Como falar com crianças sobre política e ideologias da família:novibet limita

Ilustração mostra algumas crianças junto aos paisnovibet limitaprotesto com dezenasnovibet limitapessoas

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Diálogo e tolerância devem permear a introdução à política, indicam terapeutas

"Falar muito cedonovibet limitatemas como democracia e corrupção pode ser prematuro e absolutamente desinteressante. Até os 11, 12 anos, a criança está muito interessada no que está no seu entorno, no gruponovibet limitaamigos, na escola e na família. A criança tem um foco determinado: se um adulto trouxer o assunto ela pode até ouvir, mas logo vai se desinteressar", diz Magdalena Ramos, terapeutanovibet limitafamília.

A neuropsicóloga Deborah Moss, porém, lembra, como mãenovibet limitatrês filhos e profissional, que a curiosidade dos pequenos é naturalmente despertada por seu entorno - como uma vizinhança batendo panela, formanovibet limitamanifestação que marcou o período do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Por isso, a sugestão é ir respondendo a este interesse à medida que a criança o manifesta.

"As crianças acabam absorvendo aquilo que têm capacidade diante do que escutam das conversas dos pais, dos professores... A construção do pensamento abstrato começa a ser desenvolvido ali pelos 2 anos, com os primeiros contatos com o 'faznovibet limitaconta', por exemplo. Mas a política já é muito abstrata, para uma criança mais ainda. Somente com a adolescência vem a possibilidadenovibet limitafazer estas conexões mais complexas e dissociar-se do pensamento dos pais, que passam a ser vistos menos como heróis e mais como pessoasnovibet limitacarne e osso", diz Moss.

2. Traga questões complexas para o mundo dela

Ilustração mostra criança falandonovibet limitaum palanque, observada por outras pessoas

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, A exposição à diferença tem função pedagógica, explica especialista

Quando a curiosidade soar, questões conturbadas e abstratas podem se tornar mais compreensíveis aos pequenos com analogias que remetam ao mundo delas.

No período do impeachment, por exemplo, Moss se valianovibet limitacomparações do país e do governo com o prédio e o papel do síndico.

O selo infantil Boitatá, da editora Boitempo, vem desde 2015 investidonovibet limitatítulos que apresentam a temática às crianças, como "A democracia pode ser assim" e "A ditadura é assim". Repletosnovibet limitacores, ilustrações e exercícios, eles fazem analogias destes regimes com um recreio ou um ditado, por exemplo.

"As crianças são naturalmente interessadasnovibet limitasaber como as coisas funcionam e prestam muito mais atenção no mundo que as cerca do que a gente imagina. Elas ficam fascinadas com insetos, dinossauros, planetas, querem entender como funcionam os órgãos do corpo humano, as profissões dos adultos, por que não iriam querer entender a sociedadenovibet limitaque estão inseridas?", diz Thaisa Burani, editora-assistente do selo.

Diretora pedagógicanovibet limitauma escolanovibet limitaGoiás, Fabíola Sperandio chama a atenção também para uma mudançanovibet limitahábitos que acaba afastando uma troca fundamental, não só no que diz respeito à introdução à política: a conversa.

"Está faltando bate-papo familiar, está faltando a família estar junto diante, por exemplo,novibet limitaum noticiário que possa promover a discussão", aponta a pedagoga. "Por um lado, hoje se discute tudo na frente da criança, e eu clamo que nem tudo deve ser falado. Mas aí, quando a criança quer interagir, diz-se que não 'se tratanovibet limitaassuntonovibet limitacriança' e ela fica diante do assunto mal explicado".

Ilustração mostra diversas famílias diferentes lendo jornais

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, 'Está faltando bate-papo familiar, está faltando a família estar junto diante, por exemplo,novibet limitaum noticiário que possa promover a discussão', diz Fabíola Sperandio

Sperandio diz que, caso as famílias desejem inserir os filhosnovibet limitaações políticas mais diretas, como manifestações, a conversa também deve marcar presença.

"Somos responsáveis pelas crianças, não só pornovibet limitasegurança física mas também emocional,novibet limitaformação humana. No momentonovibet limitaque se opta por inserir a criançanovibet limitaprotestos, por exemplo, você tem que prepará-la para isso e lidar com os momentos posteriores. É preciso uma disposição para o diálogo, para a escuta, perguntar o que ela entendeu do que viu, esclarecer dúvidas...", sugere a pedagoga.

3. Apresente uma abertura à diferença

Acompanhada do diálogo, Deborah Moss diz não ver problemasnovibet limitauma apresentação do posicionamento da família, caso esta seja uma demanda dos adultos. Mas, diz a neuropsicóloga, isto deve vir com uma linguagem acessível e a valorização da tolerância.

"É preciso ter cuidado para não se apresentar a opinião como uma verdade, como se qualquer coisa que 'não fale a língua da gente' esteja errado. Respeitar as diferenças é parte da educação", diz Moss.

Sperandio lembra que a exposição à diferença tem, inclusive, uma função pedagógica. É algo que faz parte, por exemplo, do processonovibet limitaalfabetização.

"Quando você escreve, você pensa, lê, reflete... Você estánovibet limitaprocessonovibet limitaconstrução. Então, esse processo não pode ser tolhido. É como a criança que está começando a escrever: temos uma cadernonovibet limitaescrita, por exemplo, que não tem intervenção da professora. É o momentonovibet limitaerrar, arriscar e ensaiar", diz a pedagoga.

Imagem mostra diversos braços depositando cédulasnovibet limitauma urna

Crédito, Getty Images

Legenda da foto, Especialistas indicam driblar a abstraçãonovibet limitatemas como democracia e corrupção com analogias que remetam ao universo da criança

4. Dê o exemplo

Magdalena Ramos defende que, mais do que falar diretamente da política com crianças, é importante que os adultos criem condições para se apresentarem como exemplonovibet limitauma conduta ética.

"Vejo muitas famílias falando uma coisa e fazendo exatamente o contrário: falam que é preciso respeitar o outro, mas o tempo inteiro o pai é um transgressor. As crianças são muito críticas e observadoras, percebem a diferença no discurso e na ação", diz a terapeuta. "Os pais são muito incoerentes, mas os filhos precisamnovibet limitauma coerência,novibet limitaharmonia, rotinas... Este tiponovibet limitaambiente é importante para criar valores para os filhos, valores esses que, depois sim, permearão a atividade política".

Sperandio faz um diagnóstico parecido a partirnovibet limitaseu dia-a-dia na escola e no consultório.

"Percebo as crianças muito interessadasnovibet limitaum mundo melhor, porque se fala muito nisso. Mas a gente faz esse discurso e depois se contradiz com as atitudes. A criança fica confusa: elas precisam ter um porto seguro mas, hoje, não sabem onde estão pisando".