O impactante relatonovibet bet 10 get 50uma jovem que luta contra a bulimia:novibet bet 10 get 50

Ana, que usa o pseudônimo Sydney Bristow e sofrenovibet bet 10 get 50bulimia desde os 14 anos. Ela tentou suicídio, acabounovibet bet 10 get 50um hospital psiquiátrico e contou na internet as experiências que viveu nos 37 diasnovibet bet 10 get 50que esteve internada. Seu relato virou sucesso na rede e depois livro.

Crédito, ©lalovenenoso.jpg

Legenda da foto, Bulimia e outros problemas levaram Ana a tentar cometer suicídio e a ser internadanovibet bet 10 get 50hospital onde registrava o dia a dianovibet bet 10 get 50um diário

Ela sobreviveu, mas a queda provocou ferimentos muito gravesnovibet bet 10 get 50seus pés, o que exigiu várias cirurgias e trinta pontosnovibet bet 10 get 50cada membro.

Ainda havia dúvidas sobre se Ana poderia voltar a andar quando,novibet bet 10 get 50cadeiranovibet bet 10 get 50rodas, acabou internadanovibet bet 10 get 50um hospital psiquiátriconovibet bet 10 get 50Madri, onde permaneceu durante 37 dias.

Nesse período, ela manteve um cadernonovibet bet 10 get 50anotações, no qual escrevia diariamente o que acontecianovibet bet 10 get 50mais relevante.

Quando recebeu alta, Ana decidiu transformar essas breves notasnovibet bet 10 get 50um diário sobre os 37 dias que passou no local.

Livro "Cómo volé sobre el nido del cuco" escrito por Ana, com o pseudônimo Sydney Bristow

Crédito, Cortesía: Ediorial Plaza&Jané

Legenda da foto, Quando começou a fazer anotações no hospital, Ana não imaginava que acabaria lançando livro

Um relato cheionovibet bet 10 get 50humanidade, dor, esperança, humor negro e acimanovibet bet 10 get 50tudonovibet bet 10 get 50sinceridade que dia a dia foi publicandonovibet bet 10 get 50um fórum na internet.

A história acabou se tornando um enorme sucesso: obteve maisnovibet bet 10 get 50200 mil visualizações e maisnovibet bet 10 get 508 mil comentáriosnovibet bet 10 get 50usuários.

Agora, foi transformada no livro "Cómo volé sobre el nido del cuco" ("Como voei sobre o ninho do cuco",novibet bet 10 get 50tradução literal), publicado pela editora Plaza & Janes.

Para preservarnovibet bet 10 get 50privacidade, Ana o assina com o pseudônimo Sydney Bristow, que tomou emprestado do heroína da sérienovibet bet 10 get 50televisão "Alias".

"Uma das frases que Sydney mais repete é: 'Você faz muitas perguntas'. E, como ela, eu não gostonovibet bet 10 get 50perguntas", diz. Apesar disso, ela concordounovibet bet 10 get 50responder às perguntas da BBC News Mundo, o serviçonovibet bet 10 get 50espanhol da BBC.

Confira o seu depoimento a seguir:

línea.

Infância, mudanças e bullying na escola

Era uma menina com valores muito fortes, herdados do meu pai. Uma menina que acreditava na lealdade, na sinceridade, na importância do conhecimento...

Adorava os animais e gostavanovibet bet 10 get 50aprender: escrita, leitura, matemática, informática...

Meu pai é engenheiro e trabalha para uma empresa americana. Minha mãe é bióloga, mas há muito tempo não exerce a profissão.

Para o meu pai, as coisas iam bem no âmbito profissional.

Quando era criança, íamos nos mudandonovibet bet 10 get 50casas pequenas para outras cada vez maiores à medida que ele ia prosperando na carreira.

Cada uma dessas mudanças significava estudarnovibet bet 10 get 50uma nova escola.

Quando isso aconteceu pela primeira vez, estava na metade do ano letivo. Tinha 11 anos. E não foi fácil me adaptar.

Fui estudarnovibet bet 10 get 50uma escola pública. Na minha turma, havia apenas sete meninas, e os meninos eram muto grossos.

