Coronavírus: as propriedades antimicrobianas do cobre e qual seu papelf12 bet grupo whatsapptemposf12 bet grupo whatsapppandemiaf12 bet grupo whatsappcovid-19:f12 bet grupo whatsapp
Todos os anos, 700 mil pessoas morrem no mundo vítimasf12 bet grupo whatsapppatógenos que se tornaram resistentes ao tratamento, segundo a ONU. "Se não fizermos nada,f12 bet grupo whatsapptrês décadas o númerof12 bet grupo whatsappmortes seráf12 bet grupo whatsappdez milhões por ano", disse Larrouy-Maumus à BBC News Mundo, serviçof12 bet grupo whatsappespanhol da BBC.
Muitas dessas infecções resistentes são intra-hospitalares, ou seja, são contraídas nos próprios hospitais. Porém, o uso do cobref12 bet grupo whatsappsuperfíciesf12 bet grupo whatsappcontato frequente reduziria a transmissãof12 bet grupo whatsappdoenças nesses locais, segundo o cientista.
Outros pesquisadores estudam a eficácia do cobre não apenas para bactérias, mas também para vírus, incluindo o novo coronavírus que causa a covid-19.
A reportagem da BBC Mundo, serviçof12 bet grupo whatsapplíngua espanhola da BBC, falou com cientistas do Reino Unido, dos Estados Unidos e dos Chilef12 bet grupo whatsappbuscaf12 bet grupo whatsapprespostas sobre o papel do cobre nessa área..
Desde quando o cobre é usado na saúde? Quais evidências existem para as propriedades antimicrobianas deste metal? E que papel ele poderia desempenhar durante a pandemiaf12 bet grupo whatsappcovid-19?
Cobre medicinal nos tempos antigos
"O primeiro uso medicinalf12 bet grupo whatsappcobre para o qual existem registros está documentado no chamado Papyri Smith, um antigo texto médico egípcio escrito entre os anosf12 bet grupo whatsapp2600 e 2200 a.C.", explica Michael Schmidt, professorf12 bet grupo whatsappmicrobiologia e imunologia da Universidade Médica da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, que investigou o usof12 bet grupo whatsappcobref12 bet grupo whatsappambientes hospitalares.
"Esses papiros falam sobre o usof12 bet grupo whatsappcobre para desinfetar feridas no peito e tornar a água potável."
O pesquisador garante que as mulheres perceberam muito cedo que, se armazenassem a águaf12 bet grupo whatsappvasosf12 bet grupo whatsappcobre por um tempo, "haveria menos episódiosf12 bet grupo whatsappdiarreiaf12 bet grupo whatsappsuas famílias".
Schmidt também cita vários outros exemplos do usof12 bet grupo whatsappcobre para finsf12 bet grupo whatsappcura na história da medicina.
"Os fenícios colocaram limalhasf12 bet grupo whatsappcobre ou pedaçosf12 bet grupo whatsappespadas nas feridas durante os combates. E Hipócrates recomendou cobre para tratar úlceras nas pernas", explica o pesquisador.
Como o cobre funciona
Os antigos usos medicinais do cobre foram baseadosf12 bet grupo whatsappobservações, mas a compreensãof12 bet grupo whatsappcomo o metal trabalha exigiu séculosf12 bet grupo whatsappavanço científico.
Metais pesados como ouro e prata também são antibacterianos, mas a estrutura atômica do cobre fornece energia extra.
O cobre possui um elétron livre na órbita externaf12 bet grupo whatsappseus átomos, configuração que facilita reações.
Essa peculiaridade não apenas explica por que o cobre é um bom condutor, mas também como ataca patógenosf12 bet grupo whatsappvárias frentes.
Os íons ou partículas eletricamente carregadas do metal primeiro geram uma espécief12 bet grupo whatsapp"ataque" contra a membrana externa dos micróbios, causando-lhe rupturas.
E, uma vez que essa membrana é quebrada, os íons destroem o material genético dentro do patógeno, explica Larrouy-Maumus.
"Basicamente, o cobre gera radicais livres que danificam o DNA ou o RNAf12 bet grupo whatsappbactérias ou vírus, impedindof12 bet grupo whatsappreplicação", disse ele.
