A história do 'maior ladrãocasino ao vivo onlinelivros raros do Brasil':casino ao vivo online
O lequecasino ao vivo onlineobras furtadas atribuído a Laéssio impressiona pela raridade e pela variedade. Vai das fotografias do funeralcasino ao vivo onlineDom Pedro 2º, inclui um dos primeiros atlas do Brasil feito por um cartógrafo holandês do século 17 e passa por primeiras edições autografadas por cânones da literatura nacional. O crèmecasino ao vivo onlinela crème das obras roubadas, no entanto, são os originaiscasino ao vivo onlinedesenhos feitos por artistas como o francês Jean-Baptiste Debret e o alemão Johann Moritz Rugendas, que no século 19 viajaram o país para retratar paisagens e personagens do Brasil colonial. Hoje, um álbum completocasino ao vivo onlineDebret, por exemplo, não sai por menoscasino ao vivo onlineUS$ 300 mil.
Desde março deste ano, Laéssio está preso no Riocasino ao vivo onlineJaneiro, depoiscasino ao vivo onlineser condenadocasino ao vivo onlineprimeira instância na Justiça Federal a mais dez anos e sete mesescasino ao vivo onlineprisão pelo furtocasino ao vivo onlineobras raras do Museu Nacional e do Museu Histórico Nacional, também no Rio. Ainda cabe recurso.
Dinheiro
"Minha história toda foi pobre. Ser rico é bom. É ótimo. Não estou falando 'ser riquíssimo', como esse povo que fica rico demais e aí vira essa palhaçada, essa desigualdade do c*ralho. Mas ser independente, morar bem, fazer o que quer, entendeu?"
Num intervalocasino ao vivo onlineduas décadas, Laéssio trocou o anonimato do balcãocasino ao vivo onlineuma padariacasino ao vivo onlineSão Bernardo do Campo, no ABC paulista, pelas manchetescasino ao vivo onlinejornaiscasino ao vivo onlinetodo o país. Montou três bancascasino ao vivo onlineantiguidades e um sex shop batizadocasino ao vivo onlineMae Westcasino ao vivo onlinehomenagem à atriz americana que "era tipo a Dercy Gonçalves", segundo ele. Também se especializoucasino ao vivo onlineBiblioteconomia e fez negócios com gente graúda.
Laéssio não ficou milionário, mas ganhou dinheiro suficiente para comprar um confortável apartamento no Largo do Arouche, no centrocasino ao vivo onlineSão Paulo. Também se permitiu pequenos luxos, como vestir um terno Armani, passear com o ex-marido a bordocasino ao vivo onlineum Audi A3 oucasino ao vivo onlineum Chrysler PT Cruiser e custear um imóvel no Guarujá, litoral paulista.
"Eu vivia num mundo encantado. Eu era uma bicha louca, desvairada, achava que aquilo nunca iria acabar, que nunca iria dar problema", confessa. Entretanto, torrou tudo tentando acertar as contas com a Justiça.
Desde aquela primeira ligação a cobrar que Láessio me fezcasino ao vivo online2012, acumulei - alémcasino ao vivo onlineincontáveis cartas - pilhascasino ao vivo onlineprocessos judiciais, dezenascasino ao vivo onlinehorascasino ao vivo onlinegravação e centenascasino ao vivo onlinepáginascasino ao vivo onlineanotações feitas durante entrevistascasino ao vivo onlinediversos locais, incluindo duas penitenciárias. Laéssio só topou me confidenciarcasino ao vivo onlinehistória para que ela não ficasse encarcerada nas colunas policiais. "Eu não matei ninguém, cara. Vou me arrependercasino ao vivo onlinequê? De que adquiri um montecasino ao vivo onlinelivro velho?"
'O que é que a baiana tem?'
