Coronavírus e varizes: o que sabemos sobre efeitos da covid na circulação:casoo casino
Mas o que uma coisa tem a ver com a outra? E existem maneirascasoo casinoprevenir, detectar precocemente e tratar a trombose relacionada à covid? Para responder a todas essas perguntas, é preciso antes dar um passo atrás e entender como um vírus que entra pelo nariz e pela boca causa tantos problemas nos vasos sanguíneos.
Pior a emenda que o soneto
O médico Carlos Jardim, que trabalha na Divisãocasoo casinoPneumologia do Instituto do Coração (InCor),casoo casinoSão Paulo, lembra que, logo no início da pandemia, surgiram as primeiras suspeitascasoo casinoque o coronavírus pode afetar veias e artérias.
"Começamos a ver muitos fenômenoscasoo casinotrombose nos pacientes que iam para UTI. A frequência era bem maior do que havíamos observadocasoo casinooutros surtoscasoo casinovírus respiratórios, como na pandemiacasoo casinoH1N1casoo casino2009", conta.
E a explicação para isso tem a ver com uma afinidade que existe entre o Sars-CoV-2, o patógeno que causa a covid, e as células que formam a camada interna dos vasos sanguíneos, também conhecida como endotélio.
Sabe-se atualmente que essas células endoteliais possuem os receptores aos quais o coronavírus se conecta para dar início à infecção. Na prática, isso significa que ele também é capazcasoo casinocausar estragos nessa estrutura do sistema circulatório.
"O endotélio precisa estar bem lisinho, como o asfaltocasoo casinouma estrada boa, para que o sangue circule sem empelotar", explica a pneumologista Elnara Márcia Negri, do Hospital Sírio-Libanês,casoo casinoSão Paulo.
"O que acontece na covid é que o vírus consegue invadir essas células e esburacar esse asfalto interno dos nossos vasos", complementa a médica.
O organismo, na tentativacasoo casinoestancar esse problema, inicia uma sériecasoo casinoprocessos e um deles envolve justamente a coagulação do sangue. A ideia é criar uma barreira protetora na região lesionada,casoo casinomodo que o tal do endotélio consiga se recuperar.
O problema é que,casoo casinouma parcela dos pacientes, a emenda acaba saindo pior que o soneto. O mecanismocasoo casinocoagulação passa do ponto e gera uma massa gelatinosacasoo casinocélulas e fibras que pode interromper o fluxocasoo casinosangue naquele local ou se soltar e bloquear a circulaçãocasoo casinooutros órgãos. Falamos aqui do trombo.
"É como se eu fizesse um reparo na parede da minha casa, mas exagerasse tanto na camadacasoo casinocimento que não consigo mais abrir ou fechar a porta", compara Jardim.
Se o entupimento acontece nas artérias do coração, ocorre o infarto. Caso o fenômeno se desenrolecasoo casinoalgum vaso da cabeça, podemos ter um acidente vascular cerebral (AVC). Agora, se o trombo se solta e vai parar nos pulmões, falamoscasoo casinouma embolia. As três situações são bem graves, com alto riscocasoo casinomorte.
"Para completar, o pacientecasoo casinoestado crítico geralmente fica sedado e intubado. E essa faltacasoo casinomovimentação do corpo por um período prolongado é mais um fatorcasoo casinorisco para as tromboses", acrescenta o cirurgião vascular Fábio Rossi, presidente da SBACV - Regional São Paulo.
Uma pesquisa publicadacasoo casinojulhocasoo casino2020 e assinada por especialistascasoo casinotrês hospitais holandeses revelou como a trombose era frequente nos internados com covid grave.
De 184 pacientes analisados, 49% tiveram eventos trombóticos. Desses, 87% foram diagnosticados com embolia pulmonar, 6,6% com AVC e 2,6% com trombose arterial.
Felizmente, a frequênciacasoo casinoepisódioscasoo casinotrombose relacionada ao coronavírus tem caído nos últimos meses.
"Na nossa prática clínica, chegamos a ver eventos trombóticoscasoo casino15% dos pacientes, número que caiu para 2% mais recentemente", calcula Negri.
E isso tem a ver com as vacinas, que protegem contra as formas mais gravescasoo casinocovid e suas consequênciascasoo casinotodo o corpo.
"O único paciente que eu tive a infelicidadecasoo casinointubar nessa atual onda da ômicron não tinha sido vacinado", relata a médica.
E onde as varizes entram nessa história?
Bom, agora que já entendemos a relação entre covid e trombose, chegou a horacasoo casinoacrescentar um terceiro ingrediente: as varizes.
Antescasoo casinomais nada, é preciso deixar claro que não existem muitos estudos que investigam essa relação. Não há, por exemplo, um cálculocasoo casinoqual é o risco extra que portadores dessa enfermidade, marcada por veias inchadas e deformadas nas pernas, corremcasoo casinoter trombose, caso sejam infectados pelo coronavírus.
E vale dizer que o caminho contrário também não foi observado até agora: não há qualquer evidência científicacasoo casinoque a covid possa ser um gatilho para o desenvolvimentocasoo casinovarizes.
Por ora, o surgimentocasoo casinovarizes depois da covid é encarada como um evento independente e sem um denominador comum. Em todo caso, vale buscar um médico para avaliar o quadrocasoo casinoforma personalizada, caso você tenha reparado algocasoo casinodiferente nos vasos sanguíneos dos membros inferiores.
