As crianças que estão sendo criadas sem gênero:cbet healthcare
Quando criança, Martenson foi basicamente criada dentro do estereótipo das normascbet healthcaregênero, ganhando vestidos e presentes cor-de-rosa. Mas ela conta que, no final da adolescência, "descobriu o feminismo" e começou a questionar normascbet healthcaregênero.
Por isso, quando foi mãe, Martenson decidiu comprar para a criança roupas e presentes diversos, desde trenzinhos até bonecas, dando a eles a livre escolha sobre qual queriam usarcbet healthcarecada dia específico.
Ela esperava que seu estilocbet healthcarecriação ajudasse a criança a se sentir mais confortável, explorando uma sériecbet healthcarehobbies e estudos,cbet healthcarevezcbet healthcareempurrá-loscbet healthcaredireção a atividades "para meninos" ou "para meninas".
Martenson também acreditava que criar uma criança sem gênero facilitaria as coisas se eles eventualmente se identificassem comocbet healthcaregênero diferente do seu sexocbet healthcarenascimento e ajudaria a aceitar outras pessoas que não adotam o gênero binário ou outras normas sociais. "Estou deixando que eles sejam qualquer coisa... e ensinando a não limitar suas ideias", ela conta.
Martenson repetiu a abordagem com suas duas outras crianças. Ela faz parte do que alguns especialistas afirmam ser um número pequeno, mas crescente,cbet healthcarepais - homo e heterossexuais - que optaram pela criaçãocbet healthcarefilhos sem estereótiposcbet healthcaregênero nos últimos anos.
Não se sabe exatamente quantas famílias adotaram essa estratégia, já que existem poucas pesquisas públicas ou acadêmicas sobre essa microtendência. Mas escritores especializados na criaçãocbet healthcarefilhos, psicoterapeutas e professores da pré-escola afirmam terem observado crescimento dessa prática na década passada, particularmente no norte da Europa e nos Estados Unidos.
Embora o númerocbet healthcarepais que optam por esta abordagem venha aumentando - por menor que ainda possa ser a tendência -, trata-secbet healthcareuma escolha não convencional, que enfrenta controvérsias.
Mas os pais que contestam as práticas estabelecidascbet healthcarecriaçãocbet healthcarefilhos têm motivações específicas e adotam abordagens práticas. E compreender essas questões pode ajudar os demais a entender suas escolhas e até esclarecer o que a abordagem tradicional dos pais pode significar para o futuro da criação dos filhos.
O aumento da criaçãocbet healthcarefilhos sem gênero
Ravna Marin Nathanael Siever,cbet healthcareBerlim, na Alemanha, escreve, ensina e mantém um blog sobre a criaçãocbet healthcarefilhos com gênero neutro. Siever afirma que decidir não rotular uma criança como menino ou menina começou a ganhar força nos anos 1980, principalmente nas comunidades queer.
O fenômeno coincidiu com o que eles descrevem como "a segunda onda do feminismo", quando as mulheres se rebelaram contra o rótulocbet healthcarecuidadorascbet healthcarecasa oucbet healthcarecertos empregos.
A pesquisacbet healthcareSiever para seu livro exigiu a análisecbet healthcaredécadascbet healthcareestudoscbet healthcaregênero existentes e conversas com os próprios pais. Eles afirmam que muitas das pessoas atraídas pela criaçãocbet healthcarefilhos com gênero neutro querem evitar submeter as crianças a experiências que elas próprias tiveram.
Crescendocbet healthcareum mundo onde os estereótiposcbet healthcarehomem-mulher e as estruturascbet healthcarepoder eram mais disseminadas do que hoje, as pessoas transgênero enfrentaram maiores níveiscbet healthcarediscriminação e os relacionamentos LGBTQIA+ eram menos aceitos. Tudo isso trouxe consequências para as pessoas que não se adequavam a essas normas.
Por isso, a criaçãocbet healthcarefilhos sem gênero surgiu não para "neutralizar" os gêneros das crianças, "mas para permitir que elas descubramcbet healthcareprópria identidade,cbet healthcarevezcbet healthcaresaber dela pelos outros", afirma Siever.
