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Os vírus que ficam 'escondidos' no corpo e podem causar problemas depoisonabet usesdécadas:onabet uses
E esse grupo tem diversos representantes bem conhecidos, que vão do HIV, o causador da Aids, até os herpes simples 1 e 2, que provocam feridas no canto da boca e na região genital.
Mas como eles conseguem passar despercebidos? E como ressurgem depoisonabet usestanto tempo? Será que com o Sars-CoV-2, o coronavírus responsável pela covid-19, pode ser assim?
Um apêndice (ou uma edição) no livro da vida
Basicamente, existem quatro caminhos para um vírus se esconder no corpo.
O primeiro deles é usado com frequência pela família herpes, que além dos vírus da herpes simples do tipo 1 e 2, inclui o varicela, que provoca a catapora, o Epstein-Barr, que está por trás da "doença do beijo", entre outros.
"Eles têm DNA como material genético e conseguem ficar dentro no núcleo das células, como um apêndice do nosso próprio código genético", explica o infectologista Décio Diament, do Hospital Israelita Albert Einstein,onabet usesSão Paulo.
Vale lembrar aqui que o DNA é o conjuntoonabet usesletras (conhecidas na Ciência como bases nitrogenadas) que compõem o genoma. Elas ficam "enfileiradas"onabet usesduas fitas, geralmente no formato clássicoonabet usesdupla hélice.
"Esses vírus da família herpes ficam dormentes por muito tempo, sem se replicar com muita intensidade. Eles conseguem inibir as defesas internas das células e ficam 'invisíveis' para o sistema imunológico", complementa o médico, que também é consultor da Sociedade Brasileiraonabet usesInfectologia.
O segundo mecanismo é usado comumente por outra família: os retrovírus, como o HIV e o HTLV.
É importante mencionar que essa dupla não possui DNA, mas, sim, RNA. Ou seja: as informações genéticas deles estão organizadasonabet usesforma mais simples, numa única fitaonabet usessequênciasonabet usesbases nitrogenadas.
Os retrovírus conseguem se fundir com nosso código genético. Essa integração acontece com mais frequência nos linfócitos T e nos macrófagos, duas peças importantes do sistema imunológico.
Mas como é que eles conseguem essa proeza, se falamosonabet usesvírus RNA e nós somos baseadosonabet usesDNA?
Tanto o HIV quanto o HTLV possuem uma enzima chamada transcriptase reversa. Em resumo, ela consegue converter o código genético desses vírusonabet usesRNA para DNA. Com isso, eles são capazesonabet usesse incorporar no genoma humano e permanecer escondidos por muito tempo.
"Isso representa uma dificuldade enorme, porque não conseguimos eliminá-los nem com os medicamentos disponíveis", contextualiza o médico Estevão Portela Nunes, vice-diretoronabet usesserviços clínicos do Instituto Nacionalonabet usesInfectologia da Fundação Oswaldo Cruz (INI-FioCruz), no Rioonabet usesJaneiro.
Ou seja: o coquetel antirretroviral usadoonabet usespacientes infectados com o HIV até consegue inibir a replicação viral. Porém, se a pessoa deixaonabet usestomar os remédios, há o riscoonabet useso HIV voltar à ativa novamente.
Santuários e outros mistérios
A terceira opçãoonabet usesesconderijo para alguns vírus são os chamados sítios imunoprivilegiados.
São regiões do organismo que o sistema imune não consegue acessar com tanta facilidade, como os testículos, os olhos e o sistema nervoso central (medula espinhal e cérebro).
A ação das célulasonabet usesdefesa é limitada nesses locais para evitar que o processo inflamatório, que ocorre quando elas estão combatendo uma infecção, danifique estruturas mais sensíveis, caso dos nervos e do aparelho reprodutor.
Se, por um lado, isso representa uma formaonabet usesproteção do próprio corpo, por outro, cria uma espécieonabet uses"santuário" para alguns vírus prosperarem por um tempo a mais.
Trabalhos publicados nos últimos anos encontraram o zika e o ebola no sêmenonabet usespacientes, por exemplo.
O imunologista Daniel Mucida, professor titular da Universidade Rockefeller, nos Estados Unidos, pondera que o fatoonabet useso vírus ser encontrado no sêmen ouonabet usesoutras partes do corpo não significa necessariamente que ele está ativo e pode causar problemas futuros.
"O impacto dessa persistência viral ainda não está clara", diz.
E, pelo que se sabe até o momento, a permanência dos vírus nos tais santuários não se prolonga por tanto tempo assim. Em alguns meses, mesmo com o acesso mais limitado, o sistema imunológico consegue eventualmente eliminar os invasores.
Há ainda um quarto grupoonabet usesvírus capazesonabet usesprolongar a estadia no organismo, mesmo fora dos sítios imunoprivilegiados.
"É o caso do vírus sincicial respiratório, que pode persistir nos pulmões e está associado com inflamações crônicas, principalmenteonabet usescrianças, e do vírus chikungunya, que permanece nos músculos e nas articulações", exemplifica a imunologista Carolina Lucas, pesquisadora na Escolaonabet usesMedicina da Universidade Yale, nos Estados Unidos.
