Brasileiros têm pioraslots grátissaúde dos olhosslots grátismeio à pandemia:slots grátis

Mulher sentada, sendo examinada por médico com equipamento para diagnóstico nos olhos

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Dadosslots grátisatendimentos no SUS mostram queda significativaslots grátisconsultas e cirurgias oftalmológicas neste ano

"O problema é que nesse tempo minha visão piorou muito. Tenho sentido muita dificuldade para ler, assistir televisão e até para realizar algumas tarefas do dia a dia. Por causa disso, não estou nem saindoslots grátiscasa. Tudo o que é preciso fazer na rua, meu marido é quem faz", acrescenta.

Eliane Oldrini,slots grátisóculos, tira selfie

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'Nesse tempo minha visão piorou muito. Tenho sentido muita dificuldade para ler, assistir televisão e até para realizar algumas tarefas do dia a dia', relata Eliane Oldrini

Situação parecida vive a professora Queila Maria Vieira Pereira,slots grátis53 anos. Portadoraslots grátisglaucoma, neuropatia crônica e degenerativa do nervo óptico (estrutura que envia as imagens do olho para o cérebro), eslots grátisalta miopia (25 graus no olho esquerdo e 17 no direito), ela tinha consulta e exame marcados também para março; ambos foram suspensos.

"Como o glaucoma estabilizou, eu já estava na faseslots grátismanutenção, com avaliações a cada quatro meses, mais ou menos. A última foislots grátisnovembro. Agora já se passaram oito meses e não sei quando serei atendida."

Moradoraslots grátisSão Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, Queila manteve o tratamentoslots grátiscasa e, durante todo esse período, tem conversado por telefone com o médico responsável por seu caso, mas, mesmo assim, revela ter sentido uma piora.

"Tenho apenas 10% da visão no olho esquerdo e cercaslots grátis70% no direito. Nas últimas semanas parece que ficou tudo mais embaçado, está mais difícil para enxergar, certamente meu quadro se agravou. Eu corro o sério riscoslots grátisficar cega, e é muito angustiante não poder fazer o acompanhamento que preciso", desabafa.

A jornalista e doutoranda da Escolaslots grátisComunicação (ECO) da Universidade Federal do Rioslots grátisJaneiro (UFRJ), Roni Filgueiras,slots grátis57 anos, é outra paciente que está sofrendo com os impactos da pandemia.

"Sou míope desde os 13 anos, com sete grausslots grátiscada olho, eslots grátis2015 também fui diagnosticada com presbiopia. Costumo passar pelo oftalmologista uma vez por ano, e deveria ter idoslots grátisabril, mas devido à covid-19 cancelaram todos os atendimentos eletivos e eu fiquei à deriva."

Com a visão sobrecarregada por trabalhos e pesquisas, Roni, assim como Eliane e Queila, acredita queslots grátiscondição piorou durante a quarentena. "Já aumentei a resolução da tela do computador algumas vezes para consegui ler, agora estáslots grátis150%. Meus olhos também estão lacrimejando demais. Preciso muitoslots grátisuma consulta, mas, infelizmente, não consigo marcar."

Cancelamentosslots grátisconsultas e medo são prejudiciais para os olhos

Para se ter uma ideia do tamanho da queda,slots grátisse tratando apenasslots grátiscatarata, o Sistema Únicoslots grátisSaúde (SUS) realizou 148,8 mil procedimentos cirúrgicos ambulatoriais e 12,8 mil cirurgias com internações hospitalares entre janeiro e maioslots grátis2020, 83,8 mil e 10,8 mil a menos, respectivamente, que no mesmo período do ano passado, quando foram feitos 232,6 mil e 23,6 mil.

Em relação às consultas oftalmológicas, tambémslots grátisjaneiro a maio deste ano, foram 2,5 milhões —slots grátis2019, totalizaram 3,9 milhões eslots grátis2018, 3,6 milhões.

O Conselho Brasileiroslots grátisOftalmologia (CBO) ainda não tem um dado oficial, indicando o quanto atendimentos, exames e cirurgias tiveramslots grátisqueda no país.

Queila Maria sorri para foto

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'Já se passaram oito meses e não sei quando serei atendida', conta Queila Maria

Apesar disso, Cristiano Caixeta, vice-presidente da entidade e chefe do setorslots grátisGlaucoma do Departamentoslots grátisOftalmologia da Santa Casaslots grátisSão Paulo, garante que foi algo bastante expressivo, sobretudo nos serviços públicos.

"A redução foi significativa, e maiorslots grátisabril e maio. Por um lado, tivemos, enquanto necessário e por recomendação dos órgãosslots grátissaúde, a suspensão dos procedimentos eletivos. Por outro, as pessoas, por medoslots grátisse contaminarem com o coronavírus, deixaramslots grátisprocurar o médicoslots grátisvários momentos importantes", avalia.

Diante desse cenário, são muitas as preocupações, segundo o especialista, com destaque para os pacientes portadoresslots grátispatologias crônicas (glaucoma, retinopatias e degenerações maculares, por exemplo), que, se não tratadas corretamente, podem levar à perda irreversível da visão.

