'Geração Disney' confunde amor com objetojogo da roletinha paga mesmoconsumo, afirma psicanalista:jogo da roletinha paga mesmo

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Legenda da foto, 'A fantasia amorosa é uma fantasiajogo da roletinha paga mesmocompletude', diz a psicanalista Ana Suy

Fundamental para a vidajogo da roletinha paga mesmotodos, o amor é origem, percurso e destino - inclusive, com desembarques e descarrilamentos. "O amor precisajogo da roletinha paga mesmoespaço,jogo da roletinha paga mesmodistância,jogo da roletinha paga mesmobrechas. O amor é ponte. Que sentido temjogo da roletinha paga mesmofazer ponte num mesmo continente?"

Confira os principais trechos da entrevista.

jogo da roletinha paga mesmo BBC News Brasil - No livro você argumenta o quanto o amor é uma vivência criada a partir do impossível, que é encontrar a parte que nos falta. A partir disso, podemos pensar que as propagandas do amor são "enganosas", na medidajogo da roletinha paga mesmoque prometem o que nunca será alcançado?

jogo da roletinha paga mesmo Ana Suy - A fantasia amorosa é uma fantasiajogo da roletinha paga mesmocompletude, é a fantasiajogo da roletinha paga mesmoque poderíamos viver sem algum mal-estar, mal-estar esse que seria aniquilado pelo parceiro no amor. Nesse sentido, podemos pensar que o amor é um engano, uma vez que nele a gente acha ou sente como se tivesse encontrado algojogo da roletinha paga mesmosi no outro. Assim, o amor é narcísico. Amamos a sensaçãojogo da roletinha paga mesmonos sentirmos completos, realizados.

No entanto, eu penso que o amor é mais do que isso, porque no amor, diferentemente da paixão, o outro dá notíciasjogo da roletinha paga mesmoque ele não se identifica completamente ao que idealizamos que ele seria. Então, talvez possamos dizer que as propagandas do amor são enganosas, mas não por culpa delas. O amor é enganoso.

jogo da roletinha paga mesmo BBC News Brasil - E por que é tão fundamental que os seres humanos vivam essa impossibilidade?

jogo da roletinha paga mesmo Suy - Porque senão o amor acaba! O amor é movimento, e não faz sentido nos movimentarmos se tudo está ali. O amor é ponte, precisa que duas porçõesjogo da roletinha paga mesmoterra estejam distanciadas para quejogo da roletinha paga mesmoexistência se justifique. O amor é linguagem, é preciso que algo não seja tão bem dito assim para que a palavra possa se relançar.

É preciso que algo falte para que possamos ir ao outro. E se o outro tiver o que nos falta, nos fechamosjogo da roletinha paga mesmonós mesmos, fagocitando o outro, e o amor acaba. As histórias que são felizes e sem falta terminam com o "e foram felizes para sempre". E terminam mesmo. Se a história for ter continuação, algum desencontro precisará acontecer. No amor o impossível não cansajogo da roletinha paga mesmodar suas caras e assim nos convocar a fazer reinvenções amorosas.

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Legenda da foto, Ana Suy: 'O amor precisajogo da roletinha paga mesmoespaço,jogo da roletinha paga mesmodistância,jogo da roletinha paga mesmobrechas. O amor é ponte'

jogo da roletinha paga mesmo BBC News Brasil - Uma palavra muitojogo da roletinha paga mesmovoga é a empatia, colocar-se no lugar do outro para respeitá-lo. Porém, como você assinala, o amor convoca as pessoas à experiênciajogo da roletinha paga mesmoalteridade, que é justamente ajogo da roletinha paga mesmoconviver e reconhecer o outro. Por que alguns amores são tão narcísicos e o que costuma acontecer quando se descobre que esse outro é diferente e tem desejos próprios?

jogo da roletinha paga mesmo Suy - O amor é essencialmente narcísico, embora isso não seja tudo sobre ele. Se vemos uma pessoa com as lentes da paixão, vemos, sobretudo, a nós mesmos e por isso essa pessoa é apaixonante. Na medidajogo da roletinha paga mesmoque essa pessoa vai nos frustrando, vamos nos decepcionando com ela, vamos encontrando com uma alteridade - não só na pessoa amada, masjogo da roletinha paga mesmonós mesmos. Uma parceria amorosa onde se encontra alegria pode ser radicalmente diferente da parceria amorosa que se idealizou. Se a parceria amorosa se sustenta é porque cada um dos parceiros encontrou com uma brecha emjogo da roletinha paga mesmoprópria imagem e decidiu ficar.

