WhatsApp diz que nenhum governo o fará enfraquecercriptografia:
O governo britânico afirma que as empresastecnologia têm a obrigaçãolidar com o problema. Seu projeto é parteuma LeiSegurança Online, cuja análise foi adiada para os próximos meses (quando será oficializada a saídaBoris Johnson como premiê, e um novo líder conservador será alçado ao cargo).
"Eles (empresas) não devem ignorar os claros riscos que a criptografiaponta a ponta possa cegá-los a esse conteúdo (de abuso infantil) e prejudicar os esforçosidentificar perpetradores", afirmou um porta-voz do governo britânico.
"Vamos continuar a trabalhar com o setortecnologia para apoiar o desenvolvimentométodos inovadores que protejam a segurança pública sem comprometer a privacidade."
A criptografiaponta a ponta (E2EEinglês) oferece o nível mais robustosegurança às mensagens, porque apenas o destinatário tem a chave para decodificar a mensagem. Isso é considerado essencial para a privacidade da comunicação.
Essa tecnologia escora as trocas onlineaplicativos como WhatsApp e Signal e,modo opcional, pode ser usada no Facebook Messenger e no Telegram.
Apenas o remetente e o destinatário conseguem ler essas mensagens - com isso, nem as empresastecnologia nem a polícia têm acesso a elas.
Agora, o debate na comunidadetecnologia é que o governo britânico prometeu apoiar o desenvolvimentoferramentas que possam detectar imagens ilegais dentro ou ao redor do ambienteE2EE,tese sem desrespeitar a privacidade do usuário.
Especialistas questionam se isso é algo viável - e muitos avaliam que a única opção seria por meio do chamado "client-side scanning". Trata-sesistemas que escaneiam mensagens (como textos, fotos, vídeos e arquivos) e comparam seu conteúdo com basesdadosconteúdo considerado questionável - no caso, material envolvendo abuso infantil. Esse processamento acontece antesa mensagem chegar ao seu destinatário.
Para críticos, isso, na prática, destrói as bases do E2EE, uma vez que as mensagens deixamser privadas.
'Tolice'
"O 'client-side scanning' não funciona na prática", defende Cathcart.
Como milhõespessoas no mundo inteiro usam o WhatsApp para se comunicar, o aplicativo precisa manter os mesmos padrõesprivacidadetodos os países, ele acrescenta.
"Se tivéssemos que baixar a segurança para o mundo inteiro, para acomodar a exigênciaum país, (...) seria uma tolice que aceitássemos isso. Tornaria nosso produto menos desejado para 98% dos usuários pela exigência2%", declara Cathcart à BBC News.
A Comissão Europeia, porvez, afirmou que empresastecnologia têm"detectar, reportar, bloquear e remover" conteúdoabuso infantilsuas plataformas.
"O que está sendo proposto é que nós - seja diretamente ou indiretamente, via softwares - leiamos as mensagenstodos", defende-se Cathcart. "Não acho que as pessoas queiram isso."
Vigilânciamassa
O Reino Unido e a União Europeia planejam ecoar os esforços da Apple, anunciados no ano passado,escanear fotografias pessoaisiPhones atrásconteúdo abusivo, antes que ele pudesse ser colocado no iCloud.
No entanto, a Appe recuou depois que gruposdefesa da privacidade alegaram que a empresa estava criando um precedente perigoso e que o sistema poderia ser aproveitado por Estados autoritários para vigiar e agir contra seus cidadãos.
Ella Jakubowska, conselheira do grupo Direitos Digitais Europeus, afirmou que usar o "'client-side scanning' quase equivale a espionar o telefonetodas as pessoas".
"Isso cria um acesso ilegal para agentes maliciosos conseguirem ver as tuas mensagens", ela declarou.
Monica Horten, gerentepolíticas da organização Open Rights Group, concordou. "Se a Apple não consegue acertar nisso, como os governos conseguirão? 'Client-side scanning' é uma formavigilânciamassa. É uma interferência profunda na privacidade."
Alan Woodward, professor da UniversidadeSurrey (Reino Unido), disse à BBC News que esse tipoescaneamento pode ser usadoforma equivocada.
"Claro que se você disser 'acha que devemos proteger as crianças?', todo o mundo vai responder 'sim'. Mas e se você disser 'vou colocar algo no seu telefone que vai escanear todas as suas imagens e compará-las a uma basedados'. Daí você começa a ver as implicações disso."
'Apenas uma parte dos abusadores é detectada'
Cathcart alega que o WhatsApp já consegue detectar centenasmilharesimagensabuso infantil online.
"Reportamos mais (conteúdo danoso) do que qualquer outro serviçointernet no mundo", ele diz.
Mas essa alegação é colocadaxeque pela sociedadeproteção às crianças.
"A realidade é que, atualmente, sob o manto da criptografia, eles (WhatsApp) identificam apenas uma fração dos níveisabuso que as empresas-irmãs Facebook e Instagram conseguem detectar", argumenta Andy Burrows, chefepolíticasproteção online da NSPCC.
Burrows afirma que o aplicativomensagens diretas virou a "linhafrente"abuso sexual infantil online.
"Dois terços do (conteúdo de) abuso infantil atualmente identificado e removido são vistos e removidosmensagens privadas", diz Burrows à BBC News.
"Fica cada vez mais claro que não é preciso opor a proteção infantil à privacidade dos adultos. Queremos uma discussão sobre como fazer um acordo equilibrado."
Este texto foi publicado originalmente em http://vesser.net/geral-62361452
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