Coronavírus: estudo revela fatoresandre akkaririsco e sintomasandre akkaripacientes mortosandre akkarihospital na China:andre akkari
Os pesquisadores, filiados a instituições chinesas, buscaram juntar os pontos do início, percurso e desfecho da doença nessas pessoas. Para isso, usaram informaçõesandre akkariprontuários, exames e dados demográficos. Em seguida, construíram modelos matemáticos para identificar os fatoresandre akkaririsco que levaram à morte.
Uma das conclusões é aandre akkarique, como vêm mostrando outras pesquisas, a idade avançada é um fatorandre akkaririsco para a covid-19. Comparados com aqueles que sobreviveram, pacientes que morreram eram,andre akkarigeral, mais velhos —andre akkarimédia 69 anosandre akkaricomparação com a médiaandre akkari52 entre os que sobreviveram.
"Desfechos pioresandre akkariidosos podem ser explicados,andre akkariparte, pelo enfraquecimento do sistema imunológico relacionado à idade.
Uma inflamação maior pode favorecer a replicação do vírus e respostas mais prolongadas à inflamação, causando danos permanentes ao coração, cérebro e outros órgãos", explicouandre akkarium comunicado à imprensa Zhibo Liu, um dos autores da publicação e membro da equipe do Hospital Jinyintan.
Dos 191 pacientes analisados, cercaandre akkarimetade (48%) tinha doenças crônicas — a mais comum, hipertensão (30% da amostra) e diabetes (19%). Após cálculos matemáticos, os autores consideram que estas comorbidades são também fatorandre akkaririsco para casos mais graves da covid-19.
"Diabetes, doença arterial coronariana, doença pulmonar obstrutiva crônica, insuficiência renal são todos fatores que independentemente do tipoandre akkariinfecção, serão potenciais agravadores dela. Um indivíduo com diabetes que adquire uma pneumonia tem potencialmente um quadro mais grave do que um indíviduoandre akkarimesma idade e características — mas sem diabetes", explica à BBC News Brasil Rafael Jácomo, diretor técnico e médico do Laboratório Sabinandre akkariAnálises Clínicas e títuloandre akkaridoutoradoandre akkarimedicina pela Universidadeandre akkariSão Paulo (USP).
"A publicação confirma que isto ocorre também com a covid-19 — o artigo tem esse valor,andre akkariconfirmar uma impressão teórica (que poderia ser pressuposta pelo conhecimento sobre outros tiposandre akkariinfecção)."
Em todos os pacientes, a complicação mais comum decorrente da covid-19 foi a sepse (detectadaandre akkari100% dos pacientes mortos e 42% dos sobreviventes), seguidaandre akkariinsuficiência respiratória (98% versus 36%). A frequênciaandre akkaricomplicações como essas foi maiorandre akkaripessoas que morreram do que as que tiveram alta.
É importante lembrar que a amostraandre akkariquestão envolve pessoas não só infectadas como internadas — portanto, um recorte com casos mais avançadosandre akkariinfecção por Sars-Cov-2. Dois terços dos pacientes analisados tinham manifestações graves ou muito graves da doença.
Conforme lembram os autoresandre akkariseu artigo, à semelhançaandre akkarioutras infecções respiratórias virais, o conjuntoandre akkarimanifestações possíveis da covid-19 é bem amplo, incluindo desde infecções assintomáticas e moderadas a pneumonias graves com insuficiência respiratória e até morte.
Hoje, a Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a estimativaandre akkarique 3,4% dos pacientes morrem por causa da covid-19.
Sinais do corpoandre akkarique há uma infecção graveandre akkaricurso
Há também dois indicadores detectados na entrada dos pacientes nos hospitais chineses que podem ajudar os médicos a rastrear mais cedo casos potencialmente graves. Neste caso, não se trataandre akkarium problemaandre akkarisaúde que já existia antes da infecção com o coronavírus, como por exemplo uma diabetes, mas justamente dos efeitos da covid-19. Um destes indicadores é uma pontuação alta no índiceandre akkariavaliação seqüencialandre akkarifalhaandre akkariórgão ("SOFA score",andre akkariinglês).
É uma avaliação comumente feita nas Unidadesandre akkariTerapia Intensiva (UTIs) a cada dia — exames e outras informações sobre o paciente são coletadas e compõem uma pontuação que indica uma menor ou maior inclinação à falha dos órgãos devido à sepse.
"A escala avalia por exemplo a creatinina, que é um marcador da função renal; a contagemandre akkariplaquetas que,andre akkaricasoandre akkarisepse, está reduzida", exemplifica Jácomo. "São critérios que demonstram a gravidade da manifestação da doença."
Outro indicador é um valorandre akkaridímero-D alto no sangue (maior que 1 μg/mL), fragmentosandre akkariproteína relacionados ao processoandre akkaricoagulação.
