Coronavírus: o argentino que cruzou o Atlântico sozinhobet365 limita contaum barco para ver os pais durante a pandemia:bet365 limita conta
"Por que ficaria por lá? Queria voltar para minha casa. Ainda estaria lá sem poder ir a qualquer lugar se não tivesse tomado essa decisão. Estaria no Porto Santo, sozinho."
Ballestero pensou especialmentebet365 limita contaseus pais: Carlos, um pescador aposentadobet365 limita conta90 anos, e Nilda, 82, que ainda vive embet365 limita contacidade natal.
"Pensei o pior. Se este era um vírus irrefreável, esta poderia ser a última chancebet365 limita contaver meus pais vivos", diz ele.
A viagem
Munido com cartas náuticas e com a única ajudabet365 limita contaum rádiobet365 limita contaalta frequência (transmitindo a cercabet365 limita conta30 quilômetrosbet365 limita contadistância) e um sistemabet365 limita contaidentificação automática (mostrando a localizaçãobet365 limita contaobjetos próximos), Ballestero começoubet365 limita contajornadabet365 limita conta24bet365 limita contamarço.
"Para mim, não foi uma loucura", diz ele, respondendo àqueles que disseram que atravessar o Oceano Atlântico sozinho e sem comunicação via satélite era uma ideia maluca.
Ballestero tinha motivosbet365 limita contasobra para confiarbet365 limita contasi mesmo: ele já havia completado com sucesso uma viagem semelhante,bet365 limita contaBarcelona a Mar del Plata,bet365 limita conta2010.
Naquela ocasião, o motivobet365 limita contasua viagem foi muito menos épico: "Simplesmente fiquei sem dinheiro e tive que voltar navegando", diz.
Ballestero navegava pela Europa com outro veleiro, que adquiriu com a indenização que obteve após ser atropelado por uma vanbet365 limita contaBarcelona,bet365 limita conta2004. O acidente o deixoubet365 limita contacoma e ele levou anos para se recuperarbet365 limita contaseus ferimentos.
Em 2010, ele estavabet365 limita contaformabet365 limita contanovo, mas havia gastado toda a indenização, então decidiu voltar "para casa" com o veleiro.
A viagem transcorreu sem problemas. Mas era muito diferente daquela que ele decidiria enfrentar uma década depois,bet365 limita contameio a uma pandemia.
Sem escalas
Enquantobet365 limita conta2010, Ballestero foi parandobet365 limita contaportobet365 limita contaporto, dessa vez ele decidiu fazer a jornada quase sem escalas, por medobet365 limita contacontrair coronavírus ou ser forçado a atracarbet365 limita contaum porto.
Por esse motivo, ele esquematizou uma rota a maisbet365 limita conta10 mil quilômetrosbet365 limita contadistância da costa. Sua única parada seriabet365 limita contaCabo Verde, na costa noroeste da África, onde embarcaria latasbet365 limita contacombustível para o casobet365 limita contaprecisar acionar o motor do veleiro.
Mas o plano não saiu como esperado. Quando se aproximou da costabet365 limita contaCabo Verde, um barco da polícia o interceptou e ele foi impedidobet365 limita contaentrar.
Ballestero teve, então, que atravessar o Atlântico sem esse recurso essencialbet365 limita contacasosbet365 limita contaemergência, o que se mostraria um desafio mais à frente.
Mas antesbet365 limita contachegar a esse ponto - "o momento mais complicado da viagem" -, o argentino conta à BBC sobre o outro grande susto pelo que passou: ser perseguido por supostos piratas.
"Pouco depoisbet365 limita contadeixar Cabo Verde, um barco começou a me seguir. Era noite e vi a luz me seguir e me seguir. Isso nunca tinha acontecido comigo", diz.
O navegador foi avisadobet365 limita contaque havia piratas na costabet365 limita contaCabo Verde. Embora ele nunca tenha conseguido ver as pessoas que o estavam seguindo, Ballestero garante que o comportamento do navio era muito suspeito.
Mudandobet365 limita contarumo, ele conseguiu se afastar daquela luz.
bet365 limita conta O terror da calma bet365 limita conta ria
Mas o momento mais tenso da viagem não foi a perseguição: foi o momentobet365 limita contacalmaria.
Após 25 diasbet365 limita contaviagem, quando ele estava quase equidistante entre as costas da África e da América, o vento paroubet365 limita contasoprar.
Sem a assistênciabet365 limita contaseu motor, devido à faltabet365 limita contacombustível, Ballestero não pôde fazer nada alémbet365 limita contaesperar alguma correntebet365 limita contaar.
Ele esperou um dia, dois, três, quatro... nada. Uma semana depois, ele ainda estava preso no mesmo ponto do Oceano Atlântico, na altura da Linha do Equador.
Ballestero sabia que tinha uma quantidade limitadabet365 limita contacomida e água. Ele trouxera cercabet365 limita conta160 latasbet365 limita contacomida,bet365 limita contalentilhas a atum, passando por frutas como abacaxi e pêssego.
