A calcinha menstrual ‘à brasileira’ criada por três universitárias:bonus betmotion

Legenda da foto, Raíssa Kist, Nicole Zagonel e Francieli Bittencourt se dividem entre a faculdade e a marcabonus betmotioncalcinhas menstruais que criaram, a Herself | Foto: Divulgação

Nesse meio tempo, apareceu mais um forte sinalbonus betmotionque havia, ali, um nicho a ser explorado, com a repercussão do um post da nutricionista e apresentadorabonus betmotionTV Bela Gilbonus betmotionque ela contava ter passado a usar uma calcinha menstrual importada dos Estados Unidos.

"Entramosbonus betmotioncontato com algumas mulheres para entender incômodos e como elas vivem a menstruação no dia a dia, e percebemos que havia uma busca por novas soluções nessa área. As mulheres não estavam satisfeitas com os absorventes, mas por comodismo e faltabonus betmotionopções, acabavam recorrendo a eles", afirmou Kistbonus betmotionentrevista à BBC Brasil.

Em contato com estas mulheres, as estudantes passaram a aplicar questionários online e desenvolver testes com protótiposbonus betmotioncalcinhas.

Crédito, Mariana Alvim

Legenda da foto, Protótipos e questionários foram enviados a mulheres que colaboraram com o projeto | Fotos: Divulgaçãos

"Pelo tabu, muitas sentiram um estranhamentobonus betmotionfalar do tema, mas depois ficaram agradecidas. Ouvimos sobre necessidades que nem imaginávamos, como cuidados com alergias, calor, assaduras... Aprendemos muito com isso", lembra a universitária.

Segundo as estudantes, a decisão por produzir calcinhas menstruais foi motivada também pela dificuldade, relatada por algumas mulheres, na adaptação ao usobonus betmotionoutra nova alternativa aos tradicionais absorventes: os copinhos menstruais, produtos reutilizáveis geralmentebonus betmotionsilicone,bonus betmotionformatobonus betmotioncopo ebonus betmotionuso interno.

As calcinhas menstruais só chegaram ao Brasil neste ano - a marca Pantys também passou a vender o produto no país, além da Herself, que por enquanto está entregando somente calcinhas oferecidas como recompensa na campanhabonus betmotionfinanciamento coletivo. Lá fora, a Thinx, marca usada por Bela Gil e precursora do produto, também foi criada por três amigas,bonus betmotionNova York.

Crédito, Esebene / Getty Images

Legenda da foto, Outra alternativa surgida recentemente são os copinhos menstruais, feitosbonus betmotionsilicone

À brasileira

Experiências internacionais fizeram parte dos estudos para o desenvolvimento do projeto pelas jovens, mas desde o início elas pensarambonus betmotionum produto 100% brasileiro - seja na mãobonus betmotionobra à adaptação ao clima.

"Compramos os produtos do exterior para conhecê-los, mas, lá fora, o corte das calcinhas é mais largo e tem a cintura mais baixa, e o corpo [das estrangeiras] também é diferente. Pelo clima tropical do Brasil, a calcinha tinha que ser mais fininha e leve", lembra Kist.

"Toda a tecnologia foi desenvolvida no Brasil. Para garantir a procedência e a sustentabilidade do produto, fazemos questão tambémbonus betmotionter fornecedores próximos, sabendo como é a qualidadebonus betmotionvida deles", afirma a estudante, citando fornecedores do Rio Grande do Sul ebonus betmotionSanta Catarina.

Por enquanto, as três estudantes estão se virando na logística, administração e comunicação da marca - mas, entre terminar a faculdade e tocar o negócio, já estão pensandobonus betmotionaumentar a equipe. É quebonus betmotiondezembro a Herself deve dar um salto, lançando um site - para a venda das calcinhas e possivelmente outros produtos afins -, ainda mantidobonus betmotionsegredo por elas.

Crédito, Getty

Legenda da foto, Tradicionais absorventes podem causar incômodos ou constrangimentos

As jovens destacam que, diferente do tradicional tabu vivido por tantas garotas, algumas delas ficaram ansiosas para ficarem menstruadas - apenas para experimentar a calcinha.

"Houve um vácuo na evolução dos protetores menstruais, com uma carênciabonus betmotionanos na inovação da vida menstrual. Pelo tabu, as mulheres não falavam, e o mercado desconhecia as reais necessidades delas. O diálogo que estabelecemos com as mulheres no processo nos mostrou o que era realmente importante para elas", conta Bittencourt, estudantebonus betmotionhistória também na UFRGS, onde tem se dedicado a estudos sobre questõesbonus betmotiongênero.

'Natural' do século 21

Para Justine Carta Hess, da consultoria Kantar Futures, um produto como a calcinha menstrual é emblemáticabonus betmotiontendências turbinadas no século 21 - destacando-se o feminismo e a sustentabilidade.

"O excessobonus betmotioninterações e compartilhamentos nas mídias sociais, entre outras coisas, permitem também que a cultura do tabu, da vergonha, seja conversada. Por outro lado, um projetobonus betmotioncrowdfunding abre mercados para estas novas conversas, quando no passado é claro que eram os homens que majoritariamente tinham a palavra sobre os produtos e negócios", disse Hess à BBC Brasil.

"Esta nova geração, que chamamosbonus betmotioncentennials, tem muito acesso a informação e consideram bastante o custo-efetividade dos produtos. E, diante dos custos financeiros e ambientais dos absorventes tradicionais, produtos como as calcinhas menstruais fazem muito sentido".

Por outro lado, a consultora Christine Pereira, da Kantar Worldpanel, destaca que no Brasil a grande maioria das mulheres ainda recorre a métodos tradicionais para lidar com a menstruação. Segundo dados da consultoria, a penetração nos lares brasileiros é maior para os absorventes externos (em 76% dos lares da amostrabonus betmotion2016), seguidos do absorvente interno (24%) e do protetorbonus betmotioncalcinha (6%). Esta última categoria, porém, tem crescido no longo prazo.

"As jovens entram no mercado pelo absorvente externo e, com o avanço da idade, há uma mixagem, principalmente nas classes econômicas mais altas, com o usobonus betmotionabsorventes internos e protetoresbonus betmotioncalcinha. Dentre os produtos existentes há inovação, com diferentes tamanhos, larguras, presençabonus betmotionabas ou não e adequação a diferentes estágios da menstruação", afirma Pereira.