Siever afirma que alguns pais preferem a expressão "criaçãocbet healthcarefilhos criativa com relação ao gênero", para evitar confusão entre as pessoascbet healthcareque seu objetivo seriacbet healthcare"neutralizar" o gênero. Outros também usam "criaçãocbet healthcarefilhos com gênero aberto", por motivos similares.
De qualquer forma, esse tipocbet healthcarecriaçãocbet healthcarefilhos permaneceu muito limitado nos anos 1990 e 2000, segundo Siever, e começou a ficar um pouco mais conhecido no iníciocbet healthcare2010, quando famílias homo e heterossexuais contaram suas histórias para a imprensa, gerando debates polarizados ecbet healthcaregrande ressonância.
Entre essas famílias, havia um casalcbet healthcareToronto, no Canadá, que tinha uma criança chamada Storm que não recebeu rótulocbet healthcaregênero, alémcbet healthcareum marido cis ecbet healthcareesposa queercbet healthcareSalt Lake City, nos Estados Unidos, que documentaram nas redes sociais a jornada comcbet healthcarecriança chamada Zoomer.
Ao mesmo tempo, surgiam relatos sobre pré-escolas na Suécia que evitavam os pronomes "ele" e "ela" para todos os alunos, o que também ajudou a divulgar a neutralidadecbet healthcaregênero, segundo Siever.
Mais ou menos na mesma época, Siever - que se identifica como transgênero, não-binário e poliamoroso - começou a criar a primeiracbet healthcaresuas três crianças sem rótuloscbet healthcaregênero. Siever explica quecbet healthcareexperiência pessoal, depoiscbet healthcarecrescer nos anos 1990, teve forte impacto sobre acbet healthcaredecisão.
Embora seus pais fossem influenciados pelas primeiras ondas feministas que incentivavam as crianças a "fazer o que quisessem"cbet healthcaretermoscbet healthcareatividades, eles ainda rotulavam a criança como menina, o que era desconfortável para Siever.
"Demorei até ter quase 30 anoscbet healthcareidade para descobrir que eu podia simplesmente sair daquela caixa, porque não tinha palavras para isso. Não aprendi a linguagem para aquilo", conta Siever.
Como Martenson, Siever acredita que a criaçãocbet healthcarefilhos com gênero neutro desde o nascimento facilita a vida das crianças que decidirem não se enquadrar nas normas binárias e poderia ajudar essas crianças a evitar parte da "confusão" vivida por Siever durantecbet healthcareprópria juventude. Eles também esperam que essa abordagem ajude a ampliar a difusão das mensagens feministas.
"Ideias rígidascbet healthcaregênero vêm sendo discutidas como a principal fonte da opressão patriarcalcbet healthcaredécadascbet healthcaretrabalho feminista", afirma Siever, que pesquisou décadascbet healthcareestudoscbet healthcaregênero para seu livro.
"Quanto mais aberto for o crescimento das nossas crianças, menos estruturascbet healthcarepoder baseadas no gênero influenciarão quem tem poder na sociedade e quem se beneficia mais com isso."
Mark Vahrmeyer, psicoterapeuta que trabalha com famíliascbet healthcareBrighton, no Reino Unido, acrescenta que, nos anos 2020, conversas sobre opressão e identidadecbet healthcaregênero tornaram-se muito mais comuns na imprensa e na sociedade. Isso está ajudando a mostrar aos pais que existem formas alternativascbet healthcarecriar seus filhos.
"Cada vez mais pais conhecem a possibilidadecbet healthcarecriar um filho sem gênero", afirma ele, devido ao aumento do uso do pronome they ou them, para "eles e elas", e da consciência geral sobre o impacto dos estereótipos e preconceitos.
Pelacbet healthcareexperiência trabalhando com pais e adolescentes, Vahrmeyer afirma que "cada vez mais pais querem dar aos seus filhos o espaço psicológico e emocional para expressar plenamente quem eles são, minimizando o impacto consciente e inconsciente que o viéscbet healthcaregênero pode ter sobre uma criança - por exemplo, considerando meninas 'mais fracas' ou meninos 'mais espertos'."
