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Nova variantegreenbet.appcovid: como cientistas brasileiros detectam BA.2 no país:greenbet.app
Como o próprio nome adianta, o centro onde ela trabalha é referência na investigaçãogreenbet.appvírus respiratórios para o Ministério da Saúde.
A especialista explica que, desde que a ômicron foi detectada pela primeira vez na África do Sul egreenbet.appBotsuanagreenbet.appnovembrogreenbet.app2021, algumas linhagens derivadas dela foram descobertasgreenbet.appoutras partes do mundo.
"A ômicron 'clássica' é conhecida por B.1.1.529. Dentro desse grupo, temos algumas outras linhagens, como a BA.1, a BA.1.1, a BA.2 e a BA.3", explica.
O surgimentogreenbet.appnovas versões virais é algo esperado: conforme o vírus "pula"greenbet.appuma pessoa para outra e se replica dentro das nossas células, ele sofre mutações aleatórias no código genético. Algumas dessas modificações não dãogreenbet.appnada. Outras, porém, podem aprimorar a capacidadegreenbet.apptransmissão,greenbet.appescape imunológico ou atégreenbet.appagressividade do patógeno.
Ainda segundo a virologista, embora a BA.2 tenha ganhado os holofotes nas últimas semanas, ela ainda está presente numa minoria das amostras analisadas.
"A BA.1 e a BA.1.1 são as que apresentam maior disseminação global e uma rápida dispersão. A BA.2 começou a se destacargreenbet.appalguns países, como a Dinamarca, onde ela estágreenbet.appcercagreenbet.app35% dos genomas sequenciados", calcula.
"Mas, quando olhamos o cenário global, ela é detectadagreenbet.appcercagreenbet.app2% das amostras", compara Resende.
O geneticista David Schlesinger, CEO da Mendelics, um laboratório privado que também integra a redegreenbet.appvigilância genômicagreenbet.appSão Paulo, explica que a ômicron BA.1 já era um dos vírus mais infecciosos que surgiram nos últimos 100 anos.
"E a BA.2 é mais transmissível ainda", aponta.
"Ela poderia ter sido catastrófica caso não tivéssemos um contingentegreenbet.apppessoas com um bom nívelgreenbet.appimunidade pela vacinação e pelos casos prévios, que seguem protegendo contra quadros mais graves na maioria das vezes", avalia.
Um estudo dinamarquês divulgado no finalgreenbet.appjaneiro mostrou que a BA.2 é 33% mais infecciosa que a BA.1 — que, porgreenbet.appvez, já tinha uma capacidadegreenbet.appespalhamento bem superior às variantes alfa, beta, gama e delta.
E é justamente essa maior transmissibilidade que ajudaria a explicar como essa nova versão viral se tornou dominante na Dinamarca, superando a ômicron "original".
No entanto, Resende pondera que o comportamentogreenbet.appuma variante num determinado local nem sempre se repetegreenbet.appoutras partes do mundo.
"Basta analisarmos o que ocorreu com as variantes anteriores. A alfa dominou no Reino Unido, mas teve uma ação limitada por aqui. Já a gama, que foi responsável pela onda que acometeu o Brasil no primeiro semestregreenbet.app2021, não foi bem-sucedida fora da América Latina", ensina.
A própria delta, que teve uma ação rápida e devastadoragreenbet.applugares como Índia e Estados Unidos, demorou quase três meses para se alastrar e virar dominante no Brasil.
"Isso depende muito da dinâmica local,greenbet.appquantas pessoas vulneráveis existem ali, quais são as outras linhagens que dominam", lista.
Essas experiências prévias, portanto, sinalizam que não dá muito pra saber como a BA.2 vai se comportargreenbet.appcada cenário — o que só reforça o trabalho constante das equipesgreenbet.appvigilância genômica.
Um Brasil mais vigilante
Schlesinger conta que, todas as semanas, a Mendelics selecionagreenbet.appforma aleatória e anônima cercagreenbet.app90 amostrasgreenbet.apppacientes com covid e faz o sequenciamento genético delas. A ideia é ter uma ideiagreenbet.appcomo está a distribuição das variantes do coronavírus.
"Entre o fimgreenbet.appjaneiro e o iníciogreenbet.appfevereiro, detectamos um casogreenbet.appBA.2", diz.
Na semana seguinte, por volta do dia 7/2, uma nova rodadagreenbet.appsequenciamentos não encontrou nenhum caso provocado por essa linhagem específica.
No caso da BA.1, o laboratório acompanhou um crescimento exponencial. "Na primeira semanagreenbet.appjaneiro, ela estavagreenbet.app15% das amostras. Na segunda, subiu para 80%. Na terceira, para 94%. No iníciogreenbet.appfevereiro, ela foi detectadagreenbet.app100% dos sequenciamentos", compara.
A BA.2 vai seguir a mesma trajetória por aqui? Ainda é cedo para dizer, avaliam os especialistas. "Precisamos acompanhar e ver se ela vai seguir o mesmo padrão da BA.1 ou não", responde Schlesinger.
Resende explica que o sistemagreenbet.appvigilância genômico brasileiro evoluiu bastante nos últimos meses e está bem mais estruturado do que no começo da pandemia, o que permite identificar a BA.2 ou outras variantes com mais rapidez.
