Como mitoquem é o dono da arbetyestátuas gregas brancas alimentou falsa ideiaquem é o dono da arbetysuperioridade europeia:quem é o dono da arbety

Legenda do vídeo, Como mito das estátuas brancas surgiu e alimentou falsa ideiaquem é o dono da arbetysuperioridade

E vi essa estética "sofisticada" ser replicada das mais diversas formas pelo mundo ao se retratar a Grécia antiga.

O mitoquem é o dono da arbetyque suas estátuas eram monocromáticas, principalmente brancas, foi propagado ao longo da história, e acabou erroneamente usado pelos que viam na falsa ausênciaquem é o dono da arbetycolorido e ornamentos um sinalquem é o dono da arbetyuma cultura mais elevada e sofisticada, resultado da superioridadequem é o dono da arbetybrancos europeus.

Entretanto, poucos sabem que toda aquela brancura era frutoquem é o dono da arbetyignorância e distorção.

Do bronze ao mármore

A maioria das estátuas gregas que você encontraquem é o dono da arbetymuseus pelo mundo é feitaquem é o dono da arbetymármore. Afinal, era uma pedra bastante disponível na Grécia equem é o dono da arbetyseus arredores e segundo os escultores, mais fácilquem é o dono da arbetyser trabalhada.

Mas aí, já surge o primeiro erro, a primeira distorção histórica.

As Cariátidesquem é o dono da arbetymármore, e um dos Guerreirosquem é o dono da arbetyRiace, feitoquem é o dono da arbetybronze

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, As Cariátidesquem é o dono da arbetymármore, e um dos Guerreirosquem é o dono da arbetyRiace, feitoquem é o dono da arbetybronze

Muitas das estátuas que se conectavamquem é o dono da arbetyalguma forma a estruturas maiores, como prédios, eramquem é o dono da arbetyfato feitasquem é o dono da arbetymármore. Mas a maioria das esculturas que não contavam com esse apoio estrutural era feitaquem é o dono da arbetybronze por ser um materialquem é o dono da arbetymaior resistência.

Como o bronze é um material facilmente reaproveitável, então, sobraram poucas estátuas feitas desse metal para "contar a história", pois muitas acabaram recicladas, transformadasquem é o dono da arbetyoutros objetos. Isso fez com que as estátuasquem é o dono da arbetymármore branco acabassem prevalecendo ao longo do tempo.

E mais: a escolha do material - mármore ou bronze - para a produção dos objetosquem é o dono da arbetyarte não tinha nada a ver com a cor clara original da pedra ou escura do metal. O localquem é o dono da arbetyque a estátua seria colocada era um fator muito mais determinante do tipoquem é o dono da arbetymaterial a ser usado, como explico mais adiante.

Originais e réplicas

A arte da escultura grega atingiu seu ápice nos séculos 4 e 5 antesquem é o dono da arbetyCristo, ou seja, há 2,5 mil anos. Foi nesse período que escultores famosos como Phidias e Praxiteles criaramquem é o dono da arbetyobra, que sobrevive até hoje.

Ilustraçõesquem é o dono da arbetyPhidias e Praxiteles, escultores famosos da Grécia antiga

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Ilustraçõesquem é o dono da arbetyPhidias e Praxiteles, escultores famosos da Grécia antiga, ilustração do Parthenon na Acrópolequem é o dono da arbetyAténas

Quinhentos anos depois, os romanos expandiram seu império e dominaram o mundo mediterrâneo, incluindo aí, claro, a civilização grega.

Os romanos admiravam a cultura e a arte da Grécia e criaramquem é o dono da arbetyestética à imagem e semelhança da dos gregos. Sendo assim, a demanda por réplicasquem é o dono da arbetyestátuas gregas era enorme no Império Romano. Elas se tornaram objetoquem é o dono da arbetydesejo para decorar casas da elite romana, praças públicas e até os famosos banhos romanos.

No processoquem é o dono da arbetyreproduzir estátuas gregas, muitas originalmente feitasquem é o dono da arbetybronze, os escultores acabaram criando réplicasquem é o dono da arbetymármore.

Essas réplicas com material distinto do original são identificadas por terem barrasquem é o dono da arbetyapoio, normalmente disfarçadasquem é o dono da arbetytroncosquem é o dono da arbetyárvores,quem é o dono da arbetycolunasquem é o dono da arbetyestilo antigo ouquem é o dono da arbetytecidos.

