As mulheres que lutam para surfar as ondas gigantes mais perigosas do mundo:blackjack virtual

Crédito, Dayla Soul

Legenda da foto, Após anosblackjack virtuallobby, surfistas conseguiram a promessablackjack virtualum campeonato femininoblackjack virtualMavericks

blackjack virtual Desde 1999, os principais surfistasblackjack virtualondas grandes do mundo se enfrentamblackjack virtualum torneio realizado na praiablackjack virtualMavericks, na Califórnia, conhecida pelas ondas gigantes que por lá se formam. Só que até 2017, a competição estava restrita apenas a atletas masculinos.

Mas um grupoblackjack virtualmulheres obstinadas (incluindo algumas brasileiras) começa a vencer a discriminação.

Na primeira vez que a americana Bianca Valenti surfou uma ondablackjack virtual6 m, a ferocidade do deslocamento da massablackjack virtualágua a arrastou para o fundo do oceano. Seu corpo foi atiradoblackjack virtualum lado para o outro, e ela sofreu convulsões pela faltablackjack virtualoxigênio.

Conseguiu voltar à superfície e, enquanto nadavablackjack virtualvolta para a areia,blackjack virtualOcean Beach, perto da ponte Golden Gate,blackjack virtualSan Francisco, a surfista prometeu que iria conquistar ondas gigantes.

Valenti, hoje com 31 anos, cresceu no sul da Califórnia e tinha apenas sete quando se apaixonou pelo surfe. Logo estava ganhando campeonatos, competindo contra meninos e meninas.

As ondas no sul da Califórnia são pequenas e as águas, mornas. A maior lesão que Valenti poderia sofrer era um corte ou alguma pancadablackjack virtualchoques com outros surfistas ou pranchas.

O norte do mesmo Estado americano, porém, é outra história.

Lá ficam Ocean Beach e Mavericks, que muitos surfistas consideram uma espécieblackjack virtualMonte Everest do esporte das pranchas, sobretudoblackjack virtualtermosblackjack virtualpericulosidade.

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Legenda da foto, Bianca Valenti, surfando na praia francesablackjack virtualBiarritz, France,blackjack virtual2006 - e com ondas bem menos assustadoras

O potencialblackjack virtualMavericks como "point"blackjack virtualsurfe já era conhecido, mas foi apenas nos anos 1970 que um surfista teve coragemblackjack virtualtestá-lo - o então adolescente e local Jeff Clark.

Clark levou 15 anos para conseguir persuadir outros surfistas a se juntarem a ele na água gelada e para a famablackjack virtualMavericks chegar até a comunidadeblackjack virtualbig riders, como são conhecidos os surfistasblackjack virtualondas grandes.

As ondasblackjack virtualMavericks se devem a uma formação geológica incomum,blackjack virtualgrande profundidade, que transforma ondulações do inverno do hemisfério Norteblackjack virtual"monstros"blackjack virtualaté 18 mblackjack virtualaltura.

Para deixar o local ainda mais perigoso, o fundo do mar tem um labrinto rochosoblackjack virtualtúneis conhecido como o "jardimblackjack virtualossos", e que teria sido responsável pela morte,blackjack virtual1994, do famoso big rider Mark Foo, que se afogou quandoblackjack virtualprancha ficou enganchadablackjack virtualuma das rochas. Uma tragédia que cimentou a reputação "maldita" da praia.

Mavericks fica aindablackjack virtualuma áreablackjack virtualpresençablackjack virtualtubarões brancos.

Ainda assim, Jeff Clark criou a competição Titãsblackjack virtualMavericks,blackjack virtualque big riders enfrentavam os "paredões" do local.

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Legenda da foto, Um "caldo"blackjack virtualuma ondablackjack virtualMavericks pode afogar um surfista

Os pôsteres da primeira edição continham o slogan "Homens que Surfam Montanhas". As condições eram extremamente inóspitas para os surfistas, e os organizadores sequer pensavam que mulheres poderiam querer participar.

Uma semana depois, porém, Sarah Gerhardt, estudanteblackjack virtualdoutorado californiana, desafiou as pré-concepções. Ao lado do marido surfista, ela pegou ondasblackjack virtualMavericks.

Com o passar dos anos, outras mulheres se juntaram a Gerhardtblackjack virtualMavericks. Uma delas é Valenti. Dez anos depois do pioneirismoblackjack virtualGerhardt, mulheres passaram a surfar regularmenteblackjack virtualMavericks.

Mas não havia competições para elas. Para as atletas, existia também uma questãoblackjack virtualimagem: a indústriablackjack virtualroupasblackjack virtualpraia promovia o estereótipoblackjack virtualmulheresblackjack virtualbiquíni, algo nada verossímil para surfistas.

Big riders, por exemplo, frequentemente surfamblackjack virtualáguas gélidas, e por isso precisam usar macacões e até capuzes. Seus corpos são musculososblackjack virtualcomparação aosblackjack virtualmodelos magras da publicidade.

Seus rostos são marcados pela água fria, com narizes escorrendo.

