Covid: quanto tempo dura imunidade após infecção:betnacional apk atualizado

Mulher deitada com sintomas gripais

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Legenda da foto, Muitas pessoas estão pegando covid pela segunda ou até pela terceira vez, o que está relacionado à circulação das variantes do vírus e ao relaxamento total das medidas preventivas

Contra-ataque coordenado

Mas, antesbetnacional apk atualizadomais nada, como funciona nosso sistema imunológico durante uma infecção viral?

Tudo começa quando um vírus invade o corpo e começa a usar nossas próprias células para criar novas cópiasbetnacional apk atualizadosi mesmo.

Uma hora ou outra, esse processo anormal chama a atenção das unidadesbetnacional apk atualizadodefesa, que iniciam um contra-ataque para conter a expansão do patógeno.

Esse trabalho envolve um verdadeiro batalhãobetnacional apk atualizadocélulas, das quais é possível destacar duas entre as mais importantes: os linfócitos T e B.

Os linfócitos T têm a funçãobetnacional apk atualizadocoordenar a resposta imune. Eles identificam as células infectadas e as matam.

Já os linfócitos B são os responsáveis por produzir os anticorpos específicos, uma espéciebetnacional apk atualizado"antídoto personalizado" que gruda e inativa os vírus.

"É como se o linfócito T disparasse um míssil que destrói a estrutura doente. Daí, os vírus que sobram são neutralizados pelos anticorpos dos linfócitos B", resume Antonio Condino Neto, professor sêniorbetnacional apk atualizadoimunologia do Institutobetnacional apk atualizadoCiências Biomédicas da Universidadebetnacional apk atualizadoSão Paulo (USP).

Ilustraçãobetnacional apk atualizadoum linfócito Tbetnacional apk atualizadoação

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Legenda da foto, Os linfócitos T (em laranja na ilustração) coordenam parte da resposta imune e destroem as células doentes (em azul)

Se todo esse trabalho for bem sucedido, eventualmente a infecção é controlada e os vírus são completamente eliminados do organismo.

Isso, porbetnacional apk atualizadovez, gera um tipobetnacional apk atualizadoaprendizado ao sistema imunológico. Por um tempo, as célulasbetnacional apk atualizadodefesabetnacional apk atualizadocirculação sabem como agir caso o vírusbetnacional apk atualizadoquestão resolva tentar uma nova invasão.

Um mecanismobetnacional apk atualizadoproteção parecido acontece durante a vacinação — com a vantagembetnacional apk atualizadoas unidades imunes serem "treinadas" sem que o corpo padeça pela açãobetnacional apk atualizadoum patógenobetnacional apk atualizadoverdade.

Mas daí vem uma questão importante: por quanto tempo essa imunidade se mantém?

A resposta para essa pergunta varia consideravelmentebetnacional apk atualizadoacordo com o vírus e as característicasbetnacional apk atualizadocada um.

"De um lado, há doenças como sarampo ou rubéola, que geralmente só temos no máximo uma vez na vida e acabou", diz Condino Neto.

"Do outro, temos gripe, covid e resfriados, que podemos pegar por diversas vezes", compara.

Mas o que diferencia um grupo do outro?

Um drible muito efetivo

Há diversos motivos que ajudam a entender por quebetnacional apk atualizadoalguns casos a imunidade dura muitos anos (ou até para sempre) e,betnacional apk atualizadooutros, ela vai embora rapidinho.

Um dos principais fatores tem a ver com as próprias características do vírus e a interação que ele tem com nosso organismo.

Vamos começar com a parcela desses patógenos que é estável e permanece praticamente igual ao longobetnacional apk atualizadodécadas ou séculos.

Essa característica representa uma boa notícia para o sistema imune, que consegue reconhecer o agente infeccioso e resgata as instruçõesbetnacional apk atualizadocomo combatê-lo, graças à infecção prévia ou à vacinação.

Agora, imagine o cenário oposto, que acontece quando os vírus circulam com muita rapidez e são uma verdadeira metamorfose ambulante?

Esse é o caso do Sars-CoV-2, o coronavírus responsável pela pandemia atual: ele sofre mutações genéticas a todo o momento conforme é transmitidobetnacional apk atualizadopessoa para pessoa.

Se essas alterações trouxerem vantagens ao patógeno — como uma maior facilidade para infectar as células ou a capacidadebetnacional apk atualizadodriblar a resposta imune, por exemplo — elas vão prosperar.

É assim que surgem as variantesbetnacional apk atualizadopreocupação. Essas novas versões do vírus ganham terreno e estão por trásbetnacional apk atualizadoreedições nas ondasbetnacional apk atualizadocasos, hospitalizações e mortes.

Ao longo dos últimos dois anos e meio, vimos esse fenômeno acontecer ao menos cinco vezes, com a chegada das variantes alfa, beta, gama, delta e ômicron.

Mais recentemente, o aparecimentobetnacional apk atualizadosubvariantes derivadas da ômicron, como a BA.2 e a BA.5, acelerou e aprofundou ainda mais esse processo.