Ditojogo da roletinha paga mesmooutro modo, alguém que tem o idealjogo da roletinha paga mesmofazer casal para ter filhos, por exemplo, mas encontra alguém que não quer tê-los e fica mesmo assim, às vezes discutindo muito, às vezes achando uma solução... Poxa, não seria mais fácil encontrar alguém que também quisesse ter filhos? Não era para ser simples?

Acontece que, frequentemente, essa pessoa já encontrou várias outras que atendiam ao seu ideal (de ter filhos, por exemplo) e a coisa não rolou. Amamos com o inconsciente, não sabemos explicar as razões pelas quais amamos uma pessoa e não a outra. O amor é um mistério que, diga-sejogo da roletinha paga mesmopassagem, amamos. Assim, não amamos apenas as pessoas, amamos o próprio amor - o que, muitas vezes, pode nos levar a ter grandes dificuldades para reconhecer quando o amor acaba e não pode mais ser reinventado.

jogo da roletinha paga mesmo BBC News Brasil - Por que é comum que as pessoas se sintam desmoronando quando o amor acaba ou não é correspondido?

jogo da roletinha paga mesmo Suy - Ao amar, perdemos narcisismo, porque endereçamos ao outro uma libido que seria do próprio eu. Assim, amar demanda ser amado. Se eu tenho fome e te dou meu pão, só saciarei a minha fome se você me der o seu pão. Por isso o amor demanda reciprocidade.

Freud diz que o apaixonado é humilde. Isso porque para amarmos alguém, o presenteamos com aquilo que antes era amor próprio. Se esse circuito não funciona, então, se o outro não me ama, se o outro não me dá seu pão, eu sinto fome....de amor. A isso chamamosjogo da roletinha paga mesmosofrimento. O problema é que não sabemos como pararjogo da roletinha paga mesmoamar alguém, aí nosso narcisismo vai ficando cada vez mais empobrecido. Não sabemos como parar esse sofrimento.

Às vezes, no entanto, o circuito pode funcionar, eu te dou o meu pão, você me dá o seu, masjogo da roletinha paga mesmoalgum momento ele pode simplesmente pararjogo da roletinha paga mesmofuncionar. Isso é muito duro porque desmonta o nosso castelojogo da roletinha paga mesmoareia. Nós nos identificamos à imagemjogo da roletinha paga mesmoque somos seres amáveis,jogo da roletinha paga mesmoque somos seres amados. Essa é a estrutura do nosso narcisismo. Se o outro deixajogo da roletinha paga mesmome amar, eu perco a imagemjogo da roletinha paga mesmoque sou amável para o outro, e com isso perco a minha própria imagem, me percojogo da roletinha paga mesmomim.

Não por acaso dizemos que o luto é um "trabalho". Não se trata apenasjogo da roletinha paga mesmoperder o outro, o que já seria muito, mas sobretudo,jogo da roletinha paga mesmoperder quem eu era para o outro, quem eu achava que era para mim mesmo. É uma reinvençãojogo da roletinha paga mesmosi.

Há, ainda, uma outra camada importantejogo da roletinha paga mesmodizer, que é o fatojogo da roletinha paga mesmoque quando um amor que funcionava parajogo da roletinha paga mesmofuncionar, a gente perde também o ideal que tínhamos do que era o amor. Não é raro alguém sairjogo da roletinha paga mesmoum relacionamento dizendo que não acredita mais no amor, que ficará só para sempre, e às vezes até fica mesmo. Recuperar-se da perda do ideal amoroso pode ser muito doloroso.