Ele também tinha aveia, nozes e mel, que tomava no café da manhã com café ou mate.
Naqueles diasbet365 limita contaespera, ele apelou para a única garrafabet365 limita contauísque a bordo. Além disso, para as quatrobet365 limita contavinho. Mas, longebet365 limita contatranquilizá-lo, ele notou que o álcool acelerava ainda mais seus pensamentos negativos.
"Sem barulho nem nada para interromper meus pensamentos, deitei-mebet365 limita contaminha cama e percebi que estava flutuando na superfície do oceano, que o chão tinha 5 mil metrosbet365 limita contaprofundidade, 5 quilômetros abaixo, e que tudo poderia dar errado", conta.
"Trancadobet365 limita contaum mundobet365 limita contacalma, quietude e silêncio, eu me senti como um ser muito pequeno", lembra.
"Depoisbet365 limita contaalguns dias, estava perdendo minha sanidade. Você fica trancado combet365 limita contamente. É aí que você tem que controlá-la mais."
Ballestero conseguiu silenciar seus pensamentos com a ajudabet365 limita contasua fé. "Encontrei o Pai Nosso guardadobet365 limita contauma gaveta. Comecei a orar e fiquei mais calmo."
Finalmente, após 10 dias, o vento soprou novamente.
Novamente a caminho
Diante do enorme alívio e "total alegria"bet365 limita contaseu capitão, o Skua - nome do veleiro, inspirado por uma gaivota do Polo Sul - voltou a navegar pelas águas do Atlântico.
Mas um desafio final aguardava: uma ondabet365 limita contacercabet365 limita contaquatro a seis metros que derrubou o barco após 48 diasbet365 limita contaviagem, causando alguns danos (e alguns ferimentos ao navegador).
Mas, naquele momento, Ballestero já estava navegando perto da costa do Brasil e conseguiu reconstruir uma peça danificada na cidadebet365 limita contaVitória, no Espírito Santo.
Após uma jornadabet365 limita conta82 dias, ele finalmente chegou ao seu destinobet365 limita contameadosbet365 limita contajunho. Ele teve que esperar mais três dias atracado no Clube Náuticobet365 limita contaMarbet365 limita contaPlata, até ter certezabet365 limita contaque não tinha covid-19.
O momentobet365 limita contasua chegada foi perfeito: ele chegou poucos dias antes do Dia dos Pais e pôde celebrar a ocasião junto com Carlos, o homem que o ensinou a velejar.
Em Mar del Plata, Ballestero foi recebido como herói. O jornal local escreveu sobrebet365 limita contajornadabet365 limita contaabril e, enquanto Ballestero estava viajando, incomunicável, acabou angariando um grande númerobet365 limita contasimpatizantes que o aguardavam ansiosamente.
A imprensa argentina, que precisava contar notícias positivasbet365 limita contameio à pior crise econômica ebet365 limita contasaúde dos últimos tempos, o inundou com pedidosbet365 limita contaentrevistas.
Ele nem sequer desceu do barco quando participou, por meiobet365 limita contauma videochamada,bet365 limita contaum dos programas mais emblemáticos da televisão local: Almorzando con Mirtha Legrand.
O navegador, acostumado à solidão, ainda se surpreende com o enorme impacto quebet365 limita contahistória teve.
"Passeibet365 limita contahomem mais solitário do mundo a ser bombardeado com mensagensbet365 limita contameu celular ", brinca ele, um pouco confuso, mas feliz com as "boas vibrações" que recebe.
Planos futuros
Ele diz à BBC que agora planeja escrever um livro sobre suas experiências, inspirado nas milharesbet365 limita contapessoas que perguntam sobre suas aventuras (ele até criou uma conta no Instagram - @skuanavega - para manter contato com seus seguidores).
Quando a pandemia passar, seu próximo destino será a Patagônia e entrar no Pacífico através do Estreitobet365 limita contaMagalhães.
No diabet365 limita contasua entrevista à BBC, o governo argentino anunciou que estenderá e endurecerá a quarentena,bet365 limita contavigor há maisbet365 limita conta100 dias.
Questionado sobre como um navegador acostumado à liberdade se sente no meiobet365 limita contaum dos maiores confinamentos do mundo, Ballestero garante que não se importabet365 limita contaperderbet365 limita contaliberdade temporariamente para cuidarbet365 limita contasua saúde ebet365 limita contaseus entes queridos.
"Também para os marinheiros, é mais calmo porque temos o nosso barco", diz ele sobre o que continua sendobet365 limita contacasa principal.
Quase ao fim da entrevista, o aventureiro pede para "dar uma mensagem positiva".
"O que aprendi nesta viagem é continuar, perseverarbet365 limita contameu objetivo. Não enfraquecer minha convicção, pensar positivo e ter muita fé. Não devemos desistir", diz.
"A hora mais escura é sempre antes do amanhecer."
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