O impactante relatojogos mobile multiplayeruma jovem que luta contra a bulimia:jogos mobile multiplayer
Ela sobreviveu, mas a queda provocou ferimentos muito gravesjogos mobile multiplayerseus pés, o que exigiu várias cirurgias e trinta pontosjogos mobile multiplayercada membro.
Ainda havia dúvidas sobre se Ana poderia voltar a andar quando,jogos mobile multiplayercadeirajogos mobile multiplayerrodas, acabou internadajogos mobile multiplayerum hospital psiquiátricojogos mobile multiplayerMadri, onde permaneceu durante 37 dias.
Nesse período, ela manteve um cadernojogos mobile multiplayeranotações, no qual escrevia diariamente o que aconteciajogos mobile multiplayermais relevante.
Quando recebeu alta, Ana decidiu transformar essas breves notasjogos mobile multiplayerum diário sobre os 37 dias que passou no local.
Um relato cheiojogos mobile multiplayerhumanidade, dor, esperança, humor negro e acimajogos mobile multiplayertudojogos mobile multiplayersinceridade que dia a dia foi publicandojogos mobile multiplayerum fórum na internet.
A história acabou se tornando um enorme sucesso: obteve maisjogos mobile multiplayer200 mil visualizações e maisjogos mobile multiplayer8 mil comentáriosjogos mobile multiplayerusuários.
Agora, foi transformada no livro "Cómo volé sobre el nido del cuco" ("Como voei sobre o ninho do cuco",jogos mobile multiplayertradução literal), publicado pela editora Plaza & Janes.
Para preservarjogos mobile multiplayerprivacidade, Ana o assina com o pseudônimo Sydney Bristow, que tomou emprestado do heroína da sériejogos mobile multiplayertelevisão "Alias".
"Uma das frases que Sydney mais repete é: 'Você faz muitas perguntas'. E, como ela, eu não gostojogos mobile multiplayerperguntas", diz. Apesar disso, ela concordoujogos mobile multiplayerresponder às perguntas da BBC News Mundo, o serviçojogos mobile multiplayerespanhol da BBC.
Confira o seu depoimento a seguir:
Infância, mudanças e bullying na escola
Era uma menina com valores muito fortes, herdados do meu pai. Uma menina que acreditava na lealdade, na sinceridade, na importância do conhecimento...
Adorava os animais e gostavajogos mobile multiplayeraprender: escrita, leitura, matemática, informática...
Meu pai é engenheiro e trabalha para uma empresa americana. Minha mãe é bióloga, mas há muito tempo não exerce a profissão.
Para o meu pai, as coisas iam bem no âmbito profissional.
Quando era criança, íamos nos mudandojogos mobile multiplayercasas pequenas para outras cada vez maiores à medida que ele ia prosperando na carreira.
Cada uma dessas mudanças significava estudarjogos mobile multiplayeruma nova escola.
Quando isso aconteceu pela primeira vez, estava na metade do ano letivo. Tinha 11 anos. E não foi fácil me adaptar.
Fui estudarjogos mobile multiplayeruma escola pública. Na minha turma, havia apenas sete meninas, e os meninos eram muto grossos.
No segundo diajogos mobile multiplayeraula, eles pegaram o meu cadernojogos mobile multiplayerditado e ortografia, que era importante para mim, que estava limpo e com minha caligrafia perfeita, e pregaram, literalmente pregaram, na mesa da minha carteira da escola.
No início, eu ficava muito mal com essas coisas. Chegava todos os dias chorandojogos mobile multiplayercasa.
Meus pais não entendiam, me diziam que ignorasse caso eles se metessem comigo.
Mas enfrentei aqueles meninos, consegui marcar meu território e não tive mais problemas.
E as coisas começaram a desandar...
Tinha 13 anos quando mudeijogos mobile multiplayerescolajogos mobile multiplayernovo e tambémjogos mobile multiplayercasa. Nos mudamos para a nossa casa atual, uma casa com cinco quartos, sete banheiros....E eles me colocaramjogos mobile multiplayeruma escola particular bastante elitista.
E naquela escola os valores que eu tinha, os valores que meu pai havia me transmitido, não valiam nada. O fatojogos mobile multiplayereu cuidar dos meus hamsters ou ter sido indicada para as Olimpíadasjogos mobile multiplayermatemática, nada disso importava lá. Era motivojogos mobile multiplayerchacota.
O que valia, na verdade, era ter peitos, roupasjogos mobile multiplayermarca, ser a mais bonita e estar magra.
Foi nesse momento que tudo começou a desandar para mim. Porque eu só tinha duas opções: me adaptar ou morrer.
E eu decidi me adaptar. Renunciei a tudo aquilojogos mobile multiplayerque acreditava para ser aceita.
Minhas prioridades a partir daquele momento passaram a ser roupasjogos mobile multiplayermarca e estar magra.
Se eu pudesse voltar atrás e corrigir o maior erro da minha vida, seria esse.
Os problemas com a alimentação
Foi aí que começaram os problemas com a alimentação.
