COP26: Por que Brasil é crucial para evitar efeito catastrófico das mudanças climáticas:roleta europeia gratis

Crédito, REUTERS/Adriano Machado

Legenda da foto, Sem controle do desmatamento da Amazônia, mundo não consegue alcançar metaroleta europeia gratiscontrole das mudanças climáticas, dizem ambientalistas

A grande maioria das emissões vem do desmatamento, seguida pela poluição energética.

Sem Amazônia, metas desandam

Crédito, REUTERS/Adriano Machado

Legenda da foto, Desmatamento na Amazôniaroleta europeia gratis2020 foi o maior desde 2008, segundo dados do Inpe

Além do impacto climático por ser um grande emissorroleta europeia gratiscarbono, o Brasil, por causa da Amazônia, tem uma importância crucial para o sucesso ou fracasso da meta do Acordoroleta europeia gratisParisroleta europeia gratismanter o aquecimento globalroleta europeia gratis1,5°C.

Um aquecimento maior do que esse tornaria diversas áreas do planeta inabitáveis, contribuiria para eventos climáticos extremos, significaria a extinçãoroleta europeia gratisespécies e ameaçaria o fornecimentoroleta europeia gratisalimentos no mundo, segundo cientistas.

Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima, explica que algumas áreasroleta europeia gratisalta absorçãoroleta europeia gratiscarbono da atmosfera, como a Amazônia e as geleiras do Ártico, podem derrubar por si só as metasroleta europeia gratiscontrole climático, se deixaremroleta europeia gratisexistir ou sofrerem muita degradação.

A floresta Amazônica ajuda a equilibrar o clima do planeta, ao capturar e estocar quantidades enormesroleta europeia gratisdióxidoroleta europeia gratiscarbono (CO2), um dos principais gases do efeito estufa. Quando árvores são derrubadas, parte desses gases são liberados para a atmosfera e novas absorções deixamroleta europeia gratisocorrer. Também é da Amazônia que vem 70% das chuvas que irrigam as áreas agricultáveis do Centro Oeste, Sul e Sudeste do Brasil, destaca Astrini.

"Existem hotspots (focosroleta europeia gratisinteresse)roleta europeia gratisemissões no planeta que, se acionados, colocam a perder a metaroleta europeia gratis1,5°C. São os oceanos, a Groenlândia, o Ártico e a Amazônia", diz o secretário-executivo do Observatório do Clima.

"A Amazônia estoca o equivalente a cinco anos das emissões globais. Junta todo o carbonoroleta europeia gratiscinco anosroleta europeia gratisemissões do mundo, isso está estocando na Amazôniaroleta europeia gratisformaroleta europeia gratisárvore e no solo. Se a gente perde a floresta, a gente perde a corrida pela manutenção do clima."

Mas por que a Amazônia estoca tanto carbono?

Por ser composta emroleta europeia gratismaioria por floresta primária, a Amazônia tem uma capacidade maiorroleta europeia gratisabsorçãoroleta europeia gratisCO2 que áreas replantadas e reflorestadasroleta europeia gratisoutras regiões do Brasil e do mundo.

As florestas primárias são aquelas que se encontramroleta europeia gratisseu estado original — não afetadas, ou afetadas o mínimo possível, pela ação humana. Por serem mais antigas, elas têm mais diversidaderoleta europeia gratisespécies e guardam mais carbono.

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Quanto mais antiga a árvore, maior a quantidaderoleta europeia gratiscarbono armazenada

É lá que vivem árvoresroleta europeia gratiscentenas ou milharesroleta europeia gratisanosroleta europeia gratisidade, que cumprem um papel essencial na batalha contra as mudanças climáticas, porque agem como um enorme armazémroleta europeia gratisdióxidoroleta europeia gratiscarbono.

Uma pequena parte do CO2 que as árvores absorvem no processoroleta europeia gratisfotossíntese é emitidaroleta europeia gratisvolta para a atmosfera duranteroleta europeia gratisrespiração. A outra parte é transformadaroleta europeia gratiscarbono e usada na produção dos açúcares que a planta necessita para seu metabolismo.

