Desenhos pré-históricos 'ignorados' podem revelar o 'mais antigo' códigoroleta dos bichosescrita:roleta dos bichos
'Desenhos ignorados'
"Me interessam os grandes padrões, as possíveis interconexões entre desenhos e regiões", disse a cientista à BBC Mundo, o serviçoroleta dos bichosespanhol da BBC.
O alcance geográfico do projeto é certamente ambicioso: envolve maisroleta dos bichos350 sítios arqueológicos, "o que não é muito se levarmosroleta dos bichosconta que são 30 mil anosroleta dos bichoshistória".
Além disso, envolve olhar o que antes muitos outros cientistas passaram por cima.
A paleoantropóloga canadense não está interessada nas figuras mais atraentes - os bisões, as cenasroleta dos bichoscaça, as representaçõesroleta dos bichosformas claramente humanas - e sim nos registros que foram classificados como "geométricos" por faltaroleta dos bichosum termo mais apropriado.
"São os desenhos negligenciados, ignorados", ri.
Viagem subterrânea
Esses "desenhos ignorados", que estão ali desde a Idade da Pedra, são parteroleta dos bichosum dos legados artísticos mais antigos do mundo, da fase final do último período glacial na Europa (por isso também chamadaroleta dos bichosarte da Era do Gelo).
Silenciosos e inexplorados, esses traços podem falarroleta dos bichos"uma mudança fundamental nas habilidades dos nossos ancestrais", diz a cientista. Isso porque a capacidaderoleta dos bichosarticular um código é a mesma exigida para desenvolver uma escrita, como fez o homem moderno.
Em muitos casos, a existência desses símbolos não é nenhuma novidade.
"Mas os inventários (feitos pelos paleontólogos quando vão estudar uma nova caverna) nem sequer dizem que tiporoleta dos bichossinais eles são, os consideram secundários e não fazem comparações."
Foi assim que, há três anos, a cientista embarcou numa viagem subterrânea, acompanhada do marido fotógrafo.
Eles passam a maior parte do diaroleta dos bichosgrutas ou cavernas, até "emergirem" à noite, como ela mesma diz.
Trata-seroleta dos bichosum totalroleta dos bichos52 cavernas,roleta dos bichosmuitos casosroleta dos bichosacesso dificílimo por causaroleta dos bichoscondições geográficas ou porque estão nas mãos da iniciativa privada.
Descobertaroleta dos bichosuma nova arte
É o caso das cavernasroleta dos bichosEl Portillo, Santián ou Las Chimeneas, na Espanha, e Niaux e Marsoulas, na França, alémroleta dos bichosoutras na Itália eroleta dos bichosPortugal.
A maior parte delas não tem a popularidade das grutas mais "midiáticas" como Chauvet, no sul da França, ou Altamira, no norte do Brasil.
"Em muitas grutas, inclusive, encontramos uma nova arte, que não tinha sido descoberta", diz Von Petzinger.
"Ninguém se preocupouroleta dos bichosregistrar estes traços. Quando começamos a fazê-lo, vimos que eles se repetem. Há um padrão."
O casal catalogou meticulosamente os sinais até chegar a uma espécieroleta dos bichosrepertório, que se repete nas pedrasroleta dos bichosdiferentes grutas: um totalroleta dos bichos32 símbolos.
"É realmente interessante verificar que eles são tão específicos, que cada um é muito diferente do outro. Inclusive os mais incomuns se repetem (em outras grutas)roleta dos bichosmaneira idêntica. As possibilidadesroleta dos bichosque isso seja uma coincidência são bem pequenas", afirma a pesquisadora.
Em outras palavras, o que isso significa é que estaríamos dianteroleta dos bichosum código pré-estabelecido e compartilhado por diferentes grupos do período Paleolítico.
Também sugere, diz ela, que havia conexões entre lugares remotos naquela era pré-histórica.
"Sabemos que na Europa havia uma ativa rederoleta dos bichosintercâmbioroleta dos bichospopulações e isso nos dá um sinalroleta dos bichoscomo era sofisticada aroleta dos bichosestrutura social", diz a cientista, queroleta dos bichosmaio deste ano publicou um livro com suas descobertas (The First Signs: Unlocking the mysteries of the world's oldest symbols, algo como "Os primeiros sinais: desvendando os mistérios dos símbolos mais antigos do mumdo",ainda não lançadoroleta dos bichosportuguês).
Um código, mas qual o significado?