No segundo dianovibet bet 10 get 50aula, eles pegaram o meu cadernonovibet bet 10 get 50ditado e ortografia, que era importante para mim, que estava limpo e com minha caligrafia perfeita, e pregaram, literalmente pregaram, na mesa da minha carteira da escola.

No início, eu ficava muito mal com essas coisas. Chegava todos os dias chorandonovibet bet 10 get 50casa.

Meus pais não entendiam, me diziam que ignorasse caso eles se metessem comigo.

Mas enfrentei aqueles meninos, consegui marcar meu território e não tive mais problemas.

E as coisas começaram a desandar...

Tinha 13 anos quando mudeinovibet bet 10 get 50escolanovibet bet 10 get 50novo e tambémnovibet bet 10 get 50casa. Nos mudamos para a nossa casa atual, uma casa com cinco quartos, sete banheiros....E eles me colocaramnovibet bet 10 get 50uma escola particular bastante elitista.

E naquela escola os valores que eu tinha, os valores que meu pai havia me transmitido, não valiam nada. O fatonovibet bet 10 get 50eu cuidar dos meus hamsters ou ter sido indicada para as Olimpíadasnovibet bet 10 get 50matemática, nada disso importava lá. Era motivonovibet bet 10 get 50chacota.

O que valia, na verdade, era ter peitos, roupasnovibet bet 10 get 50marca, ser a mais bonita e estar magra.

Foi nesse momento que tudo começou a desandar para mim. Porque eu só tinha duas opções: me adaptar ou morrer.

E eu decidi me adaptar. Renunciei a tudo aquilonovibet bet 10 get 50que acreditava para ser aceita.

Minhas prioridades a partir daquele momento passaram a ser roupasnovibet bet 10 get 50marca e estar magra.

Se eu pudesse voltar atrás e corrigir o maior erro da minha vida, seria esse.

Os problemas com a alimentação

Foi aí que começaram os problemas com a alimentação.

Comecei a comer excessivamente e,novibet bet 10 get 50seguida, enfiar os dedos na garganta para provocar vômito.

As pessoas pensam que bulimia é simplesmente vomitar. Mas não, para mim, bulimia significa literalmente "fomenovibet bet 10 get 50boi", e era isso que acontecia comigo e infelizmente continua acontecendo, emboranovibet bet 10 get 50menor escala: comer "como um boi" e depois vomitar.

Eu como quantidades que alimentariam quatro pessoas, já comi comidanovibet bet 10 get 50cachorro, comida do lixo...já cheguei a comer meu próprio vômito...

Comer me acalma. Quando sinto ansiedade, (comer) me tranquiliza. É como se a comida fosse meu refúgio.

Aos 16 anos, tive minha primeira internação hospitalar por estar com um peso abaixo do que é considerado saudável e, portanto, um risco para a saúde.

Escapando dos pais

Apesarnovibet bet 10 get 50tudo o que vivia, me formeinovibet bet 10 get 50Direito e me tornei advogada.

Consegui um emprego aos 24 anosnovibet bet 10 get 50um banco e, no mesmo dianovibet bet 10 get 50que assinei o contrato e comecei a trabalhar, fui morar sozinha.

Tudo parecia ir bem, mas vivia uma mentira: nunca pareinovibet bet 10 get 50me empanturrarnovibet bet 10 get 50comida e vomitar.

Na verdade, a razão pela qual fui viver sozinha era poder fazer o que quisesse com a comida sem ter minha mãe e meu pai vigiando.

Fiz idioticesnovibet bet 10 get 50verdade. Cheguei a pegar meu próprio vômito com a mão e a comê-lo novamente.

Escondendo o problema...

Conheci Davidnovibet bet 10 get 50janeironovibet bet 10 get 502014, quando tinha 28 anos. Ele trabalhava na áreanovibet bet 10 get 50informática e era muito bonito.

Começamos a sair e me empenhei para que nosso relacionamento fosse perfeito.

Não contava a ele sobre meus problemas com comida, não lhe dizia que vomitava.

Quando jantávamos e comia demais, dizia a ele que estava com frio e que ia tomar um banho quente.

Abria então o chuveiro e, protegida pelo barulho da água que caía, vomitavanovibet bet 10 get 50uma bacia e depois, com cuidado, jogava o vômito na privada e limpava tudo.

