A disputa por milharesreview vbetgarrafasreview vbetuísque após naufrágio,review vbet'verão da lata' escocês:review vbet

review vbet "De noite, você podia ver feixesreview vbetluz nas colinas. Eram os moradores escondendo as garrafasreview vbetuísque."

Esse é o testemunhoreview vbetum professorreview vbetuma ilha escocesa, quereview vbet1941,review vbetplena Segunda Guerra, foi palcoreview vbetuma curiosa história real que inspirou livros, peças, musicais, filmes e entrou para o imaginário coletivo do Reino Unido.

Em plena épocareview vbetracionamentoreview vbetalimentos e escassez generalizadareview vbetbebidas, os cercareview vbetduzentos moradores da ilhareview vbetEriskay, no noroeste da Escócia, após resgatarem os sobreviventesreview vbetum cargueiro perto da costa, souberam que o navio levava um carregamentoreview vbetcaixasreview vbetuísque single malte escocês.

A descoberta causou sensação. Boa parte da população imediatamente se pôs a "resgatar" as preciosas garrafas, mas logo se viram às turras com agentes da lei, com quem entraramreview vbetum verdadeiro jogoreview vbetgato e rato.

Muitos foram presos, tiveram suas garrafas confiscadas e cumpriram pena, nesse episódio que lembra bastante o notório "Verão da Lata" no Brasil,review vbet1987/88, quando milharesreview vbetlatasreview vbetmaconha apareceram no mar, na costa do Rio e São Paulo, e causaram grande alvoroço no país inteiro.

A história do uísque que apareceu no mar é contadareview vbetum podcast da série Que História!, da BBC News Brasil.

review vbet Como ouvir o podcast

A primeira temporadareview vbetQue História!, produzida e apresentada por Thomas Pappon, terá dez episódios, que são disponibilizados semanalmente nas principais plataformasreview vbetpodcast, como Apple, Spotify, Overcast e Castbox.

Além dessas há várias plataformas e apps que oferecem assinaturas do podcast — o que permite que cada novo episódio seja baixado automaticamentereview vbetseu dispositivo ou computador assim que for disponibilizado (toda sexta-feira, às 06h00review vbetBrasília).

Há também apps leitoresreview vbetcódigos RSS.

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O templo iluminado

No dia 5review vbetfevereiroreview vbet1941, uma forte ventania fez o cargueiro britânico SS Politician bater contra as rochas na costa da ilhareview vbetEriskay. O navio viajavareview vbetLiverpool para Nova Orleans, nos Estados Unidos, levando banheiras, partesreview vbetmotores, pianos, móveis, comida, roupareview vbetcama e,review vbetprincipal carga, 30 mil caixasreview vbetuísque single malt escocês, contendo, ao todo, 336 mil garrafas.

Alertados pelos marinheiros resgatados, os moradores locais não se fizeramreview vbetrogados e decidiram ir atrás das garrafas, como contou,review vbetum depoimento dadoreview vbet1965 à BBC, o pescador John Campbell.

"Usamos botesreview vbettodos os tamanhos para chegar ao navio. Já era noite, e iluminamos os destroços usando velas que faziam parte da carga. Parecia um templo, todo iluminado por velas, com as pessoas carregando as caixasreview vbetuísque."

Os moradores tentaram levar o maior número possívelreview vbetgarrafas do navio. Para eles, o que vinha do mar era uma dádiva; eles estavam se aproveitandoreview vbetalgo que estava fadado a afundar.

Mas quando soube disso tudo, o chefe da agência alfandegária da região, Charles McColl, viu aquilo como contrabando, e acionou a polícia para um verdadeiro jogoreview vbetgato e rato com os moradores, que passaram a esconder as garrafas.

"Você fazia o possível para levar as garrafas pra casa até antes da chegada da luz do dia", contou Campbell. "Se você não conseguia chegar antes do amanhecer, tinhareview vbetesconder as garrafasreview vbetalgum lugar."

Os "feixesreview vbetluz" a que o professor, chamado Donald Campbell, se refere acima eram as lanternas dos moradores, buscando locais para esconder ou enterrar garrafas.

Os locais eram marcados com flores coloridas ou pedras — mas isso pouco adiantou para os que já estavam bêbados, que não conseguiam se lembrarreview vbetcomo tinham marcado o localreview vbetque esconderam suas garrafas.

John Campbell contou que "muitas garrafas foram perdidas assim". "Na época, todos nós estávamos sob a influência do uísque. Foi uma bebedeira, um porrereview vbetseis semanas."

O professor Campbell contou que o uísque também era escondido dentroreview vbetchaminés, camas e até mesmoreview vbethortas caseiras.

"Eles enterravam as caixas ou garrafas nos seus jardins, e as cobriam plantando milho ou batatas por cima. Eles achavam que a polícia não consideraria destruir hortas caseiras na busca por uísque enterrado."

E a exemplo do que aconteceu no Verão da Lata no Brasil, quando muito se falou sobre a alta qualidade da maconha, o uísque single malt a bordo do SS Politician acabaria deixando muitas saudades. Erareview vbetqualidade bem superior ao que os habitantes da ilha estavam acostumados.

No depoimento dado nos anos 1960 à BBC, John Campbell disse que o uísque "era maravilhoso". "Você podia passar o dia e a noite bebendo e nunca tinha dorreview vbetcabeça depois disso. Eu nunca tinha bebido nada dessa qualidade, e sei que nunca mais beberei."

Dádivareview vbetDeus?

Ao todo, 19 pessoas foram detidas por terem caixas ou garrafas escondidas, e cumpriram penareview vbetaté seis semanasreview vbetprisão. Essa repressão causou muita indignação na época.

"Achei aquilo vergonhoso", disse Campbell. "Botar pessoas decentes e trabalhadoras na prisão por terem resgatado do mar algumas garrafasreview vbetuísque, ou qualquer outra coisa que pudesse ter bom uso — ainda mais nos tempos difíceis da guerra, onde tudo estavareview vbetfalta."

O escritor escocês Compton Mackenzie, que lançou, poucos anos depois, o livro Whisky Galore, inspirado nessa história, também criticou duramente a repressão aos moradores da ilha e o confisco do uísque.

"A lei não tinha nada a ver com essa história", disse ele à BBC. "(O uísque) Foi um presentereview vbetDeus. É uma tradiçãoreview vbetcentenas e centenasreview vbetanos, na Cornualha, no Paísreview vbetGales... O que vem do mar é um presente, deve ir para as pessoas."

O livroreview vbetMackenzie virou um filmereview vbet1949, Whisky Galore!, bastante conhecido e querido na Grã-Bretanha. Foi adaptado para o teatro, depois para um musical, e refilmadoreview vbet2017, com o mesmo título, semprereview vbettomreview vbetcomédia.

Mas o que livro e filme não trazem é um lado sombrio da história. Há relatosreview vbetque houve casosreview vbetalcoolismo na região, ereview vbetque muitos moradores, por um bom tempo, preferiam beber do que trabalhar.

As autoridades estimam que 24 mil garrafas teriam sido surrupiadas ou resgatadas pela pequena população local. Para acabar com a tentação da comunidade local, Charles McColl, o chefe da alfândega, conseguiu permissão para explodir o casco do navio, destruindo centenasreview vbetmilharesreview vbetgarrafas restantes.

Pouco depois o navio afundoureview vbetvez. Mas ao longo das décadas seguintes continuaram aparecendo notícias sobre garrafas encontradas por mergulhadores sendo vendidasreview vbetleilões pelo equivalente a até RS$ 30 mil reais cada.

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