Coronavírus: estudo brasileiro avalia potencial do usoax poker clubquatro drogas no tratamento da covid-19:ax poker club

A biomédica Carolina Borsoi Moraes, do Institutoax poker clubCiências Ambientais, Químicas e Farmacêuticas, da Universidade Federalax poker clubSão Paulo (Unifesp), que também participou da pesquisa, alerta que os resultados dos estudos foram publicados para avançar o conhecimento na área e oferecer novos candidatos à terapiaax poker clubcovid-19 para os cientistas.

"Não pretendemosax poker clubforma alguma incentivar a automedicação eax poker clubnenhum momento estamos dizendo que as drogas que descobrimos são a cura para a doença", enfatiza. "O que fizemos foi apontar novas opções para avaliaçãoax poker clubnovos estudos, tanto in vitro, quantoax poker clubmodelos animais, quantoax poker clubestudos clínicos (com humanos)."

Feito o alerta, os pesquisadores explicam como foi realizado o estudo. "Para começar, pegamos como referência três drogas com relatosax poker clubque têm atividade contra o SarsCov-2, cloroquina, ivermectina e nitazoxanida", explica o biólogo Lúcio Freitas, do Instituoax poker clubCiências Biomédicas da Universidadeax poker clubSão Paulo, coordenador da pesquisa. "Testamos elas in vitro,ax poker clubcélulas humanas infectadas com o coronavírus,ax poker club10 concentrações diferentes, cada uma o dobro da anterior."

De acordo com ele, os estudos mostraram que as duas últimas não foram seletivas, ou seja, mataram o vírus, mas também as células infectadas. "Elas não passariam para a fase seguinte, que a é aax poker clubtestesax poker clubanimais", diz Freitas. "A cloroquinaax poker clubfato eliminou o vírus numa concentração que não prejudica as células. Mas a maioria dos estudos clínicos têm mostrado, que ainda assim ela não tem eficáciaax poker clubpacientes humanos, alémax poker clubpoder ser extremamente tóxica, o que reforça a necessidadeax poker clubter ensaios clínicos que busquem comprovar os resultados obtidosax poker clubestudos in viro."

O brequinar, o acetatoax poker clubabiraterona, o extratoax poker clubHedera Helix, e a Neomicina se mostraram capazesax poker clubeliminar o coronavírusax poker clubconcentrações que não matam as células, por isso são consideradas promissoras. Mesmo assim é preciso ter cautela. "Considerar uma droga como tal é um conceito um tanto quanto subjetivo, pois depende dos critériosax poker clubjulgamentoax poker clubquem analisa", ressalva o biólogo Jair Siqueira-Neto, professor da Escolaax poker clubFarmácia e Ciências Farmacêuticas, da Universidade da Califórnia,ax poker clubSan Diego, nos Estados Unidos. "Eu, na minha posiçãoax poker clubpesquisador na áreaax poker clubdescoberta e desenvolvimentoax poker clubfármacos, considero drogas promissoras aquelas que demonstraram eficácia terapêuticaax poker clubum modelo animal."

Ele lembra que as estudas no trabalho coordenado por Freitas ainda não foram testadas neste estágio, portanto, ele considera o resultado ainda muito preliminar. "A triagemax poker clubdrogas realizada utilizou células Veroax poker clubrimax poker clubmacaco, que são comumente usadas para estudos virais", explica. "Essas células são infectadas muito facilmente por inúmeros tiposax poker clubvírus, inclusive pelo Sars-CoV-2, porém apresentam pouca relevância fisiológica para a doença covid-19ax poker clubhumanos."

Desse modo, alerta Siqueira-Neto, corre-se o riscoax poker clubse identificar drogas que mostraram atividade nas célulasax poker clubrimax poker clubmacaco, mas que talvez não sejam ativasax poker clubum modelo fisiológico mais relevante, como oax poker clubpessoas. "Ou ainda,ax poker clubnão identificar drogas que não apresentaram atividade contra o vírus na célulaax poker clubmacaco, mas que poderiamax poker clubfato ser bons antiviraisax poker clubcélulas pulmonares humanas, por exemplo", acrescenta.

Apesar das ressalvas, Siqueira-Neto considera a pesquisa um trabalho importanteax poker clubtriagemax poker clubbuscaax poker clubmedicamentos que possam apresentar atividade antiviral contra o Sars-CoV-2, causador da covid-19. "Existe uma urgência para descobertasax poker clubterapias eficientes contra o vírus e há uma corrida mundial nesse sentido", explica. "Toda iniciativa é bem-vinda. Mas penso ser importante ressaltar que o trabalhoax poker clubquestão é ainda bastante preliminar. Os resultados estãoax poker clubum repositório online e ainda não foram revisados por pares."

O que os pesquisadores liderados por Freitas estão fazendo é o que se chamaax poker clubreposicionamentoax poker clubfármacos, que é o processoax poker clubque uma droga já testada e usada contra uma doença passa a ser empregada no combate a outra. "O processoax poker clubdesenvolvimentoax poker clubum medicamento, entreax poker clubdescoberta inicial por triagemax poker clubcélulas até chegar ao paciente, demoraax poker clubmédia 10 anos (dados históricos)", diz Siqueira-Neto. "Boa parte deste tempo inclui testes clínicosax poker clubtrês fases: 1, verifica a segurança da drogaax poker clubum pequeno grupoax poker clubvoluntários saudáveis; 2, testaax poker clubnovo a segurança mas também a eficácia, desta vezax poker clubum grupo pequenoax poker clubpacientes; 3, realizadaax poker clubvários centros com grande quantidadeax poker clubpessoas para confirmar a eficácia e, claro, sempre avaliando a segurança."

Segundo ele, uma formaax poker club"pular" etapas se baseia na tentativaax poker club"reposicionar" uma droga já aprovada para outra doença ou indicação. "Nesta estratégia, como já existe resultado clínicoax poker clubsegurança para uma outra indicação, estes dados podem ser utilizados caso a dose e administração para a nova doença sejam menores que as já estudadas e sabidamente seguras", explica. "Isto acelera e reduz os custos do processoax poker clubdesenvolvimentoax poker clubnovos medicamentos. Foi o que pesquisadores liderados por Freitas fizeram."

É preciso agora testar os melhores candidatosax poker clubmodelos animais e ao se confirmar a eficácia, estabelecer estudos clínicosax poker clubhumanos. "Felizmente, o engajamentoax poker clubcientistas nesta pandemia tem sido tão intenso, que os resultados estão saindo muito mais rápido do que usualmente", diz. "Ainda assim, é impossível prever quando uma terapia estará disponível. Estamos todos na torcida para que isto aconteça o quanto antes."

Freitas também é cauteloso. "Toda droga que tomamos é veneno que ingerimosax poker clubdoses submortais", diz. "Cada medicamento necessitaax poker clubanosax poker clubpesquisas, testeax poker clubsegurança. Não existe milagre, não há como contornar isso."

Sua colegaax poker clubpesquisa, Carolina, acrescenta que "é muito importante" ressaltar que o objetivo da pesquisa do grupo é oferecer candidatos ao tratamentoax poker clubcovid-19, que serão avaliados por especialistas (pesquisadores clínicos), e que os dados por si só não podem ser utilizados para que pacientes se utilizemax poker clubautomedicação. "Outro ponto importante é que nosso trabalho traz candidatos para o desenvolvimentoax poker clubterapias novas", diz. "Por exemplo, existem outras moléculas que possuem o mesmo mecanismoax poker clubação e mesmo alvo molecular que o brequinar ou o acetatoax poker clubabiraterona, e elas podem ser também avaliadas in vitro."

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