Caso Jacob Blake: como protestos contra violência policial estão influenciando eleição nos EUA:saque h2bet

Na noitesaque h2betterça-feira (25/08), duas pessoas foram mortas a tiros e uma ficou ferida, depois que manifestantes foram confrontados por homens brancos armados descritos pela polícia local como uma "milícia". O acusado dos disparos é um adolescentesaque h2bet17 anos.

Enquanto o ex-vice-presidente democrata Joe Biden, oficializado como candidatosaque h2betseu partidosaque h2betconvenção na semana passada, reagiu aos acontecimentos dos últimos dias com críticas à violência policial, Trump e outros republicanos têm buscado reforçar a imagem dos protestos como focosaque h2betsaques e depredações e emsaque h2betmensagemsaque h2bet"lei e ordem".

"Eles estão realmente focando nos saques, violência, vandalismo", diz à BBC News Brasil o cientista político Todd Belt, professor da George Washington University,saque h2betWashington.

"E estão tentando usar isso para focar nos aspectossaque h2betlei e ordem, para não teremsaque h2betabordar as questõessaque h2betdireitos civis", observa.

Estratégia

Segundo Belt e outros cientistas políticos, o objetivo dessa estratégia é conquistar os eleitores dos subúrbios residenciaissaque h2betmaioria branca que abandonaram o Partido Republicano recentemente e que moramsaque h2betEstados cruciais para uma vitória na eleiçãosaque h2bet3saque h2betnovembro.

Uma vitóriasaque h2betWisconsin, um dos chamados Estados-pêndulo (que podem pender tanto para o lado democrata quanto republicano), é considerada essencial para que Trump permaneça na Casa Branca.

Em 2016, Trump venceu no Estado com menossaque h2bet23 mil votossaque h2betvantagem sobresaque h2betadversária democrata, Hillary Clinton. No condadosaque h2betKenosha, Trump venceu por apenas 238 votos.

Pesquisassaque h2betintençãosaque h2betvoto mostram Biden com 49% no Estado, cinco pontos percentuais à frentesaque h2betTrump, que tem 44%. Outras pesquisas também indicam 58% dos eleitores registrados no Estado não aprovam a respostasaque h2betTrump à pandemiasaque h2betcovid-19, a doença causada pelo novo coronavírus.

Os Estados Unidos são o principal epicentro da pandemia, com maissaque h2bet6 milhõessaque h2betcasos confirmados, maissaque h2bet183 mil mortes, uma grave crise econômica e a taxasaque h2betdesemprego mais alta desde a Grande Depressão.

A pandemia também expôs as desigualdades raciais do país, com taxasaque h2betmortalidade desproporcionalmente alta entre negros e latinos.

"Trump gostaria que a mensagem da campanha fosse asaque h2betque os democratas vão trazer anarquia, protestos, loucuras, e que ele será o pontosaque h2betestabilidade. E não sobre coronavírus e pandemia e o fatosaque h2betque ainda não saímos disso", diz à BBC News Brasil o cientista político Hans Noel, professor da Universidadesaque h2betGeorgetown,saque h2betWashington.

"E ele vai tentar virar as coisas nessa direção", ressalta Noel.

Mensagem

Essa mensagem foi repetida por diversos republicanos que participaram dos primeiros dias da convenção nacional desta semana.

Na noite segunda-feira (24/08), o filho mais velho do presidente, Donald Trump Jr., disse que as ruas do país estão sendo "inundadas por anarquistas" enquanto "prefeitos democratas estão ordenando à polícia que se retire".

Um dos destaques da noite foi o depoimento do casal Mark e Patricia McCloskey. Eles ficaram famosossaque h2betjunho, depoissaque h2betaparecersaque h2betum vídeo apontando suas armas contra manifestantes que passavam pertosaque h2betsua casasaque h2betSt. Louis.

"Não importa onde você viva,saque h2betfamília não estará segura na América dos democratas radicais", disse Patricia no depoimentosaque h2betvídeo.

Pelo Twitter, o presidente disse na quarta-feira (26/08) que vai enviar agentes federais e a guarda nacional para "restaurar a lei e ordem"saque h2betKenosha.

