Como o Brasil almeja eliminar até 2030 a hepatite C, que causa 400 mil mortes ao ano no mundo:roleta online virtual
Os mais novos DAAs prometem ser ainda mais efetivos, simplificando o tratamento e resolvendo as infecções causadas por qualquer um dos genótipos do vírus (com a geração anterior havia a necessidaderoleta online virtualtestes genéticos para definir qual droga deveria ser empregada contra cada tiporoleta online virtualHCV).
Alémroleta online virtualcurar as pessoas, os DAAs trouxeram a esperança da redução significativa do riscoroleta online virtualtransmissão da hepatite C, o que levou os especialistas a considerarem a perspectivaroleta online virtualuma eventual eliminaçãoroleta online virtualnovas infecções pelo HCV.
Segundo Hugo Cheinquer, professor titularroleta online virtualhepatologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, eliminar não equivale a erradicar o vírus, o que dependeria provavelmenteroleta online virtualuma vacina (que não existe) aplicada na maior parte da população. Eliminar o vírus até 2030,roleta online virtualacordo com as metas da OMS, significa reduzirroleta online virtualaté 90% a chanceroleta online virtualnovas infecções e a diminuiçãoroleta online virtualaté 65% do númeroroleta online virtualmortes causadas pela hepatite C.
Doença silenciosa
Um dos grandes desafios hoje é identificar quem possui a doença, mas desconheceroleta online virtualcondição, já que ela pode permanecer "silenciosa" por décadas. Outra barreira é garantir que o tratamento seja,roleta online virtualfato, acessível para todos os infectados, já que o custo elevado e a logísticaroleta online virtualdistribuição dos medicamentos podem ser limites importantes para os sobrecarregados sistemasroleta online virtualsaúde pública dos paísesroleta online virtualdesenvolvimento.
A infecção pelos vírus da hepatite C (HCV) é transmitida basicamente pelo sangue. A maior parte dos portadores se infectouroleta online virtualtransfusões realizadas antesroleta online virtual1992 (quando ainda não existiam testes específicos para detecção do vírus nos bancosroleta online virtualsangue) ou ao compartilhar agulhas e seringas, principalmente entre usuáriosroleta online virtualdrogas injetáveis. Em quase um terço dos casos se desconhece a origem da infecção (transmissão na gestação, sexo sem proteção ou usoroleta online virtualmateriais domésticos ou hospitalares com sangue contaminado são algumas possibilidades).
Cercaroleta online virtual20% dos infectados se curam espontaneamente, mas os demais 80% evoluem para uma infecção crônica (mais ou menos grave) que leva até 20 anos para se manifestar. O vírus provoca um processo inflamatório no fígado que pode causar danos sérios antesroleta online virtualser detectado.
Em teoria, quanto mais cedo a detecção e o tratamento, maiores as chancesroleta online virtualcura, com menos impactos para a saúde. A doença é hoje uma das principais responsáveis pela insuficiência hepática, cirrose, câncer do fígado e a necessidaderoleta online virtualtransplante do órgão. Cercaroleta online virtual20% das infecções crônicas evoluem para cirrose e,roleta online virtual1% a 5% para câncerroleta online virtualfígado.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as hepatites virais (incluindo as hepatites A,B,C,D e E) mataram 1,4 milhãoroleta online virtualpessoasroleta online virtual2016, mais do que malária, tuberculose ou aids.
Nos EUA, por exemplo,roleta online virtualacordo com dados dos Centrosroleta online virtualControleroleta online virtualDoenças (CDC), a hepatite C atinge hoje 4,1 milhõesroleta online virtualpessoas (quase 4 vezes o númeroroleta online virtualportadores do HIV, causador da aids), mata mais do que qualquer outra infecção e o númeroroleta online virtualcasos só vem aumentado, principalmenteroleta online virtualfunção da epidemiaroleta online virtualdrogas opioides.
Brasil
Dados do Ministério da Saúde estimam que 700 mil pessoas estão cronicamente infectadas com o HCV. Aproximadamente dois terços desse montante não sabem que têm a doença. Foram realizados 319 mil diagnósticosroleta online virtual1999 até 2016 e, cercaroleta online virtual67 mil pessoas já receberam os novos tratamentos contra hepatite C.
De acordo com Cheinquer, descontados os casos tratados e os óbitos no período, cercaroleta online virtual100 mil pessoas estão hoje na "filaroleta online virtualespera" dos novos medicamentos no SUS, além daqueles que ainda vão ser identificados. O plano para atingir a meta da OMS até 2030 prevê o tratamentoroleta online virtualcercaroleta online virtual600 mil pessoas.
Um modelo matemático da eliminação da hepatite C, apresentado pelo Ministério da Saúde no último Congresso Internacional do Fígado, que aconteceuroleta online virtualParis no inícioroleta online virtualabril, mostra que um esforço concentrado do país, a partirroleta online virtual2018, para aumentar a detecçãoroleta online virtualcasos nas populaçõesroleta online virtualalta prevalência e a ampliação do acesso aos novos medicamentos, tornaria possível alcançar os objetivos da OMS.
Segundo Edison Parise, presidente do Instituto Brasileiro do Fígado, da Sociedade Brasileiraroleta online virtualHepatologia, a boa notícia é que no mês passado, o tratamento no Brasil, antes restrito a pacientes com doença avançada (apenas graus 3 e 4roleta online virtualfibrose no fígado), foi universalizado para todos pacientes que testem positividade para o vírus, independentemente da gravidade da doença.