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Legenda da foto, Suy: 'Quando um amor que funcionava parajogo da roletinha paga mesmofuncionar, a gente perde também o ideal que tínhamos do que era o amor'

jogo da roletinha paga mesmo BBC News Brasil - Há amorjogo da roletinha paga mesmorelacionamentos abusivos?

jogo da roletinha paga mesmo Suy - Acho difícil dizer isso porque a gente não tem clareza do que é o amor e também não tem do que é um relacionamento abusivo. Penso que esse termo tem se propagado, muitas vezes,jogo da roletinha paga mesmouma maneira moralista, como se pudéssemos legislar sobre o que é ou não é amor. É uma questão tão complexa! Fico tentada aqui a ir por um caminho simples demais e dizer que não, não tem, que amor é saudável, amor faz bem e que onde tem amor tem sempre respeito.

Mas a verdade é que as fronteiras entre amor e outras coisas são sempre mais borradas do que gostaríamos. E se dissermos quejogo da roletinha paga mesmorelacionamentos abusivos tem amor? O que isso mudaria? Isso justificaria tolher a liberdade do outro? De que serve o amor, se não há respeito?

Então, acho que o que nos interessa é menos colocar o amor num polo e o relacionamento abusivo no outro, e mais tratar das ambivalências no amor. O ódio faz parte do amor, nos indica Freud. Mas como dosar esse ódio, como vivê-lojogo da roletinha paga mesmomodo que ele não mate o próprio amor ou o torne intolerável? É uma pergunta que se faz a cada caso.

jogo da roletinha paga mesmo BBC News Brasil - Emjogo da roletinha paga mesmoopinião,jogo da roletinha paga mesmoque é feito o imaginário contemporâneo das relações amorosas? Quais clichês, expectativas e comportamentos costumam estar presentes?

jogo da roletinha paga mesmo Suy - Acho que muitosjogo da roletinha paga mesmonós somos da geração Disney, né? Que é a geração do e-foram-felizes-para-sempre, sem colocarjogo da roletinha paga mesmoquestão o que acontece quando se fecha o livro, quando o filme acaba. Confundimos amor com paixão. Junto a isso somamos nosso atravessamento pelo discurso capitalista que nos vende a ideiajogo da roletinha paga mesmoque nós merecemos ser amados, que o amor está à venda. Confundimos amor com meritocracia e confundimos o par amoroso como um objeto a ser consumido. Assim, o outro precisa atender às nossas exigências, precisa estarjogo da roletinha paga mesmoacordo com o objeto que gostaríamosjogo da roletinha paga mesmoconsumir.

Só que se as coisas andam bem, o outro (e nós também, já que sempre somos o outrojogo da roletinha paga mesmoalguém) vai dar provasjogo da roletinha paga mesmoque ele não se reduz a um objeto, que tem vontades próprias e outras idealizações. Se podemos inventar um modojogo da roletinha paga mesmoacolher e ser acolhido com alguém que também encontra um jeitojogo da roletinha paga mesmofazer esse malabarismo, algo do amor pode vir a acontecer.

Mas, respondendo àjogo da roletinha paga mesmoperguntajogo da roletinha paga mesmomodo mais direto, nosso imaginário é ojogo da roletinha paga mesmoque o amor é a resposta, quando na verdade está mais para uma pergunta.

jogo da roletinha paga mesmo BBC News Brasil - O que o isolamento, o medo e o desamparo instalados pela pandemiajogo da roletinha paga mesmocovid-19 trouxeram para as relações amorosas?

jogo da roletinha paga mesmo Suy - Certamente as relações amorosas foram e estão profundamente afetadas pelo enfrentamento da pandemia. Por diversos motivos. O primeiro deles é o mais prático, que diz respeito ao modojogo da roletinha paga mesmoviver a vida, à divisãojogo da roletinha paga mesmotarefasjogo da roletinha paga mesmocasa. A pandemia escancarou o quantojogo da roletinha paga mesmomuitas casas as mulheres estavam sobrecarregadasjogo da roletinha paga mesmorelação aos homens e o quanto isso não precisa mais ser engolido a seco por nós mulheres.