A mãecasino ao vivo onlineLaéssio é uma senhora miúdacasino ao vivo online62 anos que trabalha passando roupa e cuidandocasino ao vivo onlineidosos. Ela tem o costumecasino ao vivo onlineconcluir as frases com um simpático "num sabe?" carregadocasino ao vivo onlinesotaque nordestino. Refere-se ao mais velho dos seis filhos - que criou sozinha a partir dos 31 anoscasino ao vivo onlineidade - como "Grandaião", apesarcasino ao vivo onlinea compleição físicacasino ao vivo onlineLaéssio nemcasino ao vivo onlinelonge botar medocasino ao vivo onlinequem quer que seja. "A família não quer nem saber desse assunto. É uma pena", lamenta, antescasino ao vivo onlinecair num choro envergonhado.
Laéssio nasceucasino ao vivo onlineTeresina,casino ao vivo online15casino ao vivo onlinejaneirocasino ao vivo online1973. Ainda criançacasino ao vivo onlinecolo, mudou-se com a família do Piauí para São Bernardo do Campo. O pai trabalhava como eletricista. Quando bebia, costumava bater na esposa e era confrontado pelo primogênito, cujos trejeitos tiravam seu sono. O menino até chegou a ser levado a uma consulta médica para corrigir o suposto desvio. Mas não adiantou: depois que o pai morreu atropeladocasino ao vivo onlineuma rodovia, Laéssio saiu do armário, aos 15 anoscasino ao vivo onlineidade.
A mãe conta que desde muito cedo Laéssio era fissurado por gibis e jornais - inclusive, tinha o costumecasino ao vivo onlineempilhá-los no meio da sala. "Ele é muito inteligente, conversa sobre qualquer assunto", diz. De fato, Laéssio é capazcasino ao vivo onlinediscorrer por horascasino ao vivo onlinetom professoral sobre cinema, música e todo tipocasino ao vivo onlinearte vintage.
Foi uma obsessão adolescente pela atriz e cantora Carmen Miranda que levou Laéssio a mergulhar no universo dos papéis antigos. Depoiscasino ao vivo onlineescutar O que é que a baiana tem? pela primeira vez no rádio, decidiu colecionar tudo o que estivesse ao seu alcance sobre a artista. "Talvez seja aquilo que ela mesmo diz na música: 'tem graça como ninguém'. Aquela brejeirice, como Dorival Caymmi disse uma vez, me dominou", explica.
Para alimentar a compulsãocasino ao vivo onlinefã, Laéssio passou a furtar. O primeiro crime aconteceu no Museu da Imagem e do Som (MIS)casino ao vivo onlineSão Paulo. Ao colocar os pés na biblioteca da instituição, nem precisou vasculhar as estantes. Seu olhar foi instantaneamente capturado pelo sorrisocasino ao vivo onlineCarmen Miranda estampado na capacasino ao vivo onlineuma revista Fon Fon da décadacasino ao vivo online1940,casino ao vivo onlinecimacasino ao vivo onlineuma mesa. Com a adrenalina a mil, certificou-secasino ao vivo onlineque ninguém o vigiava, enfiou o exemplar na mochila e saiu andando.
"Aí comecei a minha peregrinação pelas bibliotecas. Tudo que era revista com a Carmen Miranda na capa eu saí levando. Comecei a ter paixão por aquilo", relata.
Por voltacasino ao vivo online1996, Laéssio conheceu seu primeiro cliente, Abel Cardoso Júnior, falecido escritor radicadocasino ao vivo onlineSorocaba (SP) e autorcasino ao vivo onlineA Cantora do Brasil, biografia menos badalada da artista. "Vendi todo meu acervo para ele. Larguei um emprego na prefeitura para viver disso", relembra.
O primeiro problema com a polícia também remonta a essa época. Certa vez, enquanto enchia a bolsa com revistas antigas no Arquivo Geral do Estadocasino ao vivo onlineSão Paulo, foi flagrado por seguranças e conduzido a uma delegacia. Acabou liberado depoiscasino ao vivo onlinegabaritar um quiz sobre Carmen Miranda feito pelo delegado ecasino ao vivo onlinejurarcasino ao vivo onlinevão que jamais voltaria a surrupiar uma biblioteca.
