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Os degradantes vídeos racistas com crianças africanas feitos para entretenimento por youtubers chineses:cbet kenya
Os repórteres Runako Celina e Henry Mhango, da equipe do programacbet kenyaTV Africa Eye, da BBC, decidiram investigar o vídeo com conteúdo racistacbet kenya2020 para tentar revelar a história por tráscbet kenyasua gravação.
"Depois que a polêmica desapareceu das redes, eu não conseguia esquecer. Como uma mulher negra morando na China, o vídeo ficou gravado na minha cabeça. Onde foi gravado? Por que foi feito? Quem é esta pessoa que pegou um grupocbet kenyacrianças felizes e animadas e as fez gritar algo tão degradante?", questionou Runako.
Após mesescbet kenyainvestigações meticulosas e análises forenses do vídeo, a equipe da BBC conseguiu encontrar algumas respostas.
O vídeo
O "vídeo do QI", como Runako e Henry se referem a ele, é apenas umcbet kenyauma infinidadecbet kenyavídeos racistas encontrados nas redes sociais da China.
Mas para Runako, este vídeo teve um impacto diferente. Um dos fatores que mais gerou polêmica quando foi divulgadocbet kenya2020, foi o usocbet kenyaum termo que as crianças repetem durante a gravação.
"A palavra que as crianças estão usando [no vídeo] é 'heigui'", explica Runako, que pode ser traduzida como "monstro negro" ou "demônio negro".
"Mas, na verdade", ela acrescenta, "é o equivalente chinês da palavra que começa com 'N'cbet kenyainglês e que é um dos piores insultos raciais".
Como pontocbet kenyapartida paracbet kenyabusca, Runako decidiu entrarcbet kenyacontato com especialistascbet kenyaanálise forensecbet kenyavídeo para tentar encontrar detalhes que ajudassem a identificar o local da gravação.
Por meiocbet kenyaelementos geográficos, topográficos ecbet kenyasinalização, os especialistas conseguiram identificar que o vídeo do QI havia sido gravadocbet kenyauma pequena cidade rural do Maláui, no sudeste da África.
Investigaçãocbet kenyacampo
Sabendo que precisariacbet kenyaalguém que conhecesse bem o lugar, Runako decidiu se juntar a Henry Mhango, repórter investigativo local que trabalhou para o programa Africa Eye revelando casoscbet kenyaabusoscbet kenyadireitos humanos, corrupção e crimes violentos no Maláui.
"Quando [Runako] me mostrou o vídeo do QI, fiquei chocado: as crianças que gritavam aquelas frases degradantes eram do Maláui. Aconteceu bem debaixo do nosso nariz, escondido à vistacbet kenyatodos", contou Henry.
Armado com nada mais do que coordenadas geográficas, Henry foi até o local onde as evidências apontavam que o vídeo havia sido gravado.
"A cidade está localizadacbet kenyauma área perfeita para fazer negócioscbet kenyaforma discreta. Está escondida na zona rural e só se conecta às rodovias por estradascbet kenyaterra."
Foi lá que, pela primeira vez, Henry ouviu um nome. Ou melhor, um apelido: "Susu", que significa "tio"cbet kenyamandarim.
O jornalista descobriu que Susu chegou para viver na região há alguns anos e havia gravado centenascbet kenyavídeos com a população local.
Segundo contaram alguns moradores da cidade, eles o receberam acreditando que tinha vindo ensinar os pequenos a falar mandarim.
Além disso, dizem os repórteres, não é incomum ver hoje cidadãos chineses no Maláui.
Devido ao crescente esforçocbet kenyaPequim para expandircbet kenyainfluência na África — por meiocbet kenyainvestimentoscbet kenyainfraestrutura e a presençacbet kenyaempresas e tecnologias chinesas —, os moradores locais começaram a se acostumar com a presençacbet kenyaestrangeiros no país.
Isso também levou alguns residentes a acreditar que, por meio dos vídeos, Susu conseguiria trazer ajuda econômica da China para melhorar as condições da população empobrecida.
A decepção
Os moradores entrevistados pela equipe da BBC disseram que, apesar das horas que as crianças passavam com Susu, elas nunca aprenderam mandarim.