Obcecada por um relacionamento

Ligava para David várias vezes por dia, enviava um montenovibet bet 10 get 50mensagens. Para se ter ideia do meu nívelnovibet bet 10 get 50obsessão, ele ficou nos Estados Unidos um mês com um amigo e eu me ofereci para buscá-lo no aeroporto quando voltasse.

Estava super nervosa e, antesnovibet bet 10 get 50recebê-lo, passei na casa dos meus pais.

Lá, meu pai me pegou colocando uma faca na bolsa e me perguntou para que eu queria aquilo.

Respondi a ele: "Noto David distante por telefone. E penseinovibet bet 10 get 50cortar meus pulsos no aeroporto se ele disser que vai me deixar".

Claro que meu pai me fez deixar a facanovibet bet 10 get 50casa. E David não terminou comigo naquele dia. Mas isso acabou acontecendo depois.

Com o fim, vieram as drogas

(Quando David terminou comigo), senti que meu mundo tinha acabado. Pensei: "Como vou sobreviver a isso?" Na verdade, faz quatro anos que ele me deixou e ainda tenho dificuldadesnovibet bet 10 get 50lidar com isso. Esses quatro anos foram uma droga.

Antesnovibet bet 10 get 50ele me deixar, eu vomitava muito, mas só usava drogasnovibet bet 10 get 50veznovibet bet 10 get 50quando, muitonovibet bet 10 get 50veznovibet bet 10 get 50quando.

Mas a bulimia piorou depois que ele terminou, e as drogas foram ocupando cada vez mais espaço. Fumava cocaína e heroína.

Prato vazio com colher dentro, envolvido com um laço feitonovibet bet 10 get 50fita métrica

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Problemas com alimentação começaram na escola e continuam: "O que valia era estar magra"

Saía do trabalho às 18h, ia para casa e tinha duas rotinas.

A primeira era passar a tarde comendo e vomitando, comendo e vomitando. Vomitava até cinco vezes por dia, tinha os dedosnovibet bet 10 get 50carne vivanovibet bet 10 get 50tanto roçá-los nos dentes ao enfiá-los na garganta para provocar náuseas.

A outra rotina consistianovibet bet 10 get 50me enchernovibet bet 10 get 50remédios para dormir. Tomava seis e dormia até o dia seguinte.

Mas descobri que poderia acrescentar um terceiro plano nessa história, que era trabalhar e me drogar, trabalhar e me drogar.

Dívidas e tratamento

De um lado, gastava muito dinheiro:novibet bet 10 get 50comida,novibet bet 10 get 50drogas, pagando minha casa...

Comecei a pedir empréstimos rápidos, a gastarnovibet bet 10 get 50excesso com cartõesnovibet bet 10 get 50crédito.

Pedia empréstimos para pagar outros empréstimos.

Virou uma bolanovibet bet 10 get 50neve que não paravanovibet bet 10 get 50crescer, a pontonovibet bet 10 get 50eu ficar devendo cercanovibet bet 10 get 5020 mil euros (R$ 85 mil).

De outro lado, continuava obcecadanovibet bet 10 get 50ingerir comidanovibet bet 10 get 50excesso, vomitar e me manter magra.

Corria 10 quilômetros por dia e vomitava mais do que nunca.

Cheguei que pesar 42 kg. Falei com meu pai, ele pagou minhas dívidas e eu entrei voluntariamentenovibet bet 10 get 50uma clínicanovibet bet 10 get 50reabilitação. O temponovibet bet 10 get 50que estive ali parecia eterno, foi um inferno. Engordei, me sentia horrível.

Blocosnovibet bet 10 get 50madeira formando a palavra Bulimia

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, "Saia do trabalho, ia para casa e tinha duas rotinas. A primeira era passar a tarde comendo e vomitando, comendo e vomitando", diz Ana

Quando saí, tive que ir morar com meus pais, para que eles se certificassemnovibet bet 10 get 50que estava seguindo hábitos saudáveis.

Voltar a viver com eles foi horrível, não podia aguentar. E um dia, voltando do trabalho, me dei contanovibet bet 10 get 50tudo.