A quantidaderoleta europeia gratiscarbonoroleta europeia gratisuma árvore é medida pela espessura do tronco, onde o gás é armazenadoroleta europeia gratisformaroleta europeia gratisbiomassa. Por isso, quanto mais antiga uma árvore, mais carbono ela costuma armazenar. Porroleta europeia gratisvez, a derrubadaroleta europeia gratisuma árvore milenar vai provocar uma liberação maiorroleta europeia gratiscarbono que a morteroleta europeia gratisuma árvore jovem.

Parte da floresta já emite mais carbono que absorve

Um dos efeitos do desmatamento é liberar o CO2 guardado na florestaroleta europeia gratisvolta na atmosfera, pela queimada ou pela decomposição da madeira cortada — processos que transformam o carbono das árvores novamenteroleta europeia gratisgás.

Por este motivo, os cientistas temem que a região deixeroleta europeia gratisser um armazémroleta europeia gratiscarbono e se transformeroleta europeia gratisum importante emissorroleta europeia gratisCO2, acelerando os efeitos da mudança climática.

Um estudo publicado na revista científica Nature revelou que, por causa do aumento das queimadas e do desmatamento, a floresta amazônica brasileira liberou 20% mais dióxidoroleta europeia gratiscarbono na atmosfera do que absorveu entre 2010 e 2019.

Os pesquisadores identificaram uma divisão clara no volumeroleta europeia gratisemissões entre a parte leste, mais desmatada, e a parte oeste da floresta, mais preservada.

"A parte leste da Amazônia, que está cercaroleta europeia gratis30% desmatada, emitiu 10 vezes mais carbono que a região oeste, que está 11% desmatada", explicad a pesquisadora-chefe do estudo, Luciana Gatti, do Instituto Nacionalroleta europeia gratisPesquisa Espacial (Inpe).

"Esse é um impacto enorme. Estamos emitindo mais CO2 para a atmosfera, o que está acelerando as mudanças climáticas, mas também promovendo mudanças nas condições da estação seca, o que deixa as árvores ainda mais vulneráveis e propensas a produzir mais emissões."

Em 2020, segundo anoroleta europeia gratisgoverno Bolsonaro, o desmatamento na região da floresta foi o maior desde 2008, com uma taxaroleta europeia gratisárea desmatadaroleta europeia gratis10.851 km2, conforme dados do Inpe. Já o númeroroleta europeia gratisfocosroleta europeia gratisincêndio registradosroleta europeia gratis2020roleta europeia gratistodo o território nacional foi o mais altoroleta europeia gratisdez anos.

'Pontoroleta europeia gratisnão retorno'

O grande temor dos cientistas é que o desequilíbrio ambiental provocado pelo desmatamento da Amazônia alcance o chamado "pontoroleta europeia gratisnão retorno" (tipping point,roleta europeia gratisinglês), como é chamado o momentoroleta europeia gratisque a degradação,roleta europeia gratisconjunto com as mudanças climáticas e a vulnerabilidade a incêndios, mudarãoroleta europeia gratismaneira irreversível o ecossistema tropical da floresta.

Segundo o biólogo americano Thomas Lovejoy e o climatologista brasileiro Carlos Nobre, do Institutoroleta europeia gratisEstudos Avançados da USP, esse "pontoroleta europeia gratisnão retorno" será alcançado quando entre 20% e 25% da floresta original forem desmatados.

Atualmente, pouco maisroleta europeia gratis18%roleta europeia gratistoda a floresta original foi desmatada,roleta europeia gratisacordo com dados do projetoroleta europeia gratismonitoramento Mapbiomas, parceria entre universidades, ONGs, institutosroleta europeia gratistodos os territórios amazônicos e o Google.