Esse ataquef12 bet grupo whatsappvárias frentes explica por que, apesar do cobre ser usado há milharesf12 bet grupo whatsappanos, os microrganismos não conseguiram desenvolver estratégias para se defender dele, segundo o professor Roberto Vidal, diretor do programaf12 bet grupo whatsappmicrobiologia da Faculdadef12 bet grupo whatsappMedicina da Universidade do Chile.
"O cobre danifica as bactérias antes que elas possam gerar resistência e se reproduzir, transmitindo essa resistência para a próxima geração", disse o cientista chileno.
"É muito difícil gerar resistência contra um produto que tenha muitos efeitos sobre o organismo; o micro-organismo teria que modificar muitos locais suscetíveisf12 bet grupo whatsappserem afetados pela ação do cobre para se tornarem resistentes, e fazer isso é muito difícil."
O que dizem os estudos nos EUA e na Europa
A Agênciaf12 bet grupo whatsappProteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) registrou inúmeras ligasf12 bet grupo whatsappcobre como antimicrobianas.
Em relação ao uso do materialf12 bet grupo whatsapphospitais, um dos estudos mais recentes foi publicado por Michael Schmidtf12 bet grupo whatsapp2019.
Ele e colegas compararam a presençaf12 bet grupo whatsappbactériasf12 bet grupo whatsappdois tiposf12 bet grupo whatsappleitosf12 bet grupo whatsappunidadesf12 bet grupo whatsappterapia intensivaf12 bet grupo whatsapptrês hospitais: leitos com superfíciesf12 bet grupo whatsappplástico, e outros com superfíciesf12 bet grupo whatsappcobre.
"Em média, as camasf12 bet grupo whatsappcobre abrigavam 94% menos bactérias do que as camasf12 bet grupo whatsappplástico e permaneciam com esse baixo nível durante toda a internação dos pacientes", afirma Schmidt.
Como ele, o microbiologista Bill Keevil, da Universidadef12 bet grupo whatsappSouthampton, no Reino Unido, não tem dúvidas sobre a eficácia do material.
Keevil estudou as propriedades antimicrobianas do metal por duas décadas e testouf12 bet grupo whatsappeficácia com diferentes patógenos, não apenas bactérias, mas também vírus.
Em 2015, o cientista britânico publicou um estudo sobre a sobrevivênciaf12 bet grupo whatsappdiferentes superfícies do coronavírus humano 229E, que causa infecções respiratórias comuns.
O vírus permaneceu ativo por vários diasf12 bet grupo whatsappvidro ou aço inoxidável, mas "deixouf12 bet grupo whatsappser ativof12 bet grupo whatsappsuperfíciesf12 bet grupo whatsappcobref12 bet grupo whatsappuma médiaf12 bet grupo whatsapp5 a 10 minutos", afirmou Keevil à BBC News Mundo.
O pontof12 bet grupo whatsappinterrogação covid-19
Uma grande questão sobre o uso do cobre éf12 bet grupo whatsappeficácia contra o Sars-CoV-2, o coronavírus que causa a covid-19.
Ainda há muito a se pesquisar sobre esse novo vírus, mas um estudo publicadof12 bet grupo whatsappmarço pelo New England Journal of Medicine,e escrito por cientistas da Universidadef12 bet grupo whatsappPrinceton, do Instituto Nacionalf12 bet grupo whatsappAlergia e Doenças Infecciosas dos EUA ef12 bet grupo whatsappoutros centrosf12 bet grupo whatsapppesquisa, comparou quanto tempo o coronavírus duraf12 bet grupo whatsappdiferentes superfícies — o cobre também foi mencionado.
O estudo observa que o novo coronavírus permanece ativo por três diasf12 bet grupo whatsappsuperfíciesf12 bet grupo whatsappplástico e aço inoxidável.
No casof12 bet grupo whatsappsuperfíciesf12 bet grupo whatsappcobre, por outro lado, não foram encontradas partículas ativas do Sars-CoV-2 após quatro horas.
Keevil disse que espera publicar seu próprio estudo sobre o efeito do cobre no coronavírusf12 bet grupo whatsappbreve.
