Síndromerollover bet7kMünchausen: a formarollover bet7kabuso infantilrollover bet7kque pais inventam ou causam doenças nos filhos:rollover bet7k
O caso acabou virando temarollover bet7kestudo e foi publicadorollover bet7k2016 na Revistarollover bet7kOtorrinolaringologia e Cirurgiarollover bet7kCabeça e Pescoço do Chile.
'Mãe muito preocupada'
Papuzinski e o restante da equipe médica que tratou o menino começaram a suspeitarrollover bet7kvários enigmas: a faltarollover bet7kuma causa clara que explicasse a recorrência da doença, as características clínicas estranhas do caso (como as lesões inexplicáveis do ouvido) e, por fim, o fatorollover bet7kque Mario sempre melhoravarollover bet7ksaúde quando estava distanterollover bet7kseu ambiente habitual.
"Supomos que talvez houvesse um fator familiar que possivelmente estivéssemos deixando passar. E talvez fossem maus-tratos", disse Papuzinski, admitindo que nunca havia deparado com um caso semelhante até então.
A hipóteserollover bet7kmaus-tratos, no entanto, não foi detectadarollover bet7knenhuma avaliação a que Mario foi submetida por assistentes sociais e psiquiatras. A mãe negou praticar qualquer tiporollover bet7kabuso.
Na realidade, a mãerollover bet7kMario parecia estar bastante envolvida nos cuidados com o filho.
"Ela era muito preocupada. Sempre estava com ele, passava praticamente 24 horas por dia no hospital", relembrou o cirurgião chileno.
Nos nove mesesrollover bet7ktratamento hospitalar, Mario passou maisrollover bet7k80 noites internado.
Até que, sete meses depois da primeira consulta do menino, a explicação do mistério veio à tona por acaso: a mãe foi flagrada injetando, sem autorização médica, medicamentos no filho.
A pessoa que testemunhou o ato era mãerollover bet7koutro paciente do hospital e disse que foi ameaçada pela mãerollover bet7kMario, que "pediu silêncio". Quando confrontada pela equipe médica, a mãerollover bet7kMario negou tudo.
A polícia foi chamada e encontrou seringas escondidas na roupa da mãe e sob a maca do menino.
A Justiça, então, decidiu que Mario deveria ficar distante da mãe - e a partir disso ele começou a melhorar. Segundo os médicos, foi possível observar "uma melhoria substancial na interação do garoto com outras pessoas".
Síndrome 'subdiagnosticada'
Descobriu-se, assim, que não era o menino que estava doente, mas simrollover bet7kmãe: ela foi diagnosticada com a Síndromerollover bet7kMünchausen por Procuração (SMPP) pela equiperollover bet7kpsiquatria do próprio Hospital Carlos Van Buren.
Esse transtormo mental reconhecido, também chamadorollover bet7ktranstorno factício imposto a outros, foi identificado pela primeira vezrollover bet7k1977 pelo pediatra britânico Roy Meadow.
Trata-serollover bet7kuma variação da Síndromerollover bet7kMünchausen, transtornorollover bet7kque um paciente simula sintomasrollover bet7kdoença com o objetivorollover bet7kobter compaixão e atenção médica.
No caso da SMPP, a pessoa a cargo do paciente (pais ou cuidadores) fabrica esses sintomas ou provoca doenças, também na tentativarollover bet7kchamar atenção para si.
Esse tiporollover bet7kcaso - que também é descritorollover bet7kperiódicos médicos brasileiros - é considerado uma formarollover bet7kabuso infantil e pode gerar não apenas intervenções médicas desnecessárias e potencialmente perigosas (uma vez que os sintomas da doença são "fabricados"), como também provocar diversas sequelas emocionais nas crianças.
É um transtorno raro, mas muitas vezes passa despercebido dos médicos durante meses ou anos e pode ter consequências ainda mais graves: há casos que ganharam notoriedade internacional pelo fatorollover bet7kas crianças terem morrido e seus pais terem sido condenados à prisão.
Os adultos que sofremrollover bet7kSMPP podem chegar ao ponto de, emrollover bet7kbusca patológica por atenção médica, injetar sangue, urina ou fezes nos filhos, ministrar-lhes medicamentos que provoquem vômito ou diarreia e até mesmo levar as crianças a serem submetidas a cirurgias e biópsias.
Diante da subnotificação, é difícil traçar estimativas sobre a SMPP. Mas um estudorollover bet7k2000 citado pelo NHS (serviçorollover bet7ksaúde pública britânico) calculou haver 89 casos dessa síndrome a cada 100 mil habitantesrollover bet7kum períodorollover bet7kdois anos. "Mas é possível que essa cifra submestime o número realrollover bet7kcasosrollover bet7kSMPP", diz o NHS.
Por quê?
Até agora, sabe-se pouco sobre o que causa essa síndrome. Especialistas acreditam que pessoas que sofreram abusos, maus-tratos ou abandono na infância têm mais riscorollover bet7kdesenvolvê-la na vida adulta.
Teoriza-se que o paciente se autoflagela ou flagela a criança sob seu cuidadorollover bet7kuma tentativarollover bet7kdespertar empatia ou admiração pelo "fardo" que carrega.
Ao mesmo tempo, ainda que haja suspeitas, os médicos costumam ter dificuldadesrollover bet7kconfrontar e lidar com pacientes com a síndromerollover bet7kMünchausen, que muitas vezes ficam defensivos ou desaparecem, apenas para posteriormente buscar ajudarollover bet7koutro hospital onde seu quadro ainda não seja conhecido.
De fato, Mario chegou ao hospitalrollover bet7kValparaíso encaminhado por outro centro médico, que não havia chegado a um diagnóstico conclusivo do caso.
Outro perigo é fazer um diagnóstico errado, com todas as repercussões que isso pode gerar.
"É uma situação muito complexa", disse Papuzinski, o cirurgião chileno.
Os casos são tão difíceis que o pediatra que cunhou o termo síndromerollover bet7kMünchausen por Procuração acabou envolvidorollover bet7kuma grande polêmica depoisrollover bet7kter sido testemunharollover bet7kdiversos processos judiciais que acabaram condenando - erroneamente - pais pelo assassinatorollover bet7kseus filhos.
'Vida normal' com a avó
No casorollover bet7kMario, um juiz da vararollover bet7kfamília local determinou querollover bet7kguarda fosse dada à avó.
Isso, segundo os médicos, teve um rápido impacto positivo na saúde do menino, que também passou a caminhar e falar melhor, e a ser mais sociável.
Sua mãe tem direito a visitas supervisionadas e estárollover bet7ktratamento psicológico, até que seja considerada apta a voltar a cuidar do filho.
O menino, até agora, não apresentou sequelas da síndromerollover bet7ksua mãe, afirma Papuzinski, cujo departamento ainda acompanha o caso.