Não por acaso, o númerojogo da roletinha paga mesmodivórcios aumentou. Sejogo da roletinha paga mesmooutros momentos uma mulher precisava estar casada com um homem para poder votar, estudar, trabalhar, já não é mais preciso. Isso muda a relação que as mulheres têm com os homens, com suas parcerias amorosas, com o amor.

Um segundo motivo tem relação com os valores. A pandemia nos colocoujogo da roletinha paga mesmoxeque com a fragilidade da vida e isso é um baita convite a repensar o que fazemos do breve tempo que temos vivos. Muitos casais viveram issojogo da roletinha paga mesmosintonias muito diferentes, ou apenas um deles viveu e o outro, não.

Um terceiro motivo, ainda, é que o amor precisajogo da roletinha paga mesmoespaço,jogo da roletinha paga mesmodistância,jogo da roletinha paga mesmobrechas. Como disse alijogo da roletinha paga mesmocima, o amor é ponte. Que sentido temjogo da roletinha paga mesmofazer ponte num mesmo continente? O excessojogo da roletinha paga mesmoconvivência certamente teve efeitos sobre os casais. O erotismo passa pelo encontro com um estrangeirismo no outro. E fica muito difícil isso quando se faz tudo juntos e o outro parece ser uma extensão do seu próprio corpo.

jogo da roletinha paga mesmo BBC News Brasil - Freud, já na fundação da Psicanálise, anunciava a diversidade do amor e dos arranjos afetivos. Qual a importânciajogo da roletinha paga mesmoconsiderarmos, como sociedade, a pluralidadejogo da roletinha paga mesmoreferenciais?

jogo da roletinha paga mesmo Suy - A sexualidade humana é errante. Diferente dos outros animais, que não são seresjogo da roletinha paga mesmolinguagem e que por isso podem se orientar pelo instinto, os seres humanos não dispõem dessa facilidade. Assim, os animais vivem e se reproduzem por instinto, os seres humanos, não.

O amor é justamente uma prova disso, do quanto a nossa sexualidade é errante. Uma mulher que deu à luz a uma criança pode não se tornar mãe dela, e outra pode vir a adotá-la e se tornar mãe dela, por exemplo. O amor é uma invenção que fazemos enquanto seresjogo da roletinha paga mesmolinguagem. Assim, tratando-sejogo da roletinha paga mesmouma invenção, isso pode ser vividojogo da roletinha paga mesmovárias formas.

Sabemos que a monogamia, por muito tempo, era uma formajogo da roletinha paga mesmoos homens saberem que os filhos que as mulheres tinham eram deles mesmos e nãojogo da roletinha paga mesmooutros homens. Afinal, uma mulher que dá à luz a uma criança sabe que o filho que foi parido veio dela, mas o homem nunca pode saber, a não ser que essa mulher não tenha outras relações sexuais, é uma questãojogo da roletinha paga mesmológica, simbólica. Por muito tempo, esse foi o molde dos relacionamentosjogo da roletinha paga mesmonossa cultura, os homens podendo ter acesso a várias outras mulheres e as mulheres precisando se manter fiéis aos homens.

Bom, isso está explodindo.... mulheres e homens querem ter outras experiências. Estão inventando outros modosjogo da roletinha paga mesmoestarem com alguém. Mas não é como se soubesse muito disso, né? Há muito experimento e investigação. O que se tem descoberto é que nada nessa vida, com exceção da morte, é para "todo mundo".

jogo da roletinha paga mesmo BBC News Brasil - Por que o amor entre pessoas do mesmo sexo suscita tanta intolerânciajogo da roletinha paga mesmonossa sociedade?

jogo da roletinha paga mesmo Suy - O amor homoafetivo escancara a errânciajogo da roletinha paga mesmotoda a sexualidade humana. A tesejogo da roletinha paga mesmoFreud éjogo da roletinha paga mesmoque temos horror ao sexual, ele chega a dizer que se pudéssemos nos reproduzirjogo da roletinha paga mesmooutro modo que não pelo sexo, assim o faríamos. Bom, a aliança da ciência com a tecnologia nos mostra o andamento disso cada vez mais, uma vez que cada vez mais se recorre aos laboratórios para ter filhos, por exemplo. Se ficamos no reduto da igreja, encontramos justamente a premissajogo da roletinha paga mesmoque o sexo é feito para a procriação. Então, não vale usar método anticoncepcional, já que enfrentaríamos,jogo da roletinha paga mesmoacordo com esses pressupostos, o horror do sexual com o objetivojogo da roletinha paga mesmofazer a humanidade se perpetuar.