A prática real da criaçãocbet healthcarefilhos sem gênero apresenta diferenças - e as abordagens adotadas pelos pais muitas vezes têm natureza pessoal, relativa às suas próprias percepções e experiências sociais.
Entre as famílias, uma opção é que os pais se refiram aos filhos usando o pronome they. Em inglês, surgiu a palavra theyby - uma misturacbet healthcarethey e baby, para designar essas crianças.
Outros pais, como Martenson, não usam as palavras "menino" ou "menina", mas não se importamcbet healthcareusar o pronome do sexocbet healthcarenascimento da criança (a menos que a criança peçacbet healthcarecontrário), priorizando alternativas neutras como "criança" ou "colega".
O escritor freelancer Markus Tschannen, que está adotando uma abordagemcbet healthcarecriaçãocbet healthcarefilhos sem gênerocbet healthcareuma região da Suíçacbet healthcarefala alemã, conta que preferiria identificar suas crianças com um pronomecbet healthcaregênero neutro, mas não existe essa alternativacbet healthcarealemão. Por isso, ele ecbet healthcareesposa chamam seus dois filhos com diferentes apelidos que nem sempre se enquadram com os estereótiposcbet healthcaregênero.
Em alemão, todos os substantivos recebem um artigo masculino, feminino ou o chamado "neutro". A palavra "camundongo", por exemplo, é femininacbet healthcarealemão, die Maus, e recebe o artigo feminino die ("a"cbet healthcareportuguês). Por isso, Tschannen afirma que a maior parte dos pais alemães evita dar esse apelido para os meninos, mascbet healthcarefamília não pensa desta forma.
"Como pais criativos para questõescbet healthcaregênero, nós usamos deliberadamente nomes com todos os três gêneros gramaticais [do idioma alemão]", ele conta. "A vantagem é que eles podem experimentar o que parece melhor para eles antescbet healthcarese decidirem por um pronome preferido."
"Basicamente, queremos dar a eles mais opções do que a sociedade, que tenta colocar as criançascbet healthcareum padrãocbet healthcaregênero desde pequenas", explica ele.
Tschannen ecbet healthcareesposa são heterossexuais e ambos se identificam pelo seu gênerocbet healthcarenascimento. Para eles, a criaçãocbet healthcarefilhos sem gênero foi menos uma reação àcbet healthcareprópria infância e mais sobre observar a evolução do mundo e decidir fazer as coisascbet healthcareoutro jeito.
Particularmente, ambos ficaram assustados com o "marketing pesado"cbet healthcarelivros, roupas e brinquedos com viéscbet healthcaregênero que Tschannen acredita ter "explodido" na Suíça nas últimas décadas.
Como Martenson, o casal compra as roupas das suas crianças "nos dois lados da loja" e tenta apresentar a eles um amplo conjuntocbet healthcarepertences e entretenimento.
"Cuidamos para que eles leiam livros ou assistam a filmes que representem uma certa diversidade, sem reproduzir muitos estereótiposcbet healthcaregênero", ele conta.
"Mas o mais importante é que cuidamos da nossa linguagem para não reproduzir estereótiposcbet healthcaregênero e tentamos ser modeloscbet healthcarebom comportamento", explica Tschannen. "E também falamos abertamente sobre gênero e sexualidade desde o princípio -cbet healthcareforma adequada para a idade, é claro."
Como Martenson e Siever, Tschannen também espera que a experiência facilite o caminho dos seus filhos, caso eles se identifiquem como LGBTQIA+, e os incentive a aceitar outras pessoas que se enquadrem nessas categorias.
"É natural que nossos filhos conheçam outras crianças que não se identificam com seu gênero atribuído no nascimento e que encontrarão muitas pessoas queer ao longo da vida", afirma ele. "E quero que nossas crianças entendam as diferentes identidadescbet healthcaregênero e que entendam os diferentes pronomes."
