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O estudantejogos celular amigosmedicina que morreujogos celular amigossarampo:jogos celular amigos
O jovem que planejava dedicar a vida a curar doenças morreu subitamente aos 18 anos, vítimajogos celular amigosuma doença que as autoridadesjogos celular amigossaúde dizem ser completamente evitável - o sarampo, que até alguns anos acreditava-se estar praticamente erradicado na Europa.
"Ele era um menino brilhante", diz Oksana, do ladojogos celular amigosfora da pequena igrejajogos celular amigoscúpula prateada onde o velório do filho foi realizado.
"Ele era a coisa mais preciosa da minha vida. O sonho dele era ser médico, ele vivia para isso."
"Eu não sei por que isso aconteceu. Lembro da minha infância, todo mundo pegou sarampo, mas todo mundo se recuperou."
O sarampo é uma doença altamente contagiosa da qual a maioria das pessoas se recupera após algumas semanasjogos celular amigosfebre e erupção cutânea desagradável. Mas,jogos celular amigosalguns casos - um ou doisjogos celular amigoscada mil -, pode levar a complicações fatais, mais comumente pneumonia.
Serhiy morreujogos celular amigospneumonia provocada por sarampo após vários dias internado no Centrojogos celular amigosTerapia Intensiva (CTI), com a infecção consumindo seus pulmões, incapazjogos celular amigosrespirar sem ventilação artificial.
Ele foi uma das 39 pessoas que morreramjogos celular amigossarampo na Ucrânia desde o início do surto atual,jogos celular amigos2017.
O sarampo está avançandojogos celular amigostoda a Europa - o númerojogos celular amigosnovos casos triplicou no ano passado, chegando a 82.596. A maioria deles está concentrado na Ucrânia, onde 53.218 pessoas contraíram a doença.
O Brasil vinhajogos celular amigosuma sequênciajogos celular amigoszero casosjogos celular amigos2015, 2016 e 2017 -jogos celular amigos2016, inclusive, ganhou um certificado da Organização Mundial da Saúde (OMS)jogos celular amigoseliminação do sarampo.
Mas, então, veio 2018: 10.262 casos. No boletim mais recente do Ministério da Saúde, divulgadojogos celular amigosjunho, o Ministério da Saúde confirmou que houve 123 casos no país neste ano - mostrando uma tendênciajogos celular amigosqueda acentuadajogos celular amigosrelação ao ano anterior.
"Temos essa tempestade perfeita que aconteceu nos últimos 40 anos e culminou no problema que temos agora", diz a ministra da saúde do país, Ulana Suprun. Ela está se referindo ao declínio drástico na proporçãojogos celular amigospessoas que estão protegidas contra o sarampo pela vacinação.
Até aproximadamente 2001, diz ela, a Ucrânia importava cepasjogos celular amigosvírus da vacina contra sarampo da Rússia que a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou posteriormente ser ineficaz.
Como resultado, "cercajogos celular amigos44% dos casosjogos celular amigossarampo na Ucrânia sãojogos celular amigosadultos - que achavam que haviam sido vacinados, mas a vacina não era eficaz".
Houve um problema com a cadeiajogos celular amigosrefrigeração - a vacina precisa ser mantida na condição térmica adequada para permanecer eficaz.
Em meio ao colapso econômico que se seguiu à dissolução da União Soviéticajogos celular amigos1991, com hospitais mal equipados e fornecimentojogos celular amigosenergia incerto, a vacina nem sempre foi mantida na temperatura correta.
Mas há um problema ainda maior do pontojogos celular amigosvista psicológico. Com o passar dos anos, cada vez mais gente se recusou a tomar vacina e a imunizar os filhos.
"É uma questãojogos celular amigosconfiança", diz Oles Pohranychny, diretorjogos celular amigosuma escola primária particular na cidadejogos celular amigosLviv, na Ucrânia.
Dois anos após a epidemia, apenas metadejogos celular amigosseus alunos eram vacinados contra o sarampo.
"A vacina é algo que eu tomo, e acredito que vai me proteger contra algo. Agora nossa escola tem filhosjogos celular amigospais que nasceram na décadajogos celular amigos1990, quando ninguém acreditavajogos celular amigosnada. Nemjogos celular amigosuns ao outros, nem na medicina, nem no Estado."
"Em toda a antiga União Soviética, houve um períodojogos celular amigostransiçãojogos celular amigosuma sociedade paternalista para uma sociedadejogos celular amigosque você é responsável por si mesmo - mas você não sabe como ser responsável por si mesmo. Todo mundojogos celular amigosvolta estava mentindo - é o que as pessoas pensavam nos anos 1990."
"Você tinha que ter o punho cerrado e não confiarjogos celular amigosninguém. Caso contrário, você era um perdedor. A confiança era para os perdedores", acrescenta.