Comércio
Eis que Laéssio resolveu empreender: comprou uma barraca na Feirinha do Bixiga, tradicional redutocasino ao vivo onlinecolecionadorescasino ao vivo onlineantiguidadescasino ao vivo onlineSão Paulo, e fez sociedade com o donocasino ao vivo onlineuma bancacasino ao vivo onlinerevistas pornôs na esquina das avenidas Ipiranga e São João. Seu métier eram publicações antigas sobre cinema, como Cena Muda e Cine Arte, e jornais com manchetes sobre a proclamação da República e a abolição da escravatura.
Alémcasino ao vivo onlineatrair personalidades, como o ator John Herbert e o cineasta Zé do Caixão, as bancascasino ao vivo onlineLaéssio também passaram a ser frequentadas por funcionárioscasino ao vivo onlinebibliotecas oferecendo antiguidadescasino ao vivo onlineprocedência duvidosa. "Eu não vou ser hipócrita: tinha coisas que eu estava comprando que sabia que eram roubadas", afirma. Laéssio, então, sentiu a necessidadecasino ao vivo onlinediversificar os canaiscasino ao vivo onlinevenda. Aconselhado por clientes, resolveu desbravar leilõescasino ao vivo onlinepapéis raros. "Uma vez, paguei R$ 10 num lequecasino ao vivo onlinecarnaval dos anos 1930 na Feirinha do Bixiga, depois coloquei no leilão e ele foi vendido por quase R$ 500", exemplifica.
No começo dos anos 2000, um dos mais prestigiados leilões era o da extinta livraria Universal, no centro do Riocasino ao vivo onlineJaneiro. Criada por Joaquim Monteirocasino ao vivo onlineCarvalho, empresário que participou da fundação da Klabin e das negociações que trouxeram a Volkswagen para o Brasil, a Universal era um convescotecasino ao vivo onlineamantes das artes dispostos a investir pesadocasino ao vivo onlineobras exclusivas.
"Eu comprava coisas na Feirinha do Bixiga e ia levando para a Universal. Aí, um dia o gerente me falou: 'por que você não coloca livros? Dá mais dinheiro!' Eu respondi: 'pô, eu não entendocasino ao vivo onlinelivro, não'", narra.
Aquela conversa representou uma virada na vidacasino ao vivo onlineLáessio. Para subir o sarrafo dos negócios, chegou à conclusãocasino ao vivo onlineque precisava se capacitar. "Foi por isso que eu fui fazer Biblioteconomia. Porque eu queria minha partecasino ao vivo onlineouro", interrompe a si próprio com um sorrisocasino ao vivo onlinecantocasino ao vivo onlineboca pelo ato falho. "Em ouro, não...casino ao vivo onlinelivro velho, tá entendendo?"
Quando fala da Universal, Láessio se expressacasino ao vivo onlineum tom que mescla nostalgia e deslumbre. "Era passatempocasino ao vivo onlinegente rica. Lá, eu me sentia madame", define. De fato, o perfil dos colecionadores que circulavam pelos leilões era tão refinado quanto ecumênico. Lá, podia-se cruzar com George Ermakoff, ex-presidente da companhia aérea Rio Sul; Jorginho Guinle, playboycasino ao vivo onlineofício e suposto affaircasino ao vivo onlineMarilyn Monroe; Manoel Portinari, sobrinho do célebre pintor modernista e fanático pelo poeta Manuel Bandeira; Pedro Corrêa do Lago, bibliófilo e ex-presidente da Biblioteca Nacional; e Ruy Souza e Silva, captador das obras que compõem a Brasiliana do Instituto Itaú Cultural e ex-maridocasino ao vivo onlineNeca Setúbal, herdeira da maior instituição financeira do país.
"Naquela época, os leilões eram presenciais. Dois ou três dias antes, as pessoas examinavam os livros. Não se levava gato por lebrecasino ao vivo onlinejeito nenhum", garante Margarete Cardoso, uma das principais especialistas do mercadocasino ao vivo onlineobras raras do país. Por maiscasino ao vivo onlinemeio século, ela trabalhou na livraria Kosmos, lojacasino ao vivo onlineraridades que funcionava no mesmo prédio da Universal, na Rua do Rosário, centro do Rio. "As pessoas iam aos leilões e aí serviam vinho, salgadinho, para ficar uma coisa bem chique mesmo. Mas isso tudo acabou. Com a internet, mudou bastante", diz.
