El Halconazo: o massacre sem condenadosmelhores bancas esportivascentenasmelhores bancas esportivasestudantes no México:melhores bancas esportivas

Naquela data, uma quinta-feiramelhores bancas esportivasCorpus Christi do calendário católico — que mais tarde daria nome ao ocorrido —, viria a oportunidademelhores bancas esportivassair às ruas novamente e se manifestar a favor da educação pública e do movimento estudantil da época.

"Relatosmelhores bancas esportivasmanifestantes nesse dia dizem que a emoção era grande. Era voltar a tomar as ruas que haviam tentado tirar delesmelhores bancas esportivas1968. Então o 10melhores bancas esportivasjunho teve um simbolismo muito importante", explica à BBC News Mundo, serviçomelhores bancas esportivasespanhol da BBC, o historiador Camilo Vicente Ovalle.

Mas um novo massacre acabou ocorrendo.

Um grupo paramilitar, chamado os "halcones" ("falcões"), organizado pelo governo mexicano, interrompeu o protesto.

As agressões a pauladas foram seguidas pelo usomelhores bancas esportivasarmasmelhores bancas esportivasfogo. Os feridos foram "arrematados" até mesmo quando já estavam dentro das salasmelhores bancas esportivasemergência dos hospitais.

Desde então, o que aconteceu ficou conhecido como "el halconazo" ou "massacremelhores bancas esportivasCorpus Christi", episódio que chegou a ser descrito décadas depois por um promotor especial como "genocídio", mas pelo qual ninguém foi condenado.

O motivo do protesto

O protestomelhores bancas esportivasCorpus Christi se deumelhores bancas esportivasapoio aos alunos da Universidade Autônomamelhores bancas esportivasNuevo León, no norte do país, que haviam entradomelhores bancas esportivasgreve devido a conflitos com o governo estadual.

Eles acrescentaram suas próprias reivindicações, como a libertaçãomelhores bancas esportivaspresos políticos e a democratização da educação pública.

"Houve um golpe brutal nas mobilizações sociais e popularesmelhores bancas esportivas1968, mas os estudantes continuaram se organizando", diz Ovalle, autor do livro Tiempo Suspendido ("Tempo Suspenso",melhores bancas esportivastradução literal), que documenta — inclusive com arquivos confidenciais — o que aconteceumelhores bancas esportivasepisódios como essemelhores bancas esportivas1971.

Os estudantes universitários da cidademelhores bancas esportivasMonterrey pediram solidariedade do resto do país, por isso os alunos da Universidade Nacional Autônoma do México (UNAM) e do Instituto Politécnico Nacional (IPN) — as duas instituiçõesmelhores bancas esportivasensino superior mais importantes do país — responderam ao chamado.

Nesse contexto, alunos da UNAM e do IPN convocaram a passeata do dia 10melhores bancas esportivasjunho.

Apesarmelhores bancas esportivasa greve da UANL ter sido suspensa antes dessa data e as demandas terem sido atendidas, os estudantes da Cidade do México decidiram manter o protesto.

O início do ataque

Às 16h, o protesto começou com cercamelhores bancas esportivas10 mil alunos concentrados no Cascomelhores bancas esportivasSanto Tomás, um dos campi do IPN.

Eles planejavam caminhar até Zócalo, a praça mais importante da Cidade do México.

"Foi uma passeata não autorizada. Então os estudantes encontram ruas bloqueadas por granadeiros [tropasmelhores bancas esportivaschoque] e policiais que impedem a marchamelhores bancas esportivasavançar ou tomar outras ruas", explica Ovalle.

Determinados a avançar pacificamente, haviam caminhado um quilômetro quando se depararam com o grupo dos "halcones" — relatórios dizem que eram pelo menos 400 ou 500 — no cruzamentomelhores bancas esportivasduas avenidas.

Desta vez, não eram policiais fardados do Departamento do Distrito Federal (DDF), nem do Exército, que tentavam acabar com o protesto, comomelhores bancas esportivas1968. O ataque partiumelhores bancas esportivasjovens à paisana que avançaram contra o grupo estudantil.

"Os halcones estavam esperando no ponto definido para o ataque. Havia alguns infiltrados na passeata, mas o grosso do grupo paramilitar entra por aquela parte da avenida e se lança contra a manifestação", explica Ovalle.

Víctor Guerra, um dos líderes estudantis da época, relata que estava chegando à passeata quando tudo começou.

"Vi que a polícia descia [de seus veículos] para apoiar os halcones. Vi como forneciam a eles varasmelhores bancas esportivasbambu. Minutos depois, começaram os disparos", contou Guerra à agência estatal mexicana Notimex.

'Foi uma ratoeira'

Como o coronel Manuel Díaz Escobar, então funcionário do DDF, reconheceria posteriormente, os "halcones" eram financiados e treinados pelo governo. O militar também havia estado à frente do batalhão "Olimpia" que atacou os estudantes no massacremelhores bancas esportivas1968.

O grupo portava varasmelhores bancas esportivasbambu porque era treinadomelhores bancas esportivasartes marciais e as usava como uma espadamelhores bancas esportivaskendo. O filme Roma (2018), do cineasta mexicano Alfonso Cuarón, retratamelhores bancas esportivasuma das cenas esse treinamento.

Mas a atuação deles foi combatida pelos estudantes naquele 10melhores bancas esportivasjunho.

"Eles são repelidos pelos manifestantes. E ao verem a resistência, recuam. Entrammelhores bancas esportivascena no seu lugar, os "halcones" com fuzis M-1 e outras armasmelhores bancas esportivasfogo. Eles começam a atirar contra a manifestação", explica Ovalle com base na documentação a que teve acesso.