Comecei a comer excessivamente e,jogos mobile multiplayerseguida, enfiar os dedos na garganta para provocar vômito.
As pessoas pensam que bulimia é simplesmente vomitar. Mas não, para mim, bulimia significa literalmente "fomejogos mobile multiplayerboi", e era isso que acontecia comigo e infelizmente continua acontecendo, emborajogos mobile multiplayermenor escala: comer "como um boi" e depois vomitar.
Eu como quantidades que alimentariam quatro pessoas, já comi comidajogos mobile multiplayercachorro, comida do lixo...já cheguei a comer meu próprio vômito...
Comer me acalma. Quando sinto ansiedade, (comer) me tranquiliza. É como se a comida fosse meu refúgio.
Aos 16 anos, tive minha primeira internação hospitalar por estar com um peso abaixo do que é considerado saudável e, portanto, um risco para a saúde.
Escapando dos pais
Apesarjogos mobile multiplayertudo o que vivia, me formeijogos mobile multiplayerDireito e me tornei advogada.
Consegui um emprego aos 24 anosjogos mobile multiplayerum banco e, no mesmo diajogos mobile multiplayerque assinei o contrato e comecei a trabalhar, fui morar sozinha.
Tudo parecia ir bem, mas vivia uma mentira: nunca pareijogos mobile multiplayerme empanturrarjogos mobile multiplayercomida e vomitar.
Na verdade, a razão pela qual fui viver sozinha era poder fazer o que quisesse com a comida sem ter minha mãe e meu pai vigiando.
Fiz idioticesjogos mobile multiplayerverdade. Cheguei a pegar meu próprio vômito com a mão e a comê-lo novamente.
Escondendo o problema...
Conheci Davidjogos mobile multiplayerjaneirojogos mobile multiplayer2014, quando tinha 28 anos. Ele trabalhava na áreajogos mobile multiplayerinformática e era muito bonito.
Começamos a sair e me empenhei para que nosso relacionamento fosse perfeito.
Não contava a ele sobre meus problemas com comida, não lhe dizia que vomitava.
Quando jantávamos e comia demais, dizia a ele que estava com frio e que ia tomar um banho quente.
Abria então o chuveiro e, protegida pelo barulho da água que caía, vomitavajogos mobile multiplayeruma bacia e depois, com cuidado, jogava o vômito na privada e limpava tudo.
Obcecada por um relacionamento
Ligava para David várias vezes por dia, enviava um montejogos mobile multiplayermensagens. Para se ter ideia do meu níveljogos mobile multiplayerobsessão, ele ficou nos Estados Unidos um mês com um amigo e eu me ofereci para buscá-lo no aeroporto quando voltasse.
Estava super nervosa e, antesjogos mobile multiplayerrecebê-lo, passei na casa dos meus pais.
Lá, meu pai me pegou colocando uma faca na bolsa e me perguntou para que eu queria aquilo.
Respondi a ele: "Noto David distante por telefone. E penseijogos mobile multiplayercortar meus pulsos no aeroporto se ele disser que vai me deixar".
Claro que meu pai me fez deixar a facajogos mobile multiplayercasa. E David não terminou comigo naquele dia. Mas isso acabou acontecendo depois.
Com o fim, vieram as drogas
(Quando David terminou comigo), senti que meu mundo tinha acabado. Pensei: "Como vou sobreviver a isso?" Na verdade, faz quatro anos que ele me deixou e ainda tenho dificuldadesjogos mobile multiplayerlidar com isso. Esses quatro anos foram uma droga.
Antesjogos mobile multiplayerele me deixar, eu vomitava muito, mas só usava drogasjogos mobile multiplayervezjogos mobile multiplayerquando, muitojogos mobile multiplayervezjogos mobile multiplayerquando.
Mas a bulimia piorou depois que ele terminou, e as drogas foram ocupando cada vez mais espaço. Fumava cocaína e heroína.
Saía do trabalho às 18h, ia para casa e tinha duas rotinas.
A primeira era passar a tarde comendo e vomitando, comendo e vomitando. Vomitava até cinco vezes por dia, tinha os dedosjogos mobile multiplayercarne vivajogos mobile multiplayertanto roçá-los nos dentes ao enfiá-los na garganta para provocar náuseas.
A outra rotina consistiajogos mobile multiplayerme encherjogos mobile multiplayerremédios para dormir. Tomava seis e dormia até o dia seguinte.
Mas descobri que poderia acrescentar um terceiro plano nessa história, que era trabalhar e me drogar, trabalhar e me drogar.
Dívidas e tratamento
De um lado, gastava muito dinheiro:jogos mobile multiplayercomida,jogos mobile multiplayerdrogas, pagando minha casa...
Comecei a pedir empréstimos rápidos, a gastarjogos mobile multiplayerexcesso com cartõesjogos mobile multiplayercrédito.
Pedia empréstimos para pagar outros empréstimos.
Virou uma bolajogos mobile multiplayerneve que não paravajogos mobile multiplayercrescer, a pontojogos mobile multiplayereu ficar devendo cercajogos mobile multiplayer20 mil euros (R$ 85 mil).
