Como e quando falar sobre sexualidade com as crianças:apostar em futebol da dinheiro
"A educação sexual que recebi dos meus pais foi muito prática, informativa e pouco romantizada", lembra.
Nem toda pessoa, contudo, recebe educação sexual durante a infância. Para muitas famílias, o tema ainda é tabu dentroapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirocasa.
Para o médico Jairo Bouer, educador e pesquisador sobre educação sexual, a faltaapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroinformação sobre sexualidade entre os jovens no Brasil contribui para que sejam altos os númerosapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirotransmissão do HIV, o vírus causador da Aids, e gravidez precoce entre eles, mesmo com a pílula do dia seguinte e inúmeros meios contraceptivos disponíveis à população.
"Hoje, crianças e adolescentes podem pesquisar suas dúvidas na internet ao invésapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroperguntar aos pais. Por isso,apostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiromodo geral, vejo que as crianças se deparam mais cedo com o tema da sexualidade. O problema não é buscar a informação, e sim se deparar com informações erradas e inadequadas para cada faseapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirodesenvolvimento da criança", diz Bouer.
O último relatório da Unaids, programa das Nações Unidas contra a Aids, mostrou que o Brasil é responsável por 40% das novas infecções por HIV na América Latina.
Dadosapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiro2017 do Ipea (Institutoapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroPesquisa Econômica Aplicada) mostraram que umaapostar em futebol da dinheirocada cinco crianças no Brasil é filhaapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiromãe adolescente, sendo que 58% dessas adolescentes não estudavam quando engravidaram.
Segundo dadosapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiro2006 a 2015 da UNFPA, órgão da ONU responsável por questões populacionais, o país tem a 7ª maior taxaapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirogravidez na adolescência na América do Sul.
"A educação sexual deve começar antes dos dez anos", defende Bouer. "Somente com informação correta aos adolescentes, sem tabus e julgamentos, iremos reduzir os altos númerosapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirosexo sem segurança e gravidez na adolescência na adolescência."
Desenvolvendo a identidade sexual
O primeiro contato que temos com a sexualidade,apostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroacordo com Cláudia Bonfim, doutoraapostar em futebol da dinheiroEducação e coordenadora do Grupoapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroEstudos e Pesquisasapostar em futebol da dinheiroEducação e Sexualidade do Ministério da Educação e autora do livro Educação Sexual e Formaçãoapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroProfessores: da Educação Sexual que Temos à que Queremos, é durante a amamentação.
"A sexualidade nos é apresentadaapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiromaneira não verbal: pelo toque dos pais, pelo modo como a mãe amamenta, como o bebê é embalado no colo, como o olham, se o amam etc.", explica a educadora. "Ou seja, a educação sexual nessa fase se dá especialmente por meio dos comportamentos e experiências afetivas-sexuais que o bebê vivencia através da sexualidade dos pais e do meioapostar em futebol da dinheiroque ele vive."
A descoberta do próprio corpo se dá após os 18 mesesapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroidade, quando a criança vivencia a fase anal, que vai até os três anos e meio.
"A fase anal trataapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroum momentoapostar em futebol da dinheiroque a criança começa a obter controle dos esfíncteres anais e da bexiga, controlando a micção e a evacuação. Aprender a ter o controle das suas necessidades fisiológicas significa uma nova formaapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroprazer e gratificação, inclusive pela atenção que lhes é dedicada e dos elogios que recebe quando passam a ir sozinhas no banheiro", explica Bonfim.
É nesse momento que a criança descobre que tem um órgão sexual, pois é quando começa a manipular estes órgãos, principalmente quando vai ao banheiro. Por isso, a fase anal pode marcar muito a sexualidade da criança, principalmente nos meninos, por terem o órgão sexual externo.
"É importante que os pais a ajudem a criança a reconhecer o corpo nesta fase com naturalidade, sem reprimir suas atitudes, pois o caráter da criança nessa etapa éapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroreconhecimento corporal, e não erótico", orienta e educadora.
Bouer explica que também é nessa fase que surgem as dúvidas dos pais sobre como agir dianteapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirocomportamentos dos filhos com o próprio corpo.
"Atendo mães que costumam reclamar que o filho fica com a mão no pênis o dia todo. A maior aflição delas é não saber como agir: deveriam conversar com o filho ou fingir que não estão vendo? Eu defendo que deve haver uma conversa com a criançaapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiromaneira natural e nunca ignorar o comportamento", defende o médico.
Nathália vivenciou essa fase com Enrico -apostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroprimeira reação foi pedir orientação ao médico do menino.
"Estávamos na sala e o Enrico passou por cimaapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroum brinquedo enquanto engatinhava. Ele tinha pouco maisapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroum ano. Sentiu alguma coisa ali e voltou, num movimento repetitivo. Relatamos ao pediatra e fomos orientados a não tratarmos aquilo como tabu, nem dar a ele a impressãoapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroque masturbação era errado ou proibido", conta a mãe.
A solução encontrada pela empresária e pelo marido foi tentar distrair Enrico da ação, propondo uma atividade que desviasse a atenção do órgão sexual.
"Depois, com ele maior, explicamos que tocar no próprio pênis é gostoso, não tem problema, mas que não é legal fazer na frente das pessoas por ser um momento privado dele com o corpo dele", relata ela.
Quando conversar
"Em um primeiro momento, cabe aos pais ajudar a criança a construirapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirosexualidadeapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiromaneira positiva", afirma Bonfim.
Mas o que e quando conversar? Para o doutor Bouer, a curiosidadeapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirocada criança deve ser o termômetro dos pais para saber sobre o que e quando falar.
