Como o fogo, vilão da Amazônia, forjou o homem moderno e a economia:faz o bet aí.com

Crédito, Forest History Society, Durham, NC

Legenda da foto, O grande incêndiofaz o bet aí.com1910 deixou 86 pessoas mortas

"As árvores estavam caindofaz o bet aí.comcimafaz o bet aí.comnós", ele disse. "E era quase impossível ver pela escuridão cheiafaz o bet aí.comfumaça. Se não fosse nossa familiaridade com as trilhas, nunca teríamos saído daqui vivos, porque estávamos completamente rodeados por um fogo intenso, violento."

Crédito, Forest History Society, Durham, NC, USA

Legenda da foto, A entrada para uma mina onde Ed Pulaski protegeufaz o bet aí.comequipe

"Minha esperança era chegar até uma minafaz o bet aí.comouro antiga que, eu sabia, não estava muito distante. Chegamos até a mina bem a tempo."

Pulaski desmaiou. Mais cedo, com o fogo se aproximando, ele disse àfaz o bet aí.commulher, Emma, onde se abrigar comfaz o bet aí.comfilhafaz o bet aí.com10 anos, Elsie. Também disse a ela que talvez ele não retornasse. Na manhã seguinte, ele não conseguia enxergar e suas mãos estavam queimadas. Mas ele estava vivo, assim como algunsfaz o bet aí.comseus homens.

O incêndio havia matado 86 pessoas e consumido madeira que seria suficiente para construir 800 mil casas.

Crédito, Forest History Society, Durham, NC

Legenda da foto, Conhecido por ter salvado os homens que estavam com ele, Ed Pulaski permaneceu no serviço florestal americano até 1929

Também foi o que despertou uma consciência nacional e fez com que o serviço florestal americano prometesse controlar todos os incêndiosfaz o bet aí.comforma mais rápida possível.

Equilíbrio complexo

Essa promessa depois se provaria menos sábia do que poderia parecer, mas é possível entender a necessidadefaz o bet aí.comfazê-la. O fogo é assustador, mas também é fundamental na economia moderna.

Durante 90% da história da Terra, não havia fogo algum. Havia erupções vulcânicas - mas a lava não é fogo, porque o fogo é uma reação química: o processofaz o bet aí.comcombustão.

É a vida que cria tanto oxigênio quanto o combustível que precisa para queimar. Evidências fósseis indicam que plantas inflamáveis evoluíram cercafaz o bet aí.com400 milhõesfaz o bet aí.comanos atrás, e periodicamente pegavam fogo,faz o bet aí.comparte por causa desses vulcões, mas emfaz o bet aí.commaior parte por causafaz o bet aí.comrelâmpagos.

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Legenda da foto, Relâmpagos são surpreendentemente comuns - há cercafaz o bet aí.com8 milhões por dia no planeta

Recentemente, observações via satélite nos mostraram o quão surpreendentemente comuns são os relâmpagos - há cercafaz o bet aí.com8 milhões deles por dia. São mais responsáveis por incêndios do que churrascos feitosfaz o bet aí.comqualquer jeito ou cigarros descartados sem cuidado.

Incêndios forjaram paisagens - e, com isso, a evolução. Isso permitiu que pradarias se espalhassem, cercafaz o bet aí.com30 milhõesfaz o bet aí.comanos atrás. Sem o fogo, elas teriam se tornado bosques ou florestas. E os campos são tidos como essenciais para a ascensão dos hominídeos que evoluíram para homens.

Tente imaginar a economia antesfaz o bet aí.comquando nossos ancestrais contralaram o fogo.

Você pode começar descartando produtos feitosfaz o bet aí.commetal ou fabricados com ferramentas metálicas - a vida do metal começa no forno. A mesma coisa vale para o vidro.

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Legenda da foto, Sem o fogo, não teríamos vidro, nem plástico, nem metal

Agora, esqueça qualquer coisa que envolva a queimafaz o bet aí.comcombustíveis fósseis, para o transporte ou eletricidade, ou que use materiais feitos no calorfaz o bet aí.comum fogo - pensefaz o bet aí.complástico - ou plantas que cresceram com fertilizantes artificiais, feitos a partir do processo "Haber-Bosch", que envolve uma reação química entre nitrogênio e hidrogênio.

Não haveria tijolos ou cerâmica: são feitosfaz o bet aí.comfornos. Não sobra muita coisa. Comida orgânica e crua, cortadas com uma pedra afiada? Não podemos chamar issofaz o bet aí.com"economia".

Evolução do cérebro

Exatamente quando e como nossos ancestrais aprenderam a controlar o fogo é uma questão controversa.

Chimpanzés aparentam entender bem como o fogo se espalha. E outras espécies estãofaz o bet aí.comolho na oportunidadefaz o bet aí.comcaça que o fogo oferece.

Algumas avesfaz o bet aí.comrapina já foram vistas pegando gravetos que estavamfaz o bet aí.comchamas e os movendo para dar início a um novo incêndiofaz o bet aí.comoutro lugar - atacando criaturas que fugiam do fogo.

