Coronavírus: a dor das famílias proibidasvalor minimo de saque betwayenterrar seus mortos na Itália:valor minimo de saque betway

"Primeiro, ele isola vocêvalor minimo de saque betwayseus entes queridos logo antesvalor minimo de saque betwaymorrer. Então, não permite que ninguém se aproxime."

"As famílias estão arrasadas e acham difícil aceitar", acrescenta Cerato.

Morrendovalor minimo de saque betwayisolamento

Muitas vítimasvalor minimo de saque betwaycovid-19, doença causada pelo novo coronavírus, estão morrendovalor minimo de saque betwayisolamento hospitalar sem família ou amigos. As visitas são proibidas porque o riscovalor minimo de saque betwaycontágio é muito alto.

Embora as autoridadesvalor minimo de saque betwaysaúde digam que o vírus não pode ser transmitido postumamente, ele ainda pode sobreviver nas roupas por algumas horas. Isso significa que os cadáveres estão sendo selados imediatamente.

"Muitas famílias nos perguntam se podem ver o corpo uma última vez. Mas é proibido", diz Massimo Mancastroppa, agente funeráriovalor minimo de saque betwayCremona.

Os mortos não podem ser enterrados com suas roupas favoritas e mais elegantes. Em vez disso, resta-lhes o sombrio anonimatovalor minimo de saque betwayum traje hospitalar.

Mas Mancastroppa faz o que pode.

"Cobrimos o cadáver com as roupas que a família nos dá, como se os vestíssemos", diz ele. "Uma camisa por cima, uma saia por baixo."

"Eles não têm escolha a não ser confiarvalor minimo de saque betwaynós"

Nessa situação sem precedentes, esses agentes funerários se veem como famílias substitutas.

Amigos substitutos. Até padres substitutos.

Isso ocorre porque as pessoas próximas àquelas que morrem do vírus geralmente ficamvalor minimo de saque betwayquarentena.

"Assumimos toda a responsabilidade por eles", diz Cerato.

"Enviamos aos entes queridos uma foto do caixão que será usado, depois pegamos o cadáver no hospital e o enterramos ou cremamos. Eles não têm escolha a não ser confiarvalor minimo de saque betwaynós".

O mais difícil para Cerato é não conseguir aliviar o sofrimento dos enlutados. Em vezvalor minimo de saque betwaycontar às famílias tudo o que poderia fazer, ele agora é forçado a listar tudo o que não pode mais fazer.

"Não podemos vesti-los, não podemos pentear seus cabelos, não podemos maquiá-los. Não podemos prepará-los para parecerem bonitos evalor minimo de saque betwaypaz. É muito triste."

Um dever para com os que partiram

Como seu pai, Cerato é agente funerário e exerce a profissão há 30 anos.

Ele diz acreditar que essas pequenas coisas são muito importantes para os enlutados.

"Acariciarvalor minimo de saque betwaybochecha pela última vez, segurarvalor minimo de saque betwaymão e vê-lo parecer digno. Não ser capazvalor minimo de saque betwayfazer isso é muito traumático."

Por causa desta pandemia, os agentes funerários tampouco podem ter qualquer contato com as famílias dos mortos.

Os familiares ainda tentam passar notas manuscritas, objetos com valor sentimental, desenhos e poemas, na esperançavalor minimo de saque betwaysejam enterrados ao ladovalor minimo de saque betwayseus entes queridos.

Mas nada disso será posto nos caixões.

Enterrar itens pessoais agora é ilegal. Uma medida drástica, mas tomada para impedir a propagação da doença.

Se alguém morrevalor minimo de saque betwaycasa, os agentes funerários ainda são autorizados a entrar - mas eles precisam usar equipamentovalor minimo de saque betwayproteção completo: óculos, máscaras, luvas, casacos.

É uma visão profundamente angustiante para alguém que acabouvalor minimo de saque betwayver um ente querido morrer.

Mas muitos agentes funerários estão agoravalor minimo de saque betwayquarentena. Alguns tiveram que fechar seus negócios.