"As curiosidades sobre o corpo são naturais desde muito cedo, e os pais devem sempre responder as perguntas, mas não acho que nessa fase seja necessário dar uma aula para abordar o tema", explica o médico. "Os pais devem ficar atentos às curiosidades que forem surgindo e sempre explicar dentro da capacidade da criançaapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroentender aquela conversa", completa.
Os pais também devem considerar que cada criança tem uma personalidade e entender o tempoapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirocada umaapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirodescobrir o mundo aapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirovolta.
"Tem crianças mais curiosas, que perguntam sobre tudo; tem as mais tímidas, que provavelmente terão medoapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirotocar no assunto. De maneira geral, a criança que convive com outras mais velhas que ela começará a perceber seu corpo e o corpo do outro mais cedo que crianças que convivem somente com adultos", explica o doutor.
Independenteapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirocada caso, para Bouer, o ideal é que conversas sobre sexualidade comecem antes dos dez anos, tantoapostar em futebol da dinheirocasa como na escola. Assim, quando chegarem na adolescência, questões mais complexas, como virgindade, sexo seguro, gravidez etc., serão tratadas com atenção e naturalidade pelo adolescente.
"Se as conversas sobre sexualidade não ocorreram até os dez anos, os pais não deverão escolher estratégias muito invasivas para introduzir conversas sobre sexualidade quando os filhos se tornarem adolescentes, uma vez que eles não foram naturalizados com esse tema na infância", afirma o médico.
Aposentar a cegonha
Muitos pais se questionam se podem ficar nus na frente dos filhos pequenos e se podem tomar banho juntos.
Para Bonfim, a dica é entender que a maneira como os pais lidam com o corpo refletirá no modo como a criança e o adolescente lidarão com o próprio corpo e o do outro.
"Se os pais sempre tomam banho junto com a criança, geralmente esta fase é bem mais tranquila, pois essas diferenças corporais foram sendo internalizadas com naturalidade, sem a curiosidadeapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirotirar a roupa do outro para ver como é, por exemplo", explica a educadora sexual.
Nathália conta que ela e o marido sempre tomaram banho com Enrico, e que a primeira pergunta dele sobre sexualidade foi durante um deles.
"Primeiro ele percebeu que eu era diferente dele e não tinha pênis. Depois, me perguntou: 'Cadê seu pipi, mamãe?'", lembra a empresária.
E como responder tal pergunta a uma criança?
Segundo doutor Bouer, muitos pais e até professores recorrem a metáforas para explicar temas sobre sexualidade, mas nem sempre essa é uma boa estratégia.
"Se a metáfora ajudar a criança a entender o que está sendo falado, sem gerar mais dúvidas na cabeça dela, é válido. Porém, não vale usar uma metáfora para inventar uma situação que não existe no mundo real, como a história da cegonha que trouxe o bebê", adverte o médico". "Precisamos enterrar a história da cegonha."
A mãeapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroEnrico conta que tenta simplificar as palavras para explicarapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroum modo que o filho entenda, dentro do contexto da idade e da experiênciaapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiromundo que o menino tem.
"O que nunca fizemos foi contar estóriasapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirocegonha, repolho, ou coisas do tipo. Também somos objetivos: explicamos pontualmente o que satisfaz a curiosidade dele e não avançamos", conta a mãe.
"Já aconteceuapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirouma mãe grávidaapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirouma amiguinhaapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroclasse do Enrico tentar explicar para eles que o bebê na barriga dela era uma 'pérola' que o papai plantou com um beijo e o Enrico dizer: 'Não é não, tia. O papai planta a sementinha com o 'pipi'."
Não diferenciar objetos, cores e comportamentos "permitidos" para meninos e meninas, como forçar as meninas a cruzar as pernas quando sentam ou estimular os meninos a serem agressivos nas brincadeiras, por exemplo, também faz parteapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirouma educação sexual saudável física e emocionalmente.
"Não ter preconceitos e tabus sexuais começa dentroapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirocasa e na infância. Os pais não devem fazer distinção quanto à utilizaçãoapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirocores e brinquedos entre meninos e meninas. É provado que estes objetos e cores não determinam nossa sexualidade, mas podem interferir na maneira como vemos e respeitamos o sexo oposto e o diferenteapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheironós", afirma Bonfim.
"O maior problema da ideia da fragilidade feminina e da mulher como um ser mais sensível e do homem como um ser que deve reprimir seus sentimentos e ser forte é que geramos mulheres fragilizadas e submissas e homens insensíveis, brutos e com dificuldadesapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirodemonstrar seu afeto", completa a educadora.
O mais importanteapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheirouma educação sexual consciente para crianças é ensinar o que é amar, se relacionar, o que é afeto e privacidade, assim como identificar o que é abuso. Ou seja, a reconhecer, respeitar e defender o próprio corpo e o corpo do outro.
"Por meio da educação sexual, é possível ensinar a criança a não deixar que nenhuma outra pessoa tireapostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroroupa, toqueapostar em futebol da dinheiroseu corpo eapostar em futebol da dinheirosuas partes íntimas. Também deve-se orientar desde pequeno que, caso essas situações ocorram, ela nunca deve ter vergonha e escondê-las, devem comunicar imediatamente os pais", alerta Bonfim.
"Isso é fundamental para que a criança possa prevenir um abuso ou violência sexual, pois ela saberá diferenciar carinho, afeto, privacidade,apostarapostar em futebol da dinheirofutebol da dinheiroabuso e violência."