O mármore não tem a mesma resistência do bronze e precisaquem é o dono da arbetyuma espéciequem é o dono da arbety"mãozinha" para se manterquem é o dono da arbetypé.

Reconstruções da estátuaquem é o dono da arbetyDiadoúmenos

Crédito, L. Gouliamaki/AFP via Getty Images, Met Museum

Legenda da foto, Reconstruções da estátuaquem é o dono da arbetyDiadoúmenosquem é o dono da arbetyque podem ser vistas as colunasquem é o dono da arbetysuporte

Há registrosquem é o dono da arbety20 cópiasquem é o dono da arbetyuma mesma estátua cuja original grega era feitaquem é o dono da arbetybronze, mas que entrou para a História como se fossequem é o dono da arbetymármore - e com o apoio para não cair.

A prevalência do mármore está ligada ao fatoquem é o dono da arbetyo bronze ser um metal nobre e reutilizável.

Tesouros

O Mar Mediterrâneo continua sendo, ainda hoje, a principal fonte do que resta das estátuasquem é o dono da arbetybronze, verdadeiros tesouros afundadosquem é o dono da arbetynaufrágios.

Mas vamos voltar a falar das réplicas das estátuas gregas feitas pelos romanos.

Na maioria dos casos é a cópia romana que a gente vê nos museus, por ter sobrevivido, por ser a versão mais recente.

Então, podemos dizer que a nossa percepção da Antiguidade a partir das estátuas é baseada principalmente nas cópias e não na realidade histórica das originais.

Nessa cabeça grega a gente consegue ver vestígios clarosquem é o dono da arbetycor.

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A buscaquem é o dono da arbetyvestígios das cores originais

O extenso trabalho feito por um casalquem é o dono da arbetypesquisadores alemães, que se debruçou sobre centenasquem é o dono da arbetyestátuas antigasquem é o dono da arbetybuscaquem é o dono da arbetyvestígios das cores originais é hoje a fonte mais inquestionável da conclusãoquem é o dono da arbetyque as estátuas eram multicoloridas. Mesmo a olho nu é possível enxegar esses vestígiosquem é o dono da arbetyalgumas delas.

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"Ainda há muita cor preservada nas estátuas. Dá para ver a olho nu. E a cor não está apenas nos ornamentos das roupas. Está toda a superfíciequem é o dono da arbetyuma escultura", diz o arqueólogo Vinzenz Brinkmann, diretor do departamentoquem é o dono da arbetyAntiguidade do Instituto Liebighaus, na Alemanha]. Brinkmann estuda o tema há quarenta anos.

Atualmente, não é preciso recorrer aos olhos. A tecnologia permitiu um exame ainda mais detalhado com análises feitas com ajudaquem é o dono da arbetyluzes ultravioleta e infravermelha e tambémquem é o dono da arbetyprocessos químicos avançados capazesquem é o dono da arbetyrevelar uma imagem bastante precisa da Antiguidade.

Com base nessas técnicas, Brinkmann criou, junto comquem é o dono da arbetyesposa, a também arqueóloga, Ulrike Koch-Brinkmann, a exposição Deusesquem é o dono da arbetyCor, com maisquem é o dono da arbety60 réplicas das estátuas emquem é o dono da arbetycor original, cheiasquem é o dono da arbetyornamentos, símbolosquem é o dono da arbetyanimais e até mesmo pintadasquem é o dono da arbetyouro.

Vinzenz Brinkmann equem é o dono da arbetyesposa Ulrike Koch Brinkmann, reconstruíram maisquem é o dono da arbety60 estátuas

Crédito, Liebighaus Skulpturensammlung

Legenda da foto, Vinzenz Brinkmann equem é o dono da arbetyesposa Ulrike Koch Brinkmann, reconstruíram maisquem é o dono da arbety60 estátuas

As restaurações são feitas com pigmentos autênticos identificados nas esculturas originais.