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Legenda da foto, Mavericks tem a "onda mais perigosa do mundo"

Essa realidade é exibida no documentário It Ain't Pretty ("Não é bonito",blackjack virtualtradução livre),blackjack virtualque Valenti e colegas expressam o desejoblackjack virtualserem levadas a sério como atletas e não retratadas como pin-ups.

"Descobri ainda na faculdade que, a não ser que você fosse uma modelo, não haveria como conseguir patrocínio", diz Valenti, que trabalha como sommelierblackjack virtualum restaurante para se sustentar.

"É algo frustrante, já passei do pontoblackjack virtualficar zangada. Isso te dá problemas para aceitar seu corpo".

Em 2014, porém, o interesseblackjack virtualmulheres big riders estava começando a crescer, e o ano marcou a realização do primeiro campeonatoblackjack virtualondas grandes feminino,blackjack virtualNelscott Reef (EUA). Valenti foi a campeã.

"O interesse foi fantástico e aí decidimos fazer um eventoblackjack virtualMavericks", lembra ela.

Crédito, Sabrina Brennan

Legenda da foto, Sabrina Brennan, cujo lobby junto às autoridades costeiras foi crucial para vencer resistênciablackjack virtualorganizadores

A ideia ganhou corpoblackjack virtual2015, quando uma moradora da região, Sabrina Brennan, ficou sabendo que as autoridades costeiras da Califórnia estavam reavaliando a autorização à realização dos Titãsblackjack virtualMavericks.

Ela preparou uma apresentaçãoblackjack virtualque usou o argumentoblackjack virtualque a renovação pura e simples da licença excluía as mulheres do acesso à praia. As autoridades, então, pediram que os organizadores do torneio apresentassem um planoblackjack virtualinclusão femininablackjack virtual2016. Mas Jeff Clark, o organizador, se recusou.

"Temos mulheres trabalhando como juízes e nas equipesblackjack virtualresgate. Nossoo argumento não tem nada a ver com gênero, mas sim desempenho. As mulheres ainda não o atingiram", disse ele na época,blackjack virtualuma entrevista para a redeblackjack virtualTV CBS.

Para Valenti, os organizadores estavam temerososblackjack virtualabrir as portas para as mulheres por culpa do "papel patriarcal tradicional,blackjack virtualtentar proteger as mulheres e não apoiá-lasblackjack virtualtomar suas próprias decisões". Mas elas decidiram questionar esse argumento: "Se você não acredita que as mulheres são boas o bastante para competir, então você não acredita nas mulheres", agrega a surfista.

As surfistas, então, formaram um grupo - o Comitê para a Igualdade do Surfe Feminino - e entregaram uma petição para as autoridades costeiras, exigindo a inclusãoblackjack virtualmulheres.

Legenda do vídeo, Valenti surfandoblackjack virtualMavericks

Em novembroblackjack virtual2016, um painel aprovou por unanimidade o pedido.

Os organizadores do torneio anunciaram, então, que realizariam uma bateria femininablackjack virtualuma horablackjack virtualduração, com prêmioblackjack virtualUS$ 30 mil - no masculino, o vencedor recebe quatro vezes mais. E a bateria teria apenas seis surfistas - uma delas é a brasileira Andrea Moller, 37 anos -, quatro vezes menos do que na competição masculina.

Em fevereiroblackjack virtual2017, os criadores do Titãsblackjack virtualMavericks pediram falência, mas Sabrina Brennan e as outras surfistas estão confiantes que a exigência da autoridades se manterá mesmo com a entradablackjack virtualnovos organizadores. E, mesmo sem poder disputar a competição deste ano, as mulheres sentem que a maré começa a parecer favorável.

"Não importa quem assuma, as mulheres terão que ser incluídas", diz Brennan.

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Legenda da foto, Paige Alms surfa no primeiro campeonato para mulheres "big riders", no Havaí,blackjack virtualnovembroblackjack virtual2016

A irmandadeblackjack virtualmulheres big riders obteve um vitória também no circuito profissional:blackjack virtualnovembro do ano passado, a World Surf League realizou um campeonato femininoblackjack virtualondas grandes - o Peahi Challenge - nas águasblackjack virtualJaws, no Havaí, que teve duas brasileiras entre as 11 premiadas (Andrea Moller e Silvia Nabuco).

"Vimos um tremendo aumentoblackjack virtualaudiência", diz o porta-voz da WSL, Dave Prodhan.

Para Valenti, trata-seblackjack virtualum sinal contundenteblackjack virtualque o surfe femininoblackjack virtualondas gigantes tem futuro comercial. E ela sente que está finalmente obtendo êxito no esporte ao qual dedicoublackjack virtualvida.

"O que me faz continuar (no esporte) é que um dia nunca é igual ao outro", ela diz. "Você pensablackjack virtualum milhãoblackjack virtualcoisas (na água) - na segurança, nas outras pessoas, nas pedras, nos tubarões. Mas,blackjack virtualrepente, quando a onda se aproxima, tudo fica silencioso e você só pensablackjack virtualuma coisa:blackjack virtualtentar vencer a onda."

Crédito, Dayla Soul