A homossexualidade demonstra a fragilidade dessa narrativa, uma vez que demonstra que, enquanto seresjogo da roletinha paga mesmolinguagem, fazemos parcerias amorosas e sexuais por motivos outros que não a perpetuação da espécie. Há quem não tolere a própria sexualidade e, não podendo reconhecer a alteridade que habitajogo da roletinha paga mesmosi, localiza seu horror no outro, a fimjogo da roletinha paga mesmotentar destruir o que não suportajogo da roletinha paga mesmosi.

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jogo da roletinha paga mesmo BBC News Brasil - O interesse do público mais jovem, como os millenials, por sexo e relacionamentos amorosos tem caído, conforme pesquisasjogo da roletinha paga mesmocomportamento e fenômenos como o sekkusu shinai shokogun no Japão. Um dos argumentos utilizados é o do medojogo da roletinha paga mesmoarriscar. O que hájogo da roletinha paga mesmotemível no amor?

jogo da roletinha paga mesmo Suy - Eis a comprovação da tese freudiana, do horror que temos ao sexual. O outro nos desorienta, mais fácil é lidar com nós mesmos ou com os objetos que a cultura nos oferece. Os gadgets, games, álcool e drogas são muito menos perturbadores. A relação com o outro é trabalhosa porque é um constante exercíciojogo da roletinha paga mesmonos reinventarmos,jogo da roletinha paga mesmonos reposicionarmos,jogo da roletinha paga mesmonos rever como causa e consequência da relação com o outro. É cansativo!

No entanto, no mito do Narciso vemos que ele morreujogo da roletinha paga mesmoamores por si mesmo e não que foi feliz consigo. Eis o que Freud afirmajogo da roletinha paga mesmoseu texto Psicologia das massas e análise do eu - e que escolhi para ser a epígrafe do meu livro: "só o amor pelos outros nos salva do amor por nós mesmos".

jogo da roletinha paga mesmo BBC News Brasil - O amor aos filhos costuma trazer à mente comportamentosjogo da roletinha paga mesmodevoção e entrega total, como uma espéciejogo da roletinha paga mesmorequisito para o idealjogo da roletinha paga mesmoamor. O que contribuiu para essa associação e o que ela pode provocar?

jogo da roletinha paga mesmo Suy - Acho que especialmente a maternidade tem essa conotação,jogo da roletinha paga mesmoum amor ilimitado,jogo da roletinha paga mesmoum amor "verdadeiro", como se as outras modalidades amorosas ficassem aquém da experiência da maternidade. Isso tem relação com a ideia que perpassa o nosso imagináriojogo da roletinha paga mesmoque uma mulher só se torna mulher, mesmo, ao se tornar mãe.

Mas acho que hojejogo da roletinha paga mesmodias os homens também têm sido afetados por esse idealjogo da roletinha paga mesmoamor parental. Para Freud, o amor dos pais é um modo deles se reaverem com a criança idealizada que eles foram para os próprios pais. Ditojogo da roletinha paga mesmooutro modo, os pais projetam na criança a criança idealizada que eles mesmos não foram. Então, a criança nasce com a impossível tarefajogo da roletinha paga mesmoviverjogo da roletinha paga mesmovida e ao mesmo tempo restabelecer, a seus pais, aquilo que cada um deles não viveu. Se o pai queria ser médico e não pode, caberá à criança sê-lo. Se a mãe queria ser engenheira e foi feliz sendo, caberá à criança seguir o caminho da mãe.

