Coronavírus na escola: o que diz a ciência sobre os riscos da volta às aulas?:bonus primeiro deposito
Em termos gerais, as pesquisas sugerem que pode ser seguro reabrir escolas onde não há grandes surtos da doença, mas que seria necessário manter medidas como distanciamento social. Além disso, seria vital ter um bom sistemabonus primeiro depositotestes ebonus primeiro depositorastreamentobonus primeiro depositocontatos — algo que inexistebonus primeiro depositodiversos lugares, como no Brasil.
Os estudos também mostram que professores, funcionários e alunosbonus primeiro depositoescolas secundárias estãobonus primeiro depositomaior risco que crianças pequenasbonus primeiro depositocontrair a covid-19 — e que esses riscos não são nada desprezíveis.
Também está comprovado que diversas escolas no mundo — tanto primárias, quanto secundárias — registraram grandes surtos da doença.
No Brasil a maioria das escolas permanece fechada e sem previsão sequerbonus primeiro depositoquando vão reabrir. Mas já há alguns planos mais avançados.
No Riobonus primeiro depositoJaneiro, algumas escolas da rede privada já retomaram suas atividadesbonus primeiro depositoagosto — mas com relatosbonus primeiro depositopouca presençabonus primeiro depositoalunos e processos na justiça contra a reabertura. Alguns sindicatosbonus primeiro depositoprofessores estãobonus primeiro depositogreve contra a reabertura.
Em São Paulo, o governo estadual chegou a anunciar o dia 8bonus primeiro depositosetembro como o previsto para reabertura, mas isso ainda não foi confirmado.
No hemisfério norte, setembro coincide com o começo do ano letivo e muitos países já anunciaram que vão reabrir, mesmobonus primeiro depositomeio a temoresbonus primeiro depositoque uma segunda ondabonus primeiro depositocoronavírus pode estar começando.
No Reino Unido, o governo disse quebonus primeiro depositoprioridade máxima é retomar as aulas a partirbonus primeiro depositosetembro, e estuda até fechar outros segmentos da economia (como bares e restaurantes) como contrapartida para a reabertura das escolas.
O governo britânico também indicou que pode multar pais que não levarem seus filhos à escola, o que provocou reações fortes da sociedade. Um sindicato que representa 300 mil professores exige maiores garantiasbonus primeiro depositoque haverá segurança no retorno às aulas.
A imprensa local noticiou o casobonus primeiro depositouma mãe que já economizou 4 mil libras (maisbonus primeiro depositoR$ 27 mil) para pagar multas, já que ela não pretende mandar seu filho para a escola.
A Unesco diz que, neste mês, 60% da população estudantil do mundo está sofrendo com o fechamentobonus primeiro depositoescolas — e que esse índice chegou a 90%bonus primeiro depositoabril. Foram poucos países — como Taiwan, Suécia e Nicarágua — que decidiram manter suas escolas abertas durante a pandemia.
Desde março, diversos estudos já foram publicados com dados empíricos coletados nesta pandemia que tentam responder essas perguntas. Os governos têm se debruçado sobre essas pesquisas para tomar suas decisões — mas a questão ébonus primeiro depositodifícil solução e não existe um consenso sobre qual seria o melhor caminho a seguir.
É arriscado?
A primeira pergunta na cabeça dos pais é: meu filho pode pegar covid-19 na escola?
Uma das mais recentes pesquisas sobre o tema foi publicada esta semana na revista científica The Lancet Child & Adolescent Health. E ela sugere que escolas podem reabrir onde houver outras formasbonus primeiro depositose controlar a pandemia, como distanciamento social.
Foram analisadas as escolas do Estado mais populoso da Austrália, New South Wales, entre os mesesbonus primeiro depositojaneiro e abril, quando a pandemia começou no país e atingiu seu pico. Nesse período, a maior parte das escolas ficaram abertas, mesmo quandobonus primeiro depositooutros segmentos da sociedade eram registrados grandes surtos da doença.
O estudo liderado por uma pesquisadora do Centro Nacional para Pesquisa e Monitoramentobonus primeiro depositoImunidade sugere que as escolas não foram grande focobonus primeiro depositoinfecçãobonus primeiro depositocoronavírus, com apenas 25 escolas registrando casosbonus primeiro depositoum universobonus primeiro deposito7,7 mil instituições — ou seja, menosbonus primeiro deposito1%.
