'Fiquei viciadasaque gratuito pixbetanalgésicos aos 16 anos':saque gratuito pixbet

Ilustraçãosaque gratuito pixbetuma mulhersaque gratuito pixbetum marsaque gratuito pixbetcomprimidos

Crédito, Thomas Dowse

"Katie, estou com medosaque gratuito pixbetque um dia você tome tantos comprimidos que não consiga acordar."

As palavras dele me atingiram como um tapa na cara.

Tudo começou quando eu tinha 16 anos e fui levada às pressas para o hospital com o que os médicos acreditavam ser apendicite. Eu estavasaque gratuito pixbetcasa assistindo TV, quando, do nada, senti uma pontadasaque gratuito pixbetdor intensa do meu lado direito, como se tivesse recebido um chute no estômago.

Fui levada ao centro cirúrgico para a retirada do meu apêndice, mas depois concluíram que a dor misteriosa não era apendicite, mas um cisto no meu ovário, que foi removidosaque gratuito pixbetuma cirurgia. Fiqueisaque gratuito pixbetuma camasaque gratuito pixbethospital me sentindo grogue, com meu pai preocupado, sentado ao meu lado.

No dia seguinte, eu saí do hospital carregando uma receita do analgésico que disseram que ia amenizar a minha dor.

Nove anos depois, minha vida ainda estaria girandosaque gratuito pixbettorno desses comprimidos.

O sistema públicosaque gratuito pixbetsaúde britânico (NHS, na siglasaque gratuito pixbetinglês) diz que é possível ficar viciadosaque gratuito pixbetcodeína (substância analgésica), mas que é raro se você estiver tomando analgésico com supervisão médica. Ele estão disponíveissaque gratuito pixbettrês níveissaque gratuito pixbetintensidade, sendo que o mais forte - o tipo que eu tomei - só é vendido diante da apresentaçãosaque gratuito pixbetprescrição médica.

Após a cirurgia, eu me senti aliviada. Eu tinha removido o cisto e pensei que, com certeza, a dor desapareceriasaque gratuito pixbetalguns dias com os analgésicos. Mas isso não aconteceu. E a situação piorou.

Meus pais não estão juntos, então éramos só eu e meu paisaque gratuito pixbetcasa. Depoissaque gratuito pixbetalguns diassaque gratuito pixbetsofrimento, ele me levousaque gratuito pixbetvolta ao hospital. A recomendação médica foi tomar mais analgésico (codeína) e me disseram para ficarsaque gratuito pixbetolho na dor.

A prescrição médica excessivasaque gratuito pixbetanalgésicos fortes contribui para uma crescente crise social esaque gratuito pixbetsaúdesaque gratuito pixbetpaíses como Estados Unidos, Canadá e Inglaterra, segundo um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Ilustraçãosaque gratuito pixbetuma mulher se contorcendo, com dor

Crédito, Thomas Dowse

Para mim, foi o começo da minha luta contra a endometriose profunda, uma condição que faz com que o tecido que reveste o útero cresçasaque gratuito pixbetoutros lugares, como os ovários. Levei quase seis anos e inúmeras ​​visitas ao hospital para finalmente receber o diagnóstico. E isso não é incomum: apesarsaque gratuito pixbetser a segunda condição ginecológica mais comum no Reino Unido, é difícilsaque gratuito pixbetdiagnosticar.

No começo, tomei a dose recomendadasaque gratuito pixbetanalgésico. Mas,saque gratuito pixbetpouco tempo, percebi que estava obcecada pelos comprimidos. Eu queria tomar mais um assim que tivesse uma nova caixa e pedia ao meu médico novas receitas ao fimsaque gratuito pixbetcada consulta.

É difícil explicar como os comprimidos faziam eu me sentir. Eles anestesiavam a dor, mas era mais do que isso. Meu cérebro estava mais nebuloso quando eu estava sob efeito do remédio, o que reduziu o pânico que eu sentia por não saber o que tinhasaque gratuito pixbeterrado comigo. Olhando para trás, era um estado horrível e desorientador.

Depois daquela primeira visita ao hospital, minha vida ficou cheiasaque gratuito pixbetexames e operações, enquanto os médicos tentavam descobrir o que causava a minha dor. Na sequênciasaque gratuito pixbetcada cirurgia, eu era mandada para casa com uma caixasaque gratuito pixbetcomprimidos. Eu sempre ligavasaque gratuito pixbetvolta para o hospital e pedia mais, dizendo que ainda sentia dor.

Cada vez mais, sentia que precisavasaque gratuito pixbetanalgésicos para poder funcionar normalmente. Todas as manhãs, eu colocava pacotessaque gratuito pixbetremédio na minha mochila, certificando-mesaque gratuito pixbetque eu tinha mais do que eu precisava, por precaução. Em uma noitesaque gratuito pixbetque sentamos para tomar um chá, lembro-me do meu pai me perguntando por que eu precisavasaque gratuito pixbettantos comprimidos. Eu ignorei, mas posso dizer que ele estava preocupado.

