Greve global pelo clima: por que ações individuais fazem diferença no combate às mudanças climáticas:bet3654
Em vezbet3654pegar um avião para participarbet3654reuniões sobre a mudança climáticabet3654Nova York, no fimbet3654agosto, a adolescente optou por cruzar o Atlântico a bordobet3654um veleiro — aquele que tinha um balde azul para os tripulantes fazerem suas necessidades, lembram?
Espalhando a mensagem
Quando conversamos no portobet3654Plymouth, no sul da Inglaterra, ela me disse que "a questão é formar opinião. Ao pararbet3654voar, você não apenas reduzbet3654pegadabet3654carbono, mas também envia um sinal para outras pessoas ao seu redorbet3654que a crise climática é algo real e isso ajuda a impulsionar um movimento político".
É uma boa resposta e ajuda a explicar por que essa adolescente sueca chamou a atenção do mundo.
Minha reação talvez tenha sido um pouco rude: "Então, você está tentando fazer o restobet3654nós nos sentir culpados?", perguntei.
"Não", ela respondeu calmamente, e explicou que não acha que sejabet3654função dizer a outras pessoas como viver suas vidas. Pelo contrário, suas convicções devem guiar seu próprio comportamento.
"Eu não voo por causa do enorme impacto climático da aviação por pessoa."
Ela reconhece, no entanto, que seu caso é peculiar.
"Muitas pessoas ouvem o que tenho a dizer e apareço muito na mídia. Portanto, influencio muita gente e, por isso, tenho uma responsabilidade maior, pois tenho uma plataforma maior."
Anteriormente, ela tentou participarbet3654reuniões por videoconferência, mas não causou tanto impacto.
"Acho que tem um impacto maior se eu e muitos outros jovens estivermosbet3654fato lá."
E, a julgar pela publicidade que recebe, Greta tem razão.
Mas vamos ser honestos, você não é a Greta Thunberg. Mesmo que suas escolhas se espalhem pelo mundo e influenciem algumas pessoas,bet3654decisãobet3654comer menos carne e diminuir um pouco o termostato não é exatamente o apelo que vai mobilizar o mundobet3654torno da redução das emissõesbet3654carbono.
Então, por que os indivíduos devem fazer abet3654parte?
Obrigação moral
Essa é uma pergunta para um filósofo. É trabalho deles travar debates sobre que princípios devem guiar nosso comportamento.
E eu falei com "o cara". O professor Peter Singer, da Universidadebet3654Princeton, nos EUA, foi classificado como "o filósofo vivo mais influente do mundo" pela revista New Yorker.
Singer se autodefine como um especialistabet3654ética prática e é muito claro sobre essa questão.
Ele não apenas acredita que todos nós devemos tomar uma atitude, como argumenta que há uma obrigação moral muito fortebet3654por que devemos fazer isso.
"Acho que esse é um dos grandes desafios morais do século 21, talvez o maior", diz ele. "Se não estamos agindo, estamos colocandobet3654risco todo mundo que está vivo agora e também as futuras gerações."
Ele compara o fatobet3654você não reduzir suas emissõesbet3654carbono com a atitudebet3654pegar uma escavadeira e arrasar as plantaçõesbet3654um pequeno agricultor na África.
Se você fizesse isso, todo mundo concordaria que estaria errado, mas os gasesbet3654efeito estufa pelos quais você é responsável geram o mesmo resultado, argumenta.
O fatobet3654a causa estar relacionada a "gases invisíveis" ebet3654que o efeito só poderá ser sentidobet3654um futuro distante não permite que cada umbet3654nós fuja da obrigação moralbet3654agir, insiste Singer.
A razão é que nosso direito à liberdadebet3654ação não se aplica a prejudicar os outros.
Ele sugere outra metáfora. Imagine que há um limitebet3654velocidadebet3654uma rua comercial movimentada e alguém diz: "Vou dirigir lá pisando fundo no acelerador, mas não se preocupe, há uma boa chancebet3654eu não matar ninguém."
Você não diria que "tudo bem", afirma Singer.