Segundo as projeçõesroleta europeia gratisNobre e Lovejoy, se o desmatamento continuar no ritmo atual, esse "pontoroleta europeia gratisnão retorno" chegará nos próximos 20 a 30 anos.

"Se chegarmos a esse ponto, aumentará a duração da estação seca e a temperatura da floresta. A partir daí, as árvores começarão a morrerroleta europeia gratismaneira acelerada, e isso criará um ciclo vicioso. O que era floresta tropical ficará parecido com o cerrado brasileiro, mas como uma espécieroleta europeia gratissavana pobre, sem a rica biodiversidade do cerrado", disse Carlos Nobre à BBC News Brasil.

Secas prolongadas e escassezroleta europeia gratisalimentos

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Mudanças climáticas e desmatamento na Amazônia ameaçam colheitas no Sul, Centro Oeste e Sudeste do Brasil

O Brasil é um dos países mais vulneráveis à desertificações decorrentes das mudanças climáticas, segundo cientistas. E o contínuo desmatamento na Amazônia contribui para reforçar essa tendência, porque o aumento das emissões impacta o aquecimento da Terra.

O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), divulgado no dia 9roleta europeia gratisagosto, aponta que, por causa da mudança do clima, boa parte do Nordeste e o norteroleta europeia gratisMinas Gerais já têm enfrentado secas mais intensas e temperaturas mais altas que as habituais.

Criado na ONU e integrado por 195 países, entre os quais o Brasil, o IPCC é o principal órgão global responsável por organizar o conhecimento científico sobre as mudanças do clima.

"No cenário atual, você tem dois eventosroleta europeia gratisseca a cada 10 anos, ou seja uma seca a cada cinco anos. Num cenárioroleta europeia gratisaumentoroleta europeia gratis4 graus centígradosroleta europeia gratistemperatura, você vai ter cinco eventosroleta europeia gratisseca a cada dez anos, ou seja, ano sim, ano não vai ter seca", exemplifica Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.

Hoje, segundo o IPCC, o mundo já teve um aumentoroleta europeia gratis1,1°C na temperatura médiaroleta europeia gratisrelação aos padrões pré-industriais. Seroleta europeia gratis2030, a Terra deve alcançar um aumentoroleta europeia gratis1,5°C,roleta europeia gratisvárias regiões do Brasil o aumento será duas vezes maior, com temperaturas batendo a faixa dos 40°Croleta europeia gratisvárias partes do Semiárido, conforme o relatório do IPCC.

Nesse contexto, mudança climática e desmatamento na Amazônia se retroalimentam, colocando pressão tanto no Nordeste quanto nas demais regiões do Brasil.

"A retroalimentação estároleta europeia gratisque, no aumento da temperatura, a Amazônia começa a secar. E, ao começar a secar, ela está mais vulnerável ao fogo e ao desmatamento, e aumentaroleta europeia gratiscontribuição para o aquecimento do planeta, que fica ainda mais severo e ajuda a secar a floresta e a aumentar as estações secas", explica Astrini.

Como 70% das chuvas que irrigam as plantações do Centro-Oeste, Sul e Sudeste brasileiro vêm das águas evaporadas da Amazônia, a degradação da floresta também ameaça a agricultura brasileira e o abastecimentoroleta europeia gratisalimentos no mundo, já que o Brasil é um dos maiores produtores.

"Para deixar mais dramática a situação, o Brasil não tem infraestruturaroleta europeia gratisirrigação artificial. Só 5% da agricultura tem sistema irrigação. A agricultura brasileira é clima-dependente. Quando muda o clima, muda o regimeroleta europeia gratischuvas, você começa a perderroleta europeia gratistudo: perde economia, fluxo migratório, áreas agricultáveis", destaca Astrini.

"O Brasil é extremamente frágil para questõesroleta europeia gratismudanças climáticas. E é um ator crucial no combate ao aumento da temperatura da Terra", completa secretário-executivo do Observatório do Clima.

* Com reportagemroleta europeia gratisCamilla Costa

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