Já o maior riscocasoo casinotrombose durante ou após a covid entre quem tem varizes vem maiscasoo casinouma observação prática dos médicos que são especialistas nessa área.
E, mesmo antes da pandemia, já se sabia que as varizes são um fatorcasoo casinorisco independente para o desenvolvimentocasoo casinotrombose.
Um estudo publicadocasoo casino2018 no periódico especializado Journal of the American Medical Association (Jama), por exemplo, acompanhou por sete anos e meio maiscasoo casino212 mil indivíduos com varizes e outros 212 mil que não tem esse problema.
Ao comparar os resultados dos dois grupos, os pesquisadores da Universidade Médica da China descobriram que o riscocasoo casinotrombose é 5,3 vezes maior entre os portadorescasoo casinovarizes.
Se trouxermos essa informação para o contexto da pandemia, portanto, as varizes podem ser um ingrediente extra que, junto com a ação do vírus no endotélio, a imobilidade da internaçãocasoo casinoUTI e o processocasoo casinocoagulação exagerado, aumenta a probabilidadecasoo casinouma trombose.
"O paciente que tem varizes e pega covid, portanto, tem um risco a maiscasoo casinoter essa complicação vascular", conclui Rossi.
A boa notícia é que existem formascasoo casinoprevenir, diagnosticar e tratar esses eventos trombóticos.
O contra-ataque da medicina
Uma das primeiras atitudes dos especialistas quando eles se deparam com um caso mais gravecasoo casinocovid é prescrever medicações anticoagulantes.
"Vale esclarecer aqui que esses remédios são restritos aos hospitais, aplicados por meiocasoo casinoinfusões ou injeções, e não estão indicados para todo mundo que se infectou", diz Negri.
"E, mesmo quando esse paciente que estava mais crítico recebe alta, pode ser necessário que ele continue a usar anticoagulantes orais por algum tempo", complementa a médica.
A proposta desse tratamento preventivo é "segurar as rédeas" do processocasoo casinocoagulação e evitar que apareçam os trombos que entopem os vasos.
Quando essa estratégia não é suficiente, é importante ficar atento aos sintomas mais frequentes desse problema.
"Os sinais dependem muito da área afetada. Se for o cérebro, o indivíduo pode ter alteraçõescasoo casinomobilidade, dificuldades para falar ou não conseguir mexer uma parte do corpo. Agora, caso o problema se concentre nos pulmões, ele vai sentir faltacasoo casinoar e palpitação. Se aparecer nas pernas, pode dar inchaço e calor", descreve Jardim.
Porém, mais do que decorar uma listacasoo casinosintomas, o recomendado é relatar rapidamente qualquer incômodo que você sentir para o profissionalcasoo casinosaúde que acompanha o caso — especialmente se você tiver varizes ou sabe que familiares próximos tiveram trombose no passado.
"Também deve chamar a atenção o quadro do paciente que, lá pelo sexto ou sétimo dia desde o início dos sintomascasoo casinocovid, começa a piorar e ter dor no corpo, febre, cansaço, faltacasoo casinoar…", aponta Negri.
"Nessa situação, pode ser necessário conferir se não há nenhum riscocasoo casinotrombose."
A partir da suspeita inicial, é possível lançar mãocasoo casinouma sériecasoo casinoexamescasoo casinosangue ecasoo casinoimagem (como a ultrassonografia e a tomografia) para fazer o diagnóstico adequado.
Ainda nessa seara, outro requisito essencial é a agilidade: se o trombo estiver bloqueando uma veia ou uma artéria mais importante, quanto mais rápido isso for detectado e tratado, melhor o prognóstico.
"O atendimento rápido faz toda a diferença. Alguns tecidos do nosso corpo, como o cérebro e o coração, aguentam pouco tempo se ficarem privadoscasoo casinosangue", esclarece Jardim.
Se os laudos dos exames identificarem mesmo uma trombose, o próximo passo é prescrever alguns medicamentos da classe dos anticoagulantes, que previnem o aparecimentocasoo casinonovos coágulos, e dos trombolíticos, que ajudam a dissolver o trombo já instalado.
Em alguns casos, é preciso apelar para cirurgias que desentopem o vaso obstruído com o auxíliocasoo casinocateteres e outros equipamentos.
Por fim, não dá pra se esquecer das atitudes que diminuem a probabilidadecasoo casinoa trombose dar as caras.
No caso específico da covid, o primeiro passo é evitar o máximo possível o contato com o vírus. Para isso, a indicação é tomar as dosescasoo casinovacina preconizadas, lavar as mãos com frequência e usar máscarascasoo casinoboa qualidadecasoo casinoambientes fechados ou com aglomeração.
"No geral, a recomendação é ter uma vida saudável", resume Jardim.
O pneumologista do InCor explica que uma rotinacasoo casinoexercícios físicos é primordial para que as veias e as artérias não sofram com bloqueios repentinos no fluxocasoo casinosangue.
"E não precisa necessariamente fazer academia. O fatocasoo casinovocê ter uma rotina mais ativa já diminui bastante o riscocasoo casinoter uma coagulação inadequada ou imprópria."
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