"Você diria: 'Não, você não tem liberdade ou direitobet3654colocar outras pessoasbet3654grave riscobet3654serem feridas ou mortas. E é exatamente isso que estamos fazendo ao seguirbet3654frente com os níveisbet3654emissãobet3654gasesbet3654efeito estufa que estamos emitindo hoje."
Segundo ele, o fatobet3654que cada umbet3654nós desempenha um papel minúsculo no processo como um todo não importa; nossa obrigaçãobet3654agir permanece.
Influência crescente
Aposto que a maioria das pessoas reconhece instintivamente que há uma força verdadeira nesses argumentos. Então, por que todos nós já não estamos agindo mais para reduzir nossas emissões?
Vamos ouvir o que tem a dizer uma psicóloga comportamental: a professora Kelly Fielding, da Universidadebet3654Queensland,bet3654Brisbane, na Austrália.
De acordo com ela, não somos os espíritos independentesbet3654pensamento livre que imaginamos ser.
"O que vemos como psicólogos sociais é que as pessoas são muito influenciadas pelo que os outros fazem, embora a gente acredite que não seja", explica.
"É um paradoxo. Achamos que tomamos nossas próprias decisões, mas a verdade é que buscamos orientação nos outros sobre como devemos nos comportar."
Quando se tratabet3654mudanças climáticas, o problema é que simplesmente não estamos recebendo as sugestões que precisamosbet3654amigos e familiares, ou, neste caso específico, do governo e das empresas, diz ela.
No entanto, pesquisas mostram que as pessoas no mundo inteiro estão ficando cada vez mais preocupadas com as mudanças climáticas.
Um estudo publicadobet3654junho nos EUA ilustrou essa questão com muita força. O levantamento da Reuters mostrou que, enquanto 69% dos americanos queriam que o governo adotasse ações "agressivas" para combater as mudanças climáticas, apenas um terço estaria disposto a pagar mais US$ 100 para que isso acontecesse.
O que os entrevistados estão dizendo é: "Sim, há um problema, mas não é minha responsabilidade resolvê-lo".
Mas não se desespere, diz a professora Fielding. Estudos realizados por psicólogos comportamentais indicam que é possível reverter essa conclusão na cabeça das pessoas.
Se as pessoas precisam ser estimuladas por outras antesbet3654mudarbet3654comportamento, tudo o que precisamos fazer é impelir algumas a começar a agir e outras a seguirão, ela argumenta.
O que nos leva a fechar um círculo e fazer todo o caminhobet3654volta até Greta Thunberg e aquele veleiro "zero carbono".
Como diz Greta, nossas ações são importantes não porque elas têm um efeito material sobre as mudanças climáticas, mas por causa da mensagem que elas enviam a outras pessoas.
O que você faz influencia seus amigos e familiares e ajuda a criar um espaço político para governos e empresas agirem. E é provável que isso incentive outras pessoas e outros países a fazerem mais.
E isso já está acontecendo. Quem imaginaria que uma empresa que fabrica hambúrguer sem carne pode valer quase US$ 4 bilhões; que o cartelbet3654petróleo mais poderoso do mundo classificaria os jovens ativistas ambientais como a "maior ameaça" para a indústriabet3654petróleo; ou que a mudança climática se tornaria a questão-chave para os candidatos democratas a presidente dos EUA?
Sim, o que estou sugerindo é a possibilidadebet3654um círculo virtuoso. E sim, este é um argumento para que todos nós possamos ser bem mais otimistasbet3654relação ao que pode ser alcançado.
Porque há outro ponto crucial a ser lembrado. A mudança climática não é binária, não apenas acontece ou não acontece. Uma questão importante para todos nós é o nívelbet3654mudança climática que o mundo vai sofrer.
Já sentimos um certo graubet3654aquecimento global. A Organização das Nações Unidas (ONU) pediu que tentássemos limitar a 1,5°C.
O negócio é o seguinte: quanto mais atitude tomarmos, menos nosso clima vai mudar e mais habitável o mundo vai ser para nós, para nossos descendentes e para todo o resto da magnífica abundânciabet3654vida na Terra.
Agora, convenhamos, vale a pena fazer algumas mudanças no estilobet3654vidabet3654nome desta causa, não é mesmo?
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