'Mais importante que saber operar é saber quando não operar': as confissõesblaze apostas cassinoneurocirurgião best-seller:blaze apostas cassino
'Quanto mais se pratica, maior é o cemitério'
No "cemitério particular"blaze apostas cassinoHenry Marsh há muitas pessoas. Ali vive, por exemplo, uma menina ucraniana que, embora tenha sobrevivido a uma complicada cirurgia no cérebro, saiu da salablaze apostas cassinooperaçãoblaze apostas cassinomás condições e com tão pouca chanceblaze apostas cassinorecuperação que Marsh chegou a questionar se era horablaze apostas cassinopararblaze apostas cassinotrabalhar.
O neurocirurgião, que ainda acompanha à distância a evolução do quadroblaze apostas cassinosaúde da menina, admite que cometeu um erroblaze apostas cassino"excessoblaze apostas cassinoconfiança"blaze apostas cassinosi mesmo.
Mas, embora esse caso o tenha afetado profundamente, ele conseguiu não se deixar paralisar. "Se martirizar pelo que aconteceu é inútil", afirma o médico.
A franqueza com que Marsh narrablaze apostas cassinoseu livro casos reais com os quais já lidou emblaze apostas cassinocarreira é fascinante e ao mesmo tempo aterrorizante.
Os detalhesblaze apostas cassinocada história, os relatos das conversas com pacientes e as anedotas sobre o que acontece num hospital, às vezes até com uma pitadablaze apostas cassinohumor, são descritos com precisão, graças a um diário que o médico manteve por uma década.
Por vezes, quando a mulherblaze apostas cassinoMarsh, a escritora e antropóloga Kate Fox, lhe perguntava o que tinha feito naquele dia no trabalho, o médico costumava abrir o computador e ler para ela fragmentos do diário.
Foi Kate quem disse: "isso podia ser um livro".
Erros médicos
De acordo com Marsh, a maioria dos erros médicos ocorre fora da salablaze apostas cassinocirurgia.
"Muitas vezes as pessoas têm a impressãoblaze apostas cassinoque erros estão relacionados à estabilidade do pulso do cirurgião, o que é uma bobagem", diz categórico. "As coisas não caem dablaze apostas cassinomão nem você corta o que não deveria... isso acontece, mas é muito, muito raro", complementa.
Quase sempre, explica o médico, erros ocorrem na tomadablaze apostas cassinodecisões anteriores, quando tratamblaze apostas cassinoquestões sobre operar ou não o paciente, ou que tipoblaze apostas cassinooperação será feita e como ela vai ser executada.
"Pela minha experiência, quando algo vai mal, quase sempre é porque se tomou a decisão equivocada", avalia o médico.
É durante o processoblaze apostas cassinodecisão que os cirurgiões enfrentam grandes dilemas. Às vezes, têmblaze apostas cassinooptar por aquilo que no jargão médico é chamadoblaze apostas cassino"sacrifícios": causar algum dano para evitar danos ainda maiores.
Em seu livro, Henry Marsh descreve, por exemplo, o casoblaze apostas cassinouma mulher que teve extraído um tumor cerebral benigno, mas, no processo, a deixaram com dor facial crônica.
"Isso é um tipoblaze apostas cassinodecisão que você faz antes da operação", explica ele.
Adrenalina
O livroblaze apostas cassinoMarsh também traz dados curiosos sobre a textura do cérebro, que se parece uma massa branca gelatinosa, sobre o melhor amigoblaze apostas cassinoum neurocirurgião - não é o bisturi, mas um aspirador - e explica que muitas cirurgias cerebrais são feitas com anestesia local, com o paciente acordado enquanto tem a cabeça vasculhada.
Mesmo com 35 anosblaze apostas cassinoexperiência no currículo, Marsh admite que ainda fica nervoso antesblaze apostas cassinouma operação, especialmente se algo deu errado na última cirurgia similar à que está prestes a fazer.
Ele conta que tudo é muito tenso e exige uma concentração absoluta. "E isso,blaze apostas cassinomuitas formas, é viciante", admite.
