O comportamentosportbrasil betrisco dos adultos que torna ainda mais desafiadora a reaberturasportbrasil betescolas:sportbrasil bet

Crédito, EPA

Legenda da foto, Comportamentosportbrasil betadultos pode influenciar a segurança sanitária dentrosportbrasil betescolas; acima, crianças chegando à escolasportbrasil betJerusalém,sportbrasil bet21sportbrasil betfevereiro

Durante toda a pandemia, Angoulvant e 12 colegas têm estudado o comportamentosportbrasil betdoenças infecciosassportbrasil betcrianças e adolescentessportbrasil betParis, a partir dos dadossportbrasil bet972 mil atendimentossportbrasil betseis pronto-socorros infantis da capital francesa e arredores, entre 2017 e 2020.

Durante o primeiro lockdown na França,sportbrasil betjunho e julho, quando as escolas ficaram fechadas, as visitas e internaçõessportbrasil betpronto-socorros pediátricos caíram, respectivamente, 68% e 45%sportbrasil betrelação a anos anteriores — ou seja, as crianças ficaram muito menos doentessportbrasil betmodo geral,sportbrasil betmales como bronquiolite ou gripe, por exemplo.

Quando o lockdown foi aliviado para todos e as escolas reabriram, esses atendimentos pediátricos voltaram a subir, à medida que os franceses relaxaram nas medidassportbrasil betdistanciamento social.

No entanto, no segundo lockdown francês, as escolas se mantiveram abertas com medidassportbrasil betcontrole, mas o governo endureceu o isolamento para a população adulta. Daí, mesmo com as aulas presenciaissportbrasil betcurso, as infecções infantis voltaram a cairsportbrasil betParis.

As "lições inesperadas" desses resultados, diz Angoulvant, sãosportbrasil betque o adulto tem um papel fundamental na transmissãosportbrasil betdoenças infecciosas para as crianças, e isso é particularmente importante no caso da covid-19 — uma vez que estudos até agora apontam que criançassportbrasil betaté dez anos adquirem e transmitem o vírus com muito menos frequência do que as mais velhas ou os adultos.

Responsabilidade

As conclusões dos pesquisadores franceses são reforçadas por um levantamentosportbrasil betoutubrosportbrasil bet2020 da OMS, compilando estudos e informações globais a respeito da volta às aulas.

Crédito, EPA

Legenda da foto, Estados como São Paulo deram início recentemente à volta às aulas presenciais; outros recuaram, diante do aumentosportbrasil betcasos e da saturação dos sistemassportbrasil betsaúde

Destacando que os estudos até agora têm alcance limitado, a OMS afirmou que, nos surtos identificados dentrosportbrasil betescolas, "na maioria dos casossportbrasil betcovid-19sportbrasil betcrianças a infecção foi adquirida dentrosportbrasil betcasa".

"Nos surtos escolares, a probabilidade maior erasportbrasil betque o vírus tivesse sido introduzido por adultos", prossegue o documento.

"A transmissão funcionário-para-funcionário foi a mais comum; (a transmissão) entre funcionários e estudantes foi menos comum; a mais rara foisportbrasil betestudante para estudante."

Em última instância, portanto, manter a segurança sanitária das escolas abertas é obrigação primordialsportbrasil betgestores, mas também responsabilidade coletivasportbrasil bettoda a sociedade, explicam os especialistas.

Aglomerações, deslizes no usosportbrasil betmáscara ou outros comportamentossportbrasil betrisco adotados por adultos que têm contato (mesmo que pequeno ou esporádico) com crianças podem acabar, inadvertidamente, levando o coronavírus para dentro do ambiente escolar.

O riscosportbrasil bet'baixar a guarda'

François Angoulvant diz que esse risco aumenta quando os adultos, às vezes sem querer, baixam a guarda nas medidas básicassportbrasil betdistanciamento social. É o que ele observa na França.

"Temos esse problema até com profissionaissportbrasil betsaúde. Nos focos ocorridos entre eles, na maioria das vezes (o coronavírus) não veio dos pacientes, mas (da interação entre) os próprios profissionais - por exemplo, quando almoçam juntas ou tomam café, lado a lado, oito pessoas na mesma sala", explica.

"Quando estão interagindo com os pacientes, eles (profissionaissportbrasil betsaúde) colocam máscaras e tomam todos os cuidados. Mas entre si, eles relaxam. Isso vale para qualquer profissão, quando se adotam comportamentossportbrasil betrisco", prossegue o médico.