Trabalhoquem é o dono da arbetyreconstrução do arqueiroquem é o dono da arbetyAfaia

Crédito, Liebighaus Skulpturensammling

Legenda da foto, Trabalhoquem é o dono da arbetyreconstrução do arqueiroquem é o dono da arbetyAfaia

Como a Peplos Kore, a esculturaquem é o dono da arbetyuma mulher jovem que decorava um túmulo, os guerreirosquem é o dono da arbetyRiace, achados no Mar Mediterrâneo, o Kouros, um jovem nu que reflete a influência do Egito na escultura grega com uma postura mais rígida, ou o chamado sarcófagoquem é o dono da arbetyAlexandre, o Grande (que, na verdade, não era o sarcófago dele), achado no que hoje é o Líbano, e que tem detalhes impressionantesquem é o dono da arbetycor, são todos bons exemplos da decoração ricamente colorida usada nos originais.

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Equem é o dono da arbetyonde veio essa tradiçãoquem é o dono da arbetycolorir estátuas com inúmeras outras cores além do preto e branco?

Os gregos não apenas influenciaram o mundo, mas foram influenciados pelos povos às margens do Mar Mediterrâneo, como o Egito, e pelas populações que habitavam o Oriente Médio.

O intercâmbio entre eles não era só comercial, mas também cultural. E a forte tradiçãoquem é o dono da arbetyescultura - colorida - está diretamente ligada a estas trocas.

Ou seja, não é verdade que ao atingir o que se considera ser o ápicequem é o dono da arbetysua civilização, os gregos rejeitaram a influência recebida tendo excluído as cores.

A arte às margens do Mar Mediterrâneo e do Oriente Médio era colorida

Crédito, Getty Images: Daniel Petty, The Denver post, Valer

Legenda da foto, A arte às margens do Mar Mediterrâneo e do Oriente Médio era colorida (Getty Images: Daniel Petty, The Denver post, Valery Sharifulin Tass, Universal History Archive, Universal Images Group, Library of Congress/Corbis/VCG)

Mas como se formou a ideiaquem é o dono da arbetyuma Antiguidade incolor?

Primeiro vamos observar a Idade Média. A chamada Idade das Trevas foi um períodoquem é o dono da arbetyque a apreciação da cultura grega antiga se perdeu, junto com o fim do Império Romano do Ocidente.

Isso abriu caminho para a arte sacra medieval e suas pinturasquem é o dono da arbetypassagens da Bíbliaquem é o dono da arbetycores fortes e vibrantes.

Arte da Idade Média utilizando cores fortes

Crédito, Alamy

Legenda da foto, Arte da Idade Média utilizando cores fortes

Foi só no final do século 15 que a Antiguidade Clássica voltou a despertar interesse. Era o início do período que ficou conhecido como Renascimento.

"O mito da esculturaquem é o dono da arbetymármore branco foi inventado pelo Renascimento italiano. O Renascimento queria fazer uma distinção do que havia antes da arte cristã. Eles queriam voltar à Antiguidade, à Era pré-Cristã , ter uma aparência icônica do que era feito. Então eles ressuscitaram a Antiguidade e a definiram como branca".

Naquela época, esculturas gregas e romanas foram redescobertas no antigo território do Império Romano. E os artistas renascentistas tentaram reproduzir as obras.

Peças icônicas do Renascimento, como o Davidquem é o dono da arbetyMiguelângelo, foram inspiradas nessa busca por uma referência na Antiguidade Clássica.

A famosa estátuaquem é o dono da arbetyDavidquem é o dono da arbetyMichaelangelquem é o dono da arbety1504, sendo limpadaquem é o dono da arbety2002

Crédito, Eric Vandeville/Gamma-Rapho via Getty Images)

Legenda da foto, A famosa esculturaquem é o dono da arbetyDavid,quem é o dono da arbetyMiguelângelo,quem é o dono da arbety1504, foi inspirada na arte antiga (Eric Vandeville/Gamma-Rapho via Getty Images)

Mas a maioria dos templos e das estátuas havia perdido grande parte da cor. Afinal, cercaquem é o dono da arbetydois mil anos haviam se passado desde que os originais gregos coloridos tinham sido produzidos.

E essa arte pálida e desbotada caiu como uma luva, já que o objetivo dos renascentistas era se diferenciar da arte sacra, extremamente colorida e considerada por eles vulgar do pontoquem é o dono da arbetyvista artístico.

Mas fica a pergunta. Será que os renascentistas que criavam ali uma estética que seria tão influente não notaram os vestígiosquem é o dono da arbetypigmentosquem é o dono da arbetycor nas estátuas?