Ele aceita que outros pais possam querer incentivar esses valores sem mudarcbet healthcarelinguagem e seu comportamento a esse ponto. Ele acha que os pais podem encontrar o lugar no "espectrocbet healthcaregênero neutro"cbet healthcareque se sentirem mais confortáveis. Mas ele acredita que a abordagem dacbet healthcarefamília é potencialmente mais "útil" na luta pela diluição dos estigmas e estereótiposcbet healthcaregênero.
Impactos desconhecidos
Como a criaçãocbet healthcarefilhos sem gênero ainda é um fenômeno relativamente recente e limitado, os pesquisadores não sabem dizer muito sobre os seus impactoscbet healthcarelongo prazo, incluindo suas consequências para as crianças e para a sociedade como um todo.
Os proponentes da abordagem argumentam que estão fazendo a diferença, pelo menoscbet healthcarenível individual.
Com base nacbet healthcareexperiência, Tschannen afirma que, nacbet healthcareregião da Suíça, ainda "se fala muitocbet healthcarecoisas 'que sãocbet healthcaremeninos' ou 'de meninas', respectivamente". Mas ele vê que suas crianças não "entram nessa questão".
Por exemplo, se acbet healthcarecriança mais velha ouvir um professor falando casualmente que "meninos não pintam as unhas", eles "discordam ativamente ou simplesmente balançamcbet healthcarecabeçacbet healthcaresilêncio".
Ele conta que essa criança - que comentoucbet healthcareidentidade com os pais quando tinha cercacbet healthcarecinco anos, mas não quer que seja publicada - também tende a não se "enquadrar nos interesses 'típicos'cbet healthcaremeninos ou meninas", nem cores ou brinquedos (embora Tschannen afirme que ele não teria problemas com isso, se fosse o caso).
A criança mais velhacbet healthcareMartenson, que agora tem 11 anoscbet healthcareidade, identificou-se como menina desde que tinha cercacbet healthcarequatro anos, espelhando seu sexocbet healthcarenascimento. Mas Martenson é da opiniãocbet healthcareque as experiênciascbet healthcaresua filha crescendocbet healthcareum larcbet healthcaregênero neutro a ajudaram a sentir-se mais confortável para buscar uma ampla variedadecbet healthcarehobbies e a ter um guarda-roupa com diversidadecbet healthcaregênero ao longo do seu crescimento.
Ela conta quecbet healthcarefilha já "aceita muito" os colegas gays ou "que não se vestemcbet healthcareacordo com o padrão". Martenson afirma que "ela não se preocupa com isso. Ela acha perfeito e que eles são corajosos por expressarem isso."
Tschannen e Martenson têm claro que a criaçãocbet healthcarefilhos sem gênero não termina quando uma criança escolhe um gênero com o qual se identifica. Eles ainda tentam evitar linguagem com estereótipocbet healthcaregênerocbet healthcarecasa, por exemplo.
"Quando falo sobre outras crianças, se for alguém que conhecemos [bem], eu posso dizer 'ela'. Mas, se for uma criança no parquinho ou, sabe, os amigos da escola, eu os chamo apenascbet healthcare'colegas' ou pelos nomes",cbet healthcarevezcbet healthcarereferir-se a eles como "meninos" e "meninas", afirma Martenson.
"Assim que as crianças conseguem nos dizer quais pronomes devemos usar, nós os usamos... mas ainda continuamos com o tipocbet healthcareabordagem com gênero aberto, criativo ou neutro, usando linguagem mais diversa, porque não há motivo para que isso desapareça", concorda Tschannen. "Nós continuamos querendo que as crianças saibam quais [tipos de] identidadescbet healthcaregênero existem e quais opções eles têm."
Mas o psicoterapeuta Vahrmeyer afirma quecbet healthcareexperiência trabalhando com clientes indica que nem todas as crianças expostas a este estilocbet healthcarecriação reagem positivamente.
"Para crianças que se sentem seguras para explorar o espaço oferecido pelos seus pais, a jornada pode sercbet healthcaredescoberta", segundo ele. "Mas, para algumas crianças, a faltacbet healthcareprescrição da identidade pode trazer incertezas e maior ansiedade."