"Em nosso trabalho com o Sars-CoV-2, descobrimos que o cobre inativa o vírusf12 bet grupo whatsappmenosf12 bet grupo whatsappuma hora."
Primeiras experiências no Chile
Jáf12 bet grupo whatsapp2008, o Hospital Dr. Salvador Allende, na cidadef12 bet grupo whatsappCalama, no norte do Chile, participouf12 bet grupo whatsappum estudo com superfíciesf12 bet grupo whatsappcobre.
O metal foi usado, por exemplo,f12 bet grupo whatsapptrilhos da cama e outras superfíciesf12 bet grupo whatsappalto contato.
A experiência mostrou que "nas superfíciesf12 bet grupo whatsappcobre, o crescimento bacteriano cai visivelmente e praticamente se torna nulo com o passar das horas", disse o pediatra Marco Crestto, vice-diretor médico do hospital e responsável pelo estudo.
"Isso resultaf12 bet grupo whatsappum número menorf12 bet grupo whatsappinfecções associadas aos cuidadosf12 bet grupo whatsappsaúde, o que, porf12 bet grupo whatsappvez, está relacionado a uma menor mortalidade hospitalarf12 bet grupo whatsapppacientes e a menores custos associados para instituiçõesf12 bet grupo whatsappsaúde."
Novo material testado no Chile
Em um estudo pioneiro, o professor Roberto Vidal analisou a eficáciaf12 bet grupo whatsappum novo material com cobre chamado Copper Armour (armaduraf12 bet grupo whatsappcobre), desenvolvido pela startup chilena Atacama Lab.
Claudio Ramírez, membro da empresa, explicou que o Copper Armour permite que o cobre seja aplicadof12 bet grupo whatsappseu estado líquido, como se fosse uma pintura, ef12 bet grupo whatsapptemperatura ambiente.
O material consistef12 bet grupo whatsapp"uma mistura especialf12 bet grupo whatsappnanopartículas e micropartículasf12 bet grupo whatsappcobre ef12 bet grupo whatsappoutros materiais suspensosf12 bet grupo whatsappum polímero modificadof12 bet grupo whatsappalta resistência".
A vantagem,f12 bet grupo whatsappacordo com seus criadores, é que o produto não é apenas 10 vezes mais barato que as chapasf12 bet grupo whatsappcobre comuns, como também não desenvolve a pátina usual ou a coloração verde que o cobre apresenta ao longo do tempo quando se oxida.
O estudo foi financiadof12 bet grupo whatsappparte pela Corporaçãof12 bet grupo whatsappDesenvolvimento (Corfo), uma agência do governo chileno. As conclusões foram publicadasf12 bet grupo whatsapp2019 na revista científica Antimicrobial Resistance & Infection Control.
"Quando colocamosf12 bet grupo whatsappcontato com o cobre bactérias como Staphylococcus aureus, Pseudomonas aeruginosa e Listeria monocytogenes, patógenos predominantes nos serviçosf12 bet grupo whatsappsaúde, percebemos que, depoisf12 bet grupo whatsappduas horas, 99,9% delas haviam morrido. Isso ocorreuf12 bet grupo whatsapptestesf12 bet grupo whatsapplaboratório", explicou Vidal.
Em um segundo estágio, experiências piloto foram realizadasf12 bet grupo whatsapphospitais. O produtof12 bet grupo whatsappcobre foi aplicadof12 bet grupo whatsapppisos, suportesf12 bet grupo whatsappsoro e outras superfíciesf12 bet grupo whatsappalto contato na UTI do Hospital Clínico da Universidade do Chile.
"O estudo também foi realizado na UTI pediátrica da Clínica Las Condes,f12 bet grupo whatsappSantiago, e o resultado foi o mesmo", afirma Vidal.
"Fizemos os testesf12 bet grupo whatsappparede e piso e o nívelf12 bet grupo whatsappcontaminação nas superfíciesf12 bet grupo whatsappcobre caiu significativamentef12 bet grupo whatsappcomparação com o piso comum."
Os trilhos do leito com o materialf12 bet grupo whatsappcobre apresentaram, por exemplo, uma redução médiaf12 bet grupo whatsapp88,9% na carga da bactéria Staphylococcus spp,f12 bet grupo whatsappcomparação com camas comuns.
