Como médica ajudou a preservar os seiosjovem pan esportesmilharesjovem pan esportesvítimasjovem pan esportescâncer mama no mundo:jovem pan esportes

Talvez você não tenha ouvido falar do nome dela, mas seu trabalho teve grande impacto na forma como os pacientes com câncer são tratados hojejovem pan esportestodo o mundo.

'A cirurgia perfeita'

Primeiro precisamos voltar no tempo e dar uma olhada na realidade dos tratamentos contra o câncer antesjovem pan esportesPeters aparecer.

Durante grande parte do século 20, o tratamento padrão do câncerjovem pan esportesmama, mesmo para aquelesjovem pan esportesestágios iniciais, era a forma mais dolorosajovem pan esportesremoçãojovem pan esportesmama: um procedimento chamado mastectomia radical.

O procedimento envolvia remover não apenas o tumorjovem pan esportessi, mas também pele, mamilos, tecidos na axila e até músculos peitorais.

Embora curasse a doença, deixava as mulheres desfiguradas, com inchaço debaixo dos braços e outros problemas físicos.

Avaliando o impacto psicológico

O procedimento também afetava psicologicamente os pacientes, com efeitos emjovem pan esportesimagem corporal, sexualidade e feminilidade.

A mastectomia radical havia sido idealizada pelo cirurgião americano William Halsted no fim do século 19, e, cem anos, depois ainda era referida por muitos médicos como "a cirurgia perfeita".

"Era o pão com manteiga dos cirurgiões. Era isso. Era fácil. Tinha muito poucas complicações, porque as pessoas que estavam sendo operadas eram mulheresjovem pan esportesmeia-idade ou mais jovens", disse à BBC Jennifer Ingram, filhajovem pan esportesVera Peters e médicajovem pan esportesOntário.

"Mas eles (os médicos) realmente não captavam o impacto disso sobre as mulheres, seus maridos, seus relacionamentos, seus egos. Uma vez feita a cirurgia e elas eram curadas, os médicos iam embora e não se preocupavam mais com isso."

jovem pan esportes ' jovem pan esportes Elas iam embora sem um jovem pan esportes seio'

Na época, os pacientes, e particularmente as mulheres, não eram encorajadas a opinar sobre seus próprios assuntosjovem pan esportessaúde.

Ingram diz que, na verdade, aquelas que mostravam ansiedade ou angústia eram rotuladasjovem pan esportes"loucas".

"Se você teve um nódulo no peito e foi ao seu médico, que o enviou a um cirurgião, que lhe disse que isso poderia ser câncer, então eles simplesmente lhe diziam o que iria acontecer com você. Era isso", disse.

"As mulheres entravam sem saber se tinham câncer, assinavam um consentimento para fazer uma biópsia e iam embora sem um seio."

Ingram diz que, ligados a essa cadeiajovem pan esporteseventos, estavam "todos os comportamentos problemáticos da medicina".

"Normalmente, era um cirurgião do sexo masculino, sempre conversando com uma pacientejovem pan esportessociedades dominadas por homens, que viam as mulheres como frágeis, ansiosas, precisando ouvir o que deveriam fazer."

Nesse contexto, entra Vera Peters, cujo primeiro encontro com o câncerjovem pan esportesmama forajovem pan esportescasa.

Histórico familiarjovem pan esportescâncerjovem pan esportesmama

Peters havia perdido a mãe para a doençajovem pan esportes1933, após um longo período doente, e isso teve um profundo impacto nela.

A família moravajovem pan esportesuma fazendajovem pan esportesgado leiteiro pertojovem pan esportesToronto. Uma jovem e brilhante Peters terminara o ensino médio aos 16 anos.

Ela estudou matemática e física antesjovem pan esportesoptar por medicina na Universidadejovem pan esportesToronto "porque estava interessadajovem pan esportespessoas", disse elajovem pan esportesuma entrevista,jovem pan esportes1979, à Ontario Medical Association (OMA), agora registrada emjovem pan esportesOral History Collection.