Em vezcbet healthcarerejeitar as normascbet healthcaregênero, como seus pais esperavam, essas crianças podem "encontrar dificuldades com a faltacbet healthcareestrutura e orientação" e até "retornar a identidadescbet healthcaregênero enraizadas com mais força para compensar esses sentimentoscbet healthcareincerteza e agarrar alguma segurança".
Mandree Lal, coachcbet healthcareluto e saúde mental infantilcbet healthcareWokingham, nos arredorescbet healthcareLondres, defende alguns aspectos da criaçãocbet healthcarefilhos sem gênero, como escolher uma variedadecbet healthcareroupas e brinquedos. Mas ela concorda que rejeitar os pronomescbet healthcaregênero pode ser confuso para algumas crianças, especialmente quando a maioria dos seus colegas ainda é classificada como meninos ou meninas.
"Dizer, por exemplo, que você é 'eles'... Não acho que uma criança possa entender o que são 'eles' e talvez [a criança] possa sentir que não se enquadra no mundo", afirma.
Um dos filhoscbet healthcareLal é transgênero e sofreu "bullying terrível" na escola. Ela acredita que as crianças rotuladas como "eles" podem não escaparcbet healthcareum nível similarcbet healthcareridicularização, mesmo quando seus pais adotarem essa abordagem para evitar tensões futuras no casocbet healthcareseus filhos não se adequarem às normascbet healthcaregênero.
Ao mesmo tempo, ela aponta que crianças sem gênero podem ainda ter que fazer uma troca públicacbet healthcareidentidade se optarem por um rótulocbet healthcaregênero binário posteriormente.
"Se os pais escolherem 'eles', a probabilidadecbet healthcarea criança escolher seu próprio gênero como 'ele' ou 'ela' ainda é muito alta. Por isso, aquela criança ainda terá que passar por muita coisa. Não é necessariamente uma proteção para elas", afirma Lal.
Vahrmeyer acrescenta que os pais que decidem criar seus filhos sem gênero também precisam saber que, mesmo se estiverem tentando promover a liberdade,cbet healthcareabordagem ainda pode demonstrar preconceitos.
"O trabalhocbet healthcareum pai é ser curioso sobre quem é a criança e ouvi-la,cbet healthcarevezcbet healthcareimpor um 'projeto' ou ideologia a ela", afirma ele. "Por isso, da mesma forma que agora é considerado tóxico dizer a uma criança como ser uma menina ou menino, pode ser igualmente prejudicial que um pai imponha opiniões contra a adequaçãocbet healthcaregênero a uma criança."
Erika Ohlsson, cientista comportamentalcbet healthcareEstocolmo, na Suécia, também é da opiniãocbet healthcareque alguns pais que adotam a criaçãocbet healthcarefilhos sem gênero estão assumindo um pontocbet healthcarevista político, por exemplo, "como uma declaração contra o patriarcado" ou para justificar problemas das suas próprias vidas com relação a como eles próprios vivenciaram a questão do gênero.
"Acho que a questão é com os próprios pais. Acho que eles podem não estar felizes e satisfeitos comcbet healthcareprópria masculinidade ou feminilidade", argumenta ela.
Para Ohlsson, "agora, eles receberam essa oportunidade, devido a esses dogmas ideológicos que aparecem nos debates e na política, que defendem que você pode escolhercbet healthcareprópria realidade [de gênero]".
Dificuldades comuns
Considerando os debates sobre a ética e a eficácia da criaçãocbet healthcarefilhos sem gênero, os especialistas concordam que uma dificuldade comum para as pessoas que adotam essa abordagem é aprender como lidar com as reações externas.
"A criaçãocbet healthcarefilhos com gênero neutro ainda é adotada por relativamente poucas pessoas, que ainda sofrem quase tanta resistência quanto no início dos anos 2010", argumenta Siever. "As pessoascbet healthcarefora provavelmente ainda classificarão todas as crianças na caixacbet healthcare'menino' ou 'menina' a todo momento, pois a ideiacbet healthcaretratar as pessoascbet healthcareforma diferente com base no gênero é fundamentalmente enraizada na nossa sociedade."
