‘Vivemosjoguinho betsistema econômico desumano’, diz economista britânico defensor da renda mínima:joguinho bet

Confira os principais trechos da entrevista.

joguinho bet BBC News Mundo - No seu livro joguinho bet O precariado: a nova classe perigosa joguinho bet , você analisa a situaçãojoguinho betum grande setor da população que vive com empregos precários e altamente instáveis. Você diria que vivemosjoguinho betum sistema econômico desumano?

joguinho bet Guy Standing - O maior problema que temos atualmente é que o sistema econômico global foi distorcido, muitas vezes por políticos que realmente não apreciam a natureza da economia capitalista atual. A economia capitalista que temos hoje não é uma economiajoguinho betlivre mercado. Muito da retórica corrente falajoguinho bet"livre mercado", mas o que aconteceu nos últimos 30 anos é que os grandes grupos financeiros e rentistas criaram um sistema muito distante do que é uma economiajoguinho betmercado.

Nesse sistema, a renda flui cada vez maisjoguinho betdireção aos proprietários, seja donosjoguinho betpropriedades financeiras, físicas ou intelectuais. Ao mesmo tempo, eles construíram um sistema que gera altos níveisjoguinho betinflação, principalmente porque as finanças se comportamjoguinho betforma especulativa.

joguinho bet BBC News Mundo - Por que você diz que esses problemas não são gerados por uma economiajoguinho betlivre mercado?

joguinho bet Standing - O livre mercado tem seus próprios problemas, mas é um erro dizer que o sistema econômico atual é um sistemajoguinho betlivre mercado, quando temos milhõesjoguinho betagricultores que garantem a grandes grupos empresariais lucros monopolistas. Isso permite a essas empresas aumentar os preços sem qualquer concorrência real.

Esse tipojoguinho betsituação possibilita que grandes corporações comprem outras corporações e criem monopólios no mercado. Vivemosjoguinho betum sistema econômico muito desumano.

joguinho bet BBC News Mundo - Como esses monopólios que você descreve afetam o cidadão comum?

joguinho bet Standing - Nós, pessoas comuns, estamos perdendo porque pagamos preços muito mais altos do que os custosjoguinho betprodução e, ao mesmo tempo, as grandes empresas não pagam o custo total dos problemas que geram. Elas não pagam, por exemplo, os custos ecológicos gerados por suas atividades.

O sistema financeiro busca altos lucros a curto prazo à custajoguinho betesgotar, por exemplo, os recursos que vêm do mar ejoguinho betafetar comunidadesjoguinho betdiferentes partes do mundo.

joguinho bet BBC News Mundo - Mas as desigualdades sempre existiram ao longo da históriajoguinho betdiferentes sistemas econômicos. Não é um fenômeno típico do capitalismo nem um fenômeno recente...

joguinho bet Standing - Nos últimos 30 ou 40 anos, os donosjoguinho betpropriedades e das finanças se tornaram mais poderosos. Se olharmos para os Estados Unidos, por exemplo, os ativos financeiros têm um valor equivalente a 500% da renda nacional. No meu próprio país, a Grã-Bretanha, o valor é maior que 1.000%. Isso é diferentejoguinho bettudo que já vimos no passado.

O mesmo ocorre com as patentes e os direitos intelectuais. Eles tampouco existiam na mesma medida que hoje. O mesmo com a concentraçãojoguinho betcorporações que geram oligopólios.

joguinho bet BBC News Mundo - Muitos economistas argumentam exatamente o contrário — dizendo que, graças ao sistema econômico predominante no mundo, mais pessoas saíram da pobreza e as classes médias cresceram. Isso teria feito com que um número maiorjoguinho betpessoas tivessem acesso a melhores condiçõesjoguinho betvida e a bens e serviços que nem seus pais nem avós tinham...

joguinho bet Standing - Esse argumento não está errado. Mas também vimos que,joguinho betpaíses como os Estados Unidos, a expectativajoguinho betvida diminuiu. Isso é algo inédito.

As taxasjoguinho betsuicídio aumentaram, a morbidade aumentou, as taxasjoguinho betcâncer, o estresse, as doenças mentais tornaram-se epidemias... Estamosjoguinho betuma era na qual vemos crises financeiras atrásjoguinho betcrises financeiras. Temos uma situaçãojoguinho betque, materialmente, pode parecer que somos mais ricos do que jamais fomos na história, mas os níveisjoguinho betdesigualdade tornaram a vida muito insegura.

joguinho bet BBC News Mundo - Que efeitos essa insegurança causa?

joguinho bet Standing - A insegurança gera problemas sociais, populismo e tensões geopolíticas.

Após a Segunda Guerra Mundial, iniciou-se um períodojoguinho betque a vida melhorou nos países desenvolvidos. Mas, com o passar do tempo, o padrãojoguinho betvida das pessoas que vivem do trabalho estagnou e o emprego tornou-se mais precário.

joguinho bet BBC News Mundo - Você mencionou que temos visto muitas crises financeiras. No entanto, alguns economistas argumentam que isso faz parte dos ciclos pelos quais o sistema econômico passa, que sãojoguinho betalguma forma inerentes ao modo como nossa economia global funciona.

joguinho bet Standing - O que temos visto nas últimas décadas — especialmentejoguinho betrelação ao que conhecemos como a revolução econômica neoliberal sob os governosjoguinho betMargaret Thatcher (no Reino Unido) ou Ronald Reagan (EUA) na décadajoguinho bet1980 — é que o númerojoguinho betcrises financeiras aumentou enormemente, assim comojoguinho betgravidade.