O riscobonus primeiro depositoinfecção entre as crianças foi considerado pequeno.
A situação mais preocupante era abonus primeiro depositoprofessores e funcionários. Eles correspondem a apenas 10% da população escolar, mas responderam por 56% dos casosbonus primeiro depositocovid-19 registradosbonus primeiro depositoescolas.
Os autores do estudo foram explícitos nas suas conclusões: "nossas descobertas fornecem evidênciasbonus primeiro depositoque a transmissãobonus primeiro depositoSars-CoV-2bonus primeiro depositoambientes educacionais pode ser mantidabonus primeiro depositobaixo nível no contextobonus primeiro depositouma resposta eficaz à epidemia".
"Onde medidasbonus primeiro depositomitigação da pandemia resultambonus primeiro depositoum controle forte da doença, nós prevemos que escolas podem ser mantidas abertasbonus primeiro depositoforma segura, para o bem educacional, social e econômico da comunidade enquanto nos adaptamos para viver com a covid-19."
Uma outra pesquisa das agênciasbonus primeiro depositosaúde pública da Suécia e da Finlândia também afirma que o contágiobonus primeiro depositocrianças não foi significativo durante a pandemia.
A Suécia e a Finlândia tiveram estratégias opostas durante a pandemia: os finlandeses fecharam suas escolasbonus primeiro depositomarço a maio; os suecos mantiveram escolas primárias abertas (secundárias e faculdades fecharam a partirbonus primeiro deposito17bonus primeiro depositomarço).
O relatório — que não passou por revisãobonus primeiro depositopares — diz que as diferentes estratégias produziram resultados semelhantes: baixo númerobonus primeiro depositocontágiobonus primeiro depositopessoasbonus primeiro deposito1 a 19 anos, raros casosbonus primeiro depositointernaçãobonus primeiro depositoUTI e nenhuma morte.
"Em conclusão, fechar ou não escolas não teve impacto mensurável no númerobonus primeiro depositocasos confirmadosbonus primeiro depositolaboratóriobonus primeiro depositocriançasbonus primeiro depositoidade escolar na Suécia e Finlândia."
Mas nem todos os estudos caminham na mesma direção.
Uma pesquisa feita nos Estados Unidos e publicada no mês passado sugere que crianças desempenham um papel importante na disseminaçãobonus primeiro depositodoenças respiratóriasbonus primeiro depositopandemias.
"Crianças são geralmente importantes transmissorasbonus primeiro depositoepidemias virais como a influenza porque elas passam períodos longosbonus primeiro depositomuita proximidade com outras criançasbonus primeiro depositoescolas e durante atividades físicas", escrevem os cientistas do Hospital Infantilbonus primeiro depositoCincinnati, no Estado americanobonus primeiro depositoOhio, para a revista científica Journal of the American Medical Association (Jama).
Eles analisaram o fechamentobonus primeiro depositoescolasbonus primeiro deposito50 Estados americanos entre março e maio. O estudo indica que, após o fechamento das escolas, houve uma queda,bonus primeiro depositomédia,bonus primeiro deposito62% no númerobonus primeiro depositocasos e 58% no númerobonus primeiro depositomortos — mas faz a ressalvabonus primeiro depositoque outras medidas concomitantes contribuíram para esses percentuais.
Um problema específico da covid-19 é que cientistas acreditam que muitas crianças são assintomáticas. Elas podem não estar apresentando sintomas da doença e mesmo assim agindo como propagadoras do vírus.
Surtos registrados
Mesmo com alguns estudos defendendo a reaberturabonus primeiro depositoinstituiçõesbonus primeiro depositoensino, há relatosbonus primeiro depositosurtosbonus primeiro depositoescolas pelo mundo, sobretudo nas secundárias, com alunos mais velhos.
Um dos maiores surtosbonus primeiro depositocoronavírus na Nova Zelândia aconteceubonus primeiro depositomarçobonus primeiro depositouma escola maristabonus primeiro depositoAuckland, com 96 casos relacionados. O caso começou com um professor contaminado, que teria espalhado o vírus para as demais pessoas. Em uma escola primária próxima, não houve casos.
