As violentas tempestades solares que ameaçam a Terra:
O que causa um evento solar extremo?
O Sol é uma estrela - uma massahidrogênioebulição, carregadoeletricidade. À medida que esse fluido se move, ele acumula energia no seu complexo campo magnético.
Essa energia magnética é liberada por intensos raiosluz conhecidos como erupções solares e por vastas emissõesmaterial e campos magnéticos conhecidos como ejeçõesmassa coronal ou tempestades solares.
Embora as erupções possam prejudicar as comunicações por rádio na Terra, as tempestades solares são as que apresentam maiores ameaças. Cada tempestade contém energia equivalente a 100 mil vezes todo o arsenal nuclear do mundo, mas essa energia é espalhada ao longoum enorme volume no espaço.
O Sol gira como um imenso conjuntofogosartifício giratórios, lançando emissõestodas as direções no espaço. Se uma dessas erupções for lançadadireção ao nosso planeta e seu campo magnético estiveralinhamento oposto ao da Terra, os dois campos podem se unir. À medida que a tempestade solar varre o espaço, parte do campo magnético da Terra é distorcidauma longa cauda.
E, no momentoque esse campo magnético distorcido se alinha novamente, ele acelera partículas eletrificadasdireção à Terra. Aqui, elas atingem a atmosfera superior e a aquecem, brilhandoforma espetacular e formando o que é conhecido como a aurora austral e boreal.
Mas essa distorção do campo magnético da Terra tem outros efeitos mais significativos. Acredita-se que ela tenha acionado as minas marítimas na costa do Vietnã1972. As minas haviam sido projetadas para detectar pequenas variações do campo magnético causadas pela aproximaçãonavios com cascos metálicos. Mas seus engenheiros não imaginaram que a atividade solar poderia ter o mesmo efeito.
Quando ocorrerá o próximo evento solar extremo?
Os cientistas estãobuscaindicações sobre o que ocasiona essas vastas erupções e, depois que elas tenham sido lançadas pelo Sol, como rastreá-las através do espaço interplanetário.
Nossos registros do campo magnético da Terra remontam a meados do século 19. Eles sugerem a probabilidadeocorrênciaum evento extremo do clima espacial a cada 100 anos, mas eventos menores ocorrem com mais frequência.
Em 1859, o Evento Carrington - a maior tempestade solar já registrada - causou fagulhassistemas telegráficos e a aurora boreal foi observada até nas Bahamas.
Na próxima vezque ela acontecer, seus efeitos provavelmente serão muito mais sérios.
A cada cicloatividade solar, nossa comunidade global torna-se mais dependente da tecnologia. Atualmente, os satélites espaciais são fundamentais para a comunicação e a navegação global, enquanto aeronaves conectam os continentes e extensas redes elétricas cruzam o planeta. Todos eles poderão ser seriamente afetadosconsequênciaeventos solares extremos.
Os sistemas eletrônicos dos aviões e espaçonaves poderão ser danificados, pois partículasenergia aceleradas na nossa atmosfera podem destruir seus circuitos eletrônicos miniaturizados. Já as redesenergiaterra podem ser sobrecarregadas pelo excessocorrente elétrica.
Como podemos nos planejar
Vários satélites e redes elétricas falharam durante os últimos eventos espaciais, deixando claro que o Sol precisa ser cuidadosamente monitorado, para ajudar a prever quando uma tempestade solar irá afetar a Terra.
Especialistasprevisões estão trabalhando nissotodo o mundo, desde os Escritórios Meteorológicos do Reino Unido e da Austrália até o CentroPrevisão do Clima Espacial Noaa, nos Estados Unidos. Se tudo correr bem, eles podem detectar quando uma tempestade estiver se dirigindo à Terra e prever seu horáriochegada com seis horasantecedência.
Essa previsão ainda oferece relativamente pouco tempopreparação, mas poderá reduzir os custos para a economia do Reino Unido, por exemplo,16 bilhões para 3 bilhõeslibras (de R$ 122,5 bilhões para R$ 23 bilhões).
O clima espacial agora está incluído no registroriscos do governo do Reino Unido, ao ladooutros riscos mais conhecidos, como pandemiasgripe e inundações graves. O clima espacial é considerado um risco equivalente a uma severa ondacalor ou ao surgimentouma nova doença infecciosa.
As agências governamentais estão agora se comunicando com as companhiasenergia, operadorasespaçonaves e companhias aéreas para garantir que elas tenham planos estabelecidos para limitar o impactoeventos extremos do clima espacial. É fundamental, por exemplo, garantir que haja energia suficiente para refrigerar estoquesalimentos e remédios, bem como garantir que a água e o combustível possam ser bombeados conforme o necessário.
Se a comunicação com alguns satélites for perdida, tecnologias conhecidas como satélitesnavegação e televisão por satélite poderão pararfuncionar. Os engenheiros das espaçonaves estudam eventos extremos para poder fornecer resistência aos veículos espaciais, protegendo circuitos eletrônicos vulneráveis e instalando sistemasbackup.
Previsões precisas do clima espacial permitirão que os operadores protejam melhor seus equipamentos, garantindosegurança depois que a tempestade passar.
Muitos aviões voam sobre o polo nortesuas viagens entre a Europa e a América do Norte. Durante eventos espaciais, os operadores das aeronaves desviam seus aviões para longe dos céus polares, por onde a maior parte das partículasenergia entra na atmosfera da Terra. Esse desvio permite limitar a exposição a doses elevadasradiação e garantir comunicação via rádio confiável.
Nós aprendemos muito sobre o clima espacial desde os eventos1972, mas, à medida que as tecnologias modernas evoluem, precisamos garantir que elas possam suportar até as piores condições que o Sol pode nos oferecer.
* Chris Scott é professorfísica atmosférica e espacial da UniversidadeReading, no Reino Unido.
Esta análise foi encomendada pela BBC a um especialista a serviçouma organização externa e editada por Eleanor Lawrie.
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