Pós-pandemia pode servaidebet vagassofrimento mental generalizado ouvaidebet vagasredescoberta da solidariedade, diz pensador italiano:vaidebet vagas

Sevaidebet vagas2011 o movimento Occupy Wall Street, que denunciava a desigualdade social, entre outros problemas, despontava para o autor como uma promissora reativação a dimensão pública urbana, os anos seguintes foramvaidebet vagasfrustração. E mais ainda agora na pandemia. "Agora, o corpo é diretamente agredido pelo vírus, pelo isolamento obrigatório e pelo distanciamento social."

Ativista dos movimentos estudantis europeusvaidebet vagasMaiovaidebet vagas1968 e comentador da vida contemporânea, Berardi mantém um diário sobre os efeitos da covid-19 no mundo. O prognóstico é preocupante e inclui grande sofrimento mental.

Para ele, os efeitos da pandemia podem levar a dois destinos diferentes: "Podemos entrarvaidebet vagasum períodovaidebet vagasmiséria física ilimitada,vaidebet vagasdeserotização absoluta das relações sociais, um períodovaidebet vagassofrimento mental generalizado", afirma,vaidebet vagasperspectiva pessimista.

Mas Bifo propõe também uma saída construtiva,vaidebet vagasque as pessoas podem "redescobrir a necessidade da solidariedade, abandonar o espíritovaidebet vagascompetição agressiva e sair do medo do contágio com um desejo renovadovaidebet vagascontato corporal".

Uma das mudanças já percebidas pela sociedade é a transformação da relação com o tempo - tanto na aceleração quanto na desaceleração.

Quando assistiu,vaidebet vagasjaneiro, ao filmevaidebet vagasKen Loach Você Não Estava Aqui?, que retrata a faltavaidebet vagasassistência aos informais que trabalham com entregas, o filósofo italiano concluiu que a ansiedade, o desespero, a agressividade e a frustração são "um fardo da miséria psíquica que o modovaidebet vagasvida neoliberal provocou evaidebet vagasque nunca seremos capazesvaidebet vagasnos libertar".

O autor analisa que o ritmo alucinadovaidebet vagastrabalho, vivências e relações cultivado nas últimas décadas era intolerável, mas vinha sendo tolerado. Parecia não haver outras formasvaidebet vagasviver - até que a pandemiavaidebet vagascoronavírus irrompeu e impôs limites a um corpo que era tratado como máquinavaidebet vagasexploração.

"Veio o isolamento e,vaidebet vagasrepente, a aceleração infernal foi interrompida. Agora estamos diante da possibilidadevaidebet vagassair do inferno,vaidebet vagasreformular todo o sistemavaidebet vagasexpectativas. Seremos capazesvaidebet vagasresistir à pressão capitalista que nos quervaidebet vagasvolta àquele carrosselvaidebet vagasantes?"

Ainda que o isolamento social tenha instituído outras rotinas e ritmos à maioria das pessoas, os trabalhadores considerados essenciais ficaram foram dessa possibilidade, "obrigados a continuar trabalhando cada vez mais rápido", como destaca Bifo. A eles foi reservada a aceleração do tempo.

Os dados endossam a afirmação do filósofo. Em levantamento realizado por pesquisadores brasileiros, entregadores por aplicativos afirmaram que, apesarvaidebet vagaso trabalho ter sido maior na pandemia, houve "redução significativa" do salário.

Trabalhos precários

As relaçõesvaidebet vagastrabalho têm passado por uma precarização perigosa, na avaliação do pensador italiano. Renegociações feitas devido à pandemia podem ir além dos momentosvaidebet vagasexceção e instituir uma fragilização naturalizada.

"A explosão do desemprego criará a condição para um tremendo agravamento da situação social: miséria generalizada, agressividade, conflitos, violência, guerra. Isso é fácilvaidebet vagasprever, é quase óbvio. A única saídavaidebet vagasuma catástrofe sem fim é uma mudança radical na relação entre atividade social e acesso às necessidades básicas da vida."