Em suma, todas essas linhagens carregam mudanças nos genes que apareciam no vírus "original", detectado pela primeira vezbetnacional apk atualizadojaneirobetnacional apk atualizado2020betnacional apk atualizadoWuhan, na China.

Do pontobetnacional apk atualizadovista das nossas defesas, esse fato representa uma péssima notícia. Isso porque a resposta imune obtida atravésbetnacional apk atualizadouma infecção prévia ou da vacinação se torna cada vez mais desatualizada.

Com o passar do tempo — e o surgimentobetnacional apk atualizadonovas variantes com mutações genéticas mais diversas — o resultado do trabalho dos linfócitos B torna-se cada vez menos efetivo.

Isso porque os anticorpos que eles fabricam são montados especificamente para neutralizar o causador da primeira infecção — ou,betnacional apk atualizadopreferência, estão alinhados à formulação original da vacina, que carrega instruções para combater as versões mais antigas do vírus.

Ou seja: se uma variante que tenta invadir o corpo apresenta mudanças significativas na estrutura, os tais anticorpos não conseguem mais agir como se esperava.

Linfócito B e anticorpos

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Legenda da foto, Os linfócitos B (em laranja e amarelo na ilustração) fabricam anticorpos específicos (em verde) para neutralizar diferentes ameaças

O que está acontecendo agora?

Esse processobetnacional apk atualizadoaprimoramento viral parece estar longebetnacional apk atualizadoterminar: desde o finalbetnacional apk atualizado2021 e o iníciobetnacional apk atualizado2022, várias subvariantes da ômicron foram detectadas.

Linhagens como a BA.2 e a BA.5 apresentam uma capacidade ainda maiorbetnacional apk atualizadoinfectar nossas células ebetnacional apk atualizadoescapar da imunidade prévia.

E isso, porbetnacional apk atualizadovez, torna os quadrosbetnacional apk atualizadoreinfecção cada vez mais frequentes e com janelas curtasbetnacional apk atualizadorelação ao primeiro episódiobetnacional apk atualizadocovid — afinal, há uma incompatibilidade entre o vírus que nosso sistema imune reconhece e as versões dele que estão circulando atualmente.

"O vírus dá um jeitinhobetnacional apk atualizadofurar nossas defesas", observa Condino Neto.

Uma pesquisa feita pelo Institutobetnacional apk atualizadoSorologia da Dinamarca, que não foi publicadabetnacional apk atualizadonenhum jornal especializado, se tornou uma das primeiras a chamar a atenção para o fato que uma reinfecção com a variante BA.2 poderia acontecer pouco tempo depoisbetnacional apk atualizadoa pessoa ter sido afetada pela BA.1 (a ômicron "original").

No artigo, os pesquisadores descrevem casos rarosbetnacional apk atualizadopessoas que tiveram um segundo quadrobetnacional apk atualizadocovid pela BA.2 cercabetnacional apk atualizado20 dias depoisbetnacional apk atualizadotestarem positivo pela primeira vez com a BA.1.

Que fique claro: pelo que se sabe até o momento, casos como esses,betnacional apk atualizadoque a covid se repetebetnacional apk atualizadopoucos dias, são atípicos e a tendência é que a imunidade dure ao menos alguns meses.

Uma pesquisa feita nas universidades Yale e Temple, ambas nos Estados Unidos, e publicadabetnacional apk atualizadodezembrobetnacional apk atualizado2021 no The Lancet estimou que, numa situaçãobetnacional apk atualizadoendemia, a reinfecção pode ocorrer numa janelabetnacional apk atualizadotempo que variabetnacional apk atualizadotrês meses a até cinco anos.

Vale destacar que o estudo foi feito antes do espalhamento da ômicron e suas subvariantes, que podem ter interferido nessa janelabetnacional apk atualizadoimunidade.

"Além disso,betnacional apk atualizadosituações que a pessoa tem a mesma doença duas vezesbetnacional apk atualizadomenosbetnacional apk atualizado45 dias, precisamos avaliar se o vírus não ficou 'escondido' por um tempo e a infecção foi reativada depois", diferencia o imunologista Luiz Vicente Rizzo, diretor-superintendentebetnacional apk atualizadopesquisa do Hospital Israelita Albert Einstein,betnacional apk atualizadoSão Paulo.

"Temos evidênciasbetnacional apk atualizadoque o coronavírus é capazbetnacional apk atualizadose esconder no sistema nervoso central e nos testículos por um período, locaisbetnacional apk atualizadoque a ação do sistema imune é limitada", complementa.

Enquanto a ciência ainda tenta encaixar todas as peças desse quebra-cabeças, há um consenso maiorbetnacional apk atualizadoque o coronavírus está sempre se modificandobetnacional apk atualizadomodo a passar despercebido pelo sistema imunológico.

Um estudo divulgadobetnacional apk atualizadojunhobetnacional apk atualizado2022 pelo Imperial Collegebetnacional apk atualizadoLondres, no Reino Unido, revelou que pessoas infectadas com a ômicron têm uma resposta imune mais fraca e com pouca capacidadebetnacional apk atualizadoevitar novos quadrosbetnacional apk atualizadocovid, mesmo entre aquelas que já tinham pegado covid no passado e estavam vacinadas com três doses.