Como qualquer cientista curioso, Von Petzinger adoraria poder ler para além dos traços e descobrir seus significados.
Por exemplo, poder estabelecer com certeza que uma figuraroleta dos bichosformaroleta dos bichoschave é uma lança e que registrosroleta dos bichosformaroleta dos bichospena são folhasroleta dos bichosárvore.
Mas a pesquisadora admite que essa é uma missão impossível.
"Por mais que desejemos, nunca vamos poder estar na cabeçaroleta dos bichospessoas que viveram há 30 mil anos", diz, rindo.
"Mas se não sabemos o que significam, sabemos que esses traços deveriam ter um sentido. E isso nos é indicado pelaroleta dos bichosrepetição."
O que importa, insiste Von Petzinger, é o padrão.
"Não se trataroleta dos bichosum código como o egípcio, nem como a escrita cuneiforme (que é a mais antiga língua humana escrita). Não é algo tão organizado. Nesse sentido, nunca vamos poder decifrá-lo, nem temos materialroleta dos bichosreferência para isso."
O primeiro sistemaroleta dos bichosescrita conhecido, o cuneiforme, tem cinco mil anos e surgiu onde atualmente é o Iraque. Mas, a exemplo dos complexos hieróglifos egípcios, não faz sentido que tenha aparecido do nada.
Primeiro código humano?
Os traços ordenados por Von Petzinger podem ser um sistema ainda mais antigoroleta dos bichosescrita: um "primeiro código humano" inscrito nas rochas das grutas.
O que é inovador nesta descoberta, confirmam os especialistas, é que ela revela as habilidades básicas necessárias para a criaçãoroleta dos bichosum sistemaroleta dos bichosescrita: capacidaderoleta dos bichosabstração, registroroleta dos bichosmarcas gráficas e sofisticado usoroleta dos bichossímbolos.
"De maneira geral, podemos dizer que os sistemas gráficos desenvolvidos na Europa, na Idade do Gelo, são predecessores dos sistemasroleta dos bichosescrita que vêm depois. Não porque determinado símbolo daquela época esteja relacionado com outro símboloroleta dos bichosuma etapa posterior, mas no sentidoroleta dos bichosque todos são códigos."
Emojis pré-históricos
A pesquisadora os compara aos emojis, os ícones da era dos smartphones, que representam um conceitoroleta dos bichosuma única imagem.
Eles são muito populares nas redes sociais eroleta dos bichoscomunicaçõesroleta dos bichostrocaroleta dos bichosmensagens instantâneas, como o WhatsApp.
Os emojis foram descritos assimroleta dos bichosuma coluna da revista Wired, especializadaroleta dos bichostecnologia: "eles poderiam ter sido parteroleta dos bichosum dos sistemas gráficos mais antigos do mundo, ou seja, bem mais que símbolos simpáticos no seu celular".
Primeiro é preciso erradicar a ideiaroleta dos bichosque os traços das grutas europeias são figuras geométricas, diz a cientista.
"Usamos esta comparação na faltaroleta dos bichosuma melhor. Mas isso condiciona a maneira como os vemos. Por exemplo, deveríamos pensar que encontramos desenhosroleta dos bichosanimais e humanos, e nos perguntar: onde está a natureza? Por que nunca pintaram uma árvore ou um rio, que são elementos importantes na vidaroleta dos bichosuma sociedade coletora-caçadora?"
Assim, a hipótese é que as figuras se refiram a coisas que não aparecemroleta dos bichosforma óbvia nos desenhos: uma montanha, as estrelas, uma arma...
Não são formas abstratas, como sugere uma análise superficial, mas representaçõesroleta dos bichosideias padronizadas.
Naroleta dos bichossimplicidade, os símbolos também têm outra qualidade: são democráticos, afirma Von Petzinger.
"Desenhar um mamute ou um cavalo exige habilidades que poucos têm. Mas um quadrado ou um zigue-zague, qualquer um pode fazer."
E por serem mais acessíveis, os traços são melhores como ferramentaroleta dos bichoscomunicação: virtude desejada por qualquer linguagem que se preze.
Mas a paleoantropóloga não se conforma com estas hipóteses e quer mais.
Qual será seu próximo passo na buscaroleta dos bichossentido para os desenhos misteriosos?
Entrar, com a ajudaroleta dos bichosrobôs submarinos,roleta dos bichosgrutas submersas e inexploradas da costa da Cantábria, no norte da Espanha, para buscar mais signos, mais traços, que joguem luz sobre como o homem moderno aprendeu a escrever.