"A história mudou. Quem diz que o Brasil não tem uma boa vigilância genômica desconhece todos os avanços que tivemos recentemente", defende.
O númerogreenbet.appsequenciamentosgreenbet.appamostras,greenbet.appfato, aumentou bastante. De acordo com o site da Rede Genômica FioCruz,greenbet.appoutubrogreenbet.app2020, o Brasil colocou pouco maisgreenbet.app500 sequenciamentos no Gisaid, plataforma online onde cientistas do mundo todo compartilham informações dos genomas do coronavírus.
Jágreenbet.appsetembrogreenbet.app2021, o país fez quase 12 mil sequenciamentos, um crescimentogreenbet.app24 vezes na frequência mensalgreenbet.appexames do tipo.
No final do ano passado, essa taxa voltou a cair um pouco. Mas isso tem a ver com a queda nos casosgreenbet.appcovid por aqui, justifica a virologista —greenbet.appjaneiro, com o avanço da ômicron, os sequenciamentos voltaram a subir novamente.
Em comparação com a vigilância genômicagreenbet.appoutras partes do mundo, ainda ficamos bem para trás. Desde o início da pandemia, pesquisadores brasileiros compartilharam no Gisaid 110 mil sequenciamentos, o que representa 0,41% do totalgreenbet.appcasos diagnosticados no país. A porcentagem é próxima ao que é feitogreenbet.apppaíses como Romênia, Peru, Egito e Filipinas.
Os campeões nessa relação entre sequenciamentos e casosgreenbet.appcovid são Nova Zelândia (37% dos casos são sequenciados), Dinamarca (16%), Islândia (11%) e Reino Unido (10%).
Por outro lado, é possível notar um avanço quando analisamos os números absolutosgreenbet.appsequenciamentos feitos na atual onda da ômicron: o Brasil é o 13º país que mais depositou informações na plataforma Gisaid mais recentemente.
Resende esclarece que não há necessidadegreenbet.appsequenciar todos os pacientes com covid. "Para a vigilância, precisamos selecionar uma amostragem significativa para entender a dinâmica das variantes e ter um panorama geral da situação."
Capacidade ampliada
A virologista da FioCruz conta que os 26 Estados e o Distrito Federal possuem os Laboratórios Centrais, também conhecidos pela sigla Lacen.
"Os Lacensgreenbet.appcada unidade federativa detectam as amostras positivas para coronavírus e determinam uma amostragem representativa, ou quantas delas serão sequenciadas", diz.
Essa amostragem representativa variagreenbet.appacordo com a populaçãogreenbet.appcada lugar e também com o momento da pandemia — se o númerogreenbet.appcasosgreenbet.appcovid está alto, pode ser necessário ampliar a quantidadegreenbet.appanálises, por exemplo.
"Na sequência, as amostras selecionadasgreenbet.appforma aleatória são enviadas para a redegreenbet.appvigilância genômica, da qual fazem parte a FioCruz e diversas outras instituições", complementa.
A especialista também informa que os próprios Lacens ampliaram a estrutura e pretendem eles próprios começar a fazergreenbet.appbreve a análise genética das amostras dos pacientes. Os laboratórios centraisgreenbet.appSão Paulo, Minas Gerais e Bahia, inclusive, já possuem essa tecnologiagreenbet.appuso atualmente.
"E isso certamente vai ficar como um legado para as futuras epidemias que a gente vai enfrentar", antevê.
"Podemos utilizar essa mesma estrutura para analisar geneticamente os casosgreenbet.appinfluenza, zika, chikungunya, dengue…", exemplifica.
Mas, afinal, o que vai acontecer com a BA.2?
Enquanto a vigilância genômica faz o monitoramento e não há muitas definições se a BA.2 vai se espalhar ou não pelo país, Schlesinger especula o que pode ocorrer caso ela realmente se torne dominante por aqui.
"A BA.2 pode causar um prolongamento da ondagreenbet.appque estamos agora. Com isso, o númerogreenbet.appcasos demoraria um pouco mais para cair", avalia.
"E há a probabilidadegreenbet.appessa variante passar por algo parecido ao que vimos com a delta no Brasil, que substituiu lentamente a gama, mas não chegou a causar uma onda propriamente dita", completa.
Num cenário onde ainda temos algumas incertezas, ao menos uma coisa permanece igual: os métodos preventivos continuam a barrar o coronavírus, independentemente da variante do momento.
"As medidas não farmacológicas são essenciais e continuam a valer, especialmente o usogreenbet.appmáscarasgreenbet.appboa qualidadegreenbet.applocais fechados ougreenbet.appaglomerações", resume Resende.
Manter um distanciamento físico sempre que possível, cuidar da circulação do ar pelos ambientes e fazer a higiene das mãos com regularidade são outras atitudes que seguem indicadas pelas autoridades.
E, claro, não dá pra se esquecer da campanhagreenbet.appimunização contra a covid. "A medida mais importante é vacinar todo mundo o mais rápido possível", acrescenta Schlesinger.
"Não existe outro avanço na história da humanidade que teve um impacto tão grande na saúde coletiva quanto vacinar as pessoas", finaliza o geneticista.
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