Coronavírus: a estudante japonesa que está costurando máscarascasa para doá-las:

Hime Takimoto

Crédito, Arquivo pessoal

Legenda da foto, Hime Takimoto costurou 612 máscaras para doação

A estudante Hime Takimoto,13 anos, resolveu darpequena contribuição. Ao ver pessoas idosasum lojaKofu (ProvínciaYamanashi) atrásmáscaras, a adolescente teve a ideiacosturar ela própria o cobiçado item.

A garota usou parte do "otoshidama" (presenteAno-Novodinheiro), algotorno80 mil ienes (cercaR$ 3.700), da poupança para aquisiçãogaze, linha e elástico. "Eu e meu marido nos dispusemos a ajudá-la, mas ela preferiu bancar tudo sozinha", conta a mãe.

GovernadorYamanashi recebe doaçãomáscaras da estudante Hime Takimoto

Crédito, Governo da ProvínciaYamanashi

Legenda da foto, GovernadorYamanashi recebe doaçãomáscaras da estudante Hime Takimoto

Depoisaprender um modelomáscara, Hime aproveitou esse período sem aulas devido ao coronavírus para mexer na máquinacostura da mãe.

Trabalhando cinco horas por dia, a garota produziu 612 unidades: 400 para adultos e 212tamanho infantil.

Cada máscara foi colocadaum saquinho plástico com uma mensagem manuscrita pela garota, lembrando as pessoas da importânciatambém lavar bem as mãos.

"Não costuro tão bem, mas fiz tudo com carinho, pensandoajudar o maior númeropessoas", diz a estudante.

Nesta semana, ela entregou a caixa com o resultadoseu trabalho ao governador da ProvínciaYamanashi, para que as máscaras sejam doadas a asilos e orfanatos.

O infectologista Sachio Miura, da FaculdadeMedicina da UniversidadeNagasaki, ressalta que máscaras caseiras devem ser vistas como "itensetiqueta".

Não dá para assegurar que elas irão impedir a pessoapegar a doença, porém podem evitar que um indivíduo infectado passe o vírus adiante.

O médico japonês explica que o produto mais eficaz e recomendado são os respiradores do tipo N95 e o PFF2 (com certificação europeia). "São dessas máscaras que os médicos mais precisam hoje", diz.

Máscaras laváveis

Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomende o usomáscaras somente por quem está contaminado, muita gente sem qualquer sintoma quer ter a boca e o nariz cobertosalguma maneira, para se sentir protegida. As máscaras são o símbolo dessa ansiedade.

Para pessoas assim, há vários modelos sendo produzidos à mão no Japão. Um casalartesãosShimane, por exemplo, resolveu usar o papel tradicional japonês washi como matéria-primauma máscara que pode ser lavada e reutilizada várias vezes.

Na cidadeSoja (provínciaOkayama), sete entidades que atendem pessoas com deficiência resolveram se juntar para produzir máscaras usando denim.

O tecido,uma variedade mais macia, foi escolhido por ser um dos produtosimportância econômica para a cidade60 mil habitantes.

"É um trabalhoque todos ganham", diz o prefeito Soichi Kataoka. O projeto tem o objetivomelhorar a qualidadevida das pessoas com deficiência, oferecendo a elas um tipoatividade.

máscara produzida com denim

Crédito, PrefeituraSoja

Legenda da foto, Máscara produzida com denim não é eficazacordo com as normas da OMS, mas pode servir para 'aliviar ansiedade'

As vendas são feitas no saguão da prefeituraSoja e começaram no dia 16. As cem máscaras ofertadas no primeiro dia se esgotaram20 minutos.

A capacidadeprodução diária está limitada a 50 unidades, porém a prefeitura pretende usar máquinascostura que estão obsoletas nas escolas e convidar mais entidades para chegar a dez mil unidades.

Sobre a eficácia para proteger do coronavírus, um dos envolvidos no projeto reconhece as limitações do produto, mas assegura que nesse cenárioescassezmáscaras, o item pode ser útil para muita gente.

"A cidadeSoja não registrou nenhum casocoronavírus, mas a procura pelo produto é grande. Quem tem alergia a pólen também precisa da máscara."

Quando as máscaras começaram a sumir das prateleiras com a rápida propagação do coronavírus, o governo japonês buscou medidas para normalizar a oferta.

No iníciomarço, o primeiro-ministro Shinzo Abe evocou a Lei sobre MedidasEmergência para Estabilizar as CondiçõesVida do Público, numa tentativaregular a venda e distribuiçãomáscarasHokkaido.

A Província localizada no extremo norte do Japão tem o maior númerocasos confirmadoscoronavírus: 157 do total956 registrados até o dia 19todo o país.

Segundo o Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão, o governo realizou uma compra global20 milhõesmáscarastecido.

Elas começarão a ser distribuídas na próxima semanainstalaçõesatendimento, centrosatendimento a pessoas com deficiência, creches e instalações que oferecem programas após a escola.

Múltiplos usos

No Japão, o usomáscaras cirúrgicas no dia a dia é anterior à pandemiacoronavírus e faz parte da etiqueta social. O costume foi estimulado pela epidemiaSars2002 e 2003, gripe H1N12009, além da polinose.

Nessa época do ano, o vento espalha o pólen do cedro que foi plantado pelo governoáreas montanhosas no período pós-guerra do país, deixando as pessoas com os olhos marejados e espirros contínuos. Estima-se que um quinto da população japonesa sofra com a alergia a pólen e precise da proteção.

Há outras razões pelas quais as pessoas usam máscaras que nada têm a ver com a saúde. Takashi (nome fictício), aluno do ensino médio, tem um estoque para uso diário quando vai ao colégio.

"Com a máscara, me sinto mais protegido. As pessoas percebem que não estou a fimpapo", diz o adolescente japonês, reconhecidamente tímido epoucos amigos. A máscara, nesse caso, intimida qualquer um que queira chegar perto.

Por enquanto ele está sem aulas por solicitação do governo central a toda a redeensino. A preocupaçãoTakashi é se o abastecimentomáscaras vai ser resolvido antes do início do novo ano letivo, porque o estoque está quase zerando.

Línea

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