Sabiam dizer algumas palavras, porque haviam aprendido durante a gravação dos vídeos, mas nunca aprenderam o significado do que estavam dizendo.
Para piorar ainda mais a situação,cbet kenyaacordo com a população local, muitas das crianças que gravavam vídeos com Susu haviam deixadocbet kenyair à escola.
"Em vezcbet kenyase tornarem os líderes do amanhã, eles vão crescer sem educação. Vão acabar pedindo dinheiro ou roubando", disse uma mãe aos jornalistas da BBC.
Mas, embora Runako e Henry soubessem que estavam se aproximandocbet kenyaSusu, eles ainda não tinham uma imagem claracbet kenyaque aparência este homem realmente tinha.
"Selfies e blogs nos deram um primeiro vislumbrecbet kenyaquem poderia ser o dono [dos vídeos], um homemcbet kenya20 e poucos anos. Entre as postagens, encontramos uma única fotocbet kenyauma carteiracbet kenyaidentidade nacional e finalmente conseguimos um nome: Lu Ke", explicou Runako.
"Mas será que este homem é Susu, o mesmo que eu tenho seguido na web? E mais importante, é ele quem fez o vídeo do QI?"
Xiao Gulah, a 'marca' dos vídeos
Bright é um meninocbet kenya6 anos que vive na pequena cidade ruralcbet kenyaKamwendo, no oeste do Maláui, perto da fronteira com a Namíbia.
Aos 4 anos, ele foi um dos rostos preferidoscbet kenyaSusu para seus vídeos.
Mas ele não era só o preferidocbet kenyaSusu, como também da audiência: Bright viralizou nas redes sociais da China, e virou uma espéciecbet kenya"marca não oficial" para este tipocbet kenyaconteúdo.
Nestes círculos, Bright é conhecido como Xiao Gulah.
Nas páginas da web que oferecem estes vídeos, é comum ver conteúdos acompanhadoscbet kenyauma fotocbet kenyaque Bright aparece com os polegares para cima, como num gestocbet kenyaaprovação.
O que Runako e Henry descobriram por trás da imagem doce e inocente do menino no papelcbet kenyaXiao Gulah foi uma história triste e vergonhosacbet kenyaabuso infantil.
"[Susu] nos beliscava quando cometíamos um erro e quando fazíamos algo mal, nos batia com um pau", disse o menino aos repórteres, enquantocbet kenyamãe olhava com tristeza.
"Quando eu tentava levar ele embora, o homem voltava e o levava. É muito doloroso para o meu coração. Nunca vimos nenhum benefício", explicou a mulher.
Susu, o racista
Os jornalistas da BBC tinham cada vez mais informações sobre os vídeos, mas havia um ponto-chave a esclarecer: foi Susu quem gravou o vídeo do QI?
Para descobrir, a equipe do programa Africa Eye entroucbet kenyacontato com um jornalista chinês para se passar por um empresário que queria contratar os serviçoscbet kenyaLu Ke. Ele levaria uma câmera escondida com ele.
Em uma das várias conversas que tiveram, Susu começou a falar sobre seu trabalho com negros na África.
"Não os trate como se fossem seus amigos", disse ele ao repórter.
"Nunca tenha pena deles, você tem que se lembrar disso. Nunca tenha pena deles. Não importacbet kenyasituação familiar, nunca tenha pena deles. É assim que você deve tratar os negros", Lu Ke aparece dizendocbet kenyaum dos vídeos.
Com frases tão explícitas como as que foram capturadas no vídeo, os repórteres da BBC decidiram que havia chegado a horacbet kenyabuscar respostas sobre o vídeo do QI.
Chamaram então Lu Ke novamente para mostrar o vídeo e perguntar se era dele.
"Sim, este é meu", ele aparece respondendo com naturalidade.
Mas depoiscbet kenyaalguns segundos, como se tivesse lembradocbet kenyaalgo, Susu volta atrás: "Não, espera, este vídeo não é meu. Meu amigo fez [...] Sugiro que você não tenha este vídeo no seu telefone. Não deixe as pessoas negras verem isso."
Segundo Runako, parecia que Susu havia deixado escapar um segredo, uma visão que se consolidou alguns segundos depois, quando mencionou a polêmica que havia sido gerada com a publicação original do vídeo.