"O que me interessa agora é ver a eficácia desse polímerof12 bet grupo whatsappcobre contra um patógeno como o da covid-19, algo que ainda precisa ser feito", disse Vidal.
"Para fazer um estudo com esse vírus, precisamosf12 bet grupo whatsappum laboratóriof12 bet grupo whatsappnívelf12 bet grupo whatsappbiossegurança 3, feito para conter e não permitir que patógenos escapassem no ar. A única alternativa seria enviar as amostras para um laboratório especializado no exterior, e que tenha essas medidasf12 bet grupo whatsappsegurança, para que ele nos envie a resposta", explica o pesquisador.
Máscarasf12 bet grupo whatsappcobre
Outras empresas chilenas já exportam produtos feitos com cobre durante a pandemia.
Uma delas é o CoureTex,f12 bet grupo whatsappValparaíso, que produz máscaras feitas com tecidos que contêm filamentosf12 bet grupo whatsappcobre tão finos quanto fios.
O tecido foi certificado por institutos no Chile e no Brasil como antibacteriano, e as máscaras faciais eram destinadas a trabalhadores do setorf12 bet grupo whatsappalimentos.
Mas a demanda por essas máscaras aumentou muito devido à pandemia, apesar do fatof12 bet grupo whatsappnão haver estudos científicos que comprovemf12 bet grupo whatsappeficácia especificamente no caso da covid-19.
"Estamos produzindo cercaf12 bet grupo whatsapp500 mil unidade por mês e exportamos para o Brasil, Argentina e Equador, entre outros países", afirmou Óscar Silva Paredes, dono da empresa o proprietário da CoureTex. "Nós os vendemos por US$ 4 (R$ 21) para empresas clientes. Não tiramos proveito da pandemia".
Cobre e o futuro
Se tantos estudos demonstram as propriedades antimicrobianas do cobre, por que seu uso não é mais generalizado?
Um dos problemas, segundo Larrouy-Maumus, é o custo.
"Para mim, o cobre não é a solução universal, porque ele tem um custo que muitos hospitais não podem pagar", diz o cientista.
"Mas é um produto eficaz que está disponível. Portanto, minha recomendação é usá-lo para combater infecções hospitalares apenasf12 bet grupo whatsappsuperfíciesf12 bet grupo whatsappalto contato, como pisos, gradesf12 bet grupo whatsappcama e corrimãos."
Porém, outros materiais podem competir com o cobre no futuro.
Larrouy-Maumus tem pesquisadof12 bet grupo whatsappseu laboratório como as bactérias interagem com diferentes superfícies, e procura projetar novos materiais antimicrobianos com nanotecnologia.
O cientista também quer desenvolver superfícies que não apenas capturem patógenos, mas que também possam atraí-los como uma espécief12 bet grupo whatsappímã quando suspensos no ar.
Porf12 bet grupo whatsappvez, outros pesquisadores do Imperial College estão buscando materiais mais baratos que possam imitar a ação antimicrobiana do cobre.
"Também existem outros produtos promissores, como o óxidof12 bet grupo whatsapptitânio, mas ele ainda estáf12 bet grupo whatsappdesenvolvimento", diz Larrouy-Maumus.
O professor Roberto Vidal acredita que novas tecnologias baseadasf12 bet grupo whatsappcobre, como a Copper Armour, serão mais usadas no futuro.
"Na minha opinião, com todos os estudos e o interesse que está sendo gerado, o usof12 bet grupo whatsappcobre se tornará massivo."
"Novas tecnologias permitem que o cobre seja usadof12 bet grupo whatsappmaneira econômica e esteticamente agradável, pois os pisos não ficam esverdeados ao longo do tempo devido à oxidação."
Para o cientista chileno, o cobre terá um papel fundamental a longo prazo.
"Agora tudo está focado na covid-19, mas o problema das infecções hospitalares vai continuar."
"Sem dúvida, o cobre e suas novas aplicações favorecem a melhoria da qualidade da infraestruturaf12 bet grupo whatsapphospitais. É uma questãof12 bet grupo whatsappprojeção para o futuro."
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