A históriadiamond plus slottrês vítimasdiamond plus slotabusos na infância que encontraram alento na arte:diamond plus slot
"Não havia carpete ali, só piso", ela descreve o lugar. "As lâmpadas eram frequentemente quebradas, e não tinha nada na cozinha. Era vazia. No andardiamond plus slotcima só havia uma cama, sem lençóis. Não era um lar."
Ela tinha 15 anos quando começou a ser cortejada por um homemdiamond plus slot23 anos e conta que não percebeu o perigo.
"Achava que era apenas um homem mais velho me dando atenção, e acho que me sentia bem com aquilo", relata. "Ele me comprava coisas - cigarro, álcool - e me deu um bracelete que dizia ser importante para ele."
Ele a incentivava a beber e,diamond plus slotseguida, partia para o sexo. Se Jemma resistisse, ele não partia para a violência, mas "fazia comentários sarcásticos e ficava meio maldoso".
Jemma conta que tudo o que ela testemunhou naquela casa, incluindo o abusodiamond plus slotoutras jovens como ela, "provavelmente carregará por um bom tempo".
O abuso só parou quando a mãediamond plus slotJemma descobriu o que estava acontecendo e avisou a polícia.
O abusador confessou e foi sentenciado a cinco anosdiamond plus slotprisão por ter realizado sexo com uma menordiamond plus slotidade e também por pornografia. À época do julgamento, Jemma obteve um A* (equivalente a um dez)diamond plus slotartes no exame nacional que avalia os estudantes britânicos. Hoje, aos 24 anos, ela acabadiamond plus slotconcluir um mestrado na área têxtil.
Foi na universidade que ela começou a se interessar por esse material e pela arte aborígene, que usa símbolos para contar histórias e para alertar pessoas.
Para seu projetodiamond plus slotmestrado, ela decidiu usar o simbolismo para contar a própria história e advertir outros a respeito do abuso infantil. Ela descreve a arte como uma "terapia".
Umadiamond plus slotsuas peças é uma almofada com coisas que costumava ouvirdiamond plus slotseu abusador e frases relacionadas àdiamond plus slotprópria experiência.
"Todos os meus desenhos são claros e coloridos, porque quero que todos possam discutir o abuso sexual infantil abertamente, sem que seja um tópico a ser evitado", explica.
Jemma casou-se, teve filhos e diz estardiamond plus slotpaz com seu passado, embora ainda se pergunte: "por que isso aconteceu comigo?".
Há muitos falsos estereótipos, diz ela, sobre o processodiamond plus slotabuso e as próprias vítimas. E mesmo sendo uma boa aluna e tendo vindodiamond plus slotum lar feliz e estável, acabou sendo vítimadiamond plus slotum predador.
Ruby
Ela foi violentada pela primeira vez aos cinco anosdiamond plus slotidade. Aos 10, era estuprada regularmente. Aos 13, engravidou.
"Foi muito difícil. Eu nem sabia direito o que era sexo", conta Ruby, que hoje tem 62 anos e moradiamond plus slotLondres.
"Ele (o abusador) vinha fazendo aquilo comigo havia um tempo, e eu não entendia o que aquilo significava. E daí comecei a perceber, por volta dos 11 anos, talvez nas aulasdiamond plus sloteducação sexual, que era daquele jeito que se fazia um bebê. Fui à biblioteca ler a respeito do sistema reprodutivo. E fiquei meio horrorizada quando entendi que era aquela a formadiamond plus slotengravidar. Quando minha menstruação parou, somei com o que havia lido."
Ruby procurou atendimento médico e realizou um aborto.
Sobrediamond plus slothistóriadiamond plus slotabuso, ela diz que se sentia "absolutamente sem poder" e, olhando para trás, acha que se desassociavadiamond plus slotseu próprio corpo quando estava sendo abusada.
Mas o impacto daquilo permaneceu nadiamond plus slotvida mesmo anos depoisdiamond plus slotos abusos acabarem.
"Eu fiquei muito tempo sozinha, muito vulnerável", conta. "Era basicamente uma sem-teto, viviadiamond plus slotsofádiamond plus slotsofá. Estava acostumada à violência, e continuava a me colocardiamond plus slotsituaçõesdiamond plus slotrisco. Às vezes me pergunto como consegui sobreviver."
Sem se sentir capazdiamond plus slottomar decisões por conta própria, ela diz que se sentia "exaurida" a cada relacionamento com homens.
Sua jornada rumo à recuperação foi longa, a pontodiamond plus slotsó ter encontrado a terapia adequada cinco anos atrás, portanto décadas após os abusos terem começado.
Ruby havia sido uma boa aluna, com inclinação para redações, então buscou na escrita adiamond plus slotcura.
"Queria escrever a minha história desde meus 20 e poucos anos", conta. "Sempre me sentidiamond plus slotchoque pelo que me aconteceu e continuodiamond plus slotchoque, maisdiamond plus slotcinco décadas depois. E acho que (o abuso infantil) é algo que precisa ser trazido à luz na sociedade, para que se diga: 'você acha que estádiamond plus slotuma sociedade civilizada? Isto é não-civilizado'."