Peters foi uma entre as 10 mulheres a se formar como médicajovem pan esportes1935,jovem pan esportesuma classejovem pan esportes100 pessoas.

Logo, ela estava trabalhando ao lado do radiologista que tratarajovem pan esportesmãe com radiação, Gordon E. Richards, no Hospital Geraljovem pan esportesToronto.

Dois terços dos pacientes, encaminhados ao Institutojovem pan esportesRadioterapia do hospital, foram submetidos ao procedimento, e Peters notou como muitos pacientes ficavam perturbados após o tratamento.

"Encontrei tantos pacientes perturbados e desanimados. Desde muito cedo, descobri que a atitude do paciente tinha muito a ver com a sobrevivência", disse ela à OMA.

"As sobrevivências mais curtas eram fáceisjovem pan esportesprever: esses eram os pacientes que estavam muito zangados com muitas coisas, principalmente com a cirurgia. Eram pessoas zangadas, desesperadas e solitárias."

Curando o 'incurável'

Mas a primeira conquistajovem pan esportesPeters não foi no campo do câncerjovem pan esportesmama, mas na doençajovem pan esportesHodgkin, um tipojovem pan esportescâncer no sistema linfático.

Na época, o linfoma era considerado incurável, mas a experiência do Dr. Richards sugeria o contrário. Então,jovem pan esportes1947, ele pediu a Peters para revisar os resultados.

Em 1950, Peters publicou um artigo no qual argumentava que a doença poderia ser curada com altas dosesjovem pan esportesradiação se tratadajovem pan esportesuma determinada maneira.

Ela ganhou muita notoriedade por isso, mas o mundo da medicina só começou a acreditarjovem pan esportessuas conclusões uma década depois.

"Assim que você demonstra algo que não faz parte da crença comum, você se depara com muita descrença", lembrou elajovem pan esportes1979.

Richards morreujovem pan esportesexposição à radiaçãojovem pan esportes1949 e colegasjovem pan esportesPeters começaram a insinuar que ela não seria capazjovem pan esporteslevar adiante seu trabalho sozinha.

Alguns disseram quejovem pan esportesfaçanha fora "um golpejovem pan esportessorte", e que ela deveria se dedicar a tarefas "de mulheres", segundo Ingram.

'As pessoas vieramjovem pan esportestodos os lados'

Em 1958, ela foi para o Hospital Princess Margaret,jovem pan esportesToronto.

Então uma oncologista conhecida, Peters recebeu pacientesjovem pan esportestoda a provínciajovem pan esportesOntário, que, por razões médicas, não puderam se submeter à mastectomia radical e, portanto, eram vistos como se tivessem sido condenados à morte, explica Ingram.

Ela removeu o nódulo nos seios e as tratou com radiologia o melhor que pôde.

"E gradualmente se espalhou a notíciajovem pan esportesque essa mulher que conhecia a radiação oncológica estava tratando essas mulheres que tinham câncerjovem pan esportesmama e que aceitaria outros pacientes", diz a filha.

"As pessoas começaram a pedirjovem pan esportesopinião, mesmo que ela não estivesse necessariamente envolvida no caso. E gradualmente ela começou a tratar cada vez mais mulheres com mastectomias não radicais, se elas satisfizessem certos critérios."

As opiniões já estavam divididas sobre os benefícios da mastectomia radical, e alguns médicos na Europa estavam discutindo procedimentos menos agressivos, como a lumpectomia, uma cirurgia que remove apenas o tumor e parte do tecido ao redor.

Mas não no Canadá.

Peters começou a escrever sobre o assunto com basejovem pan esportesseus próprios resultados, desde 1967. Em 1975, ela publicou um amplo estudo analisando 8 mil pacientes atendidas no Hospital Princess Margaret entre 1939 e 1969.

Ele mostrou que as taxasjovem pan esportessobrevivência dos pacientes submetidas à cirurgia radical não foram maiores do que aquelas que receberam tratamentos menos agressivos.