"Casosandre akkarisepse e choque séptico normalmente vêm associados à chamada coagulação intravascular disseminada e que, por si só, eleva o dímero-D", diz o médico.
O artigo publicado no Lancet indicou ainda que casos mais gravesandre akkaricovid-19 estavam relacionados a uma menor contagemandre akkarilinfócitos (um tipoandre akkariglóbulo branco, parte do sistemaandre akkaridefesa); níveis elevadosandre akkariinterleucina 6 (um marcadorandre akkariinflamação e doenças crônicas); e aumento das concentraçõesandre akkaritroponina Iandre akkarialta sensibilidade (um marcadorandre akkariataque cardíaco). Níveis aumentados desta troponina foram detectadosandre akkarimais da metade dos pacientes que morreram.
Períodoandre akkariação do vírus
Outro dado importante revelado pela publicação no Lancet foi a duração mediana do viral shedding — excreção, cascata ou disseminação viralandre akkariportuguês.
"Isso significa que o vírus está se replicando, infectando novas células e circulando no corpo do paciente", explica à reportagem Rafaela da Rosa Ribeiro, doutoraandre akkaribiologia celular, pós-doutoranda e bolsista BEPE-FAPESP no Ospedalle San Rafaelle,andre akkariMilão, Itália (o segundo país mais afetado pelo novo coronavírus no mundo).
O artigo mostrou que a duração mediana da disseminação viral foiandre akkari20 diasandre akkaripessoas que sobreviveram à infecção — variandoandre akkarioito a 37 dias. Nos 54 pacientes que morreram, o vírus era detectável até a morte.
A disseminação viral é diferente da incubação — no primeiro caso, a infecção já está configurada, ou seja, o vírus não só está no corpo do paciente como provocando sintomas. Para autoridadesandre akkarisaúde como OMS e Centrosandre akkariControle e Prevençãoandre akkariDoenças dos EUA (CDC), são casos como esses, os sintomáticos, os com maior riscoandre akkaritransmissão — e, por isso, os mais preocupantes.
Um relatório da OMS do último dia 6andre akkarimarço afirma que "apesarandre akkariestarmos tomando conhecimentoandre akkarique pessoas podem disseminar o vírus que causa a covid-19andre akkari24 a 48 horas antes do aparecimentoandre akkarisintomas, hoje, esta não parece ser uma fonte majoritáriaandre akkaritransmissão".
"Pessoas assintomáticas podem ter o vírus, mas o sistema imunológico conseguiu conter a infecção e o vírus não está tendo a capacidadeandre akkarise replicar e causar danos nas células. Portanto, elas não têm uma carga viral alta o suficiente para infectar outras pessoas", explica Ribeiro.
"O períodoandre akkariincubação vai desde o momentoandre akkaricontato com o vírus até quando ele começa a causar sintomas, quando ele está se replicando. Por isso, espera-seandre akkari2 a 14 dias após o contato com uma pessoa infectada, pois esse tempo é o necessário para saber se a pessoa desenvolveu a doença — portanto, se o vírus se adquiriu a capacidadeandre akkarise replicar."
Em comunicado à imprensa, Bin Cao, um dos líderes do estudo, alertou que os resultados devem ser incorporados com cautela nas políticas públicas.
"O extenso períodoandre akkaridisseminação viral observadoandre akkarinosso estudo tem implicações importantes para orientar as decisões sobre isolamento e tratamento antiviralandre akkaripacientes com infecção confirmada por covid-19", afirmou Bin Cao, professor da Capital Medical University,andre akkariPequim, China.
"No entanto, precisamos deixar claro que o tempoandre akkaridisseminação viral não deve ser confundido com outras orientações para o isolamentoandre akkaripessoas que podem ter sido expostas ao covid-19, mas não apresentam sintomas — pois neste caso, a orientação é baseada no tempoandre akkariincubação do vírus."
Limitações do estudo
Como éandre akkaripraxeandre akkaripublicações científicas, no Lancet os autores do artigo reconhecem as limitações do estudo.
Uma delas é temporal, já que foram considerados casos até 31andre akkarijaneiro. Assim, os resultados refletem um estágio da doença, atéandre akkaritermosandre akkarimortalidade, que já é diferente hoje.
Além disso, não há um controle sobre o que aconteceu com os pacientes estudados antes que eles chegassem ao hospital — por exemplo, se tiveram dificuldadeandre akkariconseguir remédios ou se foram atendidos quando já estavam bastante doentes.
Rafael Jácomo aponta também que a amostraandre akkari191 pacientes é relativamente pequena, assim como o recorte temporal. O médico destaca ainda que fatores culturais e hábitos alimentares, além da própria estruturaandre akkarisaúdeandre akkarium país, podem mudar a relação entre comorbidades e infecção viral.
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