De outro lado, continuava obcecadajogos mobile multiplayeringerir comidajogos mobile multiplayerexcesso, vomitar e me manter magra.
Corria 10 quilômetros por dia e vomitava mais do que nunca.
Cheguei que pesar 42 kg. Falei com meu pai, ele pagou minhas dívidas e eu entrei voluntariamentejogos mobile multiplayeruma clínicajogos mobile multiplayerreabilitação. O tempojogos mobile multiplayerque estive ali parecia eterno, foi um inferno. Engordei, me sentia horrível.
Quando saí, tive que ir morar com meus pais, para que eles se certificassemjogos mobile multiplayerque estava seguindo hábitos saudáveis.
Voltar a viver com eles foi horrível, não podia aguentar. E um dia, voltando do trabalho, me dei contajogos mobile multiplayertudo.
"Minha única motivação na vida era vomitar"
Me dei contajogos mobile multiplayerque estava gorda,jogos mobile multiplayerque estava morando com meus pais,jogos mobile multiplayerque já não tinha David,jogos mobile multiplayerque tinha 31 anos e não tinha nada.
Minha única motivação na vida era vomitar.
Então, tomei 20 comprimidosjogos mobile multiplayeranalgésico, sabendo que destruiria meu fígado e me mataria.
Enviei uma mensagemjogos mobile multiplayerdespedida para minha irmã e minha mãe. E minha irmã, que é médica, me disse que sim, que eu ia morrer, mas que ia demorar uma semana e seria uma morte muito dolorosa.
Ela me disse para ir para casa para que pudesse me ajudar. Mas o que fiz foi estacionar o carro e pularjogos mobile multiplayeruma ponte.
Centro psiquiátrico
(Após a tentativajogos mobile multiplayersuicídio) Eu aprendi muito com os pacientes (do centro psiquiátrico, onde foi internada).
Sempre fui alguém que se deixava levar pela primeira impressão.
E no hospital fiquei surpresa: pessoas que pareciam estar com a vida por um fio, com as quais se eu tivesse cruzado na rua teria mudadojogos mobile multiplayercalçada para evitá-las, se revelaram seres humanos admiráveis, com uma sensibilidade especial.
Como Rhino, um rapaz que só queria saber ondejogos mobile multiplayermãe estava enterrada.
Mudanças
(Essa internação) me fez ter mais compaixão. Me dei contajogos mobile multiplayerque há muitas pessoas que sofremjogos mobile multiplayerdoenças mentais e que,jogos mobile multiplayermuitos casos, tudo o que elas pedem é alguém que as escute.
E ninguém quer escutá-las: porque não tem tempo, porque não confia nelas. E elas só querem isso, ser ouvidas.
Eu as escutei à força, porque não podia sairjogos mobile multiplayerlá. E então me dei conta do quanto fui sortuda por ter tido essa oportunidade.
O diário
Não entrei no hospital psiquiátrico com a ideiajogos mobile multiplayerescrever sobre o que vivi lá. O que eu fiz naquela ocasião foi manter um diário, embora não saiba muito bem o porquê.
Tinha um caderno e fui escrevendo o que comíamos, quem eu conhecia. Pequenas anotações, cercajogos mobile multiplayer30 palavras por dia.
Um dia, após deixar o hospital, estava com algumas amigas e contei a elas muitas histórias da minha passagem por lá. E uma deles, psicóloga, me disse que eu deveria escrever, que a história era ótima e que aquilo me ajudaria.
Dizia que não, que jamais. Mas um diajogos mobile multiplayercasa, deitada no sofá, entediada, com os pés doendo e sem conseguir me mover, peguei meu celular e comecei a escrever sobre as experiências que tive no hospital.
Todos os dias escrevia como havia sido minha jornada e postava o capítulojogos mobile multiplayerum fórum na internet. Foi um alívio.
Agora, estou recomendando (a escrita) a muita gente.
Pessoas que estão tristes, que têm problemas. "Escreva, escreva", digo a elas.
O sucesso da história
Não tenho nem ideiajogos mobile multiplayerpor que a história teve esse sucesso.
Pode ser porque, apesarjogos mobile multiplayerser uma história difícil, é contada com humor.
Não queria ser ridícula, não queria ser uma vítima, uma pobrezinha, com meus pezinhos destroçados...
Queria contar as coisas do jeito que as sentia.
Mas não me esforcei para colocar um toquejogos mobile multiplayerhumor negro. É que riojogos mobile multiplayertudo, e ali dentro havia coisas das quais eu ria muito.
Continua escrevendo?
Não (continuo escrevendo). Imagino histórias, mas não me atrevo a escrevê-las. Sou muito perfeccionista.
Escrevi este livro porque nunca o concebi como um livro, nunca imaginei que ia ser publicado.
Se soubesse, não o teria escrito.
Como está agora?
(Eu estou atualmente) ok.
Voltei a vomitar e continuo fazendo isso. Voltei a ficar triste.
Em maio passado, voltei a me internar no mesmo hospital psiquiátrico por um tempo.
Mas estou animada com o livro.
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