Em Israel, uma escola secundáriabonus primeiro depositoJerusalém registrou contágiobonus primeiro deposito153 alunos e 25 professoresbonus primeiro depositomaio. A escola foi fechada e a imprensa local noticiou que um professor "super-disseminador" tinha sido a origem do surto.
Neste mês, no Estado americano da Geórgia, 260 funcionários da redebonus primeiro depositoescolas do condadobonus primeiro depositoGwinnett testaram positivo para covid-19 ou entrarambonus primeiro depositoquarentena por ter contato confirmado com infectados. Apesar disso, eles estão sendo obrigados a organizar a retomada das aulas nas próximas semanas, o que gerou protestos do sindicatobonus primeiro depositoprofessores.
Os relatosbonus primeiro depositocasosbonus primeiro depositocovid-19bonus primeiro depositoescolas primárias são mais raros, mas eles existem.
Segundo a revista Science, novebonus primeiro deposito11 criançasbonus primeiro depositouma salabonus primeiro depositoaulabonus primeiro depositoTrois-Riviere, no Canadá, foram contaminadas. Ebonus primeiro depositoJaffa,bonus primeiro depositoIsrael, 33 alunos e cinco professoresbonus primeiro depositouma escola primária pegaram covid-19.
Também houve casosbonus primeiro depositopré-escolas:bonus primeiro depositoToronto, Montreal e no Texas.
Mais recentemente um surtobonus primeiro depositoum acampamentobonus primeiro depositoverão no Estado americano da Geórgia revelou que crianças pequenas também foram contaminadas. O ambiente é diferente dobonus primeiro depositouma escola, já que as crianças dormiam juntas nas mesmas cabanas.
Mas cientistas alertam que o surto mostra que crianças pequenas não são imunes à doença.
"Essa investigação acrescenta dados às evidências que demonstram que criançasbonus primeiro depositotodas as idades são suscetíveis à infecção por Sars-CoV-2 e, ao contráriobonus primeiro depositorelatos anteriores, podem desempenhar um papel importante na transmissão", afirma um relatório do órgão americano Centers for Disease Control and Prevention.
Reabrir ou não?
O debate sobre se as escolas devem reabrir ou não segue intensobonus primeiro depositovários países.
No Reino Unido, a sociedadebonus primeiro depositopediatria enviou uma carta ao governo pedindo que a reabertura das escolas seja a prioridade número um da sociedade.
Os pediatras alertam para dois problemas. Primeiro, a faltabonus primeiro depositoaulas teria consequências graves para a saúde mental e desenvolvimento dos alunos. E segundo, ela agrava a desigualdadebonus primeiro depositooportunidades entre alunos, com crianças que vivembonus primeiro depositosituação econômica mais frágil não conseguindo acompanhar aulas online.
"Até agora, poucas crianças foram afetadas diretamente pela covid-19. Mas indiretamente, muitas crianças e jovens sofreram enormemente com o impacto da pandemia no seu cotidiano. São as nossas crianças mais vulneráveis, como asbonus primeiro depositofamíliasbonus primeiro depositodesvantagem ou com necessidades especiais, que sofrem mais", diz a pediatra Liz Marder, uma das profissionais que assinaram a carta.
O impacto econômico das escolas fechadas também é alvobonus primeiro depositoestudos. Muitos pais não estão podendo trabalhar para cuidarbonus primeiro depositoseus filhos, prejudicando a renda familiar.
E existe também um potencial danobonus primeiro depositolongo prazo para a economia. Um painel interdisciplinar da instituição britânica Royal Society afirma que o tempobonus primeiro depositoaula perdido terá impacto na educação e nas habilidades dos alunos, que estarão menos preparados para o mercadobonus primeiro depositotrabalho, podendo resultarbonus primeiro depositouma perda salarialbonus primeiro depositoaté 3% no futuro.
Um estudo austríaco afirma que a faltabonus primeiro depositoescola provocou uma redução salarial ao longobonus primeiro deposito40 anosbonus primeiro depositogerações que viveram durante a Segunda Guerra Mundial.
Todos esses fatores são levadosbonus primeiro depositoconsideração no debate sobre reabertura das escolas.
Mas muitos governos têm se guiado por um parâmetro para tomar suas decisões: saber se a reaberturabonus primeiro depositoescolas contribuiria para o aumento da pandemia no país.