Parece provável que nossos ancestrais,faz o bet aí.comforma semelhante, aproveitaram o fogo por centenasfaz o bet aí.commilharesfaz o bet aí.comanos antesfaz o bet aí.comdescobrir como fazer faíscasfaz o bet aí.compedras, mantendo vivo o fogo que conseguiam o alimentando com materiais como esterco.

O primatologista Richard Wrangham defende que, como comida cozida dá mais energia, isso permitiu que humanos evoluíssem para ter cérebros maiores.

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Legenda da foto, Noites ao redor do fogo deram ao nossos ancestrais mais tempo para socializar

Já o arqueólogo John Gowlett liga o fogo à hipótese do "cérebro social" - a ideiafaz o bet aí.comque evoluímos e tivemos cérebros maiores para navegar dentrofaz o bet aí.compressões sociais maiores. Noites ao redor do fogo deram aos nossos ancestrais mais tempo para socializar.

No entanto, embora possa haver verdade nessas especulações, o desenvolvimento econômico nos fez confinar o fogofaz o bet aí.comcâmaras especiais -faz o bet aí.complantas industriais a motoresfaz o bet aí.comcombustão ao gás no forno dafaz o bet aí.comcozinha. O historiador Stephen Pyne chama issofaz o bet aí.com"transição pírica".

E onde isso ainda não aconteceu, há um problema:faz o bet aí.compaísesfaz o bet aí.comdesenvolvimento, milhõesfaz o bet aí.commortes são ligadas à poluição causadas pelo cozimentofaz o bet aí.comfogos não confinados. Mas Pyne argumenta, por outro lado, que a transição aumentou nosso medo do fogo. E com a mudança climática nós podemos esperar ver mais desses incêndios.

Enquanto observações via satélite estão nos ajudando a entendê-los, a mudançafaz o bet aí.compadrõesfaz o bet aí.comclima e vegetação estão fazendo com que seja mais difícilfaz o bet aí.comprevê-los.

Demorou meio século até que o consenso heróicofaz o bet aí.comPulaski,faz o bet aí.comque é melhor extinguir incêndiosfaz o bet aí.commaneira rápida, não fosse visto como uma ideia tão boa.

O problema é que eventualmente haverá fogo que não podemos conter - e esse incêndio será ainda mais devastador queimando toda floresta morta que teria sido liberada pelos pequenos fogos se não tivéssemos corrido para apagar todos eles.

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Legenda da foto, Em novembrofaz o bet aí.com2018, o fogo se espalhou rapidamente pela Califórnia, destruindo a cidadefaz o bet aí.comParadise

Além disso, há outro aspecto que devemos notar: estamos construindofaz o bet aí.comáreas cada vez mais próximasfaz o bet aí.comonde haverá fogo cedo ou tarde. Quando especialistas dizem que é melhor deixar alguns incêndios queimarem, haverá pessoas nas áreas próximas que certamente não ficarão contentes.

Como Andrew Scott defendefaz o bet aí.comseu livro Burning Planet (Planetafaz o bet aí.comChamas,faz o bet aí.comtradução livre): "Nosso entendimento científico do fogofaz o bet aí.comanos recentes ainda não se traduziufaz o bet aí.comconscientização maior do público".

Alguns economistas acreditam que haja um paralelo entre a forma como lidamos com o fogo e como lidamos com crises fabricadas pelo homem.

A teoria é que, quando melhoramos a forma como lidamos com pequenos problemas, criamos uma sensaçãofaz o bet aí.comsegurança, o que paradoxalmente cria um riscofaz o bet aí.comproblemas muito maiores.

É como a crise financeirafaz o bet aí.com2007-2008, o maior "incêndio" econômico dos nossos tempos.

Em seu livro Foolproof, o comentarista do Wall Street Journal Greg Ip defende que legisladores financeiros são tão bonsfaz o bet aí.comacabar com pequenas crises que as pessoas ficaram confiantes demais e assumiram riscos bobos - como conceder empréstimos a tomadoresfaz o bet aí.comalto risco.

Foi precisamente o sucessofaz o bet aí.commitigar o risco anterior que levou ao infortúnio subsequente.

"Nossos esforços para tornar a vida mais segura entroufaz o bet aí.comconflito com um desejo igualmente relevantefaz o bet aí.comtornar as coisas maiores e mais complicadas", ele escreve.

"As oportunidadesfaz o bet aí.comdesastre acompanharam nossas cidades, sistemasfaz o bet aí.comtransporte e mercados financeiros quando estes se tornaram mais conectados e complexos."

"Prevenir com sucesso um tipofaz o bet aí.comrisco pode simplesmente fazer com que ele se espalhe e escorrafaz o bet aí.comoutras partes, para ressurgir, como uma bactéria modificada,faz o bet aí.comforma mais virulenta."

E quando uma crise financeira que não podia ser "apagada" chegou, aquelas apostas ruins foram combustível para uma conflagração global que se espalhou como um grande incêndio.

O autor desse texto escreve para uma coluna do Financial Times, a Undercover Economist. A série "50 Things That Made the Modern Economy" é exibida no BBC World Service. Você pode encontrar mais informações sobre as fontes do programa e escutar a todos os episódios online ou seguir o podcast aqui.