"Essas doenças necessitamslots grátisum acompanhamento maisslots grátisperto e, muitas vezes, o tratamento temslots grátisser feito nas clínicas, com a aplicação do medicamento pelo oftalmologista. Quando há interrupção, tudo o que foi feito até então acaba comprometido e as chancesslots grátisagravamento aumentam consideravelmente", comenta.

"Além disso, muitos casosslots grátiscegueira são possíveisslots grátisserem evitados se diagnosticados e cuidados precocemente", complementa o especialista.

Roni sorri para foto

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, 'Preciso muitoslots grátisuma consulta, mas, infelizmente, não consigo marcar', lamenta Roni Filgueiras

Caio Regatieri, professor adjunto do Departamentoslots grátisOftalmologia e Ciências Visuais da Escola Paulistaslots grátisMedicina da Universidade Federalslots grátisSão Paulo (Unifesp), revela que o centro hospitalar mantido pela instituição, o Hospital São Paulo, registrou quedaslots grátis75% no númeroslots grátispacientes entre abril e junho, na comparação com a média histórica do mesmo período dos últimos dez anos.

"Percebemos dois movimentos: as pessoas buscaram menos atendimento e, as que buscaram, fizeram isso tardiamente, mesmo tendo um problema grave, como descolamentoslots grátisretina. Com medoslots grátissairslots grátiscasa, elas acabaram esperando para ver se melhorava. Agora, com os serviços voltando a funcionar, já atendi alguns pacientes que tiveram uma progressãoslots grátissuas doenças."

Em nota, o Ministério da Saúde diz o seguinte: "Objetivando a minimizaçãoslots grátiscirculaçãoslots grátispessoasslots grátisambiente hospitalar, orientou no início da pandemia que consultas, exames ou cirurgias cuja necessidade não fossem fundamentadasslots grátiscasosslots grátisurgência e emergência fossem postergadas".

Ressalta ainda que "a avaliação do risco-benefícioslots grátisse realizar o procedimento eletivo tem sido definida pela equipe médica assistencial,slots grátisalinhamento com as diretivas vigentes adotadas pelo estabelecimento,slots grátisacordo com as recomendações das Secretarias Estaduais e Municipaisslots grátisSaúde, as quais têm autonomia para definir as estratégias mais adequadasslots grátisatendimento à populaçãoslots grátissua áreaslots grátisabrangência, a partir das características da redeslots grátissaúde disponível no território. E essa avaliação deve levarslots grátisconsideração o risco-benefício coletivo, e não o individual".

Aposta na telemedicina e retomada dos atendimentos

Mulher com máscara olha para celular

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Com pandemia, profissionais e pacientes precisaram se adaptar rapidamente à telemedicina

Para que a população não ficasse totalmente desassistida durante a quarentena, alémslots grátisincentivar a manutenção dos procedimentos oftalmológicosslots grátisurgência e que a população buscasse ajuda quando realmente necessário, o CBO lançouslots grátisabril o programa Brasil que Enxerga, tendo como umaslots grátissuas principais ações a realizaçãoslots grátisteleorientações gratuitas por oftalmologistas voluntários.

"Dentre os que usaram o serviço, 98% disseram que tiveram suas dúvidas sanadas", pontua Caixeta, adicionando que, por dia, foram realizados, entre 45 e 60 atendimentos virtuais.

Com aslots grátisclínica particular fechada desde abril, assim como a do hospital, Regatieri também manteve o contato com os pacientes por meio da telemedicina. Nesse sentido, desenvolveu uma plataforma própria, batizadaslots grátisVideoMedic, e,slots grátismaio para cá, fez maisslots grátis150 atendimentos.

Agora, com o enfrentamento do coronavírus entrandoslots grátisuma nova fase, os serviçosslots grátissaúde começam a retomar gradativamente suas atividades — mas a normalização deve ocorrer apenasslots grátisalguns meses.

"Sabemos que ainda tem muita gente com receioslots grátisir aos consultórios e hospitais, mas é fundamental que entendam que estamos trabalhandoslots grátisforma responsável e com toda segurança. O CBO, inclusive, elaborou o 'Manualslots grátisboas condutas para a retomada das atividades eletivasslots grátisoftalmologiaslots grátistemposslots grátiscovid-19', com normas rígidas para profissionais e pacientes", aponta o vice-presidente da entidade.

"É preciso se proteger neste momento, claro, mas quem tem doença oftalmológica, ainda mais crônica, temslots grátisbuscar atendimento. Não se pode negligenciar o tratamento, pois as consequências são muito graves", completa Regatieri.

Prevalênciaslots grátiscegueira e deficiência visual

Globalmente, pelo menos 2,2 bilhõesslots grátispessoas têm deficiência visual ou cegueira, sendo que um bilhão desses casos poderiam ter sido evitados ou ainda não foram tratados. Os dados dão da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Por aqui, como consta no documento "As Condições da Saúde Ocular no Brasil 2019", elaborado pelo CBO, a cegueira atinge 1.577.016 brasileiros, o equivalente a 0,75% da população, sendo que cercaslots grátis74,8% dos casos são preveníveis ou curáveis.

As principais causas do problema, no mundo, são catarata, glaucoma e degeneração macular relacionada à idade (DMRI). Quando se trataslots grátisdeficiência visual, no topo do ranking estão errosslots grátisrefração (miopia, astigmatismo, hipermetropia e presbiopia) não corrigidos, catarata e DMRI.

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