Olhando para trás, recorri aos comprimidos porque parecia que eu estava perdendo o controlesaque gratuito pixbetoutras coisas na minha vida. Eu não conseguia me sentar nas aulas e me concentrar o dia todo por causa da dor. Eu tenho um empregosaque gratuito pixbetmeio períodosaque gratuito pixbetuma lojasaque gratuito pixbetroupas, mas eu tinha que avisar constantemente que estava doente. Eu ainda não sabia o que estava errado comigo. E, no meiosaque gratuito pixbettudo isso, meu pai começou a adoecer.

Ele ficou reclamando, durante algumas semanas,saque gratuito pixbetdor nas pernas e se sentindo cansado, mas nós dois atribuímos isso ao estresse.

Ele foi ao médico e passou por exames. Aí,saque gratuito pixbetum diasaque gratuito pixbetnovembrosaque gratuito pixbet2011, quando eu tinha 19 anos, recebi um telefonema que mudou tudo. Eu estava no trabalho, pegando roupas do depósito, quando meu celular tocou. Era meu pai:

"Katie, eu tenho más notícias. Eu tenho câncersaque gratuito pixbetpróstata."

Larguei as roupas que estava segurando e corri para casa.

Quando entreisaque gratuito pixbetcasa, tremendo e chorando, vi que meu pai ainda não tinha voltado do hospital. Parada ali sozinha, só tinha uma coisa que eu poderia pensarsaque gratuito pixbetfazer: tomei dois comprimidos do analgésico.

Comecei a cuidar do meu pai, fazendo as compras no mercado, mantendo a casa limpa e arrumada - tudo isso enquanto lutava contra minha própria dor. Os comprimidos eram a única coisa que eu controlava: tomá-los me dava alguns minutossaque gratuito pixbetalívio "entorpecido".

Apesar dos médicos terem identificado o câncer cedo, as coisas pioraram. Onze meses após o diagnóstico, meu pai morreu repentinamente no hospital.

Os dias depois da morte dele foram como um borrão. A família veio ficar perto, as pessoas trouxeram comida, mas na maioria dos dias eu deitei na cama me sentindo completamente entorpecida. Tinha apenas uma coisa que eu achava que poderia me ajudar a melhorar: minha dosesaque gratuito pixbetcodeína.

Começou devagar. Eu só peguei mais uns comprimidos. Depois mais alguns...

Ilustraçãosaque gratuito pixbetuma mulher na água

Crédito, Thomas Dowse

Eu sabia que o que eu estava fazendo era errado, que a dosagem era muito alta, mas não me importei. Eu só queria me sentir entorpecida - sentia que ia conseguir flutuar brevemente para longe da tristeza. Mas nunca durava tempo suficiente, a dor da perdasaque gratuito pixbetpapai voltaria logo depois que eu tomasse uma dose.

Os efeitos colaterais das drogas - os mais comuns são constipação, sensaçãosaque gratuito pixbetmal-estar e sonolência - eram horríveis. Eu estava constantemente com prisãosaque gratuito pixbetventre e me sentia distraída o tempo todo.

Uma noite, quando eu tinha 21 anos, uma amiga me convidou para ir a um bar. Enquanto nos arrumávamos, no quarto dela, ela foi checar se levava na bolsa tudo que precisava: Identidade? Ok. Dinheiro? Ok. Celular? Ok.

A minha lista foi diferente: Analgésico? Ok. Um pacote extra? Ok.

Eu aprendi a ser discreta para que meus amigos nem percebessem - eu tomava os comprimidos no banheiro ou tomava no momentosaque gratuito pixbetque meus amigos iam buscar cerveja. Beber álcool com os comprimidos só intensificava os efeitos - eu sentia como se estivesse flutuando. Às vezes, misturar os dois me deixava doente e eu vomitava do ladosaque gratuito pixbetfora da festa. Todo mundo achava que eu tinha bebido demais - só eu sabia a verdade.

Finalmente fui diagnosticada com endometriose e síndrome dos ovários policísticossaque gratuito pixbet2014, aos 22 anos. Eu fiz uma nova cirurgia e o médico descobriu que meu ovário direito estava grudado à minha pélvis. Essa cirurgia realmente reduziu minha dor, e eu comecei a me sentir eu mesma novamente. Eu até passei a diminuir minha ingestãosaque gratuito pixbetanalgésico, voltando à dose recomendada. Mas isso não durou muito tempo.

Eu estava deprimida, ainda me recuperandosaque gratuito pixbetperder meu pai, e logo me visaque gratuito pixbetum relacionamento difícil, que afetousaque gratuito pixbetforma negativa a minha autoestima. Eu recorri aos analgésicos. Eu pensava que eles eram o meu único escape da dor - física, mental, qualquer coisa. Comecei a aumentar a dose mais rapidamente e,saque gratuito pixbetalgumas semanas, cheguei a duas vezes e meia a dose diária recomendada. Parecia que as pílulas estavam sempre lá para mim e, quando meu relacionamento acabou, eu me apoiei fortemente nelas.