Em 2006, ela começou a escrever um livro e acabou se dedicando à poesia. Algunsdiamond plus slotseus poemas foram publicadosdiamond plus slotantologias, e ela frequenta oficinas mensaisdiamond plus slotpoesias.
Por que escrever? "É catártico. É para colocar tudo para fora. E é libertador, principalmente por eu ter tido que suprimir tanto. E tem algo (bom)diamond plus slotcolocar tudo no papel. (O abuso) nunca te deixa, mas seu fardo fica mais leve."
Além disso, agrega, "quero ser partediamond plus slotum movimento, uma energia, uma organização que ajude a reduzir ou a interromper o abuso sexual infantil. E isso não vai acabar se for mantido como segredo."
Ruby diz que foi um processo "agridoce" ter descoberto, já como adulta, que o abuso sexual infantil é mais comum do que ela imaginava.
"De um lado é horrível. De outro, como vítima, você não se sente tão sozinha."
Patrick
O monólogo Groomed (Aliciado,diamond plus slottradução livre),diamond plus slotPatrick Sandford, conta a históriadiamond plus slotseu autor, que foi abusado sexualmente por um professor aos nove anosdiamond plus slotidade, nos anos 1960.
Aos 66 anos, Patrick lembra como o ritual do abuso se desenrolava.
"Eu era obrigado a ficar atrásdiamond plus slotuma mesa, diantediamond plus slottoda a sala, e ler (para os demais alunos)", conta. "Enquanto eu lia, ele (professor) colocavadiamond plus slotmão direita dentro da minha calça e brincava com meus genitais."
Era uma experiência "vergonhosa e terrível para uma criançadiamond plus slotnove anos", diz. "Ele dizia que eu era muito esperto, que eu lia muito bem e que fariadiamond plus slotmim o melhor da turma."
O abuso acabou quando Patrick foi "trocado" por uma criança mais nova. E esse processo também foi difícil. "Sabia que não era mais o aluno preferido dele. Foi devastador. Acho que,diamond plus slotmuitas formas, foi tão catastrófico psicologicamente quanto o próprio abuso. Fez com que eu me sentisse sem valor algum. O que eu havia feitodiamond plus sloterrado? Eu me sentia horrendo e feio."
Durante 15 anos, Patrick não deixou que ninguém encostasse nele, exceto por apertosdiamond plus slotmão ou beijos na bochecha.
"Eu fiquei completamente reprimido sexualmente. Me sentia horrendo. Tinha uma terrível dismorfia corporal. Costumava levar comigo um jornal, para poder esconder meu rosto."
Sua recuperação começou quando ele passou a trabalhar profissionalmente no teatro - uma espéciediamond plus slottábuadiamond plus slotsalvação que lhe deu "motivo para viver".
Ele passou por terapia e começou a escrever a peça Groomed como um "exercício catártico".
"Li a peça para meu terapeutadiamond plus slotuma pequena sala e ele respondeu, 'você tem que interpretá-la'. Apresentei-a a três amigos e depois ao meu agente. As pessoas me diziam que eu precisava fazê-la (ao público). Não queria ser autoindulgente, porque é tão fácil escrever sobre a tristeza - todos temos desafios e tristezas."
Mas Patrick encarou e desafio e hoje realiza a peça interpretando não apenas seu próprio papel, mas o do professor.
"Não queria que fosse algo preto e branco - o homem que me abusou como o cara mau e eu como o bonzinho inocente. Acho que é mais complexo do que isso. Fazer a peça é catártico mas também um turbilhão. Parece ser como abrir uma ferida e limpá-la, masdiamond plus slotúltima instância ter essas conversas é um processo bastante curativo. De repente, você vê adiamond plus slotexperiência sendo acreditada por outras pessoas. É adorável conseguir ser ouvido."
Como a arte e a criatividade podem ajudar?
A dra. Rebekah Eglinton é a psicóloga-chefe da Investigação Independente sobre Abuso Sexual Infantildiamond plus slotcurso no Reino Unido. Ela explica como colocar a criatividadediamond plus slotuso pode ajudar vítimasdiamond plus slotabuso na infância.
"O que é realmente importante é o uso do simbolismo", diz ela. "Às vezes é muito difícil falar diretamente sobre 'mim' e sobre as coisas que parecem avassaladoras. Mas se eu consigo contar uma história pelo meio da poesia, por exemplo, conto o que me aconteceu indiretamente. É mais fácildiamond plus slotse comunicar. É como a história do (guerreiro mitológico grego) Perseu matando a Medusa (ela era tão terrível que quem olhasse para ela se transformavadiamond plus slotpedra. Perseu a matou com um escudo, olhando para seu reflexo). Se você vê Medusa como o trauma, olhar diretamente para ela pode ser avassalador, porque o trauma é terrível. Mas se você olhar para ele indiretamente, fala o que até então era inominável."
Eglinton ressalta, porém, que o acompanhamento psicológicodiamond plus slotcasosdiamond plus slotabusos deve levardiamond plus slotconta aspectos individuais das vítimas. "A recuperação e a jornada do trauma ao bem-estar - qualquer que ela seja - é totalmente individual."
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