Ficando rico
A equipe da BBC descobriu que Susu estava ganhando muito dinheiro com seus vídeos.
Em uma das conversas gravadas com a câmera escondida, ele aparece se gabandocbet kenyagravar maiscbet kenya380 vídeoscbet kenyaum único dia, algo que representaria um rendimentocbet kenyapelo menos US$ 11 milcbet kenyamenoscbet kenya24 horas.
Quando Runako perguntou à mãecbet kenyaBright se ela havia recebido algum tipocbet kenyapagamento pelo trabalho do filho, a mulher disse que não.
"É muito doloroso para mim, porque meu filho sofreu muito. [Ele] fazia ele gritar até que saltassem suas veias [do pescoço] durante três dias seguidos e no quarto, ele voltava doente. No quarto dia, o homem chinês chegava com um pedaçocbet kenyafrango, dividia com ele e o levava para trabalharcbet kenyanovo."
Os familiarescbet kenyaoutras crianças que apareceram no vídeo também reagiram com sofrimento.
A avócbet kenyaum dos meninos disse, quase chorando, que Susu havia "lucrado com os pobres".
O confronto
Após mesescbet kenyainvestigação, e munidoscbet kenyaprovas contra ele, os jornalistas finalmente decidiram confrontar Lu Ke emcbet kenyacasa.
Diante do olhar curioso dos moradores, Runako, acompanhada por Henry, se aproximou determinada.
"Todos os garotos locais te chamamcbet kenyaSusu, certo?", Runako perguntou.
"Sim, sim."
"Qual é a razão para fazer estes vídeos?"
"Quero difundir a cultura, a música e a dança chinesas. Inclusive as palavras chinesas, a língua chinesa."
"Nossas fontes dizem que você bate nos meninos."
"Não fiz isso."
"Vimos o vídeocbet kenyaque os faz dizer: 'Sou o diabo negro'. Você fez?"
"Não fiz este vídeo."
"Isso é considerado exploração, você sabia disso?"
"Eu não os explorei."
A investigação da BBC levou a ministracbet kenyaSegurança Interna do Maláui, Jean Muonaowauza Sendeza, a afirmar que Susu havia violado as leiscbet kenyaproteção à criança e teria que responder perante as autoridades.
Ela disse ao jornalista Henry Mhango que "o atocbet kenyaproteção e justiça infantil foi violado, e usaremos este ato para que este indivíduo enfrente a lei". "Não permitiremos que estrangeiros insultem nossos filhos, nossos cidadãos."
A polícia do país africano também anunciou o iníciocbet kenyauma investigação.
Uma investigação agridoce
Cansados depoiscbet kenyauma conversa infrutífera, na qual Susu negou tudo o que a equipe do programa Africa Eye havia conseguido comprovar, Runako e Henry deixaram a cidade com uma sensação ambígua.
"Passei muito tempo analisando os vídeoscbet kenyaSusu, me preocupando com o que estava acontecendo nos bastidores. Agora, sabia a verdade", diz Runako.
"Mas enquanto me preparava para deixar Henry, esta descoberta parecia agridoce: doce porque junto a Henry havia conseguido descobrir um dos piores exemplos do racismo que todos nós [pessoas negras] enfrentamos, tanto no continente quanto na diáspora."
"Mas amargo porque nós dois sabíamos que isso era maior que Susu: sim, nós tínhamos interrompido o negóciocbet kenyaum homem. Mas esta indústria segue crescendo, com criançascbet kenyaverdade, como Bright, sendo exploradas diariamente para entreter pessoascbet kenyalugares muito, muito distantes..."
Henry concorda:
"Quando olho para o meu país, pensocbet kenyatodas as pessoas que ainda enfrentam a pobreza [...] Susu se aproveitoucbet kenyasua boa fé. Veio para o Maláui e traiu nossas crianças..."
Esta reportagem é uma adaptação do documentário "Racism for Sale" ("Racismo à venda",cbet kenyatradução literal), do programacbet kenyaTV Africa Eye, da BBC. Você pode assistir aqui ao documentário na íntegra (em inglês).
'Este texto foi originalmente publicadocbet kenyahttp://vesser.net/geral-61837755'
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