Um estudo recente no Reino Unido diz que, no pior dos cenários, se as escolas reabrirembonus primeiro depositosetembro, a segunda ondabonus primeiro depositocoronavírus poderia atingir seu picobonus primeiro depositodezembro. A intensidade desse pico seriabonus primeiro depositoaté 2,3 vezes maior do que a primeira onda.
Mas o estudo também afirma que com um bom sistemabonus primeiro depositorastreamentobonus primeiro depositocontatos — algo que sequer existebonus primeiro depositopaíses como o Brasil atualmente — seria possível impedir uma segunda onda.
O modelo foi feito pela University College London e pela London School of Hygiene and Tropical Medicine e publicado na Lancet Child and Adolescent Health.
Há controvérsias sobre quantos contatosbonus primeiro depositopessoas contaminadas estão sendo rastreados no Reino Unido — críticos dizem que são apenas 50% dos contatos, mas autoridades afirmam que esse número é bem maior.
O estudo sugere que se as autoridades conseguirem detectar 75% dos casosbonus primeiro depositocovid-19 com testes e rastrear 68% dos contatosbonus primeiro depositocada pessoa infectada, uma segunda onda da doença poderia ser contida.
Um dos autores do estudo, Chris Bonell, disse que abonus primeiro depositopesquisa não deve servir como argumento para manter as escolas fechadas, mas sim para que o governo aprimore os sistemasbonus primeiro depositorastreamentobonus primeiro depositocontatos.
A reabertura das escolas também teria um efeito cascata na sociedade. Com mais escolas abertas, mais pais poderiam retomar seus trabalhos, e isso provocaria um aumento na circulaçãobonus primeiro depositopessoas.
As autoridades britânicas provocaram polêmica nessa semana ao sugerir que o país está próximo do seu limite máximobonus primeiro depositoreabertura da economia. De agorabonus primeiro depositodiante, o governo pode adotar fechamentosbonus primeiro depositodeterminados setores, para permitir que outros reabram.
Um cientista que aconselha o governo disse que bares e outras atividades na Inglaterra podem ter que fechar para permitir que escolas reabrambonus primeiro depositosetembro.
Como reabrirbonus primeiro depositoforma segura?
Enquanto cientistas e autoridades ainda debatem a reaberturabonus primeiro depositoescolas, professores, diretores e pais já se preparam para encarar a nova realidade.
O órgão americano Centers for Disease Control and Prevention (CDCP) tem um guia completo sobre como deve ser feita a reabertura.
A principal recomendação para todos é abonus primeiro depositomanter distanciamento social onde for possível e a constante higienização das mãos.
O usobonus primeiro depositomáscaras também é recomendado, com a ressalvabonus primeiro depositoque nem todos conseguem usá-lasbonus primeiro depositoforma adequada (como crianças muito pequenas ou pessoas que têm problemas respiratórios). O uso é especialmente recomendado para quando as crianças são levadas para escolabonus primeiro depositocarros e ônibus.
Novo normal
As escolas americanas estarão bem diferentes na volta às aulas. Haverá menos interação entre turmas e anos diferentes e haverá uma distribuição diferente entre ensino presencial e ensino online. Álcool gel e máscaras agora são parte da listabonus primeiro depositomaterial escolar.
Os pais devem monitorar sinaisbonus primeiro depositodoençabonus primeiro depositoseus filhos todas as manhãs e não enviá-los para escola diante da presençabonus primeiro depositoqualquer sintoma. Além disso, os pais devem se informar sobre os pontosbonus primeiro depositoteste para covid-19 mais próximos e sobre como informar a escola no casobonus primeiro depositoum exame positivo.
Diretores receberam a recomendaçãobonus primeiro depositomostrar o guia da CDCP para pais que se opuserem às medidasbonus primeiro depositosaúde púbica tomadas pelas escolas.
Desde seu começo, a pandemia foi observadabonus primeiro depositoperto por cientistas e autoridades na tentativabonus primeiro depositose aprender lições sobre como tentar retomar uma vida normal diantebonus primeiro depositoum vírus que já infectou quase 20 milhõesbonus primeiro depositopessoas no mundo tudo e matou maisbonus primeiro deposito700 mil.
Agora, com a reabertura iminentebonus primeiro depositoescolas, os países se preparam para entrarbonus primeiro depositouma nova fase da pandemia — e novamente se tem poucos parâmetros e convicções para lidar com esse desafio.
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