Uma grande preocupação é que aqueles que lidam com os mortos não têm máscaras ou luvas suficientes.

"Temos equipamentosvalor minimo de saque betwayproteção suficientes para nos manter por mais uma semana", diz Cerato.

"Mas quando eles acabarem, não poderemos mais operar. E somos uma das maiores agências funerárias do país. Não consigo nem imaginar como as outras estão lidando."

Funerais proibidos

Uma lei nacionalvalor minimo de saque betwayemergência proibiu funerais na Itália para impedir a propagação do vírus.

Isso é inédito para um país com valores católicos tão fortes.

Pelo menos uma vez por dia, Andrea enterra um corpo e ninguém aparece para se despedir — porque todos estãovalor minimo de saque betwayquarentena.

"Uma ou duas pessoas podem estar lá durante o enterro, mas isso é tudo", diz Massimo. "Ninguém se sente capazvalor minimo de saque betwaydizer algumas palavras; resta apenas o silêncio."

Sempre que pode, ele tenta evitar isso. Então dirige para uma igreja com o caixão no carro, abre o porta-malas e pede a um padre que faça uma bênção.

Isso geralmente é feitovalor minimo de saque betwaysegundos. A próxima vítima espera.

Um país inundadovalor minimo de saque betwaycaixões

A indústria mortuária está sobrecarregada e o númerovalor minimo de saque betwaymortos continua aumentando.

Até agora, a Itália é o país com mais mortos por coronavírus - são maisvalor minimo de saque betway6 mil no total.

"Há uma fila do ladovalor minimo de saque betwayfora da nossa agência funeráriavalor minimo de saque betwayCremona", diz Andrea.

"É quase como um supermercado."

Necrotériosvalor minimo de saque betwayhospitais no norte da Itália estão lotadosvalor minimo de saque betwaycadáveres.

"A capela do hospitalvalor minimo de saque betwayCremona parece mais um armazém", diz Mancastroppa.

Muitos outros caixões estão se acumulando nas igrejas.

Em Bergamo, que tem o maior númerovalor minimo de saque betwaycasos na Itália, os militares tiveram que intervir - os cemitérios da cidade estão agora cheios.

Uma noite, na semana passada, os moradores assistiramvalor minimo de saque betwaysilêncio enquanto um comboiovalor minimo de saque betwaycaminhões do Exército dirigia lentamente maisvalor minimo de saque betway70 caixões pelas ruas.

Cada um continha o corpovalor minimo de saque betwayum amigo ou vizinho sendo levado para uma cidade próxima para ser cremado.

Poucas imagens foram mais chocantes ou pungentes desde o início do surto.

'Transportadoresvalor minimo de saque betwayalmas'

Médicos e enfermeirosvalor minimo de saque betwaytodo o país foram aclamados como heróis, salvadores neste momento, que é um dos mais sombrios da história da Itália.

Mas os diretoresvalor minimo de saque betwayfuneral não receberam reconhecimento pelo que também estão fazendo.

"Muitas pessoas nos veem apenas como transportadoresvalor minimo de saque betwayalmas", suspira Massimo.

Ele diz que muitos italianos veem seu trabalho da mesma maneira que veem Charon, o sinistro barqueiro mitológico do submundo que carrega as almas dos recém-falecidos atravésvalor minimo de saque betwayum rio que divide o mundo dos vivos do mundo dos mortos.

Uma tarefa ingrata e impensada aos olhosvalor minimo de saque betwaymuitos.

"Mas posso garantir que tudo o que queremos é dar dignidade aos mortos."

#Andratuttobene ("tudo vai ficar bem",valor minimo de saque betwaytradução livre) é uma hashtag que viralizou na Itália desde que a crise eclodiu. Vem acompanhada por um emojivalor minimo de saque betwayarco-íris.

Mas no momento não há arco-íris à vista. E embora todos rezem por isso, ninguém sabe exatamente quando tudo ficará bem novamente.

*Ilustraçõesvalor minimo de saque betwayJilla Dastmalchi