"Minha única motivação na vida era vomitar"

Me dei contanovibet bet 10 get 50que estava gorda,novibet bet 10 get 50que estava morando com meus pais,novibet bet 10 get 50que já não tinha David,novibet bet 10 get 50que tinha 31 anos e não tinha nada.

Minha única motivação na vida era vomitar.

Então, tomei 20 comprimidosnovibet bet 10 get 50analgésico, sabendo que destruiria meu fígado e me mataria.

Enviei uma mensagemnovibet bet 10 get 50despedida para minha irmã e minha mãe. E minha irmã, que é médica, me disse que sim, que eu ia morrer, mas que ia demorar uma semana e seria uma morte muito dolorosa.

Ela me disse para ir para casa para que pudesse me ajudar. Mas o que fiz foi estacionar o carro e pularnovibet bet 10 get 50uma ponte.

Centro psiquiátrico

(Após a tentativanovibet bet 10 get 50suicídio) Eu aprendi muito com os pacientes (do centro psiquiátrico, onde foi internada).

Sempre fui alguém que se deixava levar pela primeira impressão.

E no hospital fiquei surpresa: pessoas que pareciam estar com a vida por um fio, com as quais se eu tivesse cruzado na rua teria mudadonovibet bet 10 get 50calçada para evitá-las, se revelaram seres humanos admiráveis, com uma sensibilidade especial.

Como Rhino, um rapaz que só queria saber ondenovibet bet 10 get 50mãe estava enterrada.

Mudanças

(Essa internação) me fez ter mais compaixão. Me dei contanovibet bet 10 get 50que há muitas pessoas que sofremnovibet bet 10 get 50doenças mentais e que,novibet bet 10 get 50muitos casos, tudo o que elas pedem é alguém que as escute.

E ninguém quer escutá-las: porque não tem tempo, porque não confia nelas. E elas só querem isso, ser ouvidas.

Eu as escutei à força, porque não podia sairnovibet bet 10 get 50lá. E então me dei conta do quanto fui sortuda por ter tido essa oportunidade.

O diário

Não entrei no hospital psiquiátrico com a ideianovibet bet 10 get 50escrever sobre o que vivi lá. O que eu fiz naquela ocasião foi manter um diário, embora não saiba muito bem o porquê.

Tinha um caderno e fui escrevendo o que comíamos, quem eu conhecia. Pequenas anotações, cercanovibet bet 10 get 5030 palavras por dia.

Um dia, após deixar o hospital, estava com algumas amigas e contei a elas muitas histórias da minha passagem por lá. E uma deles, psicóloga, me disse que eu deveria escrever, que a história era ótima e que aquilo me ajudaria.

Dizia que não, que jamais. Mas um dianovibet bet 10 get 50casa, deitada no sofá, entediada, com os pés doendo e sem conseguir me mover, peguei meu celular e comecei a escrever sobre as experiências que tive no hospital.

Todos os dias escrevia como havia sido minha jornada e postava o capítulonovibet bet 10 get 50um fórum na internet. Foi um alívio.

Agora, estou recomendando (a escrita) a muita gente.

Pessoas que estão tristes, que têm problemas. "Escreva, escreva", digo a elas.

O sucesso da história

Não tenho nem ideianovibet bet 10 get 50por que a história teve esse sucesso.

Pode ser porque, apesarnovibet bet 10 get 50ser uma história difícil, é contada com humor.

Não queria ser ridícula, não queria ser uma vítima, uma pobrezinha, com meus pezinhos destroçados...

Queria contar as coisas do jeito que as sentia.

Mas não me esforcei para colocar um toquenovibet bet 10 get 50humor negro. É que rionovibet bet 10 get 50tudo, e ali dentro havia coisas das quais eu ria muito.

Continua escrevendo?

Não (continuo escrevendo). Imagino histórias, mas não me atrevo a escrevê-las. Sou muito perfeccionista.

Escrevi este livro porque nunca o concebi como um livro, nunca imaginei que ia ser publicado.

Se soubesse, não o teria escrito.

Como está agora?

(Eu estou atualmente) ok.

Voltei a vomitar e continuo fazendo isso. Voltei a ficar triste.

Em maio passado, voltei a me internar no mesmo hospital psiquiátrico por um tempo.

Mas estou animada com o livro.

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