Os cientistas ainda estão estudando porque isso aconteceonabet usesalguns pacientes (eonabet usesoutros não).
Tropeço imunológico
Embora possa parecer que todos esses vírus estão dormentes e não são mais motivoonabet usespreocupação, alguns deles "despertam" após alguns anos (ou décadas).
"Quando o sistema imunológico dá uma bobeada por algum motivo, esses patógenos podem ressurgir e causar problemas", esclarece Diament.
Essa "bobeada" variaonabet usesinfecção para infecção. No caso do herpes simples, se o indivíduo infectado fica longas horas no sol ou está num momentoonabet usesvida muito estressante, isso já pode ser suficiente para as lesões brotarem novamente.
Em outras situações, o próprio envelhecimento natural do organismo abre alas para que alguns agentes infecciosos retomem os trabalhos.
O exemplo clássico disso é o varicela-zóster, vírus que causa catapora (geralmente ainda na infância) e, depois, passa décadas escondido no organismo.
Mais para frente, após os 50 ou os 60 anos, esse patógeno pode ressurgir e provocar um quadro chamadoonabet usesherpes-zóster ou cobreiro, marcado por lesõesonabet usesformatosonabet usesbolhas bem dolorosasonabet usesuma faixa do corpo (geralmente no tronco ou no abdômen).
Hojeonabet usesdia, existe até uma vacina indicada para esses indivíduos mais velhos. No Brasil, ela está disponível apenas na rede privada.
E existem, claro, uma sérieonabet usesoutras condições que prejudicam a ação do sistema imunológico e podem servironabet usesoportunidade para os vírus.
"Isso inclui acidentes e traumas graves, cirurgiasonabet usesgrande porte, transplantes, tumores, tratamentos medicamentosos e outras infecções graves", lista Diament.
Nesses casos, os médicos já ficamonabet usesolho e podem fazer tratamentos para minimizar os danos.
Por fim, vale lembrar também que alguns patógenos estão relacionados a doenças que nem sempre têm a ver com as manifestações iniciais da infecção.
É o casoonabet usesalguns vírus da hepatite, que podem provocar cânceronabet usesfígado, do HPV, que está por trásonabet usesdiversos tiposonabet usestumores, e do Epstein-Barr, que recentemente foi associado à esclerose múltipla.
E o coronavírus?
Dianteonabet usesuma diversidade tão grandeonabet usesvírus, será que o Sars-CoV-2, o causador da covid-19, também poderia persistir após a infecção inicial?
Os especialistas consultados pela BBC News Brasil consideram improvável que ele tenha ou desenvolva essa capacidade.
"O Sars-CoV-2 é um vírusonabet usesRNA que não possui aquela enzimaonabet usestranscriptase reversa, como o HIV. Portanto, ele não consegue se integrar ao nosso genoma", ensina o biólogo molecular Carlos Menck, do Departamentoonabet usesMicrobiologia do Institutoonabet usesCiências Biomédicas da Universidadeonabet usesSão Paulo (ICB-USP).
Ele também não possui DNA emonabet usesconstituição, como acontece com os vírus da família herpes, o que impede a persistência prolongada dele na célula.
"E os casos que vemos agora,onabet usespessoas que estão com covidonabet usesnovo, acontecem porque elas se infectaram com o coronavírus pela segunda vez, e não porque ele ficou escondido no organismo delas durante meses", esclarece o especialista.
"Se observamos qualquer coisa diferente disso com o Sars-CoV-2, será uma surpresa muito grande para nós", completa.
Mas como explicar então os casosonabet usescovid longa,onabet usesque indivíduos apresentam incômodos por meses, mesmo após se recuperarem dos primeiros incômodos?
Diament esclarece que esse fenômeno parece estar mais relacionado à resposta do sistema imunológico diante da invasão do coronavírus.
"Em alguns pacientes, a covid provoca um verdadeiro estrago que pode durar meses e se manifestar por meioonabet usesfadiga, dificuldadeonabet usesconcentração, perdaonabet usesolfato…"
"Isso parece ser consequência do processo inflamatório que ocorre durante os primeiros diasonabet usesinfecção. Em alguns casos, o sistema imune reageonabet usesforma violenta, e os efeitos disso podem se prolongar", explica o médico.
Lucas e Mucida dizem, porém, que não está descartada nestes casos a persistênciaonabet usesalguns componentes virais, como pedaçosonabet usesproteína eonabet usesRNA, no organismo.
"Existem evidências que apontam para os dois lados, inclusive com a observaçãoonabet usesRNA viralonabet usesregiões como o intestinoonabet usesforma prolongada", apontam.
Resta saber se esses pedacinhosonabet usesvírus seriam capazesonabet usesmanter o sistema imuneonabet usesestadoonabet usesvigília e provocar danos por semanas ou meses ou são apenas um achado sem nenhum efeito prático na saúde das pessoas.
Mas, como Portela Nunes, da FioCruz, ressalta, no caso da covid-19, já temos ao menos uma boa notícia: "A vacinação parece proteger ou minimizar esses incômodosonabet useslongo prazo".
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