Temos níveis gigantescosjoguinho betendividamento das famílias, corporações e governos, o que torna nosso sistema economicamente instável, com grandes fluxosjoguinho betdinheiro concentradosjoguinho betuma minoria. Não apenas os Jeff Bezos ou Elon Musk, estou falando dos 20% donos da riqueza. De fato, a desigualdadejoguinho betriqueza cresceu dramaticamente.

O que acontece é que o sistema econômico deixoujoguinho betrecompensar o trabalho para recompensar a propriedade da riqueza. E os políticos não estão fazendo nada para enfrentar os desafios estruturais.

joguinho bet BBC News Mundo - Que alternativa você propõe?

joguinho bet Standing - Precisamos exercer pressão política para criar um sistemajoguinho betvida que valorize a natureza e que dê às pessoas uma sensaçãojoguinho betsegurança. É preciso uma política progressista que não seja ao antigo estilo direita ou esquerda. Uma política progressista que una as pessoas,joguinho betvezjoguinho betcriar divisões.

Creio que essa política progressista está surgindo entre os jovens instruídos que fazem parte do precariado. Acho que virá um novo tipojoguinho betrenascimento, um novo tipojoguinho betliberdade, fraternidade e solidariedade, e que estamos no limiar da transformação.

joguinho bet BBC News Mundo - Mas o que você propõejoguinho betconcreto?

joguinho bet Standing - Há três décadas venho propondo que toda pessoa tenha uma renda básica — o direitojoguinho betreceber a cada mês uma modesta quantiajoguinho betdinheiro que lhe dê alguma segurança básica.

Fizemos experimentosjoguinho betdiferentes partes do mundo e os resultados foram ótimos. Eles mostram que a saúde mental das pessoas melhora, que as pessoas trabalham mais, não menos, que o status das mulheres melhora... Vimos também que os níveisjoguinho bettolerância e solidariedade aumentam.

E isso é factível, acessível. Podemos criar fundos tributando os combustíveis fósseis, cobrando um imposto sobre a riqueza.

joguinho bet BBC News Mundo - Então você é a favorjoguinho betmelhorar o capitalismo, e nãojoguinho betuma mudançajoguinho betsistema?

joguinho bet Standing - Acho que não é muito sensato pensarjoguinho betuma revolução oujoguinho betuma mudança radical. O sensato é dizer que é preciso uma economiajoguinho betmercado adequada, com incentivos adequados para as pessoas que trabalham duro, que investem, que assumem riscos. Precisamos disso.

Mas, ao mesmo tempo, precisamos nos assegurarjoguinho betque todas as pessoas tenham um níveljoguinho betliberdade ejoguinho betsegurança básico para se desenvolver. Isso é compatível com uma economiajoguinho betlivre mercado.

O problema é que o tipojoguinho betcapitalismo que temos hoje é uma abominação, porque dá todo o poder a uma minoria.

joguinho bet BBC News Mundo - Essas ideiasjoguinho betredução da desigualdade,joguinho betfim dos oligopólios e dos privilégios das minorias, são bastante semelhantes ao discurso que a velha esquerda propõe há anos. No caso da América Latina, posso citar pelo menos três países — Venezuela, Nicarágua e Cuba — onde essas ideias deram lugar a governos que permaneceram no poder por décadas, que foram denunciados por violaçõesjoguinho betdireitos humanos e onde a maioria da população vive na pobreza.

joguinho bet Standing - Pode-se pensarjoguinho betmuitos exemplos ao redor do mundo onde os políticos assumiram o poder e coisas assim aconteceram. Mas também acho que a agenda mudou.

Estou muito esperançoso com a ideiajoguinho betque Lula vença as eleições no Brasil e se torne presidente. Quando o conheci, ele me disse que, se chegasse novamente ao governo, criaria uma renda básica no país.

joguinho bet BBC News Mundo - No entanto, na Venezuela, Nicarágua ou Cuba, a situação é muito diferente…

joguinho bet Standing - Qualquer país — seja Cuba, Venezuela ou Estados Unidos — que não respeita os direitos humanos está fazendo algo deplorável. Os direitos humanos são fundamentais e a liberdade é fundamental, assim como os valores democráticos. O que precisamos fazer é tornar as pessoas economicamente seguras para que sejam menos propensas a apoiar qualquer tipojoguinho betpolítica extremista, sejajoguinho betdireita oujoguinho betesquerda.

Quando as pessoas se sentem inseguras, tendem a ouvir populistas, como, digamos, Donald Trump ou Bolsonaro, ou qualquer um dos governos que você mencionou. Uma boa sociedade exige que todas as pessoas tenham sensaçãojoguinho betsegurança ejoguinho betliberdade. Qualquer governo que não respeite esses valores não está seguindo o caminho que precisamos.

- Este texto foi publicadojoguinho bethttp://vesser.net/geral-62828769

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