"Acho que a verdadeira mudança não deve ocorrer na posição política dos Estados, mas na capacidade da sociedadevaidebet vagasse organizar fora das formas dominantes. Auto-organização da produção, principalmente da produçãovaidebet vagasalimentos, e redistribuiçãovaidebet vagasriqueza."

Sobre isso, o filósofo não nega que as tensões dos próximos anos serão violentas, na medidavaidebet vagasque haverá recusa,vaidebet vagasalguns, na redistribuição.

Enquanto as desigualdades refletem um processovaidebet vagasexpansão evaidebet vagasacúmulo que favorece apenas uma pequena parte da população - dados das Nações Unidasvaidebet vagas2019 demonstram que a América Latina é a região do mundo com a maior desigualdadevaidebet vagasrenda -, o crescimento não tem se revertido necessariamente na expansãovaidebet vagascoisas úteis e prazerosas.

Para Bifo, a resultante é uma aceleração do processovaidebet vagasextração e a destruiçãovaidebet vagasrecursos físicos e mentais. "A obsessão econômica e financeira por crescer e o impulso persistentevaidebet vagaster mais,vaidebet vagasacumular valor abstrato, não estão funcionando."

Ele não tem dúvidasvaidebet vagasque a pandemia esteja expondo a "fragilidade do sistema monetário", baseadovaidebet vagasdinheiro imaginário e especulação financeira. Há capital circulando entre alguns. "Mas, no momento, o que precisamos não évaidebet vagasdinheiro, masvaidebet vagascoisas úteis como ventiladores, máscaras, alimentos, afeto."

Bifo argumenta ainda que o dinheiro disponibilizado por bancos centrais e instituições financeiras internacionais é revertido ao modelo capitalista e consumista, com forte impacto no endividamento da população.

"É uma experiência bem conhecida: desde os anos 1990, nos EUA, na Europa e na América Latina, a ampla disponibilidadevaidebet vagascartõesvaidebet vagascrédito (dinheiro eletrônico) permitiu uma expansão do consumo, mas isso implicou na criaçãovaidebet vagasuma dívida que resultou na sujeição crescente das pessoas. A dívida atuou como o principal fatorvaidebet vagasdependência social e obrigou os trabalhadores a aceitar qualquer tipovaidebet vagaschantagem, precariedade, salário baixo etc."

Enfrentamento da pandemia

Questionado sobre a recusa à ciênciavaidebet vagasparte da população diante do maior desafio desde a Segunda Guerra Mundial, Bifo lembra que o próprio fatovaidebet vagasvivermos um acontecimento sanitário como este no século 21 demonstra que "a ciência está longevaidebet vagasser infalível". A ciênciavaidebet vagasfato avança e alarga fronteiras sempre que novas perguntas são feitas, levando à produçãovaidebet vagasmais respostas. "Certo grauvaidebet vagasceticismo é legítimo", ele opina.

Feita a provocação, ele ressalta que é a busca científica a nossa arma contra os problemas impostos pela covid-19. "O conhecimento é a única ferramenta que temos contra o vírus e também contra qualquer tipovaidebet vagasperigo. Portanto, é difícil entender como alguns grupos não minoritáriosvaidebet vagaspessoas podem ser tão absurda e teimosamente negacionistas."

Sem recusar a melancolia e as crises intensificadas pela pandemia, Bifo também vislumbra possibilidadesvaidebet vagasvida que incluam a poesia, o sonho com o futuro e a reinvenção das relações. O filósofo explica que o isolamento e as consequências dele permitirão que olhemos para outras possibilidadesvaidebet vagasnos relacionar. "Nos últimos 40 anos, ficamos paralisados, persuadidosvaidebet vagasque não havia alternativa; mas agora ela se impôs, pelo menos por um período."

"As pessoas estão produzindo arte e poesia durante o confinamento. Vejo essa ampla atividadevaidebet vagasescrever e gravar imagens (por mais fragmentárias que sejam) como uma espécievaidebet vagastentativavaidebet vagasencontrar um ritmo comum, uma tentativavaidebet vagasreconstruir o tecido da sensibilidade."

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