Fragilidades
Laéssio é relativamente viajado - afirma ter visitado Buenos Aires, Nova York e Paris e sonha com uma cerimôniacasino ao vivo onlinecasamentocasino ao vivo onlineLisboa. Mesmo assim, tem certezacasino ao vivo onlineque o Riocasino ao vivo onlineJaneiro é o melhor lugar do mundo. "A Mangueira e o Salgueiro precisamcasino ao vivo onlinemim, posto que eu me desmando e me transformo ao som da bateriacasino ao vivo onlineuma dessas escolascasino ao vivo onlinesamba", ele me escreveucasino ao vivo onlinedezembro do ano passado, quando estava presocasino ao vivo onlineSão Paulo pela quarta vez e fazia planoscasino ao vivo onlinepassar o carnavalcasino ao vivo online2017 emcasino ao vivo onlinecidadecasino ao vivo onlinecoração.
É justamente no Riocasino ao vivo onlineJaneiro que Laéssio deixou mais digitais. Isso se explica pelo fatocasino ao vivo onlinea antiga capital federal concentrar os mais importantes acervos com obrascasino ao vivo onlinearte e documentos raros sobre o Brasil, como o Museu Nacional, o Palácio do Itamaraty, o Jardim Botânico e a Biblioteca Nacional. Mas ele também é acusadocasino ao vivo onlinecrimescasino ao vivo onlineoutros Estados, como Bahia, Pará, Paraná e São Paulo. Nunca responde sozinho -casino ao vivo onlinegeral, é tido como o mentor intelectualcasino ao vivo onlinequadrilhas montadas para dilapidar acervos. "Para pegar livro, não é preciso matar ninguém, sequestrar ninguém. Sou alheio a violência, não gostocasino ao vivo onlineviolência", ressalta.
Entretanto, ele já foi condenado por envolvimento com um grupo armado que rendeu funcionários e roubou obrascasino ao vivo onlineartecasino ao vivo onlineum centro culturalcasino ao vivo onlineCampinas,casino ao vivo onlineagostocasino ao vivo online2013. Apesarcasino ao vivo onlinenão ter participado diretamente da ação, o processo lhe rendeucasino ao vivo onlineterceira passagem -casino ao vivo onlinequase dois anos - pelo sistema prisional.
Basicamente, Laéssio é um especialistacasino ao vivo onlinefurtos. Segundo os inquéritos policiais, suas técnicas variavamcasino ao vivo onlineacordo com a ocasião. Passando-se por pesquisador e aproveitando a distraçãocasino ao vivo onlinefuncionários, livros e revistas eram escondidoscasino ao vivo onlinemochilas ou sob casacos largos. Em casocasino ao vivo onlineobrascasino ao vivo onlinedimensões avantajadas, como álbunscasino ao vivo onlinegravuras, páginas eram arrancadas a navalhadas e enroladas como pergaminhos. Subornos a seguranças para facilitarcasino ao vivo onlineentrada também eram um modus operandi comum.
Mas havia também métodos menos ortodoxos - um deles era sugestivamente apelidadocasino ao vivo online"Efeito Borboleta". Uma pessoacasino ao vivo onlinecorpo delgado e elástico o suficiente para se acomodarcasino ao vivo onlineum gaveteirocasino ao vivo onlinebiblioteca se escondia dentro do móvel durante horas, aguardando o fim do expediente para sair do casulo e recolher o material previamente selecionado. "Não faltava ar dentro do gaveteiro?", perguntei espantado a um colegacasino ao vivo onlineLaéssio que certa vez me descreveu os detalhes da metamorfose. "Para quem já ficoucasino ao vivo onlinesolitária na cadeia, isso é moleza", ele devolveu sem pestanejar.
Na avaliaçãocasino ao vivo onlineCarlos Aguiar, procurador do Ministério Público Federal que conduziu as investigaçõescasino ao vivo onlineuma das duas ações que ainda correm contra Laéssio na Justiça Federal do Rio, sistemascasino ao vivo onlinesegurança falhos das bibliotecas, devido a orçamentos apertados, misturados com uma dosecasino ao vivo onlinedesorganização das instituições, facilitaram os crimes.