"A gente faz cirurgia porque é emocionante, é emocionante!", enfatiza, destacando a adrenalina, emoção e ansiedade como partes importantesblaze apostas cassinose operar.
Médico tem que ser bom ator
Do pontoblaze apostas cassinovista do paciente, contudo, o que se esperablaze apostas cassinoum médico é algo diferente dessa explosãoblaze apostas cassinosentimentos.
"É muito importante aparentar calma e mostrar que está seguro. Não há nada mais assustador para um paciente que um cirurgião ansioso", diz ele. "E isso é um dos problemasblaze apostas cassinoser um médico: você tem que ser um bom ator, para os pacientes e para si mesmo."
Tradicionalmente, os cirurgiões não falam sobre seus erros. Na verdade, acredita Marsh, não seria possível ter escrito esse livro com a mesma honestidadeblaze apostas cassinooutro momentoblaze apostas cassinosua carreira.
Sem Causar Mal foi publicado quando Marsh estava se aposentando como neurocirurgião sênior no Hospital Universitárioblaze apostas cassinoSt. Georges,blaze apostas cassinoLondres, onde trabalhava há maisblaze apostas cassinotrês décadas.
O médico, que ainda trabalha como professor, admite que a cultura a respeito do nívelblaze apostas cassinohonestidade que se espera dos médicos está mudando. "Eu mesmo mudei", diz ele. "Nós afastamos da ideiablaze apostas cassinoque os médicos são deuses e sempre sabem mais e melhor."
Verdade aterrorizante
Questionado sobre quanta informação realmente pode ser dada a um paciente ou aos familiares quando algo é realmente grave, Marsh responde que não pode dizer toda a verdade. "É muito difícil. A verdade é aterrorizante", afirma.
Ele se defende dizendo que não há certezas absolutas na medicina e que tudo o que os médicos fazem é baseadoblaze apostas cassinoprobabilidades.
"Se você diz a um paciente que há uma chanceblaze apostas cassino10%blaze apostas cassinomorrer, vai aterrorizá-lo e ainda vai ter que fazer a operação. A maneira como apresenta a informação é muito importante porque você tem que preservar a esperança e confiança, e também a honestidade, e isso é muito difícil."
"Eu sempre tentei ser honesto. Mas... Eu tenho certeza que,blaze apostas cassinoalgum momento no passado, eu menti um pouco", ele admite. "Há grandes mentiras e pequenas mentiras".
Marsh observa que os médicos muitas vezes não sabem o que as famílias e os pacientes acharam da forma como a notícia lhes foi repassada e, por isso, é muito difícilblaze apostas cassinoaprender passar bem as informações mais complicadas.
No casoblaze apostas cassinoMarsh, ajudou muito estar do "outro lado", como paciente, e também quando seu filho fez uma cirurgia para tirar um tumor no cérebro. O menino ainda era um bebê e ele um médico residente.
Arrogância
Marsh responde com um robusto sim quando perguntado se já teve que dizer a algum paciente que cometeu um erro.
"Eu digo às pessoas para me denunciarem quando acho que cometi um erro grave. Eu fiz isso três vezes", ele admite.
Uma dessas situações está no livro. "Não é fácil fazer isso", diz ele.
Por lei, no Reino Unido, hospitais têm que respeitar "deverblaze apostas cassinosinceridade", no qual é necessário informar e pedir desculpas aos doentes se houve erros que causaram danos significativos.
Mas,blaze apostas cassinopaíses Reino Unido e Estados Unidos, médicos não são responsabilizados financeiramente se houver denúnica. Mas,blaze apostas cassinoacordo com Marsh, eles têm medo simblaze apostas cassinoadmitir erros. É uma questãoblaze apostas cassinovergonha.
"Se você entrar na salablaze apostas cassinooperação cheioblaze apostas cassinodúvidas, você não pode operar", diz ele. Talvez por isso,blaze apostas cassinoacordo com Marsh, tradicionalmente, cirurgiões normalmente são arrogantes e têm um "ego grande".
"Em parte, é um mecanismoblaze apostas cassinoauto-defesa, para enfrentar a incerteza e poder fazer um trabalho perigoso. Mas é o paciente que estáblaze apostas cassinorisco, não você", observa.