Pormelhores bancas esportivasvez, Guerra relata algo parecido: "Vi um sujeito, numa foto muito famosa, que está disparando do ladomelhores bancas esportivasfora da Escola Nacionalmelhores bancas esportivasProfessores, ajoelhado, atirando para dentro dela", diz.

Ele também conta que do altomelhores bancas esportivasum prédio vizinho ele pode ver disparos "na direção da multidão".

Foi um ataque indiscriminado, que teve o intuitomelhores bancas esportivasdispersar os manifestantes e, novamente, mostrar o poder do Estado, já que a polícia e o Exército apoiaram as ações.

"Era uma ratoeira. (...) Como a tática do martelo e bigorna: há uma força que empurra o inimigo contra uma força superior que o esmaga", explica o historiador.

O 'arremate'melhores bancas esportivashospitais

A manifestação se dispersou nos minutos seguintes.

Muitos estudantes tentaram se escondermelhores bancas esportivasescolas, estabelecimentos comerciais e casas da região. Mas nem mesmo os feridos, que deram entradamelhores bancas esportivasunidadesmelhores bancas esportivassaúde, como o Hospital Rubén Leñero, estavam a salvo.

"Há jornalistas, pacientes, médicos e enfermeiras que testemunharam como gruposmelhores bancas esportivas'halcones' entraram no hospital e atacaram estudantes com armasmelhores bancas esportivasfogo", explica Ovalle.

A ação foi classificadamelhores bancas esportivas"arremate" dos feridos, documentadamelhores bancas esportivasinúmeras reportagens e crônicas na imprensa que, apesar do controle da informação por parte do governo na época, veio à tona porque jornalistas também foram atacados.

"A imprensa estava furiosa com o governo federal. Eles estavam tão irritados que Luis Echeverría [o presidente entre 1970 e 1976] teve que se reunir com eles dois dias depois do ataque para pedir desculpas", diz Ovalle.

Nunca foi possível determinar quantas vítimas houve. Mas estima-se que foram cercamelhores bancas esportivas30 mortos, centenasmelhores bancas esportivasferidos com diferentes grausmelhores bancas esportivasgravidade e dezenasmelhores bancas esportivasdetidos.

Um 'genocídio' desqualificado

O líder estudantil Félix Hernández diz que embora a "repressão"melhores bancas esportivas1968 "não se justifique e não seja compreendida," amelhores bancas esportivas10melhores bancas esportivasjunho "é menos compreendida ainda".

"O governo decidiu não usar tropas uniformizadas. Por isso, usou os "halcones", um grupo paramilitar que, no entanto, era formado por ex-militares ou militares ativos", declarou Hernández à Notimex.

Em uma primeira reação, a Procuradoria-Geral da República (PGR) indicou que, com basemelhores bancas esportivasuma investigação, havia determinado que um grupomelhores bancas esportivasestudantes estava armado.

"Muitos dos integrantes portavam paus, varas e outras armas", disse a PGR ao jornal El Universal. Outro grupo avançou "contra os manifestantes e foi então que eclodiu uma briga coletivamelhores bancas esportivasque foram disparadas armasmelhores bancas esportivasvários calibres".

As autoridades constataram a "existênciamelhores bancas esportivasfranco-atiradores que faziam disparos contra os manifestantes e a polícia".

Mas com o passar dos dias, reconheceram que os "halcones" eram um grupo treinado pelo governo.

O prefeito Alfonso Martínez e seu chefemelhores bancas esportivaspolícia, Rogelio Flores, renunciaram aos cargos. O presidente Luis Echeverría ordenou uma investigação.

Cinquenta anos depois, ninguém foi julgado ou preso pelo que aconteceu.

Na décadamelhores bancas esportivas2000, o governo mexicano criou uma promotoria especial para investigar episódios como omelhores bancas esportivas1971. Houve uma tentativamelhores bancas esportivasque o ex-presidente Echeverría fosse indiciado por "genocídio".

A Suprema Corte mexicana determinou que esse crime não havia prescrito para Echeverría e seu secretáriomelhores bancas esportivasGoverno (ministro do Interior), Mario Moya Palencia, por isso poderiam ser julgados.

Mas a juíza do caso, Herlinda Velasco, considerou que não se tratavamelhores bancas esportivascrimemelhores bancas esportivas"genocídio", e, sim,melhores bancas esportivas"homicídio simples", que havia prescrito após maismelhores bancas esportivas30 anos do ocorrido.

Para Ovalle, o massacre do "El Halconazo" pode ser explicado dando um passo atrás e olhando o que estava acontecendo naquele momento no México.

"71 não foi uma repetiçãomelhores bancas esportivas68", afirma.

"Foi parte da estratégiamelhores bancas esportivascontrainsurgência para combater grupos sociais, numa épocamelhores bancas esportivasque o comunismo era considerado um perigo geopolítico no Ocidente liderado pelos Estados Unidos."

"Não foram eventos excepcionais, medidasmelhores bancas esportivasforça exageradas. Era parte da estratégiamelhores bancas esportivascontrainsurgência que o governo havia implantado", analisa o historiador.

"Hoje, claramente, parece um erro voltar a cometer um massacre, mas não. Naqueles anos, havia uma estratégiamelhores bancas esportivasque os acontecimentosmelhores bancas esportivas1968 e 1971 faziam sentido."

Fotografias do acervo do Instituto Nacionalmelhores bancas esportivasEstudos Históricos das Revoluções do México (INEHRM) e da Coordenaçãomelhores bancas esportivasMemória Histórica e Cultural do México.

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