Mark Vahrmeyer também alerta que "a crítica pode vir não apenascbet healthcarefora da família, mascbet healthcaredentro dela, especialmente no caso dos mais velhos, como os avós". Ele acredita que isso pode deixar os pais ansiosos e alienados, especialmente se não tiverem uma forte redecbet healthcareapoio.
De fato, Martenson afirma quecbet healthcaremãe questiona continuamente seu estilocbet healthcarecriaçãocbet healthcarefilhos. Ela acha "estranho" ou "esquisito" que seus filhos rompam com as normascbet healthcaregênero para as roupas e afirma que teve dificuldades para entender que Martenson não irá falar sobre as identidadescbet healthcaregênero das crianças até que elas próprias o façam.
Por outro lado, Tschannen afirma que seu estilocbet healthcarecriaçãocbet healthcarefilhos não tem sido "um grande problema", como ele esperava. Ele ainda não presenciou pessoalmente nenhuma reação negativa forte. "Explicamos para os amigos e a família sem fazer muito alarde e eles simplesmente aceitaram", explica ele.
Mas ele enfrentou resistência onlinecbet healthcareestranhos, sempre que escrevia sobrecbet healthcarefamília. "Alguns acham que é extremismo, insinuam que fazemos lavagem cerebral nas crianças e que retiramos algo (ou seja, todos os aspectoscbet healthcaregênero) delas", ele conta. "As pessoas têm muitos conceitos errados."
Tendência mais ampla?
A maior aceitação e normalidade da criaçãocbet healthcarefilhos sem gênero é um debatecbet healthcareandamento entre os seguidores e os observadores do fenômeno.
Ravna Marin Nathanael Siever argumenta que exemplos recentescbet healthcarecriaçãocbet healthcarefilhos com gênero neutro na imprensa e nas redes sociais podem estar colaborando com um "pequeno aumento da aceitação". Mas, nacbet healthcareopinião, não se tornará uma tendência comum no curto prazo.
"Espero que se torne muito mais comum, mas, na velocidade atual, levará décadas, especialmente com a políticacbet healthcaredireita e as discussões sobre como proteger as crianças da chamada 'ideologiacbet healthcaregênero', que vêm aumentandocbet healthcaretodas as partes do mundo ocidental", afirma Siever.
Markus Tschannen também acredita que existe "um longo caminho pela frente" até que a criaçãocbet healthcarefilhos com gênero neutro deixecbet healthcareser um nicho, apesar da crescente atenção da imprensa ao fenômeno. Ele acredita que existe uma grande diferença entre o notável aumento do interesse e mudanças tangíveiscbet healthcarecomportamento.
"Existe uma reação comum dos pais com mente aberta, que geralmente chamamcbet healthcare'uma ideia interessante', mas consideram que a criação sem gênero é difícilcbet healthcarecolocarcbet healthcareprática e, por isso, não pensam muito além disso", afirma ele.
Mas outros, como Gabriella Martenson, são mais otimistas sobre a trajetória dessa prática, especialmentecbet healthcarepaíses mais progressistas como a Suécia, que tem um históricocbet healthcaredefesa da igualdadecbet healthcaregênero e dos direitos LGBTQIA+.
Anos depois ter sido mãe pela primeira vez, Martenson afirma que, agora, muito menos pais a interpelam no parquinho para perguntar o gênero dos seus filhos. Ela vem também observando muito mais fluidezcbet healthcaregênero na publicidadecbet healthcareroupas e brinquedos das crianças - "meninoscbet healthcarerosa, meninoscbet healthcarecollant, essas coisas" -, o que ela acredita que esteja influenciando os comportamentos.
"Acho que [a criaçãocbet healthcarefilhos sem gênero] será mais fácil e mais popular", argumenta ela. "Na geração da minha mãe, a maioria das pessoas não entende, mas, na minha geração, muita gente compreende. Por isso, quando meus filhos tiverem filhos, acho e espero que o gênero não será a mesma questão que é agora."
Leia a versão original desta reportagem (em inglês) na seção Family Tree do site BBC Worklife.