Suprun, ministra da Saúde, responsabiliza a imprensa e os políticos por incentivar o clima antivacinação, principalmente após um incidente amplamente divulgadojogos celular amigos2008, quando um estudante chamado Anton Tishchenko morreu pouco depoisjogos celular amigosser imunizado contra o sarampo - apesarjogos celular amigoso relatório médico ter mostrado quejogos celular amigosmorte não estava relacionada à vacina.
Na esteira dessa tragédia, as taxasjogos celular amigosvacinação caíram tão drasticamente que,jogos celular amigos2016, apenas 31% da população estava imunizada pela MMR, vacina que protege contra sarampo, caxumba e rubéola - o nível mais baixojogos celular amigosimunização no mundo, menor até do que na África, como Suprun destacou.
A OMS recomenda que 95% das crianças sejam imunizadas com a vacina MMR para atingir o níveljogos celular amigosimunidadejogos celular amigosrebanho,jogos celular amigosque todas as crianças - vacinadas e não vacinadas - estão protegidas contra sarampo, caxumba e rubéola.
Suprun diz que mesmo atualmente ela luta contra uma ondajogos celular amigosdesinformação.
"Nós temos políticos tentando obter votos dizendo que você não precisa ser vacinado, que é tudo uma grande trama dos governos ocidentais para tentar controlar a mente das nossas crianças, que a vacina é um grande plano das empresas farmacêuticas para entrar e fazer muito dinheiro na Ucrânia. Infelizmente, mesmo com 39 mortes, é difícil convencer as pessoasjogos celular amigosque este é um problema real."
A mortejogos celular amigosSerhiy Butenko abalou, no entanto, seus colegas na Vinnitsa Medical University, na região central da Ucrânia.
"Houve uma sensaçãojogos celular amigosvazio", diz Oleh Yefymenko, chefe do conselho estudantil. "Muita gente conhecia ele, realmentejogos celular amigoshistória mexeu com todo mundo."
O histórico médico mostra que Serhiy havia sido vacinado quando tinha um ano e seis anosjogos celular amigosidade, conforme recomendam as autoridadesjogos celular amigossaúde. Mas a imunização não foi suficiente para protegê-lo, porque ele pegou o vírus do sarampo logo após adoecer com outra doença viral - mononucleose, também conhecida como febre do beijo.
"A mononucleose enfraqueceu o sistema imunológico dele,jogos celular amigosmodo que não era capazjogos celular amigoscombater adequadamente o vírus do sarampo", explica a médica Alexandra Popovich, que supervisionou o tratamentojogos celular amigosSerhiyjogos celular amigosseus últimos dias.
É possível que ele estivesse mais protegido se tivesse tomado um reforço recente da vacina.
Mas a lição mais importante a ser tirada da tragédia, diz Popovich, é que Serhiy não teria morrido se não tivesse sido exposto ao sarampo, se o nível da imunidadejogos celular amigosrebanho na população estivesse alto o suficiente.
Após a mortejogos celular amigosSerhiy, muitos colegas dele correram para se vacinar, conta o líder estudantil Oleg Yeminenko.
Mas como estudantesjogos celular amigosmedicina, futuros médicos, não tinham pensado nisso antes? Na ocasião, o país já estava enfrentando surtojogos celular amigossarampo havia aproximadamente dois anos.
A diretoria da universidade afirmou à BBC que realizou uma grande campanha no ano passado para incentivar os alunos a se vacinarem, alcançando uma taxajogos celular amigosimunizaçãojogos celular amigosmaisjogos celular amigos98%.
Segundo a instituição, os estudantes aprendem sobre vacinação "do pontojogos celular amigosvista da medicina baseadajogos celular amigosevidências, estudando imunologia, dados estatísticos, contraindicações e consequências".
Mas Kateryna Bulavinova, do Unicef, agência da ONU para as crianças, que tem ajudado o governo ucraniano na luta contra o sarampo, diz que a mortejogos celular amigosSerhiy Butenko mostrou que os reitores das universidades não estão fazendo o suficiente,jogos celular amigosuma maneira geral, para proteger os estudantes.
"Na minha opinião pessoal, esta é uma situação horrível porque era evitável", afirma.
"Para mim, é um grande mistério, porque é o terceiro anojogos celular amigossurto na Ucrânia com estatísticas significativasjogos celular amigospessoas que pegaram sarampo. Mas ainda assim os reitoresjogos celular amigostodas as universidadesjogos celular amigosmedicina não se posicionaram no que diz respeito à proteção dos estudantes."
"A principal questão éjogos celular amigosrelação aos próprios profissionaisjogos celular amigossaúde. Temos cada vez mais jovens médicos que não têm ideia sobre imunização, ou duvidam da imunização, ou são contra a imunização".
Ulana Suprun, ministra da saúde, também acredita que os próprios médicos são os principais propagadoresjogos celular amigosdúvidasjogos celular amigosrelação às vacinas.