O governo federal já enviou anteriormente agentes federais a outras cidadessaque h2betque houve violência nos protestos, entre elas Portland, onde manifestações ocorreram ininterruptamente desde maio e onde a presença desses agentes foi recebida com mais protestos.

Risco

A ondasaque h2betmanifestações contra racismo e violência policial foi desencadeada no finalsaque h2betmaio, quando George Floyd, um americano negro, foi morto sob custódiasaque h2betum policial brancosaque h2betMinneapolis.

Pesquisassaque h2betopinião indicam que a maioria dos americanos simpatiza com os manifestantes. Com isso, analistas alertam para o risco da estratégia republicana.

"Os protestos do Black Lives Matter são muito populares no país", salienta Noel, lembrando que muitas pessoas ficam chocadas e sensibilizadas ao ver vídeossaque h2betviolência policial contra americanos negrossaque h2betepisódios recentes.

Noel lembra ainda que Trump pode até tentar culpar Biden, mas é ele o presidente no comando do país, não seu adversário democrata. Pesquisas revelam que a maioria dos eleitores considera Biden o melhor candidato para tratar do problema da injustiça racial.

"É uma questãosaque h2betaberto se essa mensagem (de Trump) vai ser eficaz ou vai sair pela culatra", afirma.

"Especialmente se Biden esclarecer, nos debates, que não é a favorsaque h2betviolência nemsaque h2betacabar com o financiamento da polícia", ressalta, referindo-se a um dos pontos defendidos por parte dos manifestantes, mas não pelo candidato democrata.

Apesarsaque h2betser considerado moderado pelo partido democrata, Biden costuma ser apresentado como "radical" por adversários republicanos.

Em seus comentários sobre o casosaque h2betKenosha, Biden disse que Blake foi "vítimasaque h2betforça excessiva" e que o episódio merece uma investigação "imediata, completa e transparente". Mas o democrata também condena a violênciasaque h2betmanifestações e diz que "destruir comunidades não é protesto, é violência desnecessária".

Washington

Noel e outros analistas afirmam que estudos sugerem que protestos violentos não ajudam a causa que defendem e acabam tendo efeito contrário. Para os analistas, Trump está apostando nessa hipótese.

Em Kenosha, as manifestações dos últimos dias começaramsaque h2betforma pacífica, mas acabaramsaque h2betcenassaque h2betdestruição durante a noite. Manifestantes jogaram garrafas, pedras e rojões contra a polícia, que respondeu com gás lacrimogêneo e balassaque h2betborracha.

Manifestantes também entraramsaque h2betconfronto com grupossaque h2bethomens fortemente armados que, segundo testemunhas, diziam ter ido à cidade para proteger propriedades e manifestar apoio à polícia.

Também houve relatossaque h2betviolênciasaque h2betoutras cidades nos últimos dias, massaque h2betmenor escala. Em Portland, 23 pessoas foram presas.

Em Washington, manifestantes gritando "silênciosaque h2betbrancos é violência" cercaram uma mulher que estavasaque h2betum restaurante e se recusou a levantar o punho para demonstrar solidariedade ao protesto,saque h2betum episódio capturadosaque h2betvídeo e que provocou críticas nas redes sociais.

Belt ressalta que manifestações previstas para a capital americana nesta sexta-feira, data que marca o aniversário da Marcha a Washington, comandada por Martin Luther Kingsaque h2bet1963, podem ter grande impacto na campanha eleitoral.

"Acho que muito vai dependersaque h2betquão pacífica será essa marcha. Se for pacífica, e se os defensoressaque h2betdireitos civis conseguirem se distanciar da violência, pode ajudar Biden. Mas se houver pessoas recorrendo a táticas mais agressivas, isso pode beneficiar Trump", afirma Belt.

O cientista político lembra que a estratégiasaque h2betfocar na violênciasaque h2betprotestos já foi usada por vários políticos no passado.

"O medosaque h2betviolência é um motivador muito forte quando se tratasaque h2betvotar", afirma.