Assim, enquanto filhos, cada umjogo da roletinha paga mesmonós precisará dar um calote nos pais. Na medidajogo da roletinha paga mesmoque os pais podem perder o idealjogo da roletinha paga mesmofilho que eles tiveram, podem desenvolver uma relaçãojogo da roletinha paga mesmoamor e intimidade com a criança da realidade, para alémjogo da roletinha paga mesmosuas idealizações. Mas se os pais não toleram que seus filhos sejam outras pessoas e desejam insistir que os filhos sejam extensõesjogo da roletinha paga mesmosi mesmos, com frequência temos aprisionamento dos filhos ou rompimentos dos laços para que os filhos possam viver suas próprias vidas.

jogo da roletinha paga mesmo BBC News Brasil - A separação pode ser um gestojogo da roletinha paga mesmoamor?

jogo da roletinha paga mesmo Suy - Acho que uma separação "bem-sucedida" é sempre um gestojogo da roletinha paga mesmoamor. E por "bem-sucedida" me refiro àquelas separações que vão desembocar no amor. No amor por si mesmo, num próximo amor, numa inspiração do que uma relação amorosa pode vir a ser para os filhos. Há quem não se separe, mas fique ligado pelo ódio. No amor sempre se tratajogo da roletinha paga mesmose separar. Mesmo quando as pessoas continuam juntas. É preciso se separar do outro constantemente para poder rever quem se é e então poder ou não encontrar novamente com o outro.

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Legenda da foto, Ana Suy é autora do recém-lançado 'A gente mira no amor e acerta na solidão'

jogo da roletinha paga mesmo BBC News Brasil - O envelhecimento traz consigo a ameaça da perdajogo da roletinha paga mesmomuitos amores. O que pode ser feito para aplacar a solidão?

jogo da roletinha paga mesmo Suy - Viver traz consigo a ameaça da perdajogo da roletinha paga mesmomuitos amores. O envelhecimento realiza essas ameaças na medidajogo da roletinha paga mesmoque se costuma viver muitas perdas. Recentemente, li Uma questãojogo da roletinha paga mesmovida e morte (Paidós), do Irvin D. Yalom e da Marilyn Yalom. Foi um livro que começou a ser escrito a quatro mãos, assim que ambos souberam que ela tinha um câncerjogo da roletinha paga mesmoestado terminal. Na metade do livro Marilyn falece e Yrvin terminajogo da roletinha paga mesmoescrever o livro sozinho.

É um dos livros mais bonitos que li porque é um testemunho do que é viver uma vida ao ladojogo da roletinha paga mesmoalguém e seguir vivendo mesmo sem esse alguém. Ao longo do livro, os dois contam do quanto se realizaram tambémjogo da roletinha paga mesmooutros âmbitos: estudaram, escreveram, publicaram, tiveram muitas amizades. Penso que para enfrentar os fins, sejam dos amores ou das vidas, precisamos fazer valer nossa existência. "Viver uma vida bem vivida", termo usado pelos autores, é um bom norte.

jogo da roletinha paga mesmo BBC News Brasil - O que as parcerias platônicas (modelojogo da roletinha paga mesmorelacionamento geralmente associado às parcerias amorosas, mas não há romance ou sexo) podem dizer do amorjogo da roletinha paga mesmonossa época?

jogo da roletinha paga mesmo Suy - Acho que cada vez mais o amor e o sexo se desvinculam. Nunca foram a mesma coisa, a psicanálise nos ensina isso, mas o modo da cultura abordar amor e sexo velavajogo da roletinha paga mesmoseparação. Com o advento das inúmeras modalidadesjogo da roletinha paga mesmoparentalidade que encontramos (seja via fertilizações in vitro, seja via adoções), fica cada vez mais claro que se pode viver a amizadejogo da roletinha paga mesmouma parceria, as experiências sexuaisjogo da roletinha paga mesmooutra e a parentalidadejogo da roletinha paga mesmooutra, ainda.

Também a importância das relações sexuais tem sido repensada, tanto para homens quanto para mulheres. No fim das contas, fico pensando se não estamos dando voltasjogo da roletinha paga mesmotorno do mesmo lugar, encontrando muitos nomes novos e assim achando que estamos reinventando a roda. A amizade, a meu ver, sempre foi uma modalidade amorosa. De todo o modo, acho que podemos testemunhar a grande disponibilidadejogo da roletinha paga mesmoinventar diferentesjogo da roletinha paga mesmovivências no plano amoroso. É surpreendente!

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