Ela diz que alguns estudantesjogos celular amigosmedicina aprendem que as vacinas não são necessárias. A justificativa é baseada na crençajogos celular amigosque é melhor para uma criança contrair a doença, porque estaria imunizada assim pelo resto da vida.
"Quando você tem acadêmicos nesse nível ensinando aos novos médicos que eles não precisam vacinar as crianças, isso realmente gera confusão", diz Suprun.
"Temos professores que acreditam que a vacinação contra o sarampo durante a temporada da gripe,jogos celular amigosoutubro a maio, por exemplo, é um procedimento perigoso, porque causará imunossupressão. Isso é um mito, é uma informação falsa. É perigoso para o país", afirma Fedir Lapiy, consultorjogos celular amigosimunização do governo.
Suprun diz que não é possível acabar com a desinformação por parte dos profissionaisjogos celular amigossaúde e acadêmicos da área médica porque as universidades são independentes e atualmente não há meiosjogos celular amigosretirar as qualificações profissionais. Mas um sistema para conceder licença a médicos, que tornará isso possível, está sendo introduzido agora.
Ela diz que muitos dos problemas que levaram à epidemia estão sendo superados. As vacinas são obtidas pelo Unicef, que ajudou o governo a visitar hospitais e clínicas para garantir a manutenção da cadeiajogos celular amigosrefrigeração.
"As vacinas que foram dadas no último ano ou nos últimos dois anos, sabemos que funcionam", diz ela. "Vacinamos no ano passado maisjogos celular amigos900 mil pessoas e não tivemos nenhuma morte ou complicações sérias decorrentes da vacina."
As brigadasjogos celular amigosvacinação itinerantes percorreram as regiões mais atingidas pela epidemia para imunizar as crianças que não tinham sido vacinadas. A vacinação gratuita também está disponível para todos os adultos agora.
No ano passado, 90% das criançasjogos celular amigosum ano e seis anos foram vacinadas contra o sarampo. Mas ainda resta uma enorme quantidadejogos celular amigoscrianças e adultos que não foram vacinados no momento certo nos anos anteriores.
E o Unicef estima que até 30% dos certificadosjogos celular amigosvacinação podem ser falsificados.
"Quando os pais são informados que é necessário vacinar os filhos para que frequentem a escola, eles vão aos médicos e, infelizmente, compram certificadosjogos celular amigosvacinação", explica Suprun.
Na regiãojogos celular amigosLviv, a mais atingida, ela conta que "quando fomos ao departamentojogos celular amigossaúde (regional) e perguntamos quantas crianças precisariam ser vacinadas, nos disseram quejogos celular amigosacordo com os registros eram 22 mil".
"Mas quando fomos às escolas, e verificamos quais registros eram verdadeiros, descobrimos que 50 mil crianças precisavam ser vacinadas, porque 28 mil tinham certificadosjogos celular amigosvacinação falsos."
Por lei, as crianças ucranianas têm que ser vacinadas contra certas doenças, incluindo sarampo, para frequentar escolas públicas. Mas a legislação nem sempre é respeitada, e também é contestada por alguns pais, incluindo Veronika Sidorenko, fundadorajogos celular amigosum movimento chamado "Vacinação - Liberdadejogos celular amigosEscolha" (em tradução livre).
Os três filhos dela não são vacinados.
"Quando comparei o riscojogos celular amigoscontrair a doença, contra a qual nós vacinamos, e o risco das consequências da imunização, decidi não vacinar", diz ela.
De acordo com a OMS, o riscojogos celular amigossofrer uma reação alérgica grave ao vírus do sarampo éjogos celular amigosumjogos celular amigoscada um milhão. Mas Veronika desconfia das estatísticas da OMS. Ela acha que a campanha pela vacinação universal é impulsionadajogos celular amigosparte pelo lobby da indústria farmacêutica.
"Se tivéssemos pesquisasjogos celular amigoslarga escala - digamos mil crianças não-vacinadas e mil vacinadas, e pudéssemos traçar suas vidas até os 50 anos - poderíamos afirmar que [a vacinação previne surtosjogos celular amigossarampo]. Mas nós não temos isso e ninguém vai fazer isso, então acredito que não podemos dizer com certeza."
Quando questionada sobre o fatojogos celular amigosque suas escolhas estão colocando outras criançasjogos celular amigosperigo, ela diz não acreditarjogos celular amigosimunidade coletiva.
Enquanto isso, a epidemia na Ucrânia continua a se alastrar, com quase tantos casos novos registrados nos últimos seis meses quantojogos celular amigostodo o ano passado. A 39ª vítimajogos celular amigoscomplicações decorrentes do sarampo morreu neste mês.
"Esta é a era dos iPhones ejogos celular amigostodos os tiposjogos celular amigostecnologiajogos celular amigosponta", diz Kateryna Bulavinova, do Unicef.
"Ter um número tão altojogos celular amigospessoas morrendojogos celular amigosuma doença completamente evitável é horrível."
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