grande bancoblaze com br entrarcérebros, que são conservados para pesquisas científicas.
"Num estudo, eu avaliei 1.157 desses órgãos que pertenceram a pessoas que não tinham um históricoblaze com br entraratleta profissional."
"Desses, só encontramos a encefalopatia traumática crônicablaze com br entrarsete homens", continua.
"Depois, consegui conversar com a famíliablaze com br entrarum deles e descobri que o indivíduo era goleiroblaze com br entrarum time amador, pelo qual disputava jogos no finalblaze com br entrarsemana", revela.
O futebol mudou
O médico Jorge Pagura, da Confederação Brasileirablaze com br entrarFutebol (CBF), avalia que o atual estiloblaze com br entrarjogoblaze com br entrarequipes e seleções faz com que os choquesblaze com br entrarcabeça se tornem cada vez mais comuns e perigosos.
"Antigamente, o futebol era mais disputado com os pés. Se você pegar qualquer vídeoblaze com br entraruma partida dos anos 1970, poderá conferir que os jogadores tinham espaço para trabalhar a jogada, com o adversário marcando a uma distânciablaze com br entrarum a três metrôs", descreve.
"Atualmente, você vê três ou quatro atletas disputando o mesmo pedaço do gramado", compara.
Segundo Pagura, o futebol "saiu da era dos grandes craques para entrar na época dos grandes atletas".
"Falamosblaze com br entrarprofissionais que são mais altos, mais fortes e que correm distâncias maiores", diz.
"Além disso, a bola aérea virou um artifício valioso. Hoje, muitos gols saemblaze com br entrarcabeceios após cruzamentos na lateral ou na linhablaze com br entrarescanteio", complementa.
Estamos diante, portanto,blaze com br entrarum cenário que facilita ainda mais os encontrõesblaze com br entrarcabeça entre atletas adversários (ou até mesmo entre companheiros do mesmo time).
Prova disso são estudos realizados pela própria CBF, que monitoram as lesões mais comuns que ocorrem nas edições recentes do Campeonato Brasileiro.
Em 2019, a cabeça foi o segundo local do corpo com o maior númeroblaze com br entrarmachucados diagnosticados (em primeiro lugar, ficaram os músculos das coxas).
Para ter ideia, 14%blaze com br entrartodas as lesões que ocorreram na competição afetaram o crânio dos atletas.
O que fazer?
Pagura entende que a conscientização sobre a encefalopatia traumática crônica no futebol tem aumentado.
"Hoje temos um protocolo bem definido e o atleta tem que ser substituído se o médico achar necessário após um trauma", aponta.
"Essas pancadas podem ser um verdadeiro inimigo oculto, porqueblaze com br entrar80% das vezes não há alteraçãoblaze com br entrarconsciência e o atleta acha que pode continuar no jogo", calcula.
Com o avanço do conhecimento sobre o quadro degenerativo, a tendência é que as próprias regras do jogo passem por mudanças.
Uma das primeiras alterações foi recentemente promovida pelo Conselho da Associação Internacional do Futebol (Ifab, na siglablaze com br entraringlês).
Os representantes da entidade recomendaram que as cabeçadas intencionais na bola devem ser proibidas nas partidas que envolvam crianças com menosblaze com br entrar12 anos.
Nessa faixa etária, as jogadas aéreas serão paralisadas pelo juiz, que marcará uma falta para o time adversário.
Já entre os adultos profissionais, a tendência é que as coisas mudem aos poucos também. Um dos primeiros países a adotar medidas nesse sentido foi a Escócia, cuja associaçãoblaze com br entrarfutebol proibiu treinos com cabeçadas um dia antes e um dia depois das partidas oficiais.
A entidade também recomendou que os clubes limitem exercícios que envolvam cabeçadas repetidas a uma única sessão por semana.
Por trás dessas alterações, está a evidênciablaze com br entrarque o problema da encefalopatia traumática crônica nem é tanto o impacto da pancada, mas o intervalo entre uma batida na cabeça e outra.
Para Rodriguez, essas decisões recentes fazem sentido.
"Não se trata, claro,blaze com br entrardemonizar o esporte ou proibir a prática do futebol, mas encontrar um meio termo para uma competição mais saudável e com menos riscos", pondera.
E, embora as cabeçadas sejam menos comuns entre atletasblaze com br entrarfinalblaze com br entrarsemana e nos jogos amadores, Pagura recomenda que todos tomem os cuidados necessários para evitar traumas no crânio.
"Ao contrário das lesões que acometem os joelhos ou os tornozelos,blaze com br entrarque muitas vezes é fácil notar o inchaço pela pele, o cérebro pode não dar muitos sinais imediatosblaze com br entraralgum problema", compara.
"Se porventura você sofrer alguma pancada e ficar com dorblaze com br entrarcabeça ou no pescoço, é importante procurar o pronto-socorro para ver se está tudo bem", conclui.
- Este texto foi publicadoblaze com br entrarhttp://vesser.net/geral-636031815
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