O encontro que ajudou sem-teto a se tornar escritor best-seller após 27 anos nas ruas:era77 freebet

Jean-Marie Roughol

Crédito, THOMAS SAMSON/AFP/Getty Images

Legenda da foto, Roughol pedia esmola na avenida Champs-Élysées quando encontrou o político Jean-Louis Debré

era77 freebet Jean-Marie Roughol viveu nas ruasera77 freebetParis por 27 anos, até que um encontro casual mudouera77 freebetvida. De sem-teto, ele se tornou escritorera77 freebetum best-seller.

Ele pedia esmola na avenida Champs-Élysées, próximo ao Arco do Triunfo, quando Jean-Louis Debré, ex-ministro do Interior e ex-presidente da Assembleia Nacional da França, chegouera77 freebetbicicleta.

"Eu estava tomando conta da bicicleta dele", contou Roughol ao programa Outlook da BBC. "A gente estava conversando, quando ouvimos algumas pessoas dizendo: 'olha, é aquele político, o Jean-Louis Debré, e ele está conversando com um mendigo'".

O tom do comentário não agradou o político, que reagiu com uma proposta que abriria um novo capítulo na vidaera77 freebetRoughol.

"Naquele momento, a expressãoera77 freebetJean-Louis mudou. Ele não gostou da forma que se referiam a mim. Foi nessa hora que ele falou: Jean-Marie, por que você não escreve um livro sobreera77 freebetexperiência? Aí as pessoas vão ver como é a vida sobera77 freebetperspectiva. Vamos publicá-lo", relembra.

Jean-Louis Debré, ex-ministro do Interior

Crédito, KENZO TRIBOUILLARD/AFP/Getty Images

Legenda da foto, Jean-Louis Debré, ex-ministro do Interior, encorajou Roughol a escrever o livro

O livro, intitulado Je tape la manche : Une vie dans la rue ("Eu peço esmola: uma vida na rua",era77 freebettradução livre para o português), já vendeu 50 mil cópias.

"Eu jamais poderia imaginar que o livro seria um sucesso. Achava que se conseguisse vender 50 cópias, seria um milagre. E,era77 freebetrepente, eu estava concedendo um monteera77 freebetentrevistas", conta.

Era a primeira vez que Roughol se aventurava no mundo da escrita.

"Não comecei imediatamente. Se passaram 6 meses até eu pegar papel e caneta. Jean-Louis me encorajou a escrever quando eu pudesse, aos poucos. Eu sempre carregava um caderninho comigo e ia preenchendo com a minha história", relata.

Jean-Louis Debré, que foi um políticoera77 freebetperfil conservador e ministro durante a Presidênciaera77 freebetJacques Chirac, fez questãoera77 freebetse envolver pessoalmente na revisão da obra.

"Ele (Debré) achou uma editora para mim e fazia as correções", relata Roughol. "Eu cometia muitos erros, já que não terminei a escola. Mas ele dizia: 'não se preocupe, escreva o que você quiser e eu dou uma olhada", diz.

Infância conturbada

O livro relata a trajetóriaera77 freebetRoughol, que tem origemera77 freebetuma infância conturbada.

"Eu era maltratado. Não tínhamos o suficiente para comer. Natal simplesmente não exisita. Aniversários nunca eram comemorados. Eu chorava no meu quarto. E uma vez, penseiera77 freebetme matar", conta.

Aos 12 anos, ele foi morar com o pai. Mas o ambiente tampouco era acolhedor.

"Meu pai era alcoólatra. Quando estava bêbado, me batia muito. Foi quando comecei a fugirera77 freebetcasa e matar aula. Minha infância foi um inferno. Foi uma época terrível. E isso eventualmente me levou a viver nas ruas."

"Se eu tivesse pais normais e cuidadosos, minha vida seria bem diferente. Meu sonho na infância era ser arqueólogo. Eu era apaixonado por história", relata.

Ele tinha 19 anos quando dormiu na rua pela primeira vez.

"Foi no dia seguinte que termineiera77 freebetservir o Exército. Só tinha 200 francos comigo. Passei a noite no metrô. Esperei o último trem partir e passei a noite na estação", recorda-se.

'Um diaera77 freebetcada vez'

Sem endereço fixo, Roughol não conseguia arrumar emprego. E, para completar, teve os documentos roubados.

"Eu pedia esmola então. Há alguns anos, as pessoas eram bem generosas. Eu passavaera77 freebettrês a quatro horas por dia pedindo esmola e era suficiente para o dia. Recentemente, ficou mais difícil. Eu tinha que passar 15 horas por dia pedindo dinheiro. Quando se mora na rua, você vive um diaera77 freebetcada vez", afirma.

Alémera77 freebetlutar pela sobrevivência, ele convivia constantemente com o medoera77 freebetser roubado.

"É muito difícil encontrar lugares seguros para dormir. Você não quer ficar sozinho para não ser um alvo fácil para assaltantes. Já roubaram meus sapatos enquanto eu dormia. Na primeira noite, você dorme com um olho aberto. Na segunda noite, também. Na terceira, você está tão cansado que nada é capazera77 freebette acordar. É nesse momento que os ladrões te atacam e roubam seus pertences", afirma.

Apesar da fama repentina, Roughol continuou dormindo na rua por um período, até receber o primeiro pagamento pelo livro.

"Eu continuei pedindo esmola por um tempo. As pessoas eram mais generosas. Me viam na TV e vinham me dar dinheiro. Isso foi antesera77 freebeteu receber os royalties pelo livro. Quando recebi o dinheiro, consegui meu próprio apartamento, onde vivo há um ano".

Lar, doce lar

Da solidão das ruas para o conforto do lar, houve um processoera77 freebetadaptação. A primeira noiteera77 freebetcasa foi comemorada com uma bela refeição.

"No início, eu andava pelo apartamento, sem saber o que fazer. Na primeira noite, decidi fazer um bife. Nas ruas, você só come comida barata - sanduíche, kebab, pizza... Então na minha primeira noite no apartamento, eu queria comer algo bem bacana. Foi um momento incrível para mim", diz.

Roughol se dedica agora a escrever seu segundo livro, uma adaptação da obra para o teatro. E espera queera77 freebethistória inspire uma mudançaera77 freebetcomportamento nas pessoas.

"O importante é não julgar as pessoas que vivem nas ruas. Todo mundo pode acabar na rua. Até mesmo CEOsera77 freebetgrandes empresas. Eu só espero que as pessoas se esforcem mais para falar com moradoresera77 freebetrua. Mesmo que você não dê dinheiro, converse com eles", sugere.