'Tirar universalização do papel'
Cheinquer também avalia que universalizar o acesso no Brasil é um avanço. No entanto, ele aponta uma sérieroleta online virtualquestões estruturais que podem limitar o uso dos medicamentos. "Em diversas regiões do país, uma consulta com um especialista e a espera pelos novos tratamentos pode levar até um ano. A listaroleta online virtualespera não levaroleta online virtualconta a gravidade dos casos. Pacientes com a doença mais avançada, muitas vezes, não podem esperar tanto tempo. Quem tem recursos pode até importar os antivirais, mas quem não tem condições financeiras vai ter que aguardar. É importante tirar a universalização do papel e colocá-laroleta online virtualprática", diz ele.
O Ministério da Saúde informa que os medicamentos que já estavam disponíveis vêm sendo distribuídos regularmente para as unidadesroleta online virtualalto custo, porém os que foram recentemente incorporados ao SUS, no protocolo revisadoroleta online virtual2018, têm prazoroleta online virtual180 dias para chegarem às unidades. Quanto à demora no atendimento, nas regiões com problemas locais, a capacidade poderia ser expandida recorrendo à atenção básica, e não exclusivamente aos serviçosroleta online virtualassistência especializada.
Outra questão central, segundo Parise, é identificar quem ainda está fora da filaroleta online virtualespera.
"No mundo todo houve uma recontagem dos casos prováveisroleta online virtualhepatite. Certamente as prevalências antigas superestimaram o númeroroleta online virtualportadores da doença. No Brasil não foi diferente. Hoje estamos falandoroleta online virtual0,5% a 0,6% da população. Acreditamos que ainda reste um considerável contingenteroleta online virtualpacientes a ser detectado, e que esses casos se concentremroleta online virtualindivíduos acimaroleta online virtual40-45 anos, que devem ser os pacientes testados prioritariamente. Outras populaçõesroleta online virtualrisco incluem usuáriosroleta online virtualdrogas injetáveis, encarcerados e pacientes submetidos a hemodiálise", afirma.
Ainda segundo o Ministério da Saúde, entre as estratégias para ampliação do diagnóstico e tratamento será necessário realizar nos próximos anos 9,5 milhões testes rápidos para hepatite C e tratar 50 mil pacientes anualmente.
Reino Unido: o primeiro a eliminar?
Em janeiro, o NHS (sistema públicoroleta online virtualsaúde do Reino Unido) anunciou que pretende eliminar a hepatite C até 2025, cinco anos antes da meta definida pela Organização Mundial da Saúde (OMS), o que tornaria o país o pioneiroroleta online virtualdar uma resposta efetiva à eliminação do HCV.
Para isso, o NHS convocou os laboratórios produtores dos novos tratamentos para discutir uma redução no custo das novas tecnologias antivirais. Parte do acordo envolve auxílio da indústria farmacêutica na identificaçãoroleta online virtualpotenciais pacientes.
Mais do que tratar, para o NHS, o problema central é identificar os portadores, principalmente as pessoas que se infectaram há muito tempo e os grupos sociais que tendem a ficar mais longe dor serviçosroleta online virtualsaúde, como os usuáriosroleta online virtualdrogas. Testes rápidos (de sangue ou saliva) que possam ser realizadosroleta online virtualqualquer lugar (não apenasroleta online virtuallaboratórios ou postosroleta online virtualsaúde) e testesroleta online virtualautoaplicação (como os que existem hoje para diagnosticar o HIV) poderiam trazer mais pessoas para o tratamento.
O exemplo do Egito
O Egito, país com a maior prevalênciaroleta online virtualhepatite C do mundo (7% da populaçãoroleta online virtual15 a 59 anos tem uma infecção ativa pelo HCV), iniciou jároleta online virtual2015 um extenso programaroleta online virtualcombate à doença. A epidemia no país foi desencadeada nos anos 1950, após um programa para tratamentoroleta online virtualmassa da esquistossomose, que foi feito sem o usoroleta online virtualagulhas e seringas devidamente esterilizadas.
Acredita-se que maisroleta online virtual1,3 milhãoroleta online virtualpessoas já foram curadas. O programa egípcio envolveu a criaçãoroleta online virtualum site, onde as pessoas infectadas podem se inscrever para receber o tratamento gratuitamente, negociação com a indústria farmacêutica para revisão do preço dos antivirais disponíveis e, finalmente, a produção localroleta online virtualum dos medicamentos, o que reduziu o custo total do tratamento para menosroleta online virtual1% do valor praticado nos países desenvolvidos.
A listaroleta online virtualespera para tratamento foi zeradaroleta online virtual2016 e, os esforços das autoridadesroleta online virtualsaúde se concentram agoraroleta online virtualidentificar outros possíveis 3 milhõesroleta online virtualportadores do vírus, que não sabem que são portadores.
Egito, Austrália, França, Geórgia, Alemanha, Islândia, Holanda, Japão e Qatar são os nove países considerados exemplos nas estratégiasroleta online virtualcombate à hepatite e que devem atingir as metas da OMS até 2030.
Havendo vontade políticaroleta online virtualtodas esferasroleta online virtualpoder e coordenação das ações, o Brasil, quem sabe,roleta online virtualbreve, pode fazer parte dessa lista.
*Jairo Bouer é médico-psiquiatra pela Universidaderoleta online virtualSão Paulo (USP), biólogo pela Universidade Federalroleta online virtualSanta Catarina (UFSC) e mestrandoroleta online virtualantropologia evolutiva na University College London (UCL). Colaborou com os principais veículosroleta online virtualmídia no Brasil, como Rede Globo, CBN, Folharoleta online virtualS. Paulo, Estadoroleta online virtualSão Paulo, Revista Época e UOL.