Os especialistas chegaram a classificar as subvariantes que estãobetnacional apk atualizadocirculação como "furtivas", pela capacidade delasbetnacional apk atualizadoagir às escondidas das célulasbetnacional apk atualizadodefesa.

A investigação mostrou que essas novas versões virais não deixam uma "marca" nas célulasbetnacional apk atualizadodefesa,betnacional apk atualizadomodo que elas não se lembram muito bem como combater o vírus dalibetnacional apk atualizadodiante.

SARS-CoV-2

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Legenda da foto, As subvariantes da ômicron estão se tornando cada vez mais 'furtivas', alertam pesquisadores

"Ser infectado com a ômicron não representa um reforço potente na imunidade contra reinfecções no futuro", explica a professora Rosemary Boyton, autora principal do trabalhobetnacional apk atualizadocomunicado à imprensa.

Ótima notícia com prazobetnacional apk atualizadovalidade?

Apesarbetnacional apk atualizadotantas mudanças nas relações entre o coronavírus e a nossa imunidade, ao menos uma coisa continua a funcionar relativamente bem na maioria das vezes: a proteção das vacinas contra complicações, hospitalizações e mortes relacionadas à covid.

Esse resguardo acontece por meio da ativação da memória do sistema imunológico e a açãobetnacional apk atualizadocélulas como os linfócitos T.

Em termos práticos, o coronavírus até consegue entrar no organismo e driblar os anticorpos num primeiro estágio.

Mas logo entrabetnacional apk atualizadocena o batalhãobetnacional apk atualizadocélulas imunes comandadas pelos linfócitos T, que controlam a situação e impedem que o vírus ganhe terreno e cause sintomas mais graves.

"O vírus até entra e causa incômodo, mas, graças à memória imune, ele logo toma 'umas invertidas' e cai fora", conta Condino Neto.

Legenda do vídeo, Covid: principais sintomas mudam para quem se vacinou

É exatamente isso que testemunhamos ao longo dos últimos meses: ainda que a ômicron esteja por trásbetnacional apk atualizadorecordesbetnacional apk atualizadocasosbetnacional apk atualizadocovid, as hospitalizações e as mortes não subiram na mesma proporção.

E mesmo naquelas pessoas que estão testando positivo pela segunda ou até pela terceira vez, a tendência é que o quadro seja bem mais leve, marcado por sintomas que costumam lembrar um resfriado comum, como coriza, tosse e dorbetnacional apk atualizadogarganta.

"Por isso, é muito importante que as pessoas estejam com o esquema vacinalbetnacional apk atualizadodia. Quem está com as doses atrasadas deve ir correndo tomar as suas", sugere Condino Neto.

Segundo o portal CoronavirusBra1, apenas 51% da população brasileira tomou a terceira dosebetnacional apk atualizadovacina, que é considerada primordial para ampliar a proteção contra as formas mais graves da covid.

Jovem sendo vacinado

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Legenda da foto, Quase metade da população brasileira ainda não tomou a terceira dose da vacina que protege contra as formas mais graves da covid

O pesquisador da USP reforça que o imunizante ajuda a "acordar" o sistema imune e "aumenta as chances de, se você pegar covidbetnacional apk atualizadonovo, ter uma forma mais branda da doença".

Rizzo acrescenta que, alémbetnacional apk atualizadoestar com a vacinaçãobetnacional apk atualizadodia, não podemos "baixar a guarda" com as outras medidas preventivas.

"O coronavírus não veiobetnacional apk atualizadooutro planeta. É só a gente usar máscara e tomar alguns cuidados que ele não passa", esclarece.

"Não temos que esperar o governo dizer que precisamos nos cuidar. Cada um deveria pensar embetnacional apk atualizadoprópria responsabilidade nessa história."

O imunologista alerta que, dada a recente históriabetnacional apk atualizadomutações e variantes, não está descartada a hipótesebetnacional apk atualizadoque apareça uma versão agressiva do vírus, que consiga escapar completamente da proteção conferida pelos imunizantes disponíveis.

"Toda vez que alguém se infectar, entramos numa espéciebetnacional apk atualizadoloteria. Será que dali vai sair um coronavírus cheiobetnacional apk atualizadomutações que escape das vacinas?", questiona.

De acordo com o painelbetnacional apk atualizadoinformações do Conselho Nacionalbetnacional apk atualizadoSecretários da Saúde (Conass), a média móvel diáriabetnacional apk atualizadonovos casosbetnacional apk atualizadocovid-19 no Brasil supera os 57 mil.

"Nosso comportamento atual só está incentivando que esse cenário vire realidade", lamenta.

Boyton, do Imperial College, concorda com o pontobetnacional apk atualizadovista do colega brasileiro. "A preocupação é que a ômicron pode potencialmente sofrer outras mutações e se tornar uma variante ainda mais patogênica, ou com capacidadebetnacional apk atualizadosuperar a proteção das vacinas."

"Nesse cenário, pessoas que pegaram essa variante anteriormente estariam menos protegidas contra a ômicron, a depender do perfil imunológico delas", conclui.

- O texto foi publicado em http://vesser.net/geral-62098817

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