As coisas começaram a melhorar quando eu conheci meu novo namorado,saque gratuito pixbet2017. Eu tinha 24 anos. Conversamossaque gratuito pixbetuma festa e começamos a sair logo depois. Eu estava feliz: finalmente algosaque gratuito pixbetminha vida estava dando certo.

Eu disse a ele, logo no início, que eu precisava dos comprimidos por causa da endometriose e tentei fazer com que a quantidade que eu estava tomando parecesse normal. Mas, quando começamos a morar juntos, me vi escondendo comprimidos dele. Eu nunca falei com um médico sobre como estava me sentindo. No meu pior momento,saque gratuito pixbet2017, eu estava tomando o triplo da dose recomendada.

Ilustraçãosaque gratuito pixbetuma mulher quebrando um comprimido gigante

Crédito, Thomas Dowse

Olhando para trás, vejo que eu estava uma bagunça. Naquela noitesaque gratuito pixbetque meu namorado acordou e me flagrou procurando por remédio, percebi que naquele momento ele reconheceu o que eu era - uma viciada. Eu me tornei tão boasaque gratuito pixbetesconder minha dependência dos comprimidos que nem achei que meu namorado tivesse percebido.

No dia seguinte, decidi pedir ajuda. Telefonei ao meu médico, que me indicou um serviço nacionalsaque gratuito pixbeteducação e informação sobre drogas. Eles me encaminharam a um centro que ajuda as pessoas a largarem os vícios por meiosaque gratuito pixbetaconselhamento e orientação.

Eu passei a encontrar um conselheiro lá, que não me julgou e conversou comigo sobre a morte do meu pai, meu relacionamento anterior e como a minha reação a esses eventos levou ao meu vício. Com o apoio dele, decidi me dar um prazo: era novembrosaque gratuito pixbet2018 e eu estava decidida a largar o víciosaque gratuito pixbet1ºsaque gratuito pixbetjaneirosaque gratuito pixbet2019.

No começo, fiquei apavorada. Nos diassaque gratuito pixbettrabalho, eu olhava para o pequeno comprimido branco na minha mão, me odiando, não querendo tomar, mas sabendo que acabaria cedendo.

O processosaque gratuito pixbetretirada do analgésico foi horrível. Eu me sentia constantemente doente, cansada e irritada, e eu ficava furiosa com qualquer coisa. Alguns dias eu não conseguia fisicamente sair da cama e, sempre que eu estava com dor, eu tinha que lutar comigo mesma para não tomar as pílulas.

Eventualmente, eu fiz isso. No final do ano, eu estava livre. Pensei no meu namorado enquanto tomava cada vez menos comprimidos e quando finalmente cheguei a zero.

Quando perguntei sobre a prescriçãosaque gratuito pixbetanalgésicos pelos médicos aqui na Inglaterra, a associação médicasaque gratuito pixbetclínicos gerais (Royal College of GPs) disse que os médicos eram "altamente treinados para prescrever e só o fazem depoissaque gratuito pixbetconsiderar os fatores físicos, psicológicos e sociais potencialmente impactantes na saúde do paciente".

Eles disseram que não havia "cura fácil" para a dor crônica, e que às vezes drogas baseadassaque gratuito pixbetopióides eram as únicas substâncias que poderiam dar alívio aos pacientes, apesar do riscosaque gratuito pixbetdependência. Também afirmaram que os médicos não querem pacientes com medicação por longos períodossaque gratuito pixbettempo, então eles buscam prescrever a dose mais baixa e pelo menor períodosaque gratuito pixbettempo, além convidar pacientes para revisões regularessaque gratuito pixbetmedicamentos e prescrever tratamentos alternativos sempre que possível.

Eu não culpo os médicos. Eu sei que eles estão fazendo o melhor que podem sob intensa pressão e faltasaque gratuito pixbettempo e recursos. E, como a associação aponta, "quando as pessoas são viciadassaque gratuito pixbetalguma coisa, elas se esforçam para adquirir isso". Eu certamente fiz isso.

Mas eu acho que precisa ser feito mais para garantir que as pessoas saibam sobre os efeitos devastadores que os comprimidos podem ter emsaque gratuito pixbetvida se você ficar viciado. Eu não escolhi ser viciadasaque gratuito pixbetanalgésicos - isso cresceu lentamente, até ficar forasaque gratuito pixbetcontrole.

Agora, estou há quase 200 dias livre dos comprimidos e todo dia lembrosaque gratuito pixbetdizer a mim mesma quão longe eu cheguei. Eu finalmente me sinto saudável e animada, pela primeira vezsaque gratuito pixbet10 anos. Meu namorado e eu vamos nos casar no verão. A minha versão sob efeito da codeína era um zumbi falante - e eu não poderia estar mais feliz por ela ter ido embora.

Às vezes, encontro um velho pacote vazio embaixo da cama ou enfiado no sofá. Eu vou olhar para eles por um momento e pensar sobre o poder que eles tinham sobre mim. Então eu amasso o pacote e jogo fora.

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