Apesar dos resultados, ela foi recebida com ceticismo.

'Eles não podiam acreditar'

Ingram diz que participoujovem pan esportesuma palestra,jovem pan esportes1975, quejovem pan esportesmãe deu no Royal College of Physicians and Surgeons of Canada,jovem pan esportesWinnipeg.

"A sala estava cheiajovem pan esporteshomensjovem pan esportesterno, todos usando gravatas. Todos cirurgiões. E na frente está uma mulher diminuta e bem-vestida, não um cirurgião. Na plateia, todo mundo ficoujovem pan esporteschoque. Ficou claro que eles nunca consideraram que essa (a mastectomia) não era a mais perfeita das cirurgias", disse Ingram.

"Eles não podiam acreditar. Ver uma redução nas cirurgias sendo apregoado tinha todo tipojovem pan esportesimplicações políticas, financeiras e outros tiposjovem pan esportesquestões. Os cirurgiões simplesmente não conseguiam lidar com isso.

Ingram diz que "os cirurgiões se uniram e a demonizaramjovem pan esportesvárias maneiras", o que significava que qualquer cirurgião que se afastasse do tratamento convencional poderia arriscar comprometerjovem pan esportesprópria carreira.

Pouco tempo depois, Peters pedia demissão do Hospital Princess Margaret "um pouco aborrecida" porque o hospital estava pensandojovem pan esportesparticiparjovem pan esportesum estudo clínico no qual as mulheres receberiam arbitrariamente a mastectomia ou a lumpectomia.

Ela considerou que esses experimentos causariam "sofrimento desnecessário" às mulheres.

Os resultados deles apenas confirmaramjovem pan esportespesquisa. Mas não foram publicados até 2002.

'Cuide do seu paciente'

Hoje,jovem pan esportesparte graças ao trabalho da Dra. Vera Peters, a mastectomia radical raramente é realizadajovem pan esportesmulheres.

Mas, apesarjovem pan esportesestar certa o tempo todo, foi apenas nos últimos anosjovem pan esportessua vida que o trabalhojovem pan esportesPeters começou a receber reconhecimento.

Por seu trabalho com Hodgkin, ela foi nomeada Membro da Ordem do Canadá e depois elevada ao postojovem pan esportesOficial da Ordem do Canadá no final da décadajovem pan esportes1970, um reconhecimentojovem pan esportessua vida inteirajovem pan esportesconquistas pelo Canadá para a humanidadejovem pan esportesgeral.

Em 2010, ela foi introduzida postumamente no Hall da Fama da Medicina Canadense. Ela também recebeu dois doutorados honorários e várias medalhas no Canadá, EUA e Europa.

Em 1984, Peters foi diagnosticada com câncerjovem pan esportesmama e, fiel às suas convicções, foi tratada com lumpectomia. Mas nove anos depois, aos 82 anos, ela morreujovem pan esportescâncerjovem pan esportespulmão, depoisjovem pan esportesreceber cuidados paliativos por três meses no hospitaljovem pan esportesque passou a maior partejovem pan esportessua carreira — o Princess Margaret.

Ingram diz quejovem pan esportesmãe "nunca foi uma mulher que procurou atenção" e que seu objetivo era mitigar a "injustiça" que ela percebia na maneira como os pacientes eram tratados.

"Se elajovem pan esportesalgum momento quis ser parabenizada, foi pelos pacientes: os pacientes a amavam."

Isso ocorreu devido àjovem pan esportesabordagem, que procurava integrar eles e suas famílias no processojovem pan esportestomadajovem pan esportesdecisão.

Ela disse à OMAjovem pan esportes1979: "Para decidir qual é a melhor alternativa, você precisajovem pan esportesajuda. E a melhor ajuda que você pode obter é do paciente".

"Considere os medos do paciente, considere as ambições do paciente", disse ela.

"O médico precisa atender ao paciente, obter as sugestões do paciente. Afinal, o paciente é muito mais importante que o médico."

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