"Quando a variante britânica do coronavírus (considerada mais infecciosa) chegou à França, uma das infectadas era uma francesa que morava no Reino Unido e estavasportbrasil betfériassportbrasil betMarselha. Em uma semana, essa mulher havia feito contato com outras 42 pessoas. Quarenta e duas pessoas! São mais (contatos interpessoais) do que eu façosportbrasil bettrês meses. As pessoas precisam ser responsáveis."

De modo geral, os dados internacionais têm mostrado que o nívelsportbrasil betcontaminação entre crianças acompanha o dos adultos - ou seja, sobe ou desce, emborasportbrasil betmenor quantidade, à medida que a quantidadesportbrasil betinfecções sobe ou desce entre adultos.

"Elas (crianças) parecem mais seguir a situação do que impulsioná-la", disse à revista Nature o epidemiologista Walter Haas, do Instituto Robert Koch,sportbrasil betBerlim.

Desse modo, os estudos apontam que um ambiente escolar com condições sanitárias adequadas, boa ventilação, restrições ao númerosportbrasil betpessoas e medidassportbrasil betdistanciamento social não ofereceria um risco excessivo para professores e demais profissionais.

"Todos estamossportbrasil betrisco, mas acho que se você trabalhasportbrasil betum supermercado corre mais risco do que se trabalhasportbrasil betuma escola", defende o francês Angoulvant.

No entanto, muitos estudos só recomendam a volta às aulas presenciais quando a transmissão comunitária está sob controle na comunidade - o que não é o caso do Brasil no momento, que bateu na quinta-feira a marcasportbrasil betmaissportbrasil bet1,5 mil mortes por covid-19sportbrasil bet24h. Diantesportbrasil betUTIs lotadas, alguns Estados e municípios decidiram adiar a reaberturasportbrasil betsuas escolas.

Além disso, muitos educadores brasileiros rejeitam comparações com outros países, afirmando que esses paralelos não levamsportbrasil betconta as desigualdades sociais daqui ou deficiências do poder público emsportbrasil betobrigaçãosportbrasil betgarantir as medidas sanitárias básicas nas escolas.

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Na França, infecçõessportbrasil betgeral caíram entre crianças enquanto o país estevesportbrasil betlockdown, mesmo quando as escolas permaneceram abertas

O que traz preocupações adicionais, principalmente no momentosportbrasil betque os níveissportbrasil betcontágio continuam alto pelo país, com números exorbitantessportbrasil betinfecções e mortes.

Aqui no Brasil,sportbrasil betmodo geral, não é fácil - nem historicamente nem agora, no caso da covid-19 - averiguar a direção do contágio entre crianças, explica à BBC News Brasil o epidemiologista Paulo Lotufo, professor da Faculdadesportbrasil betMedicina da USP.

"No caso da covid-19, ainda é uma doença muito recente para termos muitas informações, e a volta às aulas tem sido muito heterogênea (entre os diferentes Estados e municípios)", diz.

"Mas a gente sabe há muito tempo que a volta às aulas do verão, mais do que a do inverno, costuma ocorrer depoissportbrasil betas crianças terem feito viagens - e isso pode trazer consigo um mixsportbrasil betvírus e bactérias."

No entanto, é indiscutível, diz Lotufo, que as ações dos adultos podem ter efeitos colaterais dentro das escolas. "A responsabilidade do adulto sempre foi crucial (nesta pandemia). Aquele tio que aparece para jantar pode contaminar o sobrinho, que contamina cinco amigos na escola e que levam o vírus para os pais", diz.

E esse ciclo pode eventualmente tornar a salasportbrasil betaula um foco do novo coronavírus, principalmente se não for adotado um protocolo rígido pelas escolas e respeitado pelos pais, alunos e equipes.

Isso tem sido cobrado do poder público por entidades representantessportbrasil beteducadores.

"Nós continuamos bastante preocupados com a situação da pandemiasportbrasil betnosso país. Não observamos alteração da condição política nem segurança sanitária para fazer um retorno às aulas presenciais", disse o presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadoressportbrasil betEducação (CNTE), Heleno Manoel Gomes Araújo Filho,sportbrasil betentrevista recente à Agência Brasil.

Do lado dos pais, apenas uma minoria (19%) disse confiar "muito" na capacidadesportbrasil betescolas públicas brasileiras se adequarem aos protocolossportbrasil betsegurança sanitária na reabertura, segundo pesquisa do Datafolha feita com 1.015 pais e responsáveis entre novembro e dezembro, sob encomendasportbrasil betfundações educacionais.

Ao mesmo tempo, ao menos 65% deles temiam os efeitos das escolas fechadas no desenvolvimentosportbrasil betseus filhos, após quase um ano sem aulas presenciais.