É bem possível que tenham visto sim, considerando análises como aquem é o dono da arbetyBrinkmannquem é o dono da arbetyque até hoje é possível ver a olho nu a cor originalquem é o dono da arbetyalgumas estátuas.

Mas não seria necessário depender apenas dos olhos. Havia referências às cores tambémquem é o dono da arbetyPlatão, filósofo grego, considerado o pai da filosofia política.

Platão escreveu no século 4 antesquem é o dono da arbetyCristo que os olhosquem é o dono da arbetyuma estátua mereciam as mais belas das cores, já que eram a parte mais bonita do corpo. Mas referências como essa podem ter sido ignoradas por vários motivos.

"A Europa não era muito educada nem muito interessada. Mas queria se livrar da opressão da Igreja. Produziram, então, um ideal", diz Vinzenz Brinkman.

Ele acresenta que, "assim, o mármore branco e o bronze escuro passam a ser usados como um símboloquem é o dono da arbetysofisticação do pensamento europeu."

Escavação reveladora - A Artemisquem é o dono da arbetyPompeia

Foi finalmentequem é o dono da arbety1760,quem é o dono da arbetyPompeia, ao pé do monte Vesúvio, que uma estátua preservada pela lava lançada pela erupção devastadora do vulcão no primeiro século da chamada era Cristã, trouxe à tona o que a história havia apagado: a Artemisquem é o dono da arbetyPompeia, calçava sandálias e tinha seus cabelosquem é o dono da arbetyvermelho.

Foi uma descoberta histórica. Eram numerosos e visíveis os vestígiosquem é o dono da arbetycor na pele e nas roupas da estátua. As cinzas do vulcão que a cobriramquem é o dono da arbety79 d.C. tinham preservado parcialmente as cores.

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O arqueólogo e historiador Johann Winckelmann, considerado um dos pais da História da Arte Clássica, viu a estátua dois anos após a descoberta e pôde constatar a existênciaquem é o dono da arbetycor.

Muitos dizem que Winckelmann se recusou a aceitar que a estátua era grega. Para ele, a Artemisquem é o dono da arbetyPompeia, era provavelmente etrusca, uma civilização mais antiga, e considerada por ele menos sofisticada do que a grega, que ele e seus contemporâneos admiravam.

Anos depois, o especialista deu o braço a torcer. Definiu Artemis como fruto do início da arte grega. Sua conclusão, no entanto, permaneceu sem ser publicada por dois séculos - até 2008. Alguns acham que a demora foi proposital.

O afrescoquem é o dono da arbetyPompeia mostra uma pintora pintando uma estátua, 55-79 A.D.

Crédito, DEA Picture Library/De Agostini via Getty Images

Legenda da foto, O afrescoquem é o dono da arbetyPompeia mostra uma pintora pintando uma estátua, 55-79 A.D.

E as provas não vieram apenas com Artemis. Um afresco, também descobertoquem é o dono da arbetyPompeia, mostra uma mulher claramente pintando uma estátua, e com muitas cores.

A ausênciaquem é o dono da arbetycor como símboloquem é o dono da arbetysofisticação

Em 1810, algumas décadas depois da descoberta da estátuaquem é o dono da arbetyArtemis, o famoso poeta alemão e estudante da arte grega Johan Wolfgang Goethe, publicou o livro Teoria das Cores.

Ele escreveu: "…nações selvagens, povos primitivos e crianças sentem grande atração por cores vivas, os animais se enfurecem com certas cores, e homens sofisticados evitam cores vivas nas roupas e no ambiente que os cerca, procurandoquem é o dono da arbetygeral delas se afastar."

O poeta J.W. Goethe escreveu que “homens sofisticados evitam cores”quem é o dono da arbety1810

Crédito, Bildagentur-online/Universal Images Group via Gett

Legenda da foto, O poeta J.W. Goethe escreveu que “homens sofisticados evitam cores”quem é o dono da arbety1810 (Bildagentur-online/Universal Images Group via Getty Images, Getty Images, BBC)

Mas Goethe, que considerava a Grécia Antiga o ápice da civilização, foi rebatido pelos fatos no mesmo anoquem é o dono da arbetyque publicou seu livro.

Foi o anoquem é o dono da arbetyque o temploquem é o dono da arbetyAfaia, na ilha gregaquem é o dono da arbetyEgina, foi descobertoquem é o dono da arbetybom estadoquem é o dono da arbetyconservação. As cores eram visíveis a olho nu.

O Arqueiro, por exemplo, fez parte desse templo. É óbvio que, quando a estátua foi achada, as cores não eram mais tão fortes como na versão restaurada por Brinkmann. Mas mesmo assim eram inegavelmente visíveis na época.

Ou seja, o temploquem é o dono da arbetyAfaia emergiuquem é o dono da arbetyescavações praticamente dizendo a Goethe: Você está enganado.

"Ele sabia disso, mas menosprezou. Ele está francamente declarando ser ignorante. 'Eu sei, mas não quero saber.' E isso é algo que vemos ainda hoje todos os dias. Tantas pessoas e colegas dizem 'tudo bem, você pode estar certo, mas essa não é a minha Antiguidade. Minha Antiguidade… Eles têm suas próprias Antiguidades! As Antiguidadesquem é o dono da arbetycada um: e Goethe tinha aquem é o dono da arbety", diz Brinkmann.

Novas escavações no século 19 mostraram claramente o uso da cor na Antiguidade. Estudosquem é o dono da arbetyobras antigas foram publicadas, como as do arquiteto Ernst Ziller.

Estudosquem é o dono da arbetycores da antiguidadequem é o dono da arbetyErnst Ziller

Crédito, Galeria Nacional Atenas

Legenda da foto, Estudosquem é o dono da arbetycores da antiguidadequem é o dono da arbetyErnst Ziller do começo do século 19
Pintura da Acrópolequem é o dono da arbetycor,quem é o dono da arbetyLeo von Klenze,quem é o dono da arbety1846, uma reconstrução baseada no conhecimento da época

Crédito, Bayerische Staatsgemäldesammlung

Legenda da foto, Pintura da Acrópolequem é o dono da arbetycor,quem é o dono da arbetyLeo von Klenze,quem é o dono da arbety1846, uma reconstrução baseada no conhecimento da época

Distorção do ideal estético

Portanto, é justo dizer que no fim do século 19 ficou evidente que a Antiguidade era colorida. Mas, apesarquem é o dono da arbetytodas essas descobertas, nosso gosto continuou sendo moldado por uma estética sem cores quando se pensa na Grécia Antiga.

"Os museus e os especialistas não informaram o público sobre cores e ornamentos nas estátuas, uma vez que cores e ornamentos estavamquem é o dono da arbetycerto ponto limitados a culturas não europeias, sem seriedade, folclóricas", afirma Brinkmann.

Mármore da Acrópole no Museu Britânicoquem é o dono da arbetyLondres, 1949

Crédito, Hulton-Deutsch Collection/CORBIS/Corbis via Getty

Legenda da foto, Mármore da Acrópole no Museu Britânicoquem é o dono da arbetyLondres, 1949 (Hulton-Deutsch Collection/CORBIS/Corbis via Getty Images)

Ainda assim, a desvalorização da cor prosseguiu. Basta dizer quequem é o dono da arbety1938, o Museu Britânicoquem é o dono da arbetyLondres aplicou um intenso polimento numa peçaquem é o dono da arbetymármore retirado da Acrópole,quem é o dono da arbetyAtenas, até que ficasse branca e brilhante.

Fico pensando o que meus antepassados achariam disso. Emquem é o dono da arbetyversão original, a Acrópole era uma festaquem é o dono da arbetycor.

Segundo Brinkmann, nosso ideal estético foi distorcido mais do que nunca no século 20, e por motivos políticos.

Ele cita o arquiteto austríaco Adolf Loos, um influente teórico da arquitetura moderna que chegou a comparar o uso da cor a um crime.

"O arquiteto Adolf Loos, que é altamente ideológico, afirma que cor e ornamento são crimesquem é o dono da arbetyuma maneira muito grosseira e louca. É um absurdo"

Imagem do arquiteto Adolf Loos

Crédito, Imagno, T. Fleischmann/ullstain bild via Getty Ima

Legenda da foto, O arquiteto Adolf Loos, que fez a palestra “Ornamento e Crime”quem é o dono da arbety1913, cujo pôster pode se ver na imagem à esquerda (Imagem do pôster: Imagno/Getty Images, imagemquem é o dono da arbetyLoos: Trude Fleischmann/ullstein bild via Getty Images)

Loos chegou ao pontoquem é o dono da arbetyassociar um sensoquem é o dono da arbety"imoralidade" ao ornamento, descrevendo-o como "degenerado". Na opiniãoquem é o dono da arbetyLoos é necessário suprimir a cor e a ornamentação para que uma sociedade seja definida como moderna.

"Olhando para o início do século 20, conseguimos entender como essa nova postura radicalquem é o dono da arbetyestética foi desenvolvida, passo a passo. O fascismo europeu contribuiu muito com isso, por meioquem é o dono da arbetyuma forte relutânciaquem é o dono da arbetyaceitar formas detalhadas, ornamentos, e o usoquem é o dono da arbetycores diferentes.", afirma Brinkmann.

Ele explica que uma figura colorida reflete melhor as emoções individuais. Já, sobre uma única cor, com frequência o branco, é possível projetar qualquer ideologia.

Assim como para Loos e até mesmo Goethe, para os nazistas a inexistênciaquem é o dono da arbetycor refletia um homem mais moderno, sofisticado e superior. E isso foi usado para justificar suas ideologias mortais.

Hitlerquem é o dono da arbetyfrente a estátua do Discóbolo

Crédito, Library of Congress/Corbis/VCG via Getty Image

Legenda da foto, Hitlerquem é o dono da arbetyfrente da estátua do Discóbolo (Library of Congress/Corbis/VCG via Getty Images)
Transporte do imenso bloco que serviráquem é o dono da arbetypedestal para a estátuaquem é o dono da arbetymármorequem é o dono da arbetyMussolini,quem é o dono da arbety1930

Crédito, Keystone-France \ Gamma-Rapho via Getty Images

Legenda da foto, Em Roma, uma multidão acompanha o transporte do imenso bloco que serviráquem é o dono da arbetypedestal para a estátuaquem é o dono da arbetymármorequem é o dono da arbetyMussolini,quem é o dono da arbety1930. (Keystone-France \ Gamma-Rapho via Getty Images)

Mark Abbe, da Universidade da Geórgia (Estados Unidos), descreve: "esses trabalhos foram encarados como exemplos artísticos para modelos universais e eternosquem é o dono da arbetybeleza e caráter ético para a atual era. E isso continua: ainda erguemos estátuasquem é o dono da arbetymármore, todas brancas, para prestar as mais elevadas honras na sociedade contemporânea".

Martin Luther King, Jr. Memorialquem é o dono da arbetyWashington

Crédito, Arquivo BBC

Legenda da foto, Martin Luther King, Jr. Memorialquem é o dono da arbetyWashington

A exposição Deusesquem é o dono da arbetyCor já foi exibida na Grécia. No berço dessa arte, a recepção foi mista comoquem é o dono da arbetyoutras partes do mundo.

Mas, segundo a arqueóloga Hariclia Brekoulaki, ela serviu para desenterrar também o interesse dos gregos por seu próprio passado. Um passado colorido.

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"Teve uma repercussão importante. Algo como o que Vinzenz construiu comquem é o dono da arbetyequipe na Alemanha infelizmente não existe na Grécia. Ainda. Espero, que com o passar do tempo, tenhamos mais iniciativas como essa. Inclusive nos museus que as obras se encontram. A ideiaquem é o dono da arbetyque a cor é importante equem é o dono da arbetyque precisamos estudá-la entrou na cabeça dos diretoresquem é o dono da arbetymuseus, e dos pesquisadores", reflete Brekoulaki.

"Devemos continuar a procurar outros mal-entendidos"

Brinkmann celebra a recolorização da antiguidade grega.

"No primeiro olhar, há um choque porque entraquem é o dono da arbetyconflito com suas expectativas. E no começo você pensa que as cores são fortes demais. E aí você volta e olha novamente, e essa impressão começa a se desfazer. Tem gente que entraquem é o dono da arbetynossa exposição com uma posturaquem é o dono da arbetyque esse é um modelo intelectual. E a ideia é descartada. Mas outras pessoas começam a pensar. Saem da exposição e percebem o grande mal-entendido, então devemos continuar a procurar outros mal-entendidos. E isso é lindo".

Línea

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