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A estranha doençabet kazinoquem é abalado por obrasbet kazinoarte:bet kazino
Desde Stendhal, centenasbet kazinovisitantes declaram sentir os mesmos sintomas. Mas a síndrome só foi descrita cientificamentebet kazino1979, pela psiquiatra e psicanalista italiana Graziella Magherini, autora do livro La sindrome di Stendhal. Il malessere del viaggiatore di fronte alla grandezza dell'arte (A Síndromebet kazinoStendhal: o Mal-Estar do Viajante Diante da Grandeza da Arte,bet kazinotradução livre).
Conforme ela explica no livro, a importância do episódio vivido por Stendhal "deve-se ao fatobet kazinoque a história dessas emoções assume um valor simbólico, extensível a uma analogia gigantebet kazinodiferentes contextos e temposbet kazinoque, no entanto, o elemento é a presença do sujeitobet kazinoum lugarbet kazinoarte".
Magherini ressalta que isso acontece porque a viagem pela arte "pode ser considerada uma jornada da alma", algo "capazbet kazinodespertar um enredobet kazinoemoções e sentimentos que, obviamente, nem todos conseguem administrar".
Estatisticamente, segundo a pesquisadora, 87% dos casos foram vivenciados por pessoas que viajavam sozinhas. E os sintomas sempre foram vistosbet kazinolugares especialmente carregadosbet kazinoarte e história - segundo ela, são locais onde "o indivíduo enfrenta um importante teste parabet kazinoprópria identidade".
De acordo com a teoria, a vontadebet kazinoviajar está entre os desejos mais primitivos do ser humano. Contudo, a vulnerabilidade vem justamente durante a jornada, já que a identidadebet kazinocada viajante acaba o tempo todo oscilando entre perda e reconstrução. Viajar, para Magherini, é viver superando a própria fontebet kazinoenriquecimento cultural, ao mesmo tempobet kazinoque se encara o preçobet kazinouma desorganização momentânea do campo mental.
Explicações
Especialistabet kazinocinesiologia psicológica, psicodrama e psicologia transpessoal, a psicóloga e psicoterapeuta Vanessa Ferreira Franco acredita que a síndrome é a consequência da mesclabet kazinodois fatoresbet kazinopessoas sensíveis: o universo artístico e o estrangeirismo.
"É inevitável quebet kazinoum lugar onde há uma grande invocação da arte e da arte sacra que simpatizantes 'peregrinos da arte' estejam sujeitos a reagirbet kazinoforma expressiva a obrasbet kazinotamanha magnitude e beleza. Por conta disso, é natural que o corpo se expresse na formabet kazinosintomas como uma maneirabet kazinomanifestarbet kazinorespostabet kazinocorrespondência a tal invocação", analisa ela.
"A síndrome acomete especialmente simpatizantes sensíveis à arte e turistas. Acredito que a soma dos fatores 'universo artístico' e o 'estrangeirismo", se assim posso colocar, por si só já abre um campo favorável e disponível para que manifestações psicossomáticas dessa ordem possam ocorrer. O simples fatobet kazinovocê se colocarbet kazinoum território desconhecido ao seu, ebet kazinojá possuir uma certa sensibilidade a expressão da arte, já o colocabet kazinoum espaço psíquico predisposto a tais reações e respostas no corpo dessa natureza. E isso, do meu pontobet kazinovista, já é dignobet kazinoconsideração e legitimidade."
Em artigo sobre o assunto, o professorbet kazinomedicina Hayk Arakelyan, pesquisador da Universidadebet kazinoYerevan, na Armênia, ressaltou que a síndrome pode ser experimentada por qualquer pessoa "sobrecarregada por obras-primas artísticas", embora sejam mais suscetíveis aqueles que visitam Florença.
"Os sintomas são ansiedade, taquicardia, palpitações cardíacas, tontura, desorientação, perdabet kazinoidentidade, exaustão física, desmaios, confusão, ataquesbet kazinopânico temporários, ataquesbet kazinoloucura que duram dois ou três dias e alucinações", escreveu ele. "A síndromebet kazinoStendhal é uma doença psicossomática rara, que ocorre mais comumentebet kazinoturistas que criaram sintomasbet kazinoestresse tentando ver e fazer demais durante uma visita a uma cidade famosa por seus museus, galeriasbet kazinoarte e marcos históricos."
Se começar a passar malbet kazinoum contexto desses, os especialistas são unânimes: vá para o hotel e desanuvie, descanse, deixe para prosseguir a imersão cultural no outro dia - respire bem entre uma obrabet kazinoarte e outra.
Apesarbet kazinoa síndrome já ter ganho documentaçãobet kazinopublicações especializadas, ela não aparece entre as doenças listadas e cadastradas pela American Psychiatric Association DSM - Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. "São convenções onde se estipula os distúrbios que são categorizáveis. Mesmo não estando listada, isso não invalida a experiência. Cabe sempre o convite à compreensãobet kazinoque isso é uma experiência anômala, mas possível", explica o psicólogo Renato Belin Castellucci, especializadobet kazinoexperiênciasbet kazinotranscendência.
Razão e sensibilidade
Para a especialista, o motivo pelo qual algumas pessoas são acometidas pela síndrome - enquanto a grande maioria passa incólume - está numa predisposição à abertura e numa grande sensibilidade individual. "São muitos os relatosbet kazinopessoas que abriram canaisbet kazinopercepção mais elevados ao entrarem, via sensibilidade e abertura predisposta,bet kazinocomunhão com obrasbet kazinotamanha grandeza", diz.
O psicólogo Castellucci acredita que o contato com obras carregadasbet kazinosimbologia, dado o arcabouço históricobet kazinoum lugar como Florença, favorece esse tipobet kazinoefeito. "São obras que nos remetem a um outro estadobet kazinoconsciência", diz. "Geralmente, os acometidos pela dita síndromebet kazinoStendhal são pessoas com nível cultural mais alto e elevado graubet kazinosensibilização para essa questão estética."
Em linhas gerais, ele avalia os sintomas como positivos. "É um processo positivo,bet kazinointegração. O indivíduo permite-se reconhecer outra esfera do seu ser, outro pontobet kazinovista da realidade", comenta. "Esta síndrome me parece uma coisa bonita, bem interessante."
De acordo com o psicólogo, a explicação para o fenômeno estaria num certo desconcerto individual perante à beleza. "Filosoficamente falando, o ego é o nosso sensobet kazinopersonalidade. Ele tem uma determinada estrutura - e isto não deixabet kazinoser uma zonabet kazinoconforto para nossas experiências, para nossas relações com o mundo", complementa.
"Ao mesmo tempo, ele nos limitabet kazinocerta forma. Vejo esse fenômeno como a possibilidade algo contemplativo. O contato com a beleza, com algo que remete a muita coisa maior do que a nossa estrutura comporta, faz com que o indivíduo saia da zona da normalidade."
Para ele, os que passam por experiências fortes assim geralmente podem mesmo sentir sensaçõesbet kazinopânico ou medo. "Mas é só uma transcendência", resume.
A síndromebet kazinoStendhal já rendeu até filmebet kazinoterror. Em 1996, o roteirista e diretor italiano Dario Argento lançou 'La Sindrome di Stendhal', a históriabet kazinoum serial killer que sequestra uma mulher no momentobet kazinoque ela é acometida pelas sensações do fenômenobet kazinoum museu. Em Florença, é claro.
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