No âmbito das escolas particulares, sindicatossportbrasil betprofessores acusam alguns estabelecimentossportbrasil betensinosportbrasil betestarem autorizando mais alunos nas aulas presenciais do que o permitido pelas autoridadessportbrasil betsaúde.

O impacto das novas variantes do coronavírus

Todo esse cenário pode ser agravado pelas novas variantes do coronavírussportbrasil betcirculação no Brasil e no mundo.

Crédito, Reuters

Legenda da foto, Em Israel, há preocupação com variantes do coronavírus encontrarem brechas entre crianças, à medida que a população adulta se vacina

Um ponto importante, diz François Angoulvant, é que dados vindos do Reino Unido - onde as escolas foram temporariamente fechadas na tentativasportbrasil betconter o avanço da variante britânica - parecem indicar que as crianças continuam sendo transmissoras menos eficientes do que os adultos.

"Crianças com a variante britânica são mais contagiosas, mas muito menos do que adultos", diz o especialista francês. "No Reino Unido, o númerosportbrasil betcrianças infectadas aumentou, apesarsportbrasil beta escola estar fechada. O que,sportbrasil betnovo, mostra que as crianças a maior parte do tempo são infectadas por adultos."

No entanto, à medida que mais adultos são vacinados contra o novo coronavírus no mundo, uma preocupação crescente ésportbrasil betque novas variantes se desenvolvam justamente entre crianças - um público que por enquanto não tem previsãosportbrasil betser vacinado, uma vez que não há testes concluídos sobre a segurança e a eficácia da vacina nele.

É o que tem acontecidosportbrasil betIsrael, onde a maioria da população adulta já foi vacinada contra a covid-19.

"As crianças representam uma proporção maior das infecções do que no início da pandemia, possivelmente por causa das novas variantes e pelo fatosportbrasil betque uma proporção significativa dos adultos já foi vacinada", aponta reportagemsportbrasil bet18sportbrasil betfevereiro do jornal Times of Israel.

Três dias depois, o Ministério da Educação israelense anunciou que estava colocando 27,6 mil crianças do paíssportbrasil betquarentena.

"Isso (contaminação entre jovens) é algo que não tínhamos visto nas ondas prévias do coronavírus", afirmou o ministro da Saúde, Yuli Edelstein, ao Jerusalem Post.

Síndrome inflamatória multissistêmica

E, se a contaminação cresce na população infantil, um possível desdobramento preocupante é que haja mais casossportbrasil betsíndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), uma rara, mas perigosa doença que acomete uma pequena parcela das crianças e adolescentes que entramsportbrasil betcontato com o Sars-CoV-2.

Em geral, essas crianças adoecidas passam sem dificuldades pela covid-19 (muitas vezes, assintomáticas ou apenas com sintomas leves), mas algumas semanas depois da infecção desenvolvem sintomas mais graves, como febre persistente (ao menos três dias), mal-estar e,sportbrasil betparte dos casos, problemas gastrointestinais (como diarreia, vômito e dores abdominais), manchas e coceiras no corpo e conjuntivite.

No caso desses sintomas, é preciso procurar urgentemente o atendimento médico, uma vez que a síndrome pode atacar múltiplos órgãos simultaneamente - causando problemas cardíacos, renais, respiratórios, gástricos, entre outros, informam os CDCs, centros americanossportbrasil betcontrolesportbrasil betdoenças.

Nos EUA, os CDCs identificaram, até 8sportbrasil betfevereiro, 2.060 casossportbrasil betSIM-P, com 30 mortes. No Brasil, o Boletim Epidemiológico mais recente do Ministério da Saúde,sportbrasil betoutubrosportbrasil bet2020, identificou 319 casos entre criançassportbrasil betadolescentessportbrasil bet0 a 19 anos, com 23 mortes.

O mais importante no caso da SIM-P é buscar atendimento rápido no casosportbrasil betsintomas persistentes, afirma François Angoulvant, que também é coautorsportbrasil betum estudo recém-publicado no periódico JAMA sobre o tratamento da doença.

Segundo o estudo, um tratamento ágil, incluindo corticosteroides, consegue prevenir o agravamento dos quadros.

"Se identificamos mais cedo, tratamos mais cedo, diminui-se muito a necessidadesportbrasil betUTI e a melhora é mais rápida", diz Angoulvant. Ele ressalta, porém, que por enquanto a SIM-P continua sendo rara: atingesportbrasil bettornosportbrasil betuma criança a cada 10 mil.

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