"O Laéssio aprendeu a furtar se aproveitando dessas fragilidades", analisa o procurador. "Eu me lembro que mandei ofício solicitando que adotassem providências. Eles não tinham sequer catalogado o material. Sequer sabiam qual era o acervo que eles possuíam", afirma Carlos Aguiar, recordando-se do caso específico da Biblioteca Nacional, dez anos atrás.
De lá para cá, segundo o procurador, a sériecasino ao vivo onlinefurtos fez com que os sistemascasino ao vivo onlinesegurança das instituições fossem incrementados.
Na biblioteca do Museu Nacional, por exemplo, um retratocasino ao vivo onlineLaéssio - ao estilo faroeste - ainda hoje decora a mesacasino ao vivo onlinevigilantes. Dos arquivos da instituição foram levadas a navalhadas dezenascasino ao vivo onlinegravurascasino ao vivo onlineaves desenhadas pelo naturalista francês Louis Jean Marie Daubenton no século 18.
"Eram coisas maravilhosas", atesta Alberto Cohen, pioneiro na organizaçãocasino ao vivo onlineleilõescasino ao vivo onlinepapeis raros no Riocasino ao vivo onlineJaneiro. Em abrilcasino ao vivo online2004, as obras foram arrematadascasino ao vivo onlineum evento organizado por ele no bairrocasino ao vivo onlineIpanema por cercacasino ao vivo onlineUS$ 30 mil. Semanas depois, o leiloeiro tomou conhecimento pelos jornaiscasino ao vivo onlineque as gravuras haviam sido furtadas do Museu Nacional.
"O Laéssio me deu um trabalho danado", conta entre risos tímidos que abafam ainda maiscasino ao vivo onlinevoz rouca. "Eu caí na história dele. Ele me convenceucasino ao vivo onlineque tinha conseguido aquilo na bancacasino ao vivo onlinejornal dele. Ele entendia do assunto mesmo", justifica-se. Alberto, então, procurou a Polícia Federal, devolveu o material e reembolsou os clientes. Porém, afirma não ter recuperado o dinheiro adiantado a Laéssio. "Como todo um-sete-um, vigarista, ele é muito boa gente. Eu não tenho raiva dele, apesarcasino ao vivo onlineele ter me dado um prejuízo louco", finaliza.
Notoriedade
O jovem estudante Raskólnikov - protagonistacasino ao vivo onlineCrime e Castigo, clássicocasino ao vivo onlineFiódor Dostoiévski - construiu uma teoria curiosa para limpar a própria consciência, depoiscasino ao vivo onlineroubar e assassinar uma idosa agiota. Segundo ele, figuras como Napoleão Bonaparte só se consagraram como extraordinárias porque ousaram correr riscos e até mesmo derramar sanguecasino ao vivo onlinenomecasino ao vivo onlineideaiscasino ao vivo onlinegrandeza. Dessa forma, a História - com H maiúsculo - se encarregariacasino ao vivo onlineabsolvê-lascasino ao vivo onlineeventuais condenações morais.
Feitas as devidas adaptações, o raciocíniocasino ao vivo onlineLaéssio bebe da mesma fonte da ética particularcasino ao vivo onlineRaskólnikov. "Uma coisa que eu comecei a praticar desde cedo foi a leituracasino ao vivo onlinebiografias. Sempre me encantaram as pessoas que vieram para o mundo tanto para o bem quanto para o mal", introduz Laessio. "Aí eu pensei: Caraca! Será que eu vou vir para a merda deste mundo para passar batido, só para fazer volume?"
Em março deste ano, Laéssio foi detido pela quinta vez depoiscasino ao vivo onlineser condenadocasino ao vivo onlineprimeira instância na Justiça Federal pelo furtocasino ao vivo onlineobras raras do Museu Nacional e do Museu Histórico Nacional, ambos no Riocasino ao vivo onlineJaneiro. A sentença foi proferida 13 anos depois dos crimes e o condenou a mais uma décadacasino ao vivo onlinecárcere. De acordo com a Defensoria Pública da União, que já recorreu da decisão, um dos ilícitos imputados a Laéssio - o furtocasino ao vivo onlinerevistas antigas do Museu Histórico Nacional - já havia sido considerado prescritocasino ao vivo onlineoutro processo e, portanto, não poderia ter sido novamente julgado.
"Laéssio está pagando desproporcionalmente caro, especialmentecasino ao vivo onlinerelação a outros envolvidos ecasino ao vivo onlinerelação às penas estipuladas no Código Penal", afirma o advogado José Carlos Abissamra Filho, que há poucos meses assumiu a defesacasino ao vivo onlineLaéssio. "O que parece é que ele têm sido tratado como bode expiatóriocasino ao vivo onlinemales sociais não atribuíveis a si, o que é, evidentemente, ilegal."
Um mês após a última detenção, Laéssio entrou novamente no radar da polícia: é o suspeitocasino ao vivo onlineum furto na biblioteca da Universidade Federal do Riocasino ao vivo onlineJaneiro. Depoiscasino ao vivo onlinefazer um inventário, a instituição divulgou que 303 títulos haviam sido levadoscasino ao vivo onlineseu acervo, acredita-se, durante uma reforma do prédiocasino ao vivo online2016. Dentre as peças subtraídas, há originais dos Sermões do Padre Antônio Vieira e fotos do começo do século passadocasino ao vivo onlineíndios da Amazônia. O material é estimadocasino ao vivo onlineaté R$ 500 mil.
A relaçãocasino ao vivo onlineLaéssio com o sistema prisional é um capítulo à parte. Nos cinco anos que passoucasino ao vivo onlineBangu, por exemplo, ele chegou a montar uma biblioteca na penitenciária depoiscasino ao vivo onlinesolicitar doações a diversas editoras. A inspiração veio do trabalho realizado por Dilma Rousseff no períodocasino ao vivo onlineque a ex-presidente ficou presa durante a ditadura militar. Em agosto, Laéssio virou notícia novamente ao mandar uma carta à direção da Biblioteca Nacional solicitando livros para o presídiocasino ao vivo onlineJaperi onde se encontra atualmente detido - o pedido foi revelado na colunacasino ao vivo onlineAncelmo Gois, no jornal O Globo, com o título "caracasino ao vivo onlinepau".
Com a bagagemcasino ao vivo onlinequase uma década atrás das grades, Laéssio tevecasino ao vivo onlinese adaptar à vida no cárcere, mesmo sem colocar uma gotacasino ao vivo onlineálcool na boca ou usar qualquer tipocasino ao vivo onlinedroga, itens tão acessíveis nos presídios. E, por dominar a norma culta da língua e conhecer o Código Penal (cursou a faculdadecasino ao vivo onlineDireito por quase dois anos), ele mata o tempo redigindo pedidoscasino ao vivo onlineindulto ecasino ao vivo onlineprogressãocasino ao vivo onlineregime para colegas detentos.
Certa vez, referindo-secasino ao vivo onlinetomcasino ao vivo onlinebrincadeira à significativa populaçãocasino ao vivo onlinehomens que fazem sexo com homens nas penitenciárias, ele me disse com seu típico ar debochado: "meu medo não é ser preso. Meu medo é ficar pobre. Com dinheiro, a cadeia pode virar a gozolândia".
Em umacasino ao vivo onlinesuas últimas correspondências endereçadas a mim, Laéssio queixou-secasino ao vivo onlinecerta perseguição por parte da Justiça e da imprensa: "só me falta ser acusadocasino ao vivo onlineroubar novamente o quadro da Mona Lisa, nesses tempos modernos, posto que o mesmo já completou os seus 100 anos que foi furtado pela última vez no Louvre. Mas fique tranquilo que eu jamais orquestrarei tal ação, uma vez que eu já me dou por cansado e velho demais para continuar nessa vida".
*Carlos Juliano Barros assina com Caio Cavechini a direção do documentário 'Cartas para um Ladrãocasino ao vivo onlineLivros